O Segredo de Madeleine Collins (Madeleine Collins)

6/24/2022 02:15:00 AM |

Sabemos que muitas pessoas mentem tanto que acabam perdidas no meio do que falam, ao ponto de em certos pontos já nem saberem mais o que estão falando, quem são, ou o que era verdade antes da bola de neve gigante que se torna a vida dela, e se manter uma família já é algo complicadíssimo com várias relacionamentos e situações, então imaginar ter duas famílias, dois empregos, filhos em ambos os casamentos, ficar indo de uma casa para a outra, mudar compromissos de acordo com o que é necessário para agradar um mais que o outro é a base completa da insanidade. E o longa "O Segredo de Madeleine Collins" nos entrega toda essa loucura conflitiva de um modo tão impactante que a cada saída da protagonista indo para outro país (tudo bem que da França para a Suíça é um pulinho de trem) chegando na outra casa, indo para novas festas da família já vamos surtando, então imaginem só a ideia quando chegamos nos atos finais e descobrimos muito mais sobre as relações existentes ali, já que os maridos sempre falam um do outro, mas não entendemos direito como é o rolo completo, mas isso é bem marcado, não diretamente, e acaba sendo bem forte. Ou seja, é daqueles que nos impressionamos com tudo, e que sendo bem francês entrega tudo de uma forma bem subjetiva, então não espere como em um longa americano ver tudo explicadinho com flashbacks e tudo mais, que não vai rolar, e isso é o que torna o filme incrível.

A sinopse nos conta que Judith leva uma vida dupla entre a Suíça e a França, com dois amantes e filhos diferentes. Por um lado Abdel, com quem cria uma menina, por outro Melvil, com quem tem dois meninos mais velhos. Pouco a pouco, esse frágil equilíbrio de mentiras, segredos e idas e vindas começa a se despedaçar.

Diria que o diretor e roteirista Antoine Barraud foi preciso no que necessitava dele no roteiro e na montagem, pois todo o restante coube exclusivamente à atriz Virginie Efira, que conseguiu passar a exaustão das suas mentiras na face a tal ponto de sentirmos ela desesperada com o que fazer, e isso não é nenhum diretor que consegue exigir que seja feito, mas sim uma vontade extra do ator de encontrar o personagem no maior amadurecer seu, e ele apenas conseguiu ser criativo na desenvoltura mista de estar na França, estar na Suíça, não saber mais qual é o seu nome, aonde usou, para quem falou tal coisa, o que é estar apaixonada realmente ou não por alguém, e nessa quebra de tempos ele foi amplo demais, ao ponto que o filme poderia durar horas que o público estaria preso esperando mais loucuras por parte da protagonista, mas não, ele opta por fechar no melhor momento, sem precisar voltar na cena inicial fortíssima, que nem posso dizer que ocorre exatamente ali minutos depois, mas que encaixa muito bem tudo, e o resultado geral é de muita expressão e impacto.

Sobre as atuações, Virginie Efira já pode ser considerada a maluca de 2021, pois fez três filmes com personagens com problemas de mentiras, loucuras e insanidades mil com "Benedetta", "Esperando Bojangles" e agora com sua Judith, ou seja, sendo perfeita em todos os papeis, entregando o máximo de expressividade possível, e principalmente chamando a responsabilidade dos longas para si, ao ponto que em certos atos, como já disse acima, vemos em seu rosto o desespero por nem saber mais quem ela é, o que quer fazer, explodindo realmente num surto máximo e assustador com muita personalidade e imponência, ou seja, deu show. É até complicado falar de qualquer outro em cena, pois o filme parece de Virginie e vários figurantes em cena, mas Quim Gutiérrez entregou boas cenas com seu Abdel, se impondo em alguns atos para tentar enfrentar a protagonista, e conseguiu nuances boas também, ao ponto que se fez valer. Na sala do cinema foi um consenso ouvir todas as pessoas com dó da garotinha Loïse Benguerel com sua Ninon, pois a jovem fica literalmente perdida no meio do conflito, mas fez boas expressões e agradou bastante. Da outra família (ou melhor da verdadeira) diria que ninguém se jogou realmente em cena, de forma que Bruno Salomone ficou com um Melvil meio frouxo demais, só pensando na carreira e quase esquecendo que tem esposa, os filhos vivem a passeio, mas Thomas Gioria ainda trabalhou um pouco mais de uma dúvida e imposição com seu Joris, mas nada que fosse muito além. 

Visualmente o longa até é bem simples se formos ver, tendo o lado mais luxuoso da família da França, com concertos em teatros chiques, com roupas mais requintadas, indo escolher casas imponentes e festas mais cheias de pessoas de luxo, enquanto no lado da Suíça, já temos uma casa simples, meio bagunçada, um trabalho de intérprete numa agência sem grandes chamarizes, mas se formos parar para analisar, a trama não tem muitos elementos cênicos chamativos, tirando os documentos falsos da protagonista, que quando é revelado quem é faz toda a diferença e a montagem explode, senão sem isso o filme ficaria frouxo, ou seja, a equipe de arte nem foi muito usada se formos olhar a fundo.

Enfim, é um longa inteligente, bem trabalhado e montado, que faz o público ficar pensando demais em tudo o que está sendo entregue, de forma que temos muita representação de envolvimento, e o resultado final é o clássico dos longas franceses, não precisando explicar nada para que você entenda tudo, e isso é brilhante de ver. Então sem dúvida alguma recomendo demais o longa, que terá mais uma exibição no Varilux aqui em Ribeirão no próximo dia 04, então quem não viu fica a indicação, e quem não puder, vamos torcer para em breve aparecer em algum streaming, pois acho difícil vir para os cinemas comercialmente, assim como a maioria dos longas do Festival. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Querida Léa (Chère Léa) (The Love Letter)

6/23/2022 08:03:00 PM |

O que é mais difícil, filosofar em um bar ou escrever uma carta de despedida para um amor inacabado? Certamente esse deve ter sido um dos questionamentos que o diretor teve para escrever "Querida Léa", pois vemos durante toda a exibição o conflitivo dia de um homem que saiu de uma bebedeira, foi até a casa da amada, pegou suas coisas e passou o dia entre saídas e voltas de um bar tentando escrever algo que suprimisse seus sentimentos e dissesse o que ele realmente sentia, como era acabar e tudo mais, com convicção e opinião de um (ou mais) leitores do bar de sua obra, esperando uma continuação ou um desfecho satisfatório assim como o público de uma série espera pelo capítulo 2 de algo. Ou seja, o dia do rapaz foi tenebroso, mas ver isso acontecendo se torna bem cômico, e quem gostar desse estilo certamente irá se conectar com a trama.

A sinopse nos conta que depois de uma noite de bebedeira, Jonas decide visitar sua ex-namorada Léa, por quem ainda é apaixonado. Contudo, ele é rejeitado. Atormentado, Jonas vai ao café do outro lado da rua para escrever-lhe uma última carta de amor, perturbando assim o seu dia de trabalho e despertando a curiosidade do dono do café.

Diria que o diretor e roteirista Jérôme Bonnell soube trabalhar com o público da mesma forma que um escritor de livros em série faz com seus leitores, desenvolvendo toda uma síntese maior, criando uma curiosidade entremeada tanto no público quanto no dono do bar que já pode ler, se ele vai entregar a carta para a amada, se eles vão voltar, se ela vai chorar, e tudo em cima disso com suas devidas fluências. E esse estilo escolhido é bem válido, pois segura ao mesmo tempo o ar romântico, o drama, e até mesmo a própria comicidade leve que é entregue com primor. Ou seja, é daqueles filmes que aparentam ser simples, mas que com todo o gracejo consegue ser doce e envolvente da mesma forma, o que é brilhante e também bem amplo.

