Brincando Com Fogo (Playing With Fire)

12/13/2019 01:08:00 AM |

Chamar o longa "Brincando com Fogo" de infantil é dar um elogio para ele, pois acredito que nem as crianças irão querer ver essa tremenda bomba, que tenta funcionar como uma esquete gigante de um brucutu tentando cuidar de três crianças que salvou de um incêndio, junto de sua equipe completamente maluca, e nesse meio tempo também tentar virar o chefe maior dos bombeiros, já que o outro está para se aposentar. Se você leu isso que escrevi agora, e o filme mostrasse realmente isso, o resultado seria razoavelmente melhor, mas fizeram baderna, fugiram, foram as compras, e nada de coerente conseguiu sair mesmo da tela, de modo que vemos um filme daqueles que nem naqueles longas de domingo à tarde conseguem salvar. Ou seja, é um filme que até tem alguns atos bem sacados e que faz rir pelo alto absurdo, mas no geral ficamos bem com a dúvida de quem aprovou uma maluquice completa dessa para sair do papel, pois não entrega nada demais.

O longa nos conta que Jake Carson é um bombeiro extremamente dedicado e rigoroso, que não aceita que algo ocorra fora das regras impostas pela corporação. Ao resgatarem as crianças Brynn, Zoey e Will, Jake e seus companheiros de trabalho enfrentam um enorme desafio: como não conseguem localizar os pais do trio, precisam eles mesmos cuidar das crianças, mesmo sem ter o menor cacoete para a função.

O que acontece quando um diretor vai para o lado das séries e fica muito tempo sem fazer cinema? Ele perde a mão e acha que jogar diversas esquetes quase que soltas vai funcionar! É notável o que o diretor Andy Fickman fez aqui, pois num seriado inserir gags rápidas para apenas marcar o momento e voltar para uma sequência é algo muito corriqueiro, mas trabalhar isso num filme sem muita fluidez acaba ficando solto demais, e estranho demais, de modo que aqui o longa em si não passa bem qual seu objetivo ou mensagem, fazendo algo com poucas atitudes, e principalmente quebrando a todo momento com alguma piadinha boba e por vezes até escatológica desnecessária, de tal maneira que não conseguimos incorporar muito da trama, e logo em seguida de algo tenso, tudo se reverte para uma tentativa de flerte, que na sequência já vira uma festa, um conflito, e pronto, fim. Ou seja, nada levando a nada, que mais incomoda do que agrada.

É até engraçado ver John Cena fazendo esse estilo de filme, pois parece gostar, afinal não é o primeiro que o coloca com crianças em cena, fazendo contrastes bem marcados e que nem sempre tem bom cabimento, e aqui ele quis mostrar bastante seus músculos, suas feições estranhas, e sua falta de jeito com crianças, de modo que seu Supe até parece mesmo com ele, mas tirando uma ou outra cena bem feita, o restante é estranho demais de ver o que tenta fazer. Keegan-Michael Key tentou ser o ponto cômico da trama, chamando sempre a atenção para os atos de seu Mark, de modo que acabou parecendo aqueles papagaios de pirata que surgem do nada para contrastar o protagonista, e de certa forma seu ar leve e descontraído até acerta em alguns momentos, mas não vai muito além. John Leguizamo trabalhou com seu Rodrigo como alguém que só fala provérbios sem muito sentido, e com autores que não falaram aquilo, brincando bem com os famosos memes da internet, mas chega a ser forçado isso, e é notável o incômodo do ator com isso em cena. Agora embora seja até piegas demais, Tyler Mane que parecia um enfeite cênico carregando seu Machado, conseguiu nas cenas finais encaixar muito bem um personagem diferenciado, e diverte com isso, mas nada que empolgue muito, afinal usa também o excesso e isso não funciona. Quanto das crianças, todas fizeram caras e bocas, trabalharam seus atos rápidos, mas não chamaram a atenção como deveria, valendo apenas destacar o carisma e fofura dos olhares de Finley Rose Slater como Zoey, a desenvoltura de Brianna Hildebrand com sua Brynn e os exageros de Christian Convery com seu Will. E sem dúvida o prêmio deprimente do ano recai para Judy Greer pela decepção de sua Dra. Amy e Dennis Haysberg exagerando no treinamento de seu Richards, pois não teve nada mais forçado que isso de ver. E o ponto mais positivo da trama recai para os cachorros Nova e Kingsley que foram ótimos como Amassa.

Visualmente o longa brincou com bons elementos de fogo, mostrou um posto de bombeiros bem rico de detalhes, e foi muito bem sacado nas brincadeiras com o desenho My Little Pony, inclusive usando ele para muitas coisas no filme, que quem já viu o desenho irá sacar, mas não foram muito além na criatividade deixando com que o filme apenas tivesse as composições cênicas para usar, e falhasse muito em técnica, o que é ruim de ver, pois a todo momento vemos furos e abusos cênicos que poderiam ser minimizados.

Enfim, é a verdadeira bagunça em forma de filme, que como disse possui boas sacadas, mas não são suficientes para criar algo que faça valer a conferida, e o resultado só não é pior por transpassar algumas leves lições de moral que raspam a trave de sumirem no corte do filme, ou seja, um resultado bem abaixo do que esperava ver em uma comédia leve, que acabou sendo abusiva e forçada, e sendo assim não tenho como recomendar o longa para ninguém. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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