O Último Amor de Casanova (Dernier Amour) (Casanova, Last Love)

12/07/2019 02:20:00 AM |

Se tem algo que me deixa sempre muito triste no cinema é ver um longa novelesco, ou seja, cheio de floreios, de situações romantizadas desnecessárias, de personagens que surgem de nada e levam a lugar algum, ou seja, enfeites e mais enfeites que não incrementam a trama, e ainda atrapalham muitas vezes, e quando desperdiçam um orçamento de filme de época então, é de cair no choro! E cá estamos falando do longa francês "O Último Amor de Casanova", que diria que até soa bonito visualmente pelo estilo da época, com figurinos bem ornamentados, ambientes clássicos, mas o filme é tão fajuto de ideias, que nada empolga, tudo parece meio que jogado na tela, e principalmente os protagonistas não conseguem nos convencer de nada em cena, de tal forma que o resultado só não é pior pela ornamentação cênica do roteiro, que ao menos tem uma dinâmica considerável e é bem curto, pois se o filme fosse lento então certamente dormiríamos na sessão com os acordes do piano cravo tocado a esmo na produção.

O longa nos situa em Londres no século XVIII, aonde Casanova, o francês amante de mais de 100 mulheres, chega como exilado. Na cidade desconhecida, conhece várias mulheres, mas o seu olho e o desejo recaem sobre uma jovem cortesã, Marianne de Charpillon, que o atrai ao ponto de fazê-lo esquecer todas as outras. Executa os encantos para conquistá-la, mas não funcionam, com Charpillon sempre escapando sob os mais diversos pretextos. Ela o desafia, ela quer que ele a ame tanto quanto ela quiser.

É engraçado ver a quantidade de longas de época que o diretor Benoît Jacquot tem em seu currículo, de modo que se ele produz todos já deve ter uma coleção de perucas, poltronas, figurinos e tudo mais em sua casa, de modo a nem mais precisar locar para seus filmes, mas alguns que conferi foram bem colocados, tiveram um tema a ser trabalhado, e principalmente se encaixaram dentro de algo, não sendo apenas um filme de época mostrando a época como é o caso aqui. Claro que para quem já viu outros diversos longas sobre Casanova sabe que ele é um amante compulsivo, cheio de mulheres por onde passa, e aqui o diretor quis mostrar sua paixão por uma mulher ao ponto de não enxergar mais nenhuma outra, algo que muitos já sentiram alguma vez na vida, mas infelizmente isso não soa fácil de ver, e nem é direcionado ao ponto de funcionar esse envolvimento apenas para manter um filme inteiro, então vemos diversos outros atos jogados na tela, parecendo que o diretor desejava até algo a mais, mas não conseguiu. E sendo assim o filme falha mais do que envolve, parecendo ser algum tipo de continuação de outro filme, o qual não vimos antes e nos perdemos, mas na verdade não é nada disso, e o resultado não agrada mesmo.

Sobre as atuações, Vincent Lindon já trabalhou com o diretor em diversos outros filmes, e praticamente é seu galã marcado, mas diria que já está com o prazo de validade gasto demais, pois não chama mais tanta atenção, e aqui seu Casanova necessitava de mais impacto, e o personagem não veio a tona como poderia, de modo que até vemos um homem cortejado e cortejador de vasta idade, e que tem estilo, mas não flui como poderia, nem mostra atitude como é de costume do ator, ou seja, falhou muito mais do que envolveu. Stacy Martin jogou muito com sua Charpillon, ousando em olhares, sabendo dosar a sensualidade, e trabalhando bem tudo ao seu redor, de modo que agrada bem, mas ainda poderia ser mais provocante em algumas cenas, não deixando que a bola baixasse em momento algum, e isso daria um tom mais forte para o filme. Agora quanto aos demais, diria que são tantos personagens jogados que até nos perdemos em quem focar, tendo leves destaques para Nancy Tate com sua clássica Sra. Stavenson, Valeria Golino como La Cornelys que provavelmente já rodou muito com o personagem pelas deixas na trama, e Nathan Willcocks como o nobre Claremont, que está sempre em muitos momentos com o protagonista, mas não deslancha nada, ou seja, todos apareceram em cena, fizeram seus atos, mas não complementaram nada.

Visualmente todo longa de época tem um estilo próprio que é belíssimo de ver, com figurinos rebuscados, móveis clássicos e cheios de detalhes, e claro locações imponentes para dar força para a trama, e aqui não foi diferente de ver, de modo que vemos dois pontos bem distintos entre as casas e palácios que o protagonista frequenta, cheias de luxos mesmo que muitos apenas façam papel de ricos, mas estão completamente endividados, e a da jovem que mora praticamente num pulgueiro no meio da classe mais pobre da trama, que apenas se faz de rica para estar na alta sociedade ganhando pelos seus serviços sexuais, ou seja, o filme trabalhou um pouco o conceito de classe e chamou atenção ao menos nesse quesito. Agora quanto da fotografia, o filme ficou com uma gramatura estranha, com cores pasteis demais, parecendo ser até defeito de exibição, mas como em muitos atos as cores ficavam vivas, vemos que foi alguma intenção artística do diretor de ter um longa mais denso e escuro mesmo.

Enfim, é um filme simples, com ares de novelona de TV francesa (para não falar mexicana!), que não atinge nada além de uma exibição de época, aonde não temos nenhum anseio maior, e o resultado acaba soando fraco demais de ver, ou seja, acredito que nem quem gosta desse estilo conseguirá gostar do longa, e como disse no começo felizmente o longa tem ritmo, senão dormiríamos na sessão. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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