Sobre as atuações Grégory Montel conseguiu com seu Jonas ser bem dinâmico e criativo de trejeitos com toda a desenvoltura mostrada, indo de um ar embriagado pela festa, passando por uma conversa aberta seguida de uma transa rápida, e em seguida todo o dia tortuoso no bar, na estação de trens, na rua, ouvindo, vendo, sentindo, conversando e escrevendo, com olhares e gestuais máximos que levam a exaustão, sendo preciso e bem correto do começo ao fim. Grégory Gadebois faz de seu Mathieu o nosso papel de ouvinte e leitor, opinando sem ser escutado, refletindo e entregando olhares fortes e diretos para o apaixonado maluco na sua frente, e com isso acerta demais, como sempre faz e encaixa todo o ar possível na reflexão certa e bem dramática. Anaïs Demoustier fez de sua Léa aquela mulher que está em dúvida de tudo, não chamando a atenção como deveria, refletindo o ar aberto, e assim agradando conforme vai fluindo, mas também poderia ser mais direta, o que agradaria um pouco a mais. Quanto aos demais, diria que todos foram apenas conexões para o dia do protagonista, sem ir muito além, nem chegando onde poderiam.

Quanto do visual, temos basicamente o apartamento da protagonista e o bar, ambos bem detalhados, e com muita abertura para as nuances do filme, com a compra dos papéis para a carta e assim vai rolando, não sendo nada como um ambiente gigante, mas com todos os elementos sendo usados na medida.

Enfim, é um bom longa, que muitos podem amar e outros odiar, mas que faz refletir e entrega um bom ensejo do começo ao fim, que podemos envolver e refletir sobre a vida e sobre os livros como são escritos para prender as pessoas. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vamos lá para mais uma sessão do Varilux, então abraços e até logo mais.


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Veja Por Mim (Mira Por Mí) (See For Me)

6/23/2022 04:26:00 PM |

Confesso que se não tivesse lido antes que a protagonista é realmente cega, eu não acreditaria em metade das coisas que ocorrem no longa "Veja Por Mim", pois é quase um absurdo em cima do outro do começo ao fim, mas como soube dessa informação antes, posso dizer que o resultado do longa é extremamente empolgante e completamente insano por dois fatores, primeiro que pessoa maluca deixaria a mansão para ser cuidada por uma cega (ok, era apenas para alimentar o gato, mas ainda assim é uma loucura!), e segundo toda a loucura completa de uma jovem cega conseguir lutar contra quatro homens bem maiores que ela (embora bobos pelo que fazem) com uma facilidade incrível, apenas guiada por outra pessoa atrás de um aplicativo. Mas é uma ficção, então vamos relevar em primeira instância, e em segunda vamos dar o crédito para o quão bom parece esse aplicativo que existe mesmo e que você cego pode usar ele, e você que não tem muito o que fazer e quer ajudar alguém pode se cadastrar para auxiliar pessoas cegas a fazerem coisas comuns (só não vá ajudar alguém a fazer coisas erradas, ok?). Ou seja, o longa funciona como um bom entretenimento, que muitos vão achar meio exagerado, mas que deu certo, e também como propaganda para o aplicativo, pois acredito que muitos irão baixar para tentar ajudar alguém (aliás o aplicativo chama "Be My Eyes"), então o propósito acabou indo até além. 

A sinopse nos conta que Sophie, uma jovem cega cuidando de uma mansão isolada, se encontra diante de uma invasão doméstica por bandidos procurando um cofre secreto. Sua única forma de defesa é um aplicativo chamado Veja por Mim. O aplicativo a conecta com um voluntário do outro lado do país para ajudá-la a sobreviver. Sophie se conecta com a Kelly, uma veterana do exército que passa seus dias jogando jogos de tiro. Sophie é obrigada a aprender que, se ela quiser sobreviver à noite, ela precisará de toda ajuda que puder ter.

Diria que o diretor Randall Okita foi muito amplo em conhecer completamente o ambiente de filmagem, e conseguir trabalhar perfeitamente o roteiro de Adam Yorke e Tommy Gushue, que provavelmente foram muito detalhistas para representar cada ambiente e cada movimento, afinal foi necessário um bom trabalho de câmeras e mais ainda um trabalho preciso de movimentação, já que tudo tinha de ser descrito com máxima sintonia de passos e de detalhes para a atriz cega, e assim todo o ambiente foi bem amplificado e monitorado com minúcias para envolver e chamar muita atenção na cena em questão. Ou seja, foi um trabalho bem feito, que mesmo sendo algo absurdo de imaginar tudo acabou resultando em um longa interessante e muito bem feito, que acaba valendo a conferida, claro relevando muita coisa, mas curtindo a ideia toda entregue.

Sobre as atuações, tenho de parabenizar o trabalho de Skyler Davenport, que realmente é cega, e fez de sua Sophie uma personagem muito mais interessante do que aparentava, pois basicamente é mostrado de cara que ela só pega esses trabalhos para tentar roubar alguma coisa que consiga vender no mercado depois e ganhar muito mais dinheiro do que o dia de cuidado da casa, e a atriz não se preocupou muito com ares estranhos, sendo convincente nas atitudes, e em muitos atos parecendo enxergar realmente o que estava acontecendo, ao ponto que todas suas dinâmicas foram muito precisas e inteligentes, agradando bem, e mostrando que tem futuro com atuação caso deseje parar com dublagens de jogos de videogame, pois tem um currículo bem grandioso com esse estilo de projeto. Jessica Parker Kennedy também foi muito bem com sua Kelly, trabalhando uma precisão quase que cirúrgica de olhares e direções, que não sei se fizeram com ela realmente o trabalho de estar orientando a atriz cega, mas se fez foi algo muito marcante, e suas expressões agradaram também bastante. Quanto dos ladrões, Pascal Langdale foi daqueles bobos que seguem alguém e não vai rápido para o que quer, falhando nesse conceito e nem indo muito longe com o papel de seu Ernie, George Tchortov já fez o famoso brucutu que sai batendo antes de falar qualquer coisa com seu Otis, e acabou falhando em precisão, mas deu algum trabalho ao menos, já Joe Pingue fez o famoso bobão que está ali por ser inteligente em arrombamentos, mas que falha por ser burro e não acreditar na protagonista, mas foi o que mais desenvolveu alguns semblantes expressivos com seu Dave pelo menos, e para finalizar Kim Coates fez seu Rico quase como um negociador, trabalhando alguns trejeitos forçados, e tentou ir além, mas não conseguiu muito. Quanto aos demais, praticamente todos apenas apareceram rapidamente como o amigo Cam, a mãe da protagonista ultra preocupada, a dona da casa forçada, então vale apenas dar um leve destaque para a policial vivida por Emily Piggford, que fez alguns atos bem clássicos de tentar falar baixinho, olhar meio desconfiado, mas funcionou ao menos para o papel.

Visualmente o longa foi bem trabalhado pelo menos, com uma mansão gigantesca no meio das montanhas, com uma floresta básica ao redor, muita neve, e com muitos detalhes como um cofre imenso escondido atrás de um quadro (que a dona da casa nem sabia da existência - foi casada e nunca tentou limpar, dá nisso!), muito dinheiro escondido lá, vários vasos e copos no meio do caminho para atrapalhar e cair, plantas espalhadas para também dar trabalho, e muitos cômodos para se esconder, com interligações entre eles para dar aquele clima interessante, ou seja, a escolha do ambiente foi muito boa, e acredito que deva ser do diretor ou algum conhecido dele para poder conhecer um lugar tão bom de filmagem. Além disso o telefone foi crucial para o aplicativo, então podemos dizer que foi o melhor elemento cênico do longa.

