Technoboss

12/05/2019 01:43:00 AM |

Pense em um filme absurdo que você já assistiu! Garanto que não passa nem perto de toda a loucura que é o longa português "Technoboss" que não bastasse um personagem tremendamente estranho, ainda nos presenteia com canções rimadas a partir do que acontece ao seu redor. Ou seja, praticamente um musical sem coreografias e belas canções, mas sim com algo absurdo e sem nexo algum de estar cantando. Não diria que é o pior filme que já vi na vida, pois já vi bombas piores, mas confesso que senti vontade de sair da sessão ao menos umas três vezes, sendo que na terceira tentativa olhei no relógio e só tinha passado metade do filme, ou seja, me amarrei e fiquei esperando que melhorasse, mas conseguiu ficar mais maluco ainda, e já que fiquei até ali, fui até o fim, mas garanto que não recomendo ele nem para meu pior inimigo, e olha que alguns até mereceriam isso.

A trama nos diz que não há nada que uma música não conserte. Esse é o lema de Luís Rovisco, um homem divorciado e já na casa dos 60 anos. Para driblar as armadilhas deixadas pela tecnologia, pelos colegas de trabalho e pelo chefe estranhamente ausente, ele passa seus dias atrás do volante, sempre sorrindo e criando músicas para o que ele vê no caminho. Parece que nada pode abalar as canções de Luís, até que Lucinda, recepcionista do Hotel Almadrava, dá um tom diferente.

Sinceramente não sei o que o diretor João Nicolau tinha na cabeça para criar o filme, pois inicialmente achamos que vai trabalhar a senilidade que não consegue se aposentar e precisa trabalhar até o fim de sua vida, depois vemos a vida amorosa entrar em conflito, e por fim vemos diversos trambiques e muita cantoria desnecessária, de tal modo que o filme vira uma salada de cenas desgovernadas, com situações filmadas em locações reais, e outras em estúdio com um estilo bem falso, que não consegue representar nada, meio que parecendo aqueles videoclipes ruins dos anos 80/90, ou seja, todo o trabalho narrativo do longa que é exibido antes das canções, que poderia até representar algo, assim que o protagonista entoa sua voz para cantar a vida cotidiana faz com que qualquer um queira sair correndo da sessão, o que milagrosamente não ocorreu (acho que todos esperavam que iria melhorar em algum momento, ou ao menos ter alguma explicação mais coerente), mas como a própria sinopse já diz, é o lema do personagem, de que uma música pode consertar qualquer coisa, mas infelizmente não passa essa mensagem em momento algum, e o resultado é tenebroso.

Sobre a atuação, temos que primeiramente falar que Miguel Lobo Antunes não é ator, e sim um personagem icônico da cultura portuguesa, sendo diretor de centros históricos, curador de mostras, e muito mais do meio cultural, só não entendi o motivo de colocarem ele como protagonista, e principalmente como cantor, pois um musical necessita e muito de atores completos, e dessa forma seu Luís Rovisco além de estranho como personagem, ficou estranho cantando, atuando e tudo mais, ou seja, algo completamente bizarro, que não tem como acreditar no que faz em cena, pois mesmo tendo algumas desenvolturas até de impacto, o resultado não agrada. Agora quanto aos demais, a maioria é quase objeto cênico da trama, ou acaba cantando junto com o protagonista, tendo leve destaque para as caras sérias de Luísa Cruz com sua Lucinda, par amoroso do protagonista, mas nada que a faça ser impressionante com suas expressões.

No contexto cênico, a trama se passa na maior parte em ambientes de um hotel, e dentro do carro com o protagonista ao volante, e outros ajudando a cantar dentro dele, mas o mais bizarro é usarem a técnica de cenografia móvel ao redor do carro (daqueles rolos pintados que vão se movendo como nos filmes antigos para indicar movimentação de uma rua ou rodovia), e principalmente mostrarem isso como um artifício cênico da trama, de tal maneira que soa inacreditável mostrar esse "defeito" em cena, além claro dos diversos atos com os personagens estranhos dançando, ou seja, bizarro demais. Além disso, toda a parte de segurança que o filme tenta vender como algo demais, acaba ficando cansativa e piegas dentro do contexto da trama, de modo que talvez como um episódio de alguma série cômica até funcionasse, mas num filme de quase duas horas foi abusar da nossa vontade.

Como não sou uma pessoa má, e também para nossa felicidade, não existe link com as canções do filme, então vou lhes poupar desse sofrimento, mas saibam que até para o pessoal da legendagem foi divertido mudarem "fogo no cú" para "não aguento mais", ou seja, bizarro é a palavra chave para tudo no filme.

Enfim, fez bem uma amiga nossa de festivais em ir para a casa dela jantar ao invés de ficar para a sessão, pois não tenho como recomendar isso que nem posso chamar de filme, afinal é algo que se algum dia sair comercialmente é capaz dos clientes baterem no gerente do cinema se entrarem por engano. Ou seja, fuja para as colinas, mas não entre na sessão desse filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã volto com mais dois textos dos longas da Itinerância da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, então abraços e até logo mais.

PS: a nota só não foi menor, pois as ideias subjetivas sem a cantoria até dão para aproveitar um pouco.

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