Se tem um dos humoristas nacionais que mesmo exagerando em trejeitos consegue entregar longas bem engraçados é Paulo Gustavo, e o melhor de ver "Minha Mãe é Uma Peça 3" nem é tanto pelo filme em si, mas saber e ver durante os créditos finais de cada um dos longas como a mãe dele dona Déa Lúcia é desbocada igual a personagem principal, e que ele soube trabalhar com precisão cirúrgica para recriar ela como uma alegoria tão presente que mesmo o filme tendo falhas gritantes, acabamos rindo demais e gostando sempre de ver quase tudo igual novamente. Ou seja, o filme diverte muito com muitas boas sacadas, tem cenas hilárias, funciona muito bem ao entregar muita coisa nova, ainda manteve um pouco o estilo de esquetes do segundo longa, porém felizmente manteve o vértice de história como foi o primeiro filme, mas aqui a maior falha foi querer emocionar em demasia, de modo que o longa parece uma montanha russa oscilante entre sacadas cômicas e momentos emotivos, o que faz o filme ficar ora morno, ora gargalhando, e isso é certamente um problema muito forte, pois o filme perde dimensão. Claro que de forma alguma esse problema estragou a grandiosa fama do filme, e mesmo indo virar série na Globoplay iremos torcer para ter um quarto filme, mas se não acontecer, ao menos aqui ele contou bem seu fechamento com os filhos, e tudo o que rolou até chegar esse momento, e quem for conferir certamente irá rir bem mais do que se emocionar, ou seja, o feitio de uma comédia foi mantido com sucesso.
O longa nos mostra que Dona Hermínia vai ter que se redescobrir e se reinventar porque seus filhos estão formando novas famílias. Essa supermãe vai ter que segurar a emoção para lidar com um novo cenário de vida: Marcelina está grávida e Juliano vai casar. Dona Hermínia está mais ansiosa do que nunca! Para completar as confusões, Carlos Alberto, seu ex-marido, que esteve sempre por perto, agora resolve se mudar para o apartamento ao lado.
É até interessante ver a mudança de estilo que o filme teve com Susana Garcia assumindo a direção, pois ela tentou trabalhar o ritmo bem pautado que fez sucesso no ano passado com "Minha Vida em Marte", porém abrangendo bem mais situações com as possibilidades do roteiro que escreveu junto com Paulo Gustavo e Fil Braz, além de diversos outros colaboradores de piadas, porém o estilo escrachado de Dona Hermínia é uma marca cativa sua, e até sabemos que toda mãe por mais desbocada que seja, também tem seu lado emotivo para com seus filhos, então ao tentar passar essa mensagem e tentar fazer com que o público emocionasse também com as cenas, acabaram deixando o longa levemente frouxo, o que é um pouco ruim, porém souberam ver rapidamente na montagem que se isso fosse uma constante acabaria pesando a trama, então colocaram as cenas oscilando bem, e o resultado acaba funcionando. Ou seja, temos um filme que diverte bastante, e nisso a diretora não mexeu, temos as cenas hilárias casuais bem colocadas, e principalmente temos uma história até que bem grande, que desmembrada com várias esquetes rápidas acaba envolvendo bem do começo ao fim.
Sobre as atuações nem precisaria falar, mas Paulo Gustavo continua dando show com seu principal personagem, e aqui Dona Hermínia é entregue sem medo de errar, fazendo trejeitos de todas as formas possíveis, encontrando ótimas sacadas para seus deboches, e mesmo nos atos mais tensos o ator conseguiu trabalhar uma emoção bem verdadeira com olhares mais rebaixados, mas com uma desenvoltura única, ou seja, novamente um tremendo de um acerto, e chega a ser até difícil ver ele sem toda a maquiagem de composição do personagem, pois é quase uma única pessoa Paulo/Hermínia. Quanto os demais personagens, tivemos bons momentos praticamente de todos, desde Mariana Xavier brincando bem com sua Marcelina (que em diversos momentos não aguenta e ri em cena mesmo!) agora tendo um filho, vemos Rodrigo Pandolfo trabalhando bem rapidamente seu Juliano, que aqui vai casar, mas o jovem nem foi quase usado em cena, e principalmente vemos ótimas sacadas com Stella Maria Rodrigues com sua Ana cheia de esnobações para cima da protagonista, e claro as ótimas cenas de Malu Vale com sua Lourdes junto do protagonista em Hollywood, ou seja, todos se doaram bastante para os personagens, criaram bastante junto, e conseguiram chamar a atenção sem tirar o foco de Paulo, e assim até mesmo Herson Capri com seu Carlos Alberto e Alexandra Richter com sua Iesa acabaram funcionando bastante, e o filme flui.
No conceito visual o longa foi bem homogêneo de cenas, trabalhando com locais corriqueiros como o apartamento da protagonista, uma feira tradicional, uma feira de coisas para grávidas, uma sala de consultas médicas, um quarto de hospital, uma casa rústica, uma mansão para festas super luxuosa, e claro, algumas cenas rodadas em Hollywood passando pelo museu de cera, e até tendo uma brincadeira bem sacada com outros filmes que acabam não indo para fora gravar que dependendo do ângulo podem se passar em qualquer lugar e enganar, ou seja, o filme satiriza outros, trabalha com bons elementos para cada momento, e funciona com muitas cores fortes para dar o tom cômico mais escrachado, ou seja, não exagera a toa em momento algum, e ao mesmo tempo exagera o tempo todo para se encontrar com os atos, numa brincadeira boa, funcional e cheia de detalhes, o que vale bem reparar sempre ao redor.
Enfim, é um filme bem montado, que certamente lhe fará rir do começo ao fim com ótimas sacadas, e que mesmo exagerando em alguns conceitos emotivos levemente desnecessários funciona bastante, sendo melhor que o primeiro filme, mas ainda um pouco abaixo que o segundo longa da trilogia, e dessa forma recomendo muito a conferida, e provavelmente o longa deva bater mais recordes de bilheteria assim como seus antecessores. E sendo assim acabo aqui com os filmes nos cinemas desse ano de 2019, mas ainda volto mais nesses próximos dias com mais textos do streaming e claro com a retrospectiva do ano, então abraços e até logo mais.
PS: Como não tenho a nota do meio, no primeiro dei 8 e no segundo dei 7, então aqui seria um 7,5, mas como estou bonzinho, vai um 8 para esse também.
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