Enfim, é um filme que podemos dizer exagerado, que daria para reclamar de tudo, mas que ao mesmo tempo é muito interessante e bacana de ver, que tem falhas aos montes se formos colocar reparo em tudo, mas que ainda assim funciona e vale a recomendação, então fica a dica. E é isso meus amigos, volto logo mais com mais textos, afinal hoje começou o Festival Varilux de Cinema Francês, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Seberg Contra Todos (Seberg)

6/22/2022 10:34:00 PM |

Quando vemos os filmes biográficos e os mais ficcionais baseados em alguns casos, e também lemos vários artigos antigos vemos o quanto os governos faziam notícias falsas provocativas e muitas insinuações para artistas e pessoas públicas que apoiavam grupos políticos sejam de negros ou de diversas causas, que muitas vezes causavam suicídios, separações, depressões e tudo mais, e tudo de forma mais ilícita possível para que as coisas ficassem realmente tensas e tristes para as pessoas, e um bom exemplar que chegou agora na Netflix, mas esteve antes para locação já há algum tempo é "Seberg Contra Todos" que mostra com muita imposição como foi toda a ação do FBI em cima da atriz Jean Seberg quando ela se envolveu com os Panteras Negras nos anos 60 com doações e influencias, e que fizeram ela abortar uma bebê e anos depois com muita depressão sumir e aparecer morta. Ou seja, é um filme que tem certas falhas e abusos, mas mostra bem isso que aconteceu e até acontece atualmente, e que com boas atuações consegue envolver e ser bem representativo.

O longa nos situa em Paris, 1968. A atriz Jean Seberg está no auge de sua popularidade, graças ao sucesso de vários filmes rodados na França. Ao chegar aos Estados Unidos ela logo se envolve com o ativista de direitos civis Hakim Jamal, que conheceu ainda durante o voo. Jean logo se posiciona a favor dos Panteras Negras e passa a ser uma das financiadoras do movimento, ao mesmo tempo em que mantém um caso com Hakim. Tal situação é acompanhada de perto pelo FBI, que mantinha um programa de vigilância para romper e expor os Panteras Negras. Dentre os agentes designados para espioná-la está Jack Solomon, que começa a se rebelar quando o FBI inicia um plano de difamação contra a atriz.

Diria que o diretor Benedict Andrews trabalhou o texto de uma forma bem segura para criar as dinâmicas, fazer toda a representação ser imposta na tela, e ainda conseguir que seu filme fosse fluido, pois são tantas dinâmicas, são tantos momentos e envolvimentos que facilmente a trama se quebraria e acabaria resultando em algo semi-novelesco, para não dizer uma série em específico, e isso é algo brilhante quando conseguem se doar. Ou seja, em momento algum ficamos querendo saber mais da história da atriz (embora muitos a conheçam pelo clássico francês "Acossado"), não ficamos desejando entrar completamente na vida do agente, embora tenham tentado isso por duas vezes, e nem ficamos esperando algo a mais dos Panteras, sendo uma trama para mostrar o envolvimento da atriz com eles, como foi feita a espionagem ilícita, e principalmente como isso desencadeou uma depressão e desespero na atriz por qualquer barulho achar que está sendo grampeada e tudo mais, e isso foi entregue com primor, mesmo que faltasse aquele algo a mais para a perfeição, mas facilmente daria para ter ficado daqueles filmes intragáveis, e não ocorreu.

Sobre as atuações, sem dúvida alguma é a melhor atuação de Kristen Stewart anos-luz a frente do que fez em "Spencer", pois lá embora tenha toda uma seriedade e densidade de personagem, acabou por vezes sendo a Kristen e não a Diana, tanto que falei na crítica que em muitos atos não vi a princesa como a conhecíamos, já aqui, por não termos a mesma conexão com a mulher Jean, só tendo visto seus filmes, enxergamos a atriz se jogar, suas dinâmicas acontecerem, e trejeitos tão fortes que acabam impactando incrivelmente. Jack O'Connell também se entregou por completo durante todo o filme, fazendo imposições e trejeitos bem conflitivos para que seu Solomon fosse um dos melhores técnicos de grampeamento de escutas, mas que ao ver a crueldade e o jeito que os demais do FBI tratavam tudo passou a ir para o outro lado, e isso é bem marcado em suas expressões e atos. Anthony Mackie e Zazie Beetz entregaram bastante personalidade para seu Hakim e Dorothy Jamal, ao ponto que Makie ainda teve alguns envolvimentos emotivos com a protagonista e Beetz já foi logo para o encontrão como uma boa mulher deve fazer com quem vem mexer com seu marido, e assim ambos foram marcantes e bem colocados. Vince Vaughn fez de seu Carl um daqueles personagens que pelo que faz no serviço já é motivo para se irritar, mas mostrado o que faz em casa então é sinônimo de nem passar perto, ou seja, foi muito bem em cena, e se o verdadeiro Carl foi daquele jeito, que tenham pena da alma da família do cara. Ainda tivemos Yvan Attal fazendo o marido da atriz Romain Gary e Stephen Root como Walt Breckman o agente da atriz, mas ambos fizeram mais participações de encaixe do que chamaram realmente a atuação para si, e assim sendo não valem grandes destaques.

Visualmente o longa foi rico no contexto da mansão da protagonista nos EUA, mostrando restaurantes e teatros bem imponentes nos atos finais, trabalhando alguns apartamentos e claro mostrando um pouco da escola infantil que os Panteras mantinham, a casa simples do protagonista, algumas reuniões, mas o grande chamariz mesmo fica por conta de todo material incrível de escuta que já tinham nos anos 60, mostrando que se ali já pegavam detalhes, imagina hoje com tudo conectado então. Além disso também tivemos figurinos incríveis que deram o charme para a protagonista e para todos serem bem retratados.

Enfim, não é um longa perfeito, mas tem ótimos momentos e uma retratação bem épica de um caso complexo dos anos 60/70 que valem como reflexão, então fica sendo uma boa dica para quem não viu na época que foi lançado nos cinemas. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com muito mais textos, então abraços e até logo mais.


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AppleTV+ - Cha Cha Real Smooth

6/21/2022 07:01:00 PM |

Se tem um gênero que sempre me dá muito medo de conferir é o tal do romance dramático, ou dromance como muitos costumam chamar, principalmente proveniente dos EUA, afinal lá sempre colocam histórias mais bobinhas sem muito o que pensar, e entopem de clichês do gênero, mas no longa que estreou essa semana na AppleTV+, "Cha Cha Real Smooth", conseguiram trabalhar bem tanto o ar romântico bem colocado de um jovem, quanto o carisma dele de ser divertido, de fazer a diversão funcionar, além de pautar a base autista com um carinho bem leve e marcado sem precisar fazer grandes apelações. Ou seja, o jovem diretor e protagonista foi tão sábio nas escolhas que acabamos nos envolvendo bastante, torcendo pela relação e pelo emprego do jovem, e o resultado final por incrível que pareça é bem diferente do que se espera de um romance, sendo bem trabalhado e emocional para todos, com um único adendo que poderiam ter colocado um pouco mais de dramaticidade em tudo, mas aí seria exigir demais.

A sinopse nos conta que Andrew acabou de se formar da faculdade. Ingressando na vida adulta, ele percebe que o curso que escolheu estudar e se formar não é exatamente o que queria no final e agora está de volta a estaca zero. O jovem acaba voltando para a casa de seus pais em New Jersey, sem emprego ou perspectiva de vida. Mas o que Andrew acabou aprendendo na faculdade - e muito bem - foram festas e bebidas. Tendo uma epifania, Andrew começa a fazer festas para outras pessoas, fazendo bar mitzvahs para os amigos de seu irmão mais novo. Uma dessas festas o leva a conhecer Domino, uma mãe com uma filha autista. Essa amizade transformadora acaba apresentando a Andrew novas possibilidades, para sua própria vida e além.

