Uma Nova Paixão (Dirt Music)

4/30/2023 06:09:00 PM |

Tramas envolvendo romances proibidos são daqueles estilos que você passa na porta de uma livraria e já cai no seu pé pelo menos uns 10 livros, e que se você olhar para a tela inicial de qualquer streaming vai encontrar mais outra toneladas de filmes, mas sempre arrumam um novo caso para desenvolver, afinal os fãs do estilo são sedentos por mais e mais, mesmo que já saibam exatamente o que vai rolar nas primeiras cenas. E claro que o pessoal da Austrália também sabem brincar com o estilo, afinal com tantos lugares paradisíacos na encosta, dá para fazer um road-movie quase que só andando pelas ilhas que rodeiam o país, e é bem isso o que quase vemos com "Uma Nova Paixão" aonde a protagonista se envolve com um rapaz meio que misterioso da cidade de pescadores, aonde praticamente todos se colocam contra ele, vemos alguns conflitos meio que se entender, e uma paixão se desenvolve tão rápido que realmente parece coisa de filme, vamos vendo alguns flashes do passado aonde o rapaz tocava numa banda folk com a família, e sempre muitas memórias resultando em algo bonito de ver, mas que parece sempre faltar algo, e claro depois durante a busca da moça pelo rapaz soa tudo meio artificial e fácil demais, de tal forma que faltou emoção e uma conexão maior para chamar atenção mesmo, não sendo algo ruim de ver, mas que dava para ir além. Ou seja, a parte dramática até funciona, vemos alguns atos bem intensos, mas o romance precisava de mais densidade para chamar atenção e não ser tão falso, mas que dentro do estilo proposto as pessoas nem ligam para esses elos falsos, e sendo assim, funciona.

A sinopse nos conta que presa em um relacionamento sem amor com o lendário pescador local Jim Buckridge, a desanimada Georgie se apaixona por Lu, um jovem caçador que está invadindo o território de seu parceiro tirânico. Um solitário reticente com um passado trágico que desistiu de sua vida como músico, Lu tem medo de deixar Georgie entrar. Mas sua atração fervorosa leva a melhor sobre eles, e segredos são descobertos que mudarão suas vidas. Quando Jim descobre sobre o caso, Lu foge para o terreno punitivo sem intenção de voltar, e Georgie sai em uma perseguição para trazer seu amante de volta.

Diria que o diretor Gregor Jordan e o roteirista Jack Thorne trabalharam bem o livro de Tim Winton de tal forma que o visual em si compensa bem mais que a história, afinal vemos duas relações meio que jogadas na tela sem que elas fiquem criativas, pois nem chegamos a entender facilmente como o relacionamento da jovem está desgastado, nem como a paixão da moça se dá apenas em dois encontros, soando tudo muito fácil, e claro depois de uma busca intensa por vários lugares, facilmente o jovem ouve sua canção quase morrendo e estava do ladinho de onde eles estavam já dias. Ou seja, uma base fácil demais de ser entregue, mas que como todo romance é funcional dentro da proposta, mostrando mais do mesmo, que agrada de certa forma.

Sobre as atuações, diria que Kelly Macdonald até deu um bom tom para sua Georgie, parecendo meio que desanimada, meio que perdida na vida, mas contando com um ar bem emocional que dá voz para a trama, de tal forma que até poderia ter feito alguns atos mais desesperados, mas não desapontou ao menos. Já Garrett Hedlund botou o corpo e a voz para jogo com seu Lu Fox, de forma que gravou algumas das canções da trama, desenvolveu bem a personalidade de uma maneira densa bem colocada e fez sua viagem punitiva de um modo interessante, mas cheia de falhas de roteiro que atrapalharam um pouco, não sendo algo ruim, mas que dava para enganar mais, não sendo culpa do ator que fez bem as cenas, mas sim do roteiro. David Tenham trabalhou seu Jim Buckridge com semblantes mais fechados e emoções bem a flor da pele, porém não se desenvolveu, de forma que nem chegamos a ficar com raiva dele, e isso é uma falha, pois o ator poderia ter explodido mais. A base em si é somente do triângulo amoroso, mas ainda tivemos outros bons personagens de encaixe, valendo dar destaque para George Mason com seu Darkie, Julia Stone com sua Sal e claro a garotinha Birdie que aparece em quase todas as cenas do protagonista que foi vivida por Ava Caryofyllis.

Visualmente a trama é belíssima, mostrando praias incríveis, rochedos quebradiços, um mar brilhante sempre ao fundo, uma casa de praia toda de vidro e até mesmo o deque no meio do nada teve seu charme, além da casa do protagonista no meio do nada com muitas lembranças soltas, de forma que sendo quase um road-movie vemos o personagem principal pegando várias caronas, conhecendo pessoas diferentes, de tal forma que certamente no livro nos é dito muito mais conexões com tudo, tendo mais detalhes, mas aqui não ousaram tanto, porém do nada no meio do nada o protagonista surgir com uma vara para pescar foi abusar demais de nossa inteligência.

Como todo bom filme romântico, a melhor parte fica a cargo da trilha sonora, e aqui como a família do personagem principal tinha uma banda os atores acabaram gravando boas canções num estilo meio folk que deu ritmo e agradou bastante para ouvir tanto durante o longa quanto depois aqui nesse link.

Enfim, é um filme gostoso de ver, que se não fosse algumas falhas técnicas dentro de um roteiro rápido de resoluções e talvez se tivessem colocado uma química melhor entre os protagonistas agradaria até mais, mas quem gosta do estilo nem deve notar tanto isso, pois a trama ao menos funciona e dá para recomendar. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto daqui a pouco com mais textos do Festival Filmelier, que está acabando, então aproveitem para conferir nesses últimos dias, e deixo aqui meus abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...