Sombras de um Crime (Marlowe)

4/02/2023 02:17:00 AM |

Um dos vértices do cinema investigativo é o que trabalha com detetives particulares em tramas com clima noir, tendo base na maioria nos anos 20/30 envolvendo crimes passionais e outras desenvolturas próprias com muito estilo, e o longa "Sombras de um Crime" trabalha bem essas facetas na Los Angeles dessa época, misturando tráfico com a indústria cinematográfica, e ainda embasando as máfias e as estrelas com seus devidos amantes, sendo daqueles filmes que tem pegada, tem estilo e consegue segurar bem o público durante toda a exibição, e que contando com bons atores em personagens marcantes acabam entregando carisma e desenvoltura para que o clima funcione bem e seja intenso. Diria que o gracejo do longa é trabalhar a síntese toda com algo forte, porém sem causar com explosões, ditando um ritmo quase que bem ditado, aonde vemos policiais de todos os tipos, criminosos da mesma forma e muitas pessoas querendo um algo a mais, e isso acaba sendo de um charme único bem encaixado que agrada bem do começo ao fim, e que quem gostar do estilo vai lembrar bem de outros grandes clássicos do gênero na pegada que o diretor quis implementar aqui. Ou seja, é daqueles filmes que você parece que já viu outras vezes, mas que sempre vale a conferida por outros olhares.

A sinopse nos conta que os negócios do investigador particular Philip Marlowe vão mal quando a bela Clare Cavendish ilumina seu escritório decadente com o rosto. Ela tem uma missão: seu amante Nico Peterson desapareceu sem deixar vestígios e Marlowe deve encontrá-lo. Um trabalho vem a calhar para o detetive e ele nunca foi capaz de recusar um desejo de uma beleza misteriosa. Ele também se apaixonou pela loira de olhos negros imediatamente. Então ele se joga no meio da busca e, assim, mais uma vez bem no meio de grandes problemas. Porque ele desvenda um mistério e logo assume uma família poderosa e riquíssima que não se esquiva de nada.

O longa que é baseado no livro de John Banville, e no personagem criado por Raymond Chandler foi bem adaptado para a telona pelo diretor e roteirista Neil Jordan, que soube usar o clima para cadenciar uma boa investigação, encheu a trama de personagens e histórias secundárias, e facilmente transformaria o longa em uma série de uns quatro a cinco capítulos, pois usou o clima denso de uma história bem amarrada por outras histórias e foi tecendo uma boa colcha de retalhos que não cansa, e que se abrir cada detalhe dá um bom caimento. Ou seja, para não ir muito a fundo com nenhum dos personagens secundários, o diretor escolheu bem seus vértices e focou bastante no protagonista para que ele se entregasse ao máximo e criasse a sua própria trama dentro de tudo o que está ocorrendo, e felizmente não forçou as cenas para que caíssem no estilo do ator, que sabemos bem que só funciona no estilo tiro, porrada e bomba, e que aqui deu o ar mais charmoso na investigação, que também lhe deu permissão para dar alguns tiros e socos.

E já que comecei a falar dos atores, vou falar um pouco dos principais, pois como disse antes tem muitas subtramas no longa e o texto ficaria imenso, e claro que tenho de começar por Liam Neeson em seu 100º filme, entregando algo até mais calmo do que seus últimos trabalhos, e por incrível que pareça esse estilo cai bem melhor para ele que já está na casa dos 70 anos, pois tem o estilão brucutu, mas trabalha mais com investigações e nuances do que com a pancadaria saindo correndo para todos os lados, então se quiser ir mais além em outros longas como Philip Marlowe acredito que daria um bom resultado. Diane Kruger entregou uma mulher misteriosa com uma pegada meio que sensual e marcante com sua Clare Cavendish, sendo envolvente e com trejeitos bem intensos que acabaram fluindo com bons momentos, e mesmo que apareça e desapareça de cena muitas vezes, acabou chamando a atenção e isso é bom de ver. Da mesma forma Jessica Lange brincou com sua Dorothy Quincannon, mostrando o poder das atrizes na época que influenciavam tudo e todos, e tendo muita riqueza acaba chamando todos para perto de si. Ainda tivemos bons atos de Ian Hart como o delegado da polícia Joe Green, Danny Houston como o gerente do clube, Floyd, e Alan Cumming com seu Lou bem trabalhado, isso sem esquecer de Adewale Akinnuoye-Agbaje como o motorista Cédric e claro o desaparecido Nico bem feito por François Arnauld, entre muitos outros bons pequenos papeis que chamaram a atenção.

Visualmente a trama tem muito estilo, trabalhou bem os anos 30 de uma Los Angeles mista entre artistas do cinema, mafiosos e traficantes contando com seus clubes restritos, boates misteriosas, carrões luxuosos e tudo mais que desse um bom tom investigativo, além de armas bem trabalhadas e claro o clima chuvoso para dar um ar mais rebuscado para tudo, ou seja, é daqueles filmes que contam com um estilo mais clássico, e que a equipe de arte acaba trabalhando bastante e aparece seu serviço.

Enfim, a trama raspa bem perto de ficar meio que novelesca com a grande quantidade de personagens e histórias secundárias, e em determinados momentos até parece uma continuação de algum outro filme, mas que o diretor soube conduzir tudo de uma forma bem marcante que funciona e entrega o que o público gosta de ver no estilo, então vale a recomendação para todos que curtem um policial investigativo bem sofisticado e sem grandes impactos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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