O Pequeno Corpo (Piccolo Corpo) (Small Body)

11/09/2023 02:01:00 PM |

É interessante ver como a fé move montanhas como é o ditado popular, e a trama de "O Pequeno Corpo", que chega aos cinemas no próximo dia 16 de novembro, vai mostrar bem essa ideologia, pois segundo as tradições mais antigas quando um bebê nasce morto, ele não pode ser batizado, e com isso sua alma viverá eternamente no Limbo, e quando uma mãe fica sabendo de um pequeno santuário que consegue dar um breve respiro para o morto e com isso batizá-lo, ela sai em uma jornada saindo de uma ilha afastada, passando pelos vilarejos italianos e pelas montanhas para chegar nesse lugar, sofrendo um pouco de tudo, afinal acabará de dar à luz, está fraca, viaja sem nada e ainda tem alguns perrengues pelo caminho, e junto de uma jovem que lhe fará companhia achando que ganhará algo prometido pela moça acaba criando uma conexão maior com ela. Diria que a trama tem todo um lado místico introspectivo até que bem interessante de ver, tem paisagens bem bonitas e tensas aonde a protagonista vivencia várias coisas, e que tem bem essa ideia de religiosidade marcada, mas é um filme bem fechado, aonde um público que não tem tanta essa coisa na mente não irá se conectar tanto, mas mesmo sendo mais denso não cansa, e isso acaba sendo algo bem interessante de ver.

O longa nos situa na Itália, em 1900. Agata é uma jovem que embarca em uma jornada desesperada para chegar a um misterioso santuário para salvar a alma de sua filha da condenação eterna do Limbo.

O mais bacana de ver é que diretora e roteirista Laura Samani que foi indicada em Cannes e ganhadora do David di Donatello de Melhor Direção (Oscar Italiano) pelo filme nos mostra é o quanto pesquisou para entregar seu longa, pois quando descobriu o santuário, também descobriu que a jornada era feita mais pelos maridos, afinal as mulheres estavam fracas pelo parto, além das dificuldades do percurso e também dos riscos de assaltos e tudo mais, então ela optou em desenvolver sua trama com um outro vértice, e o resultado mostra bem os motivos dessa jornada ser mais "apta" para os homens, mas ainda assim deu uma grande voz e força para duas mulheres se apoiando mesmo que não de modo comum conseguissem ir além. Diria que a trama é bonita, ousada e interessante mesmo tendo esse lado mais místico da fé que muitos não acreditam em milagres, mas que tem uma entrega tão bem entregue pela diretora que flui bem e envolve bastante, sendo simbólico e ousado nas mesmas proporções, o que acaba dando mais nuances para a trama e resultando em algo novo na tela. 

Quanto das atuações a trama foca bem mais nas duas protagonistas, enquanto usou moradores da região de Friul-Veneza Júlia, no nordeste da Itália como coadjuvantes e figurantes da trama, então tudo ficou mais simples e com ares mais rústicos, o que deu um tom diferente para a trama, mas também foi bom para não apagar as protagonistas, e com isso Celeste Cescutti teve todo o trabalho destacado de sua Agata, sendo imponente nos trejeitos, sentindo dores e passando bem isso na tela, e claro ainda com emoções a flor da pele, o que acaba dando suas dinâmicas mais propensas para alguém que está numa jornada meio que a força. Já por outro lado, Ondina Quadri trabalhou sua Lince/Lynx com um ar jovial e meio que misteriosa ao mesmo tempo, mostrando uma personagem que não sabemos muito de sua vida, que inicialmente está interessado apenas em ganhar dinheiro vendendo a protagonista como ama de leite, depois passa a se interessar pela caixa achando ter algo de valor para ela (era de valor para a mãe, claro!) também, e conforme vai junto pela jornada consegue trazer essa conexão para tudo, tendo ainda um grande fechamento na história, ou seja, chama a atenção com o que faz e pegou até que quase o protagonismo da trama para si, sendo bem interessante de estilo e desenvoltura.

Visualmente as paisagens da trama são bem marcantes, vemos um filme de jornada passando por vários ambientes, começando pela vila pesqueira bem simples no meio do mar, depois toda uma floresta cheia de percalços, depois alguns vilarejos de agricultores, passando pelas minas escuras de uma montanha, até chegarmos na beira dos montes cheios de neve e claro ao santuário do outro lado de um lago bem bonito, ou seja, algo que facilmente daria para fazer até uma série inteira da viagem, mas que a diretora foi sucinta e conseguiu entregar tudo dentro do que a trama pedia, além de mostrar o bom trabalho da equipe de arte.

Enfim, é um filme diferente de estilo, mas que passa bem sua mensagem, funciona dentro do que se propõe que é a jornada de fé da protagonista, e claro mostra que para atingir um objetivo se precisa passar por provações, e assim o resultado acaba sendo chamativo e interessante para quem gosta de tramas nessa pegada, então fica a dica para conferida na semana que vem quando estreia nos cinemas. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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