As Bestas (The Beasts)

11/13/2023 08:59:00 PM |

A única coisa que me vem na cabeça após conferir "As Bestas" é que brigas entre vizinhos nunca se resolvem com palavras e atitudes, vai sempre existir a rixa, o medo e o descontrole, que se não houver um ambiente bom, sempre será um caos! E a trama do filme franco-espanhol é tão tensa, tão dura que chega a nos dar raiva de tudo o que está acontecendo, fora o medo do pior que é claro que ocorre, de tal forma que o filme nos prende do começo ao fim com tanta força que sai da poltrona com dor nas costas após conferir o longa, e olha que nem muitos filmes de terror conseguiram esse feito. Ou seja, é daqueles longas com uma proposta que consegue atingir direto o público, que a única reclamação que eu teria é da duração que dava para cortar uns 15 a 20 minutos, mas talvez diminuiria a tensão toda, então vida que segue, e o acerto foi preciso.

A sinopse nos conta que um casal francês se muda para uma vila no interior da Galícia, buscando proximidade com a natureza. Eles levam uma vida sossegada, plantam vegetais e recuperam casas abandonadas, mas não têm uma boa relação com os outros habitantes. Após rejeitar um projeto de energia elétrica eólica, dois irmãos da vizinhança se desentendem e levam a situação ao limite.

Não é a toa que diretor e roteirista Rodrigo Sorogoyen conseguiu ganhar Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Filme do Goya (Oscar Espanhol) com o longa, pois o filme é realmente intenso e incrível, de tal forma que você fica esperando em cada momento o pior, pois a trama não leva para algo que possa ser amenizado, e essa dinâmica entrega com propriedade uma mão tão precisa de escolha de ângulos e desenvolturas que não tem como conseguir fugir da tela também, sendo algo que você enxerga a mão do diretor, enxerga tudo o que ele quer nos mostrar, e o melhor é que ele não falha em vértice algum. Ou seja, se você tem problema com filmes tensos esse certamente não é algo bom para o seu coração, pois dá muita raiva de tudo, da vontade de envenenar os vizinhos e/ou qualquer outra atitude, pois do contrário você cai no golpe deles e se envenena e morre pelas mãos deles.

Quanto das atuações, nos primeiros atos achei Marina Foïs muito submissa e fraca com sua Olga, mas nos atos finais ela se impõe de tamanha forma que o filme toma rumos fortes e bem colocados, mostrando uma personalidade incrível e cheia de traquejos, que não se impõe e não descansa até o último segundo, e isso é brilhante de ver. Denis Ménochet também entregou dinâmicas bem fortes e intensas com seu Antoine, de modo que o filme se prende em seu personagem com muita dramaticidade e imposição e agrada bastante na tela, só podia ter tomado uma atitude antes do que acontece, mas isso é do personagem, então ele foi bem demais. Luis Zahera com seu Xan e Diego Anido com seu Lorenzo são dois perfeitos f*****"**** que entregam personagens muito fortes e irritantes, com olhares e envolvimentos tão bem colocados que surpreendem e agradam mesmo sendo "vilões". Ainda vale uma menção para Marie Colomb com sua Marie, pela entrega emocional no ato da cozinha que deu um leve show ali.

Visualmente a trama é bem marcada com uma vila praticamente abandona só com pessoas xucras, aonde querem implantar torres de energia eólica e o protagonista quer cultivar horta e criar ovelhas, então tudo fica bem preso nisso, com um barzinho simples, casas mais simples ainda, uma floresta de árvores imensa e um lago, sem muito mais, além de alguns poucos detalhes, mas tudo bem cinzento e cheio de nuances.

Enfim, um tremendo filmaço que arrepia do começo ao fim, valendo demais cada minuto da produção, sendo daqueles que você não pisca, não respira e sai querendo ver mais, mesmo o filme tendo uma duração gigantesca para o estilo, veríamos facilmente mais uma hora com toda a entrega que o diretor nos propõe, então não perca a oportunidade de ver ele no Festival Varilux ou em qualquer lugar assim que aparecer, pois é daqueles que eu posso assinar embaixo como imperdível!! E é isso meus amigos, lá vou eu para a próxima sessão de hoje do Festival, então abraços e até logo mais.

PS: Não tenho nota 11 para dar, mas sem dúvida vou colocar ele como o melhor do Festival, quiçá do ano na minha opinião ao menos!


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...