Sabemos que o diretor e roteirista Wagner de Assis já entregou grandes clássicos do estilo espírita e também algumas bombas do gênero, mas se tem algo que é sua marca é ousar dentro da proposta que lhe é entregue, pois aqui dava facilmente para ele pegar o livro da Zíbia Gasparetto e colocar inteirinho na tela sem ser criativo com nada, mas ele optou por trabalhar as essências de tudo, deu as devidas nuances para o lado negro de alguns espíritos, foi direto e certeiro em não trabalhar com um famoso preconceito nas cenas com o "comprador de almas", e diria que trabalhou bem com as imagens duplas dos espíritos, pois dava até para melhorar a composição visual, mas dava para ficar muito pior (aliás seu próximo trabalho, que muitos estão esperando há 13 anos, teve divulgado o primeiro trailer nessa semana, e espero que a equipe de pós-produção trabalhe sem parar até o dia do lançamento, pois está bem falso), e com isso diria que a história em si foi funcional, e o trabalho do diretor foi bem executado, apenas dava para melhorar bastante a divisão de tempo, e isso vou bater demais na tecla.
Sobre as atuações, diria que todos os protagonistas foram bem encaixados e conseguiram expressar bem o que seus personagens precisavam, de modo que Carol Castro fez bem sua Gabriela, trabalhou trejeitos bem clássicos de empresárias, teve atos românticos, expressões de desespero e até alguns bem estranhos de ver, mas segurou bem a personagem até o final e funcionou no que precisava fazer, agradando de certa forma. Já Danton Mello diria que leu o roteiro e desenvolveu seu Roberto já como obsessor antes mesmo de morrer, sendo até exagerado em alguns atos de pertencimento, e isso chegou a incomodar um pouco, o que é acertado de se fazer nesse caso, mas dava para maneirar com alguns trejeitos aéreos que funcionaria melhor. Rocco Pitanga caiu bem na personalidade de seu Renato, fazendo imposições tradicionais de advogados, falando com um certo requinte, e chamando alguns atos para si, mas ainda dava para não ficar tão acuado em alguns momentos, parecendo não estar tão confortável, e aí se soltando mais chamaria mais atenção. Já Paloma Bernardi trouxe uma explosão total para sua Gioconda, criando atos fortes, desenvolvendo uma personalidade até meio que de louca em alguns atos, e o resultado ao menos foi de sucesso para o que pedia o papel, acertando bastante. Ainda tivemos alguns atos bem doces e trabalhados com a empregada vivida por Renata Castro Barbosa, alguns atos rápidos com o investigador vivido por Stepan Nercessian, algumas interações bacanas com a secretária vivida por Gleice Damasceno, e até alguns atos meio que densos para o papel meio que místico de Charles Myara, ao ponto que a equipe foi bem ousada no que fez.
Visualmente a trama trabalhou um escritório de advocacia num prédio chique, duas casas bem imponentes de classe alta, com a do chefe sendo daquelas com até elevadores e bem requintada na decoração, um centro espírita, uma obra parada e um hospital, sem grandes detalhes de elementos, com destaques mesmo para as cenas no quarto dos protagonistas aonde acontecem mais coisas, e claro diria que a equipe de computação e edição brincou bastante com as imagens desfocadas para os espíritos, transformando o protagonista num ser meio cinzento e dando algumas nuances mais chamativas que funcionaram bem.
Enfim, volto a dizer que é uma trama que tem alguns defeitos pesados que já falei bastante, mas que tem boas virtudes e que funciona bem para quem conhece o livro e a doutrina espírita, não sendo bem um filme que quem não crê nas ideias vai aderir, ou até mesmo gostar do que vai ver, então digo que recomendo mais para os fiéis desse tipo de ideais. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto mais a noite com outros textos, então abraços e até breve.
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