Cats - O Filme (Cats)

12/27/2019 01:24:00 AM |

Quem confere os reality shows musicais do mundo afora certamente já ouviu diversas versões de "Memory" e sempre que desejava saber a origem recaia sobre o musical da Broadway, "Cats", que agora resolveram adaptar para as telas do cinema, porém ao invés de criarem um filme realmente, com uma história que pegasse e contasse talvez a saga de vários jovens tentando ser escolhidos pela anciã para ter uma nova vida no paraíso dos gatos, deixaram de lado o ar cinematográfico e criaram praticamente um show de vários personagens cantando suas vidas se apresentando em cenários até que bem trabalhados, porém sem uma desenvoltura que chegasse a algum lugar, e com isso o filme nem parece ser um filme realmente, o que cansa demais. Claro que é bonito ouvir algumas das canções, ver os movimentos dos rabos dos gatos bem interessantes, e toda a coreografia que acabam fazendo, mas chega um momento do longa que ainda estão apresentando os personagens cantando, e já vemos que vai acabar o longa, ou seja, não tentaram nem criar uma história melhor para a trama, além do maior problema que muitos tem reclamado da questão dos figurinos, mas isso é melhor falar mais para baixo, e sendo assim, o resultado é todo problemático.

A sinopse nos conta que uma tribo de gatos chamada Jellicles todo ano precisa tomar uma grande decisão em uma noite especial: escolher um dos gatos para ascender para o Heaviside Layer e conseguir uma nova e melhor vida. Cada um dos gatos conta a sua história para sua líder, a velha Deuteronomy, na tentativa de ser o escolhido.

Claro que a ideia de misturar balé e musical no cinema é bem boa, afinal já temos vários espetáculos mostrados nas salas que lotam sessões, mas talvez criar isso como um filme exigisse um pouco mais do diretor Tom Hooper, e ele sabia dessa missão, afinal conseguiu fazer o maravilhoso "Os Miseráveis" em 2012, porém lá já era uma história musical que apenas foi transportada para as telonas com sua adaptação, e aqui já pelo contrário é apenas um musical com uma história moldada para o teatro apenas, em que as pessoas vão para somente ouvir os grandes cantores e ver eles dançando com suas performances, então precisaria de um trabalho a mais que não foi feito. Porém longe do que muitos estão falando por aí, não é uma tremenda bomba, pois é bonito de ver todos os personagens dançando muito bem coreografados, é bacana ver a emoção que alguns passaram para a tela, e principalmente o cenário em si é bem interessante de ver, afinal tiveram de fazer ambientes bem grandes para dar a perspectiva do tamanho dos gatos, porém aí entra a maior reclamação: a computação gráfica, ou a falta dela, afinal no teatro tudo bem que aceitamos pessoas fantasiadas de gatos dançando, mas no cinema é algo impensável de se entregar gatos com mãos humanas, com uma fantasia simplista no meio de um cenário grandioso, ou que isso fosse passado na história, como um sonho de alguma pessoa vivendo ali, que aí sim funcionaria, mas não da forma que foi, então sim, é um tremendo erro, e muitos atores estão irritadíssimos com o que andam falando deles, pois quando gravaram as cenas esperavam ver depois com a computação funcionando a tino algo mais profissional, não apenas com os rabos em movimento (que são bem divertidos de ver como acontece com gatos reais!). Ou seja, o diretor falhou muito mais do que acertou, e é uma pena, pois confesso que é um filme que se soubessem criar uma história linda por trás, a emoção musical funcionaria demais, e seria daqueles longas para quebrar tudo, e aqui a única coisa que está quebrando é a reputação de todos.