Não conhecia os trabalhos de Cooper Raiff nem como ator, muito menos como diretor, mas achei ele tão gracioso nas duas funções que acredito muito que tenha um ótimo futuro com produções desse estilo se não cair nas repetições, e quem sabe até arriscar mais no lado dramático, pois mostrou segurança de desenvoltura e soube brincar com os atos, brincar com os diversos personagens, ser doce e carinhoso nas relações amorosas e ainda deu seu toque pessoal para um final que não ficou nem como muitos iriam imaginar, nem com uma tragédia clássica como outros acabariam colocando, e assim o fluxo do filme seguiu quase por igual tendo vários pequenos clímax e sendo leve e gostoso de assistir, ao ponto de nem vermos o tempo passar, e o resultado funcionar para todos, até mesmo os menos românticos. Ou seja, é daquelas tramas que vamos lembrar pela essência e pela execução, e que facilmente daria para ir além se ele quisesse pesar ainda um pouco mais o arco dramático, para aí sim ficar completo, mas aí eu já estaria querendo perfeição demais.

Agora falando do ator Cooper Raiff, diria que seu Andrew é o famoso irmão gente boa, o animador de festa ideal e aquele par romântico certeiro que é até errado o tão carinhoso que é, ao ponto que deixa todas as mulheres da festa malucas por ele, e isso o jovem quis para si, afinal como é o diretor não deu o direito de nenhum outro ator pegar o personagem para si, e fez bem, pois ele tem uma jovialidade bem encaixada, uma dinâmica precisa e trejeitos certeiros para o papel, que encantam e agradam, sem pesar e nem forçar nada, o que é um grandioso acerto. Não sei quantos anos quiseram dar para o personagem de Dakota Johnson, mas a atriz entregou uma Domino tão madura que apagou completamente todos os seus papeis juvenis anteriores da nossa mente, já cabendo completamente em papeis de mulherões, de mães e com um propósito tão bem encaixado que fez a personagem ir além, o que é algo muito imprevisível, afinal sabemos o quão inexpressiva ela era, ou seja, mudou totalmente da água para o vinho, e não sei se foi a direção ou seu parceiro aqui ser muito jovem, mas ficou muito bem trabalhada. Outro que foi bem encaixado na trama foi Evan Assante como o irmão mais jovem do protagonista, entregando um carinho incrível de super-herói quase pelo irmão, aprendendo dicas e transmitindo muita sinceridade em seus atos, da mesma forma que Vanessa Burghardt (que realmente é autista e faz sua estreia como atriz) passou um envolvimento gostoso e bem encaixado, disposta a se conectar perfeitamente com o protagonista e se doando com muito ensejo no papel sem que ficasse forçada ou deslocada de um modo geral. E ainda tivemos boas participações de Leslie Mann como a mãe do protagonista, Brad Garrett como o padrasto e Raúl Castillo como o noivo da protagonista, todos tendo poucas cenas, mas sendo bem encaixados no que precisavam fazer, ou seja, funcionais.

Visualmente a trama também é bem interessante, com muitas festas, tendo cada bar mitzvah sua diferenciação e peculiaridade, mas todas bem animadas pelo protagonista na pista de dança, tivemos todo o ambiente mutável do jovem deslocado na casa da mãe após voltar da faculdade, tendo de ficar no chão do quarto do irmão mais novo, e também toda a casa da protagonista bem desenvolvida para a jovem autista, com seus elementos favoritos, seus jogos, seu jeito de dormir e tudo com tons bem marcantes para dar os devidos destaques a cada momento, ou seja, é o famoso simples que funciona.

Enfim, não diria que seja um longa perfeito, mas tem uma síntese gostosa, um bom envolvimento e toda uma dinâmica bem precisa que acaba agradando bastante, então já se faz valer, e como disse fui ver com um ceticismo máximo esperando diversos clichês do gênero, o que acaba não acontecendo, e assim o resultado ficou muito gracioso e valendo a indicação, então fica a dica e eu fico por aqui, voltando em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Esperando Bojangles (En Attendant Bojangles) (Waiting Bojangles)

6/21/2022 02:31:00 AM |

Costumo dizer que muitos vivem uma vida completamente certinha e sem graça, que por vezes pode levar a algum lugar grandioso, mas existem aqueles que surtam logo no começo da vida e conseguem manter essa loucura tão longe, que podemos dizer até que viveram algo a mais nessa insanidade toda, e por vezes algum diretor mais maluco consegue traduzir exatamente o que é essa sensação, e aqui no longa que abriu o Festival Varilux de Cinema Francês desse ano (e que também dá a imagem de cartaz do material do Festival), "Esperando Bojangles", vemos quase uma ode de vida louca por completo, sem ter um emprego que renda muito dinheiro, sem pagar nada, sem abrir correspondências, tendo um pássaro raro em casa e ainda dando festas regadas a champanhe quase todas as noites para diversos convidados, e você imagina o garotinho contando isso para seus amigos na escola, é certeza de ser chamado de mentiroso. E com essa premissa vemos muita loucura na vida dos protagonistas, muitas interações quase de surto completo desde o começo com mentiras e insanidades rolando sem parar, mas também tivemos o lado ruim disso tudo no segundo ato, aonde a mente pifa, e aí é que entra a grande sacada dos franceses que sabem fazer muito bem uma dramédia entregando tanto atos cômicos de nível máximo, mas também dominam o lado de uma recaída fortíssima dramática quase obscura também de nível maior, aonde muitos podem até achar bem estranho tudo, mas se pararam para ouvir a canção tema tocada diversas vezes e a explicação do pai para o garotinho do que significava a canção irá entender o sentimento passado, e assim se envolver com o que é entregue, que é muito bom, mas que não chega nem perto do primeiro filme do diretor "A Datilógrafa", que foi brilhante.

A sinopse nos conta que Camille e Georges dançam todas as noites ao som de sua música favorita, Mr Bojangles. Em sua casa, só há espaço para diversão, fantasia e amigos. Até que um dia Camille, uma mulher hipnotizante e imprevisível, desce mais fundo em sua própria mente, e Georges e seu filho Gary precisam mantê-la segura.

Diria que o diretor Régis Roinsard entrou na mesma loucura que entregou para os personagens do livro de Olivier Bourdeaut, pois mesmo a síntese tendo situações insanas, a base em si poderia ter sido melhor controlada, não oscilando tanto de uma alegria generalizada para uma depressão monstruosa, ainda mais com o final escolhido, pois daria para ter um meio do caminho em tudo, mas a dinâmica pediu esse formato e toda a nuance foi muito criativa, desde as festas regadas a bebida e dança, passando pela forma alucinada de ensinar o filho, até mesmo a ideia bater no ponto máximo de destruir o que está incomodando, no caso as contas (fico pensando se todos os endividados virem esse filme e resolverem fazer igual!!!), ao ponto que mesmo que a ideia de Roinsard e Bourdeaut seja bizarra, vemos um fundo de poesia em cima de tudo, afinal a frase viver sem pensar é algo muito comum de se dizer, mas praticamente ninguém entra nessa ode tão louca, e aqui a loucura tem seu peso, que é explosivo e gostoso no começo, mas quando cobra a viagem bate forte, e assim sendo ele entregou tudo com a maior dramaticidade possível. Ou seja, muitos vão achar o filme completamente absurdo e sem nexo algum, mas a beleza dele é justamente essa ideologia louca, e o diretor pede passagem para que você entre nesse clima e fique louco pelo menos por 124 minutos na noite.

