Para quem não conhece pelo nome, vou citar apenas dois pequenos e humildes filmes da diretora Phyllida Lloyd: "Mamma Mia! O Filme" e "A Dama De Ferro", ou seja, só por aí já deu para sentir o que vai lhe ser entregue, aliás me pergunto o motivo do longa não ter explodido em grandes premiações mundo afora, mas vai entender esses produtores! A única coisa que posso dizer é que a diretora pegou a incrível história das roteiristas Clare Dunne (que é a protagonista do filme) e Malcolm Campbell, e entregou algo imponente de dinâmicas, com muito envolvimento do começo ao fim, e que traz um tema fortíssimo que podemos ouvir em qualquer esquina de qualquer país do mundo, afinal a violência doméstica é algo infelizmente muito comum, e os debates que ocorrem com divisões de guarda e tudo mais são daqueles que fazem ainda mais a pessoa sofrer, além de vermos um pouco como funciona na Irlanda o processo, e também a loucura de construir uma casa com amigos. Ou seja, é o famoso filme completo de sensações aonde é difícil não se envolver vendo, e que não exagera em nada para precisar impressionar, pois consegue isso sozinho.
Sobre as atuações, Clare Dunne sempre fez papéis secundários na maioria dos longas que trabalhou, tanto que nem lembrava dela em dois grandes filmes que participou, mas o que fez aqui com sua Sandra é algo tão bem encaixado, que certamente ao escrever o roteiro não pensou em outra pessoa para fazer a protagonista, e se encaixou por demais, sofreu, fez trejeitos fortes e ficou marcante num ponto de agora sim ser sempre lembrada, tanto que conseguiu algumas indicações em festivais para sua atuação, ou seja, perfeita. Harriet Walter também trabalhou com muita intensidade para fazer de sua Peggy mais do que apenas a empregadora da protagonista, mas uma amiga e quase uma mãe para ela em diversos atos, trabalhando inicialmente com um ar expressivo mais fechado, mas depois amolecendo aos poucos para encaixar uma química tão boa entre elas que acaba impressionando e agradando demais. Ian Lloyd Anderson aparece em umas cenas espaçadas com seu Gary, mas é suficiente para querermos bater nele, pois entrega o tradicional homem que bate na mulher dentro de casa, mas depois se faz de santo aonde outros podem lhe ver, e seus trejeitos são muito marcantes, ou seja, foi muito bem no papel. Outro que foi muito bem em cena foi Conlet Hill com seu Aido, dando seu máximo como engenheiro da obra da protagonista, dando lições para todos os voluntários, sendo durão, mas também se entregando nas cenas que precisava, fora que o garoto com síndrome de Down, Daniel Ryan, que faz seu filho Francis caiu como uma luva para emocionar ainda mais os momentos em cena juntos. Ainda tivemos várias outras atrizes e atores bem encaixados, cada um fazendo sua devida contribuição marcante para a trama, mas não poderia deixar de falar das garotinhas Molly McCann com sua Molly e Ruby Rose O'Hara com sua Emma que foram expressivas e bem cheias de desenvoltura nas devidas cenas, impactando ainda mais com tudo o que fizeram em alguns atos fortes, ou seja, timaço completo num bom filme.
Visualmente o longa tem todo um contexto bem trabalhado, que embora seja simples, foi bem marcante e mostrou uma equipe de arte pronta para tudo, mostrando desde as acomodações da protagonista após sair de casa, as dificuldades que passou para dar bons dias para as garotas brincando com tudo, mostrou o bar que trabalhou para conseguir dinheiro, a casa da médica que fazia faxina, e claro o terreno no fundo da casa da médica, aonde passa a construir sua própria residência, tendo ainda a simbologia da casinha de brinquedo antiga, a casa de papelão que as crianças fazem, até mesmo a montagem de pecinhas para tudo, os materiais e tudo mais, ou seja, o verdadeiro simbolismo de uma construção pessoal e material.
Outro ponto incrível da trama é a trilha sonora com canções marcantes que além de ditarem o ritmo bem dinâmico do filme, ainda trazem muito sentido para os atos, então fica a dica para quem quiser ouvir depois no link.
Enfim, um tremendo filmaço que certamente recomendarei demais a todos que quiserem bons exemplares de longas de reconstrução pessoal em casos de abusos domésticos, e que mais do que isso, entrega algo tão marcante em todos os sentidos que vale como filme mesmo sem apelações, então assistam! E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto muito em breve com uma tonelada de textos, afinal nesses próximos 11 dias entre estreias e filmes do Festival só verei 20 filmes, então abraços e até logo mais, isso claro se eu sobreviver a essa maratona!
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