Quando vamos conferir um longa investigativo geralmente nos é revelado o assassino ou o grande mistério somente ao final para que criemos linhas de raciocínio gigantescas, e com isso tudo pode acontecer, mas e quando isso já é dito praticamente na abertura da trama, o que fazer com ela para que fique interessante suficiente nas entrelinhas, tenha reviravoltas suficientes, e consiga ainda assim surpreender ao final? A resposta você terá se conferir "Entre Facas e Segredos", pois o filme faz exatamente essa inversão incomum de estilo, e brinca bastante com toda a situação ao redor para que o detetive descubra não só quem matou (o qual já sabemos logo de cara, ou não!) o anfitrião da casa, bem como quem lhe contratou e porquê, de tal forma que o jogo de reviravoltas fica surpreendente a cada nova faceta, e quando achamos que já ia fechar tudo, o resultado ainda tem grandiosas explosões com tudo, ou seja, um filmaço de primeira linha que nos envolve, que brinca com tudo o que é mostrado, e principalmente trabalha o jogo investigativo que tanto gostamos de ver na telona do cinema, funcionando do começo ao fim tanto pelo roteiro bem amarrado, quanto pelas ótimas interpretações dos personagens, de modo que o diretor soube trabalhar cada momento até que o filme fechasse com chave de ouro.
O longa nos conta que o renomado romancista Harlan Thrombey é encontrado morto logo após sua comemoração de 85 anos. O inquisitivo e charmoso detetive Benoit Blanc é recrutado para investigar. Foi um assassinato? Da família disfuncional de Harlan à sua equipe dedicada, Blanc examina uma rede de mentiras para descobrir a verdade por trás da morte prematura de Harlan.
Quando vi o nome ao final do diretor Rian Johnson sabia que já tinha visto algum longa dele e que tinha gostado, só não lembrava qual, daí ao ver que passou praticamente 5 anos sem lançar nenhum longa novo (lançou o último "Star Wars - Os Últimos Jedi" em 2017 - que até achei bom, mas não gostei muito, então nem lembrava que era dele) e que o penúltimo "Looper - Assassinos do Futuro" foi justamente uma grande sacada dinâmica e bem cheia de detalhes, e aqui vemos praticamente isso novamente, um filme que quase não temos respiro, que brinca com o público a todo momento, e que com uma dinâmica criativa consegue mostrar um roteiro incrível (também dele), com grandes sacadas e que homenageia praticamente todos os grandes escritores de livros de mistério, aonde vamos juntando as diversas peças do quebra-cabeça e o resultado só vai impressionando a cada nova cena. Ou seja, ele soube dominar seus atos para que o filme não ficasse convencional demais dentro do estilo, e com uma certa ousadia conseguiu trabalhar para que cada momento chamasse a atenção sem revelar o desfecho completo da trama, de modo que quando achamos que já tinha sido mostrado tudo, o resultado surpreendesse, embora só pelos personagens já dava para sacar mais da metade de tudo.
É até engraçado falar algo de um elenco desse porte, pois só de uma reunião desse naipe poderiam fazer até as maiores micagens do mundo que o resultado funcionaria e agradaria, e aqui ainda se doando bem para seus personagens, o resultado foi bem além para que o roteiro nem dependesse tanto deles, mas sim das atitudes em si, e assim sendo vemos todos perfeitos em cada momento com sutilezas e acertos na medida certa. Daniel Craig funciona quase como um mestre de cerimônia, encaixando cada momento de seu Benny Blanc com estilo, com a classe de um genial detetive, que brinca praticamente em cena, faz sarcasmo e acerta na medida com olhares certeiros em cima de cada momento para que sua resolução final seja precisa e incrível de ver. Agora se falei em sarcasmo, o nome dele é Chris Evans com seu Ransom, pois o ator desdenhou do começo ao fim com muita sabedoria ao ponto de chegarmos a até nos conectar com ele, mas ele não deixa essa abertura, e assim sendo seu personagem já entrega direto com atitude todos os vértices que esperávamos dele. Ana de Armas fez uma Marta daquelas que consegue surpreender do começo ao fim com olhares, com sínteses chamativas, e a cada ato seu vamos ficando mais curiosos de tudo o que ela ainda pode apresentar (além claro da sua doença anti-mentira bizarra!), ou seja, foi uma grata surpresa para o filme. Além desses tivemos ótimas cenas com Jamie Lee Curtis com sua Linda direta nos atos, Michael Shannon com seu Walt comendo pelas beiradas, Don Johnson com um Richard cheio de artimanhas corrompidas, Toni Collete graciosa e interesseira com sua Joni, Lakeith Stanfield como um tenente investigativo mas meio deslocado (afinal temos já um detetive em cena como principal), tivemos ainda Katherine Langford e Jaeden Martell bem secundários como os netos bizarros aproveitadores também Meg e Jacob, tivemos a vozinha bizarra vivida por K Callan, e claro tivemos ainda grandiosas cenas com Christopher Plummer com seu Harlan, minucioso, cheio dos planos e brilhante em sua expressividade. Fora outros empregados que deram as caras rapidamente, sem chamar muita atenção, ou seja, que elenco meus amigos!!!
No contexto visual a trama foi muito bem amarrada em poucas locações, mas com um trabalho tão minucioso da direção de arte que o filme inteiro poderia se passar apenas na mansão, pois são tantos objetos que poderiam ser usados, tantas facas para brincar, tantos ambientes, mas pensaram um pouco fora da caixinha e resolveram levar o assunto para uma lanchonete, para dentro de uma lavanderia, passaram por um IML, foram até o apartamento da enfermeira, ou seja, quiseram confundir um pouco a mente do espectador, e conseguiram em alguns atos, mas ainda preferiria ficar somente olhando as estátuas bizarras da mansão, os figurinos malucos da família, e tudo mais ao redor, pois daria para muitas histórias funcionais somente por ali.
Enfim, é daqueles filmes que beiram a perfeição, tendo leves defeitinhos que são facilmente esquecidos pelo ótimo ritmo e dinâmica escolhidos para acompanhar a trama, mas que devolve ao gênero de mistério a sagacidade que tanto gostamos de ver, e dessa forma o resultado funciona bastante, agradando a todos que forem conferir. Ou seja, o filme é tão bem feito que certamente virá correndo por fora nas premiações, aliás em algumas menores já foi anunciado como vencedor, e em outras grandes já vem sendo indicado, veremos o que virá pela frente. E sendo assim indico ele com certeza para todos que gostem de um bom filme, mas principalmente para aqueles que gostam de tramas investigativas, pois certamente sairão bem felizes com o resultado final. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
3 comentários:
O diretor fez em 2017 um tal de Star Wars-Os Últimos Jedi.Looper não é o filme anterior dele
Obrigado amigo Anônimo... nem lembrava que "Os Últimos Jedi" era dele, aliás não gostei tanto do filme, deve ser por isso que pulei... mas já arrumei no texto!! Valeu mais uma vez!!
Disponha!!! Tô sempre aqui lendo suas críticas.Na maioria absoluta das vezes as opiniôes são as mesmas que eu tenho,hehe
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Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...