É engraçado que os outros ganhadores do Festival de Cannes de 2021, "Titane" e "Um Herói" fizeram um barulho tremendo nas plataformas aonde foram lançados, enquanto esse que teve a mesma honraria acabou surgindo bem escondido na Amazon, e quase nem soubemos de sua existência, acredito por ser bem diferente de tudo, como um drama romântico bem trabalhado na essência mesmo, e que mais do que o comum do estilo, o diretor Juho Kuosmanen quis dar nuances para seu filme, trabalhando as aparências e insinuando sempre o algo a mais, e claro fazendo um fechamento bem marcante em cima de algo complexo. Ou seja, é daqueles filmes que muitas vezes você vê e não se conecta facilmente, mas que acaba indo além durante a exibição e isso é algo que marca muito. Claro que alguns vão ver e achar estranho e cansativo, mas mais por ser algo tão diferente do usual, mas se você se abrir para a ideia pode ser que até se apaixone por tudo, basta estar no clima que o longa pede e propõe.
Sobre as atuações, diria que Seidi Haarla conseguiu dominar bem o ambiente com sua Laura, de modo que trabalhou seus sentimentos e expressividades de uma maneira bem contida, porém sem ficar falsa, o que é bem interessante de ver em cena, e o grande acerto do filme foi fazer algo que tanto julgamos ruim, que é de ambos não terem uma química bem marcada, ao ponto que parecem mesmo quando estão se dando bem que se afastam, e isso mostrou uma forma diferente de conexão entre eles, que acaba agradando bastante. E falando de Yuriy Borisov vemos um ator muito bem colocado com seu Ljoha, de modo que num primeiro momento parece até exagerado na personalidade que pegou para trabalhar, mas conforme vai se desenvolvendo acabamos bem conectados com seu estilão e com tudo o que faz, acabando interessante e muito marcante no contexto completo. Quanto aos demais praticamente todos servem apenas de conexões, não indo muito além em seus atos, e isso é muito bom para a proposta da trama.
Visualmente o longa foi bem intenso com pouquíssimos ambientes dentro do trem, em uma cabine minúscula aonde vemos o protagonista inicialmente comendo de tudo e bebendo sem limites, vemos alguns atos no vagão restaurante e muitas cenas no pequeno espaço para fumar e respirar fora da cabine, várias paradas em cidades praticamente abandonadas no meio da neve, até chegarmos em Murmansk e a protagonista ter a decepção de que nada funciona direito no inverno em um lugar que mesmo no verão é frio (deveria ter pensado isso vindo de um lugar frio também né?), mas a boa sacada de fechamento e de envolvimento que desenrola depois é muito bacana e cheia de ousadas cenas no meio da neve, de navios encalhados e tudo mais, mostrando que a equipe conhecia muito bem tudo por ali para os melhores ângulos e desenvolturas inclusive dentro do pequeno carro.
Enfim, é um filme que diria bacana de essência, mas que poucos conseguirão captar tudo o que ele entrega, sendo até um pouco difícil de se conectar com tudo, seja pela estética ou pelos atos mais secos em si, mas o resultado final é bem gracioso e mostra a mensagem praticamente estampada na cara da protagonista, valendo a conferida. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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