Sobre as atuações, o quarteto principal foi muito bem em cena, dando todas as nuances necessárias para segurar a trama sem cansar, e ainda surpreender no meio de tanta loucura, e claro que tenho de começar pelo garotinho Solan Machado Graner que brilhou com seu Gary, entregando doçura e sensibilidade com cada ato seu, sabendo exatamente aonde comover e aonde surpreender, e segurando um papel dificílimo de não soar estranho, ou seja, é daqueles que vamos ficar de olho, pois facilmente pode decolar muito na carreira depois. Romain Duris é incrível no que faz, e já tinha dito sobre o show que deu em "Eiffel", e olhando toda sua filmografia ele só tem grandiosos acertos, e aqui com seu Georges deu um show de mentiras na abertura, se jogou completamente nas danças com a protagonista, e fez trejeitos marcantes em diversos atos, ao ponto que toda sua desenvoltura é marcante, só pontuaria negativamente pelo final, mas nem é pelo ator, mas sim pelo roteiro, pois esperava um algo a mais dele, e não apenas um fim básico. Virginie Efira é assustadora com sua Camille, ao ponto que de super feliz muda completamente para super deprimida, de repente está com uma personificação já na sequência está entregando outra, ou seja, uma base completamente maluca e muito perfeita de ver, que certamente deu trabalho para incorporar na totalidade do papel, e o acerto surpreende. E por fim ainda tivemos alguns atos filosóficos bem encaixados de Grégory Gadebois com seu Charles, que por vezes se entrega como senador, por vezes está apenas nas festas atrás de uma mulher chamada Caipiroska, mas carrega para si a responsabilidade de ser o elo coerente na família de malucos, e assim vemos ele sempre seguro do que entregar e chama a atenção para si.

Visualmente o longa é uma festa ambulante atrás da outra, desde o começo com várias bebidas em diversos ambientes mentirosos por parte do protagonista, passeando por um coquetel, depois vamos para uma fuga de carro e um casamento maluco pelos protagonistas, um reencontro ousado e um parto descrito da melhor forma possível para a época, e na sequência já temos uma rápida cena na escola que é revisitada depois sem muito ganho, as diversas festas na casa dos protagonistas, com o pássaro como pet bem excêntrico, e por fim vamos para um castelo na Espanha bem moldado de detalhes com claro uma festa espanhola regada a dança no melhor estilo videoclipe de filmes de Bollywood, ou seja, a equipe de arte trabalhou tanto para segurar o ar de época como para fazer todas as loucuras funcionarem em cena.

Enfim, é um filme completamente diferente de tudo o que certamente a maioria já viu, que oscila demais de humor, passando da felicidade insana para a depressão mortífera, e assim quem não gosta de coisas tão bagunçadas deve pular ele, mas sem dúvida é algo que vale pelo ar de viver em festa, mas tendo uma base lúcida de fundo para não pirar de vez. E é isso pessoal, esse foi apenas o primeiro filme do Festival Varilux de Cinema Francês desse ano, mas ainda voltarei com muitos outros textos dele nos próximos dias, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - 438 Dias (438 Dagar) (438 Days)

6/20/2022 05:37:00 PM |

Quando discutimos o fator de liberdade de expressão muito se fala em furar leis, inventar coisas e tudo mais, mas o que muitos esquecem é que existem jornalistas sérios que tentam por vários meios documentar coisas ruins que acontecem mundo afora e muitos esquecem da existência só por não estar na mídia maior, e o longa sueco "438 Dias" mostra bem toda essa essência de uma dupla de jornalistas que entrou de forma ilegal na Etiópia para tentar mostrar a infiltração de uma petroleira no país e tudo o que o governo e os militares estavam fazendo de forma oculta fechando jornais e tudo mais, só que foram capturados e ficaram presos em uma das maiores prisões do país por mais de um ano até conseguirem sua soltura de uma forma praticamente na sorte de alguém da milícia pedir segurança e entregar um vídeo comprometedor. Ou seja, é daqueles filmes que já vamos conferir sabendo que sobreviveram, senão não estariam mostrando tudo dessa forma, mas que mostra bem mais do que apenas a liberdade de expressão sendo jogada no lixo, e claro o que os governantes fazem para calar a imprensa muitas vezes, editando vídeos, fazendo os culpados pedir perdão e se declararem terroristas para tentar ser soltos, e tudo mais, sendo forte e bem impactante, mas certamente daria para ir ainda mais além.

Na véspera de 28 de junho de 2011, os jornalistas suecos Martin Schibbye e Johan Persson colocaram tudo em risco ao cruzar ilegalmente a fronteira da Somália para a Etiópia. Após meses de pesquisa, planejamento e tentativas fracassadas, eles finalmente estavam a caminho de relatar como a implacável caça ao petróleo afetou a população da região isolada e conflitiva de Ogaden. Cinco dias depois, jaziam feridos na areia do deserto, baleados e capturados pelo exército etíope. Mas quando sua reportagem inicial morreu, outra história começou. Uma história sobre ilegalidade, propaganda e política global. Após um julgamento kafkiano, eles foram condenados a onze anos de prisão por terrorismo. E eles estavam longe de estar sozinhos. Seus companheiros de cela eram jornalistas, escritores e políticos perseguidos por não se curvarem à ditadura. Sua reportagem sobre petróleo foi transformada em uma história sobre tinta, e suas vidas diárias se transformaram em uma luta pela sobrevivência dentro da notória prisão Kality em Addis Abeba. Expostos a doenças mortais, espancamentos diários e repressão feroz - privados de seus cadarços e de sua liberdade de expressão - eles lutaram para preservar o mais valioso de tudo: a liberdade de determinar quem você é e no que acredita. Esta é a história deles de 438 dias de inferno.

Diria que o diretor Jesper Ganslandt soube dosar bem a história do livro dos protagonistas, pois a trama embora fosse direta de ações duras e fortes entregou algo até bem calmo demais dentro do inferno que era a prisão detalhada em alguns materiais, ao ponto que só vemos suas idas para conversar com o embaixador e seu assistente, e algumas doenças e situações acontecendo na prisão, e em mais de um ano lá certamente eles viram muitas coisas ruins, sofreram muito e passaram por poucas e boas, mas como o foco era outro e sim trabalhar o ato deles pedindo perdão, o ato da política silenciosa e tudo que não queimasse tanto o governo etíope e as negociações entre Suécia e outros países, optaram por algo mais brando, e assim sendo mesmo o filme sendo bom de denúncias, ficou parecendo faltar algo a mais, algo que fizesse o público se desesperar pelos personagens principais, algo que emocionasse mais a fundo e talvez fizesse o povo saber que a liberdade de expressão tem um preço bem caro e que eles pagaram muito por isso. Ou seja, é um bom filme, o diretor foi direto ao ponto, mas certamente faltou aquele ponto de virada ficcional, ou melhor semi-documental, que impactaria e faria muitos se desesperarem ao ver o longa, e isso não ocorreu, mas também não falhou tanto pela falta disso.

