Conduzindo Madeleine (Une Belle Course) (Driving Madeleine)

11/10/2023 05:59:00 PM |

Tem filmes que mesmo sendo bem simples conseguem entregar tanto envolvimento que acabamos fazendo uma grande viagem com toda a história contada, e "Conduzindo Madeleine" é uma dessas histórias, pois mesmo imaginando como seria o desfecho ainda assim a trama consegue nos emocionar. E a sacada aqui é tão boa que facilmente consigo imaginar pelo menos umas duas ou três adaptações dela por americanos, ingleses, brasileiros e até indianos, pois é uma história basicamente universal de uma vida contada dentro de um táxi, aonde conhecemos os personagens e suas vidas inteiras que podem ou não importar para o taxista num primeiro momento, mas que depois passam a ser até melhores amigos durante a corrida. Ou seja, algo simples, mas muito gostoso de ver na tela, que emociona e funciona demais!

A sinopse nos conta que Madeleine, 92 anos, chama um táxi para chegar à casa de repouso onde deverá morar a partir de agora. Ela pede a Charles, um motorista um tanto desiludido, que passe pelos lugares que importaram em sua vida, para vê-los uma última vez. Aos poucos, pelas ruas de Paris, Madeleine revela um passado extraordinário que perturba Charles. Há viagens de táxi que podem mudar uma vida.

Diria que o diretor e roteirista Christian Carion ("Meu Filho", "Viva a França!") tem um estilo bem formatado de trabalhar com histórias que envolvam o público, de tal maneira que tudo passa a ter um bom sentido na tela, com planos que valorizem os olhares dos protagonistas, mas que principalmente criem carisma entre os personagens e o público, de tal forma que até imaginava tudo o que iria acontecer durante o filme quase que inteiro, pela pegada da trama, mas o diretor conseguiu amarrar tudo tão bem que acabei envolvido demais, gostando de todos os detalhes na tela.

Quanto das atuações, Line Renaud trouxe para sua Madeleine Keller uma vivência bem trabalhada, cheia de nuances e olhares, e principalmente tendo um tom de voz que cativa prestarmos atenção na sua história de vida contada para o taxista, de tal maneira que acaba sendo daquelas senhorinhas que bateríamos um bom papo sem cansar e ainda agradeceríamos pelo bom dia junto, e assim sendo foi muito bem no que fez. Pelo outro lado tivemos o sempre estiloso de olhares Dany Boon com seu Charles, inicialmente carrancudo, meio que preso em mais um dia chato de trabalho, não tão disposto a ouvir a senhorinha, mas que depois acaba se envolvendo demais, e vivendo um grande dia de conexões, passando sentimento, sensações e quase virando realmente o neto que ela não teve e mentiu na blitz, ou seja, virou o personagem e agradou muito com sua paciência e envolvimento. Ainda tivemos Alice Isaaz bem imponente como Madeleine Keller jovem sofrendo nas mãos de Jéréme Laheurte com seu Raymond Haguenot ou simplesmente Ray, fazendo um homem violento e duro, entre outros que apenas vivenciaram as histórias do passado da protagonista, mas sem chamar tanta atenção.

O bacana do visual da trama é que praticamente só ficamos dentro do táxi só protagonista, mas vemos vários bairros de Paris, dos mais afastados riquíssimos até o centro movimentado e cheio de lojas e restaurantes, as pequenas ruas e tudo mais, além claro doa anos 50 aonde conhecemos um pouco da vida da protagonista nos teatros aonde a mãe trabalhava ou em uma casa simples aonde apanhava do marido, ou seja, foram bem simples no contexto artístico, mas com detalhes cênicos além de luzes bem encaixadas para dar o devido tom da trama.

Enfim, é um filme que não chega a ser brilhante, principalmente por sabermos os rumos que tudo vai tomar sem surpresas, mas que envolve demais e acaba sendo tão gostoso de ver que vale demais a recomendação para todos que forem curtir o Festival Varilux, então fica a dica e eu fico por aqui agora, indo para mais uma sessão, então abraços e até logo mais.


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