Netflix - O Aplicativo (The App)

12/29/2019 04:43:00 PM |

Algumas sugestões que a Netflix nos dá pelos algoritmos dela geralmente surpreendem tanto para bem, quanto para o mal, e isso é algo que muitas vezes observam os longas que vemos, os quais gostamos mais ou simplesmente por contas abstratas, e podemos pensar nisso ao ver o filme italiano que foi lançado nessa semana na plataforma, "O Aplicativo", que brinca com a formatação de algoritmos em um aplicativo de relacionamento, que acaba deixando um jovem desconcertado com tudo o que acaba revirando em sua vida. Ou seja, a trama tem um ar dramático misto com o suspense, mas falha em arrastar demais para um lado abusivo, ao invés de cativar e envolver como foi o caso do americano "Ela", que lembra um pouco o estilo. Não digo que seja daqueles filmes primorosos que todos têm de correr para ver, mas também passa bem longe de ser uma tremenda bomba.

O longa nos mostra que com uma namorada amorosa, a fortuna da família, papel no cinema: ele tem tudo. Até que um aplicativo desperte um poderoso novo anseio. Enquanto em Roma para filmar seu primeiro filme, Niccolò fica obcecado e acaba enviado para uma espiral autodestrutiva.

Diria que o estilo da diretora e roteirista Elisa Fuksas é daqueles que certamente podem estourar mais pra frente, pois conseguiu brincar bem com a tecnologia e criar em cima dela uma história bem amarrada. Porém para isso acontecer ainda necessita trabalhar um pouco mais a dinâmica e saber aonde pode criar sua reviravolta, pois aqui seu filme tem força, tem uma história bem travada, mas que acaba se enrolando demais na forma de conduzir, se perdendo um pouco na desenvoltura, o que é ruim, pois talvez se já na metade o jovem descobrisse o problema e surtasse a trama iria ter muitos mais frutos, enquanto o clímax é deixado apenas para a cena final e o resultado não flui. Ou seja, é um filme que roda muito, patina demais, mas ainda assim entrega sua mensagem, e com isso não chega a ser ruim de ver, mas certamente esperávamos bem mais do conflito possível.

Sobre as atuações, não temos praticamente nenhuma grande dinâmica por parte de nenhum dos atores, mas ao menos Vincenzo Crea tentou que seu Nick fosse cheio de vertentes, com sua obsessão em cima de querer atuar e ao mesmo tempo querer ter uma vida, mas que o aplicativo acaba lhe vertendo para outros lados, e isso soou rápido demais, o que não costuma acontecer, ou seja, ele foi bem em alguns momentos com olhares apaixonados e tudo mais, mas faltou um pouco mais de desconfiança para acreditássemos nele. Greta Scarano trabalhou bem sua Ofélia, deixando todos sempre na dúvida de suas reais intenções, mas que não vai muito além do que tenta mostrar, e com isso o resultado fica um pouco abaixo quando se mostra mais, e talvez essa conexão com o protagonista funcionasse melhor de outra forma. Já Jessica Cressy trouxe um ar juvenil demais para sua personagem, de modo que vemos ela quase que sempre meio de lado na trama, e isso não intervém para nada, ou seja, foi simplória demais.

O visual da trama é meio bizarro, misturando o sacro por o protagonista estar indo filmar uma trama em que vive Jesus Cristo, temos a autoflagelação de Ofélia, temos imagens santas aparecendo a todo momento, mas sempre com o ar do pecado dominando com luzes fluorescentes coloridas, em contraste com toda a riqueza da casa da família do protagonista, os hotéis luxuosos e tudo mais. Ou seja, a equipe de arte brincou bem, colocou uma cobra imensa em uma cena, trabalhou diversas alegorias, mas falhou principalmente em não mostrar muito o que desejavam.

Enfim, é um filme digamos estranho, que não chega muito bem aonde desejava, mas que também não atrapalha o andamento completo, de forma que os 79 minutos de duração até foram bem aproveitados, mas certamente poderiam ter ido muito além. Sendo assim, não digo que recomendo o filme com todas as forças, mas também não será algo desapontante se você ver ele sabendo de suas falhas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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