Quanto das atuações, a base toda é em cima de Gustaf Skarsgård com seu Martin e Matias Varela com  seu Johan, entregando trejeitos marcantes, com alguns atos desesperados, outros mais concisos, mas sempre fazendo trejeitos dispostos a tudo, de entrar no meio do mato, de correr, de se envolver com os locais, coisas bem tradicionais que a maioria dos jornalistas de campo costumam fazer, que é trocar figurinhas com os locais para saber mais da vida, saber mais de como andam as coisas, e os dois atores trabalharam essas interações com bons olhares e chamativos, ao ponto de criarmos um certo carisma por eles, com Varela sempre mais desesperado com tudo, demonstrando até uma falta de palavras para descrever seus atos, enquanto Gustaf já foi mais eloquente e dinâmico, como um bom jornalista deve ser. Quanto aos demais, vale o destaque para Faysal Ahmed com seu Adbullahi pelos olhares marcantes e sínteses de estar fazendo o certo no meio do conflito todo, e Josefin Neldén como esposa do protagonista pelo ar de dúvida meio sem entender, mas também aflita com tudo.

Visualmente o longa entregou ares bem intensos nas cenas das prisões, com a primeira sendo básica demais, praticamente um cômodo sem nada, aonde foram jogados e quase que abandonados no melhor estilo da palavra, e na segunda parecendo quase uma feira com pessoas vendendo coisas, outros treinando, conversando, apanhando, todos dormindo aglomerados sem colchões, ratos passeando em cima deles e tudo mais, mas também vale o destaque dos atos no meio do mato aonde a ferida no braço do protagonista já estava feia quase com osso aparecendo e todas as dinâmicas dos militares tentando botar pressão nos jovens, ou seja, um trabalho de concepção bem montado e chamativo que faz valer o ato por completo.

Enfim, é um bom filme, que até poderia ir mais além como já disse para impactar mais, mas é bem feito e retrata bem um pouco do que viveram os dois jornalistas, e assim vale a conferida como registro histórico. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Frangoelho e o Hamster das Trevas (Hopper et le Hamster des Ténèbres) (Chickenhare and the Hamster of Darkness)

6/20/2022 01:11:00 AM |

O que mais me diverte nas animações belgas é a criatividade do pessoal por lá, pois entregam coisas tão malucas que dá até medo de apertar o play, mas sempre colocam texturas interessantes, aventuras recheadas de detalhes e personagens carismáticos dentro do pacote todo, ao ponto que acabamos nos conectando demais com tudo e se divertindo com a proposta quase todas as vezes. E com o lançamento da semana passada da Netflix não foi diferente, pois "Frangoelho e o Hamster das Trevas" entrega uma base simples porém bem interativa ao apresentar um bebê misto de frango com coelho que é encontrado por um aventureiro, que o leva para criar e que quando cresce deseja ser um caçador de relíquias como era o pai no passado no melhor estilo dos longas de "Indiana Jones", com várias armadilhas, lendas e segredos, tendo inclusive todo o treinamento para isso no país deles. Ou seja, é um filme interessante já que envolve uma caça ao tesouro, uma junção de amigos inusitados, um tio/vilão maléfico e sem escrúpulos, e que agora que já foi bem introduzido certamente pode vir a ter novas aventuras, já que carisma os personagens tem, e aí é só inventar muito mais para conduzir a franquia, afinal é bem bacaninha tudo.

A sinopse nos conta que o jovem Frangoelho é o filho adotivo do Rei Arthur, um famoso coelho aventureiro. Metade frango e metade coelho, o jovem herói é obcecado por aventura, mas sua falta de jeito costuma pregar peças nele. Quando Lapin, irmão do Rei Arthur, escapa da prisão para encontrar o Cetro do Hamster das Trevas e derrubar seu irmão, Frangoelho decide ir atrás dele. Com a ajuda de seu fiel servo Archie, uma tartaruga sarcástica, e Meg, uma especialista em artes marciais, ele embarca em uma aventura épica.

O diretor Ben Stassen fez a animação com o melhor 3D que já vi até hoje chamado "As Aventuras de Sammy", e desde então tem entregue grandes produções bem simples de história, mas com desenvolvimentos bem encaixados, personagens marcantes e muita interação para os pequeninos, ao ponto que praticamente todo ano entrega algo novo e que mesmo sendo bem maluco nas ideias não desaponta de modo geral, e aqui sua base foi bem elaborada, teve dinâmicas interessantíssimas com muita aventura, toda uma formatação pronta para agradar tanto os pequenos quanto os mais grandinhos, e assim resultando em um filme bacana de ver que embora possa parecer totalmente maluco tem características e clichês bem tradicionais de vários outros filmes que já vimos, e assim sendo entramos num clima de aventura bacana com ele, torcemos pelo protagonista, rimos dos coadjuvantes e até torcemos para que o vilão apanhe logo, pois é maluco e maldoso como deve ser. Ou seja, diria até que o filme faria sucesso nos cinemas com um 3D bem trabalhado, mas como esse estilo vem sumindo, o streaming foi a melhor opção para não ter prejuízo com um personagem bem diferente dos padrões visuais.

Quanto dos personagens, o jovem Frangoelho é bem astuto, cheio de desenvolturas e consegue cativar a todos com suas cenas, ao ponto que mesmo sendo um jovem com um ar de inferioridade por não pertencer a nenhum grupo acaba se empolgando bastante na missão e por conhecer muito tudo acaba indo muito bem no que faz, claro que não é um personagem bonitinho, já que é uma mistura estranha, mas como aqui as texturas não são o ponto forte, o resultado agrada bem. Diria que eu me enxergaria bem no papel da tartaruga Archie, que ajuda o protagonista em tudo, tem sacadas e ideias diretas independente de magoar os demais, mas que está disposto a ajudar também sempre, e seu ar de parceria deve fazer mais pessoas a se conectar com ele. A gambá Meg é cheia de expressividade, joga tudo para todos os lados, luta bem, está disposta a ir além e conseguir estar no grupo é sua própria missão, só achei meio exagerado o lance do gás, mas sabemos que ocorrem coisas desse tipo, só não precisaria ser tão forçado. O vilão Lapin tem um estilo interessante, com ares bem fortes de vilania e não desaponta nas maldades, sendo daqueles que acabamos ficando bravos com tudo o que faz contra o protagonista e assim sendo foi bem criado. Ainda tivemos vários personagens secundários que seguem o vilão, mas sem dúvida o destaque é para a tribo dos porquinhos que vão se encaixando e virando colunas e paredes, no melhor estilo do jogo tetris, e foram bem impactantes no conceito completo.

Visualmente o longa é bem recheado de detalhes, e mesmo não tendo texturas como algo chamativo, tem toda a paisagem da selva com os porcos, do deserto com escorpiões em forma de flor, as areias movediças, toda a ilha bem montada com uma arena de provas incrivelmente bem pensada nos desafios de uma aventura (que no final os hamsterzinhos malucos ainda dão uma incrementada nos perigos), e toda a montanha recheada de desafios, ou seja, tudo muito bem pensado, com enigmas interessantes, e muita desenvoltura de cores e formatos para chamar a atenção, mostrando que o design do projeto foi muito bem pensado pela equipe, e que aparentemente daria para funcionar com 3D, pois temos elementos de profundidade e muita coisa sendo atirada nos protagonistas, ou seja, quem gosta do estilo pode ser que compre lá fora mídia com a tecnologia.