Sobre as interpretações é até difícil falar como conseguiram fazer não funcionar um longa com tantas estrelas juntas, pois a trama tem os dois principais bailarinos do Royal Ballet, então ao menos danças podem olhar que tanto Francesca Hayward quanto Steven McRae dão um show em suas cenas, porém Francesca precisou aparecer bem mais como a protagonista da história com sua Victoria cantando quase todas as canções, e tendo um bom envolvimento e algumas expressões bem interessantes. Tivemos dois grandes astros musicais que dançam bastante em seus shows, e aqui tentaram cantar se expressando, mas não deram muito certo, afinal apareceram pouco demais e são personagens bem secundários, de modo que tanto Jason Derulo quanto Taylor Swift fizeram algo a mais, mas nada indo muito além para chamar a atenção. A velha guarda foi representada de uma forma bem estranha, e tanto Judi Dench quanto Ian McKellen não precisavam disso em suas carreiras, e ficou bem jogado seus personagens na tela, mesmo Dench sendo a anciã protagonista, mas cantando não caiu nada bem. Os comediantes James Corden e Rebel Wilson se divertiram ao menos com seus personagens, fazendo micagens e danças mais jogadas, e com isso ao menos tiveram atos interessantes, mas como é algo meio fora da história em si, não podemos dizer que surpreenderam. E dentro do elenco realmente principal, tivemos Jennifer Hudson que saberia demais chamar a atenção para um protagonismo de história dramática caso quisessem, mas que acaba sumindo, Idris Elba brincando de sumir e desaparecer com outros personagens, num ar vilanesco bem bom, mas que não consegue brilhar, Laurie Davidson sendo outro mágico mais singelo, com um carisma romântico que também teria grandes chances de estrelar a trama, mas que acaba sumindo e Robbie Fairchild que tenta ser um bom apresentador de início, mas que fica só de aparições depois sem nenhum destaque. Ou seja, novamente falo que faltou história para funcionar, e me desculpe o spoiler, mas vou deixar aqui exatamente a história que teria de ser contada: "A menina que saiu da comunidade para namorar um bandido, passa a ser rejeitada por todos, mas quando a nova moça do bando a conhece, traz ela de volta para a redenção!"

Agora sem dúvida alguma um dos grandes problemas que estão mais reclamando na trama é o conceito visual (eu ainda sou do time que o problema está na história, pois bem arrumada poderia se passar até em um palco que convenceria!), pois há alguns problemas de proporções do tamanho dos gatos com algumas coisas cenográficas (mas como existem muitas perspectivas acaba sendo irrelevante!), e faltou o diretor demonstrar o que queria no caso das fantasias que ficaram parecendo pessoas fantasiadas de gatos, e não gatos em cenários casuais de um beco ou algo que eles vivam, e isso é um tremendo erro, pois seria aceitável termos pessoas fantasiadas, mas para isso teria de algo estar inserido na trama, o que não ocorre, e assim sendo ficou parecendo que faltou trabalharem muito mais na computação gráfica, que apenas fez um bom trabalho com os rabos dos felinos (também sabemos do trabalho imenso que é mexer com pelos, mas não é desculpa!) e esqueceu de todo o restante, ou seja, problemaço, porém tirando todo esse detalhe, os ambientes onde o filme se passa acabam sendo interessante e bem montados, que acabaram dando um tom funcional para o longa, meio como sendo executado em um palco ambientado, e acredito que essa era a ideia original.

Bom, como já falei é um filme classificado no gênero musical, ou melhor um show musical dentro de um filme, aonde vários cantores interpretam várias canções em ambientes diversos tentando passar uma história que não aparece, e assim sendo deixo o link para quem não quiser ir ver o filme ouvir também, ou quem quiser após conferir o longa, e claro que devem tentar jogar as duas canções principais para concorrer aos prêmios, uma na versão de Jennifer Houston e a outra por Taylor Swift, veremos mais pra frente o que irá ocorrer, pois somente as duas valem a pena mesmo ouvir no longa.

Enfim, volto a frisar que passa bem longe de ser a imensa bomba que o pessoal anda vendendo e assustando todo mundo, mas tem tantas falhas que incomoda bastante também, e como disse no parágrafo anterior, se conferirmos a trama como sendo um show musical de vários artistas com uma cenografia maior do que apenas em um show, o resultado até fica melhorzinho, mas ainda assim, passa longe de ser um filme realmente. E sendo assim, infelizmente não recomendo ele para uma grande maioria, e as salas devem estar sempre da forma como foi hoje, com sessões bem vazias, o que é triste de ver em qualquer filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...