Enfim, é uma animação que talvez muitos até pulem quando virem ela na Netflix, mas que tem uma boa essência, é divertida e vai agradar a todos, desde os menorzinhos até os mais velhos, não vindo com grandes conteúdos morais, mas deixando claro a lição de valorizar o que você tem de bom, então fica a dica para a conferida, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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HBO Max - Ecos de um Crime (Ecos de un Crimen) (Echoes of a Crime)

6/19/2022 05:40:00 PM |

Quem lê meus textos sabe o quanto admiro o cinema argentino, mas ao mesmo tempo que entregam filmes excelentes, também entregam umas bombas sem nexo algum que ficamos esperando um algo a mais e não nos é entregue absolutamente nada, e tinha pulado esse filme "Ecos de um Crime" quando lançou em Março na HBO Max, mas como o protagonista também foi protagonista do longa que vi essa semana na Netflix resolvi dar o play, e olha que já vi muitos filmes confusos e sem nada para envolver, mas o que fizeram aqui beira o absurdo, numa trama que assistimos inteira e ficamos perguntando no final, o que foi real, ou o que passou como delírio da mente do escritor? E a resposta que nos é entregue é nenhuma, pois o longa termina da mesma forma que começou, ou seja, vemos umas cinco vertentes de um crime, uma mais maluca que a outra, mas pela ideologia passada com o final, nada aconteceu, sendo apenas algo da mente dele, e isso é muito, mas muito ruim mesmo, ao ponto que acabou e fiquei com raiva, que é o único sentimento para ele.

O longa nos conta que um escritor de suspense best-seller, sai de férias com sua família para uma cabana na floresta. Na primeira noite, durante uma forte tempestade, a energia cai e uma mulher aparece pedindo socorro desesperadamente: seu marido matou seu filho e agora ele está atrás dela. A partir desse momento, o perigo e o engano são uma ameaça constante e para Julián começa uma noite infernal até que ele descubra a verdade.

Sinceramente não consegui definir aonde o diretor Cristian Bernard desejava chegar com seu filme, pois num primeiro momento o ar de suspense até é bem funcional, tem uma pegada interessante e inteligente, parecendo ser um misto da mente maluca do escritor protagonista com uma vivência de sua família numa casa de férias, aonde talvez ele veria coisas e escreveria o novo exemplar de sua saga de livros, mas aí começam os famosos ecos que trazem no título da trama, e vamos vendo diversos exemplares de um crime maluco, de várias dúvidas pessoais dele, e cada hora uma síntese mais doida da mesma cena ocorre, isso tudo ao que parece pelo fechar da trama em um sonho na viagem (sim, já estou dando spoiler!), ou seja, somos feitos praticamente de trouxa durante 84 minutos de uma repetição da cena imaginada de diversas formas e com personagens fazendo cada hora algo diferente, para algo que nem aconteceu realmente, e isso acaba sendo chato pelo fechamento, mas que quem não ligar e gostar de várias ideias possíveis para um crime, até vai achar interessante o que o diretor fez.

Sobre as atuações, Diego Peretti trabalhou seu Julián com um ar imponente, cheio de desenvoltura, parecendo em alguns momentos estar completamente lúcido como um herói indo para cima do problema e resolvendo, já em outros atos parecendo sutil demais sem grandes anseios, e isso ficou estranho de ver, já que o ator costuma ter uma boa entrega, e assim sendo ficou devendo um pouco. Quanto das mulheres da trama, tanto Julieta Cardinali com sua Valeria quase que inútil em cena, quanto Carla Quevedo com uma Ana espantada, cheia de trejeitos estranhos, mas sem ir para lugar algum, apenas apareceram em cena, ficando bem abaixo até da expressividade da garotinha vivida por Florência González, ou seja, foram meros enfeites cênicos, que só não foram piores que Carola Reyna com uma Mercedez falante demais que até aparece em um dos sonho como uma médica meio maluca, e Gerardo Chendo que surge numa ligação apenas com seu Marcos, mas nada que fizessem ser relevantes. Ou seja, quem apenas se destacou foi o protagonista, e posso pontuar que Diego Cremonesi fez trejeitos bem cheios de ódio como um assassino vigoroso e maluco que chega de carro todas as vezes e faz coisas bem doidas com a família do protagonista cada vez de uma forma diferente.

Visualmente a trama até tem uma casa bem ornamentada, no meio de uma floresta, que inicialmente até tem uma fotografia interessante, com o chão de folhas vermelhas, um lago de fundo, muitas lenhas com um machado bem em foco que fica claro que será usado para algo, um jantar que logo vira sob luz de velas com a energia acabando, uma chuva tremenda do lado de fora, até aí vai tudo bem, mas depois o protagonista anda no meio da floresta a noite com uma iluminação azulada meio nada a ver já que está um temporal e não há qualquer iluminação de lua ou lanterna, temos um carro imponente preto bem clássico de assassinos mas que só serve para fazer barulho, ou seja, a equipe foi gasta para praticamente nada, além de usarem um sangue melado que forma coágulos espalhados pelo chão de uma forma ainda mais bizarra.

Enfim, é o típico filme que recomendo fugir demais, pois o discernimento é praticamente nulo do começo ao fim, e o resultado final é ainda pior, ou seja, vamos para outro filme que é melhor, e assim deixo a recomendação de nem pensar em dar play nele. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou tentar ver outro para salvar o dia, pois esse não valeu o tempo gasto.


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Amazon Prime Video - Vida em Silêncio (La Vida en el Silencio)

6/19/2022 02:14:00 AM |

Sempre que entramos na discussão de paternidade, naquela velha ode de pai é quem cria e não quem põe no mundo, muitos falam que abririam mão de tudo pelos filhos e várias expressividades que até emocionam, mas sempre vem as indagações de e se fosse uma criança com problemas, que tivesse algum tipo de dificuldade, que não fala com você, você sentiria o mesmo amor por ela? E se lhe falassem depois de muito tempo cuidando e se doando pela mãe ter sumido por anos, e só agora voltar e falar que ele não é seu filho? Pois bem, essas várias questões são jogadas na história do longa mexicano "Vida em Silêncio", que entrou em cartaz na Amazon Prime Video, e além de colocar toda essa síntese na tela, ainda trabalha um pouco o lado do autismo, do se conectar aos jovens que parecem nem estar te vendo, mas que estão mais atentos que tudo e podem num piscar te fazer emocionar. Ou seja, é uma trama bem emocional, cheia de nuances, com uma doçura musical bem amarrada, e que passa muito sentimento na pequena síntese completa que é posta em jogo, que claro tem defeitos, tem uma gramatura estranha de imagem, e uma sonoridade bem fora do eixo tradicional, então muitos certamente irão ver e não irão se conectar com nada, mas vale a reflexão e certamente pensar em muita coisa dita ali, pois é um filme diferente e bem feito de certa forma.

A sinopse nos conta que um músico e pai solteiro luta todos os dias para se comunicar com seu filho autista através da música, até que um dia a mãe do menino aparece após uma ausência de oito anos, apenas para revelar um segredo que pode mudar sua vida como ele vive.

O drama mexicano costuma muitas vezes permear para o lado novelesco, mas quando bem trabalhado tem uma essência interessante e funcional que acaba agradando até mais do que o esperado, e aqui o diretor e roteirista Rodrigo Arnaz foi bem conciso na ideia que queria de mostrar tanto o lado da paternidade solo de um autista, trabalhando como músico e sem muitos ganhos para cuidar do jovem, e o grande dilema quando surge a mãe da criança vários anos depois de tê-los abandonado e colocar mais fogo nos problemas do dia a dia, ou seja, ele soube dosar as ideias, soube desenvolver bem toda a síntese, e principalmente trabalhar algo que podemos até já ter visto em outros longas, mas que aqui teve um frescor diferente pelo ar musical, e claro com a pontuação do autismo, sendo um filme forte e bonito que até poderia ter ido mais além se escolhesse um dos fatores para discutir, mas que quis muito e ficou um pouco no meio do caminho.

Sobre as atuações, a base toda é em cima do que Juan Manuel Bernal entrega com seu Fran, e o ator se mostrou muito disposto para o papel, teve um ar sentimental bem colocado, fez bons ensejos com todos os instrumentos que tocou em cena, e passou um certo ar emocional para com o garoto e para as mulheres que conviveu, ao ponto que chegamos a criar um carisma para com ele, e isso é muito necessário em papeis desse estilo, e assim sendo dominou bem o ambiente e fez com que o filme fosse seu, o que é um grande acerto. Não sei se o garoto Farid Navarro realmente é autista, mas passou muito envolvimento no papel, e se não era fez um trabalho maravilhoso de interpretação, mas se era também foi muito bem em cena ainda mais com pessoas lhe chamando por um nome que não é o seu, o que dificulta tudo, então o papel foi muito bem feito também. Gabriela de la Garza soou meio que exagerada em alguns momentos de sua Mariana, mas como vemos mais o seus atos do passado do que realmente um ensejo ali em cena, acabamos ficando mais com raiva pela forma que fala do garoto do que seu afeto pelo protagonista, e assim pareceu faltar personalidade para chamar atenção, o que já foi completamente contrário de ver com María Aura com sua Julia, pois demonstrou sentimento e muita desenvoltura tanto com o garoto quanto com o protagonista, sendo sutil nos atos necessários e agradando bastante com tudo. Ainda tivemos Marco Treviño bem colocado com seu Oscar e Fernando Becerril bem seco com seu Afonso, ao ponto que ambos tiveram poucas cenas, mas foram marcantes nos atos necessários, com Treviño dando um bom fechamento para a trama.

Visualmente o longa tem um ar bem gostoso e interessante pelos shows no bar de jazz, mostra bem a casa simples do músico, mas preparada para o que o garoto gosta que são os trens, claro temos a comparação pela casa dos avós aonde o piano é muito mais chique, o trem é enorme e solta fumaça, mas o carisma é o que conta, tendo um bom trabalho de câmeras para isso, além de termos alguns atos em ruas aonde é o pior lugar para os autistas devido a variedade de barulhos, então o fone com música clássica é algo muito comum de ver acontecer, e assim sendo o resultado é simples, mas muito bem feito. Apenas um adendo quanto do conceito da fotografia granulada demais, que não enxerguei uma necessidade de uso, mas tirando esse detalhe, as cores foram bem usadas na paleta para transmitir o sentimentalismo da trama, e isso já vale por completo.

Enfim, é um filme bem pensado que talvez em breve surjam versões de outros países pela história ser boa, e que aqui até foi bem desenvolvido, mas faltou focar um pouco mais no garoto ou no pai, ficando algo no meio do caminho que acabou tendo uns percalços, e sendo assim recomendo com algumas ressalvas de não esperar muito dele, pois certamente poderia emocionar muito mais, e essa é a maior falha em um drama emocional como é o caso aqui. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Spiderhead

6/18/2022 07:28:00 PM |

Sabemos bem que o mundo por trás das grandes farmacêuticas e seus testes de drogas/remédios não são muito bem vistos pela forma usual, mas a imaginação dos roteiristas do longa da Netflix, "Spiderhead", entraram em algo bem crucial de usar criminosos para testar diversos produtos em troca de viverem em celas melhores, com regalias e comidas bem melhores e terem suas penas abrandadas, mas para isso estarem dispostos a sentir coisas bem diferentes num experimento bizarro de um cientista meio que fora da ideia. Ou seja, é daqueles filmes que beiram certo ou errado, que impactam com as sensações passadas, e que entregam uma ideia bem marcante em cima de tudo quando é descoberto pelo protagonista, que não é bem o que imaginava ser todo o processo, mas sim algo muito pior. ao ponto que até entramos no clima do longa, temos um começo cheio de grandiosas desenvolturas, uma boa pegada por parte dos protagonistas, e tudo mais que chamam bem a atenção, porém o miolo da uma amenizada no ritmo, e o final não vai muito além, de forma que o resultado acaba sendo simples demais. Sendo assim é um bom passatempo de forma geral, que até chama atenção no conceito completo, porém poderiam ter aprimorado melhor todo o conceito dos demais presidiários, um pouco mais da farmacêutica, e até mais das drogas para chegar em algum lugar mais forte, mas não quiseram, optando por deixar tudo mediano demais.

A sinopse nos conta que em um futuro próximo, os condenados terão a chance de se voluntariarem como cobaias em experimentos médicos com finalidade de diminuir sua pena. Quando um dos condenados se submete para o teste de uma nova droga capaz de gerar sentimentos, ele começa a questionar a realidade de suas emoções.

Algumas semanas atrás o diretor Joseph Kosinski conseguiu a façanha de entregar o melhor filme do ano até agora, "Top Gun: Maverick", que ainda segue em cartaz arrebatando uma boa fatia das bilheterias mundo afora, então aproveitando a grande onda, a Netflix lançou seu novo filme nas telinhas para também tentar angariar um bom público, só que diria que aqui ele se empolgou demais na criatividade e não conseguiu ir tão além da ideia de um conto curto de George Saunders que Rhett Reese e Paul Vernick adaptaram para algo maior, pois o filme tem uma essência rápida que não consegue ser ampliada, e assim entendemos bem rapidamente qual é a ideia que está sendo passada, mas quando o protagonista descobre o que está sendo realmente testado ele não cria muita coisa, não explode nada, apenas faz a denúncia e foge, ao ponto que valeria bem mais cenas durante a finalização do que todo o miolo em si. Ou seja, Kosinski fez um bom trabalho de direção, afinal temos uma boa ambientação e momentos bem dirigidos dentro do complexo e toda a desenvoltura é funcional, o que é ruim (ou melhor, não tão bom) é o roteiro, que não tem grandes ápices, nem diálogos amplos que fossem usados para algo a mais, e assim o resultado final fica sendo fraco para tudo o que poderia ser usado.

Sobre as atuações, posso dizer que Chris Hemsworth se divertiu demais com o papel de seu Steve Abnesti, pois entregou trejeitos leves, desenvolturas dançantes, e dinâmicas bem marcadas ao ponto de não recair para ele nenhum estilo de vilão ou de cientista maluco, mas sim uma pessoa bacana, que dá para trocar umas ideias, e isso foi algo bem trabalhado no personagem que deu nuances diferentes do usual para o papel. Já estou cansando de falar o quanto Miles Teller melhorou na sua forma de atuar, e aqui novamente ele abrilhantou o papel de seu Jeff, conseguindo dominar o ambiente por completo, tendo interações marcantes com todos, e principalmente sendo expressivo com a forma ampla que o personagem pedia, ao ponto que mesmo que a cena não seja sua ele conseguia se destacar de alguma forma, e assim sendo volto a frisar que vamos ver ele explodindo em papeis marcantes daqui para frente e logo mais vai ser prêmio atrás de prêmio. Jurnee Smollett fez bem também sua Lizzy, com um ar doce e envolvente, trabalhando bem as dinâmicas mais emotivas, e sendo bem impactante nos atos finais, ao ponto que poderiam ter até trabalhado melhor ela para ter cenas ainda maiores, mas não quiseram. Mark Pauio aparentemente tinha um outro nome na produção, Verlaine, mas no filme inteiro todos chamam ele de Mark então vai entender, mas tirando esse detalhe o jovem foi bem colocado como auxiliar do vilão e fez ares emotivos interessantes em seu rosto, mas não trabalharam tanto seu ato explicativo de como foi parar ali, e isso pesou um pouco para o seu final. Quanto aos demais tivemos bons ensejos da maioria, fazendo expressões fortes e interessantes no uso das drogas, e também bons momentos dos flashbacks do protagonista, mas sem dúvida a que mais se entregou na cena de maior impacto foi Tess Haubrich com sua Heather, principalmente na sua última cena usando a potente droga 16, e ali a jovem se jogou por completo e foi bem forte de ver.

Visualmente o longa foi muito bem produzido, com uma instalação interessante bem no meio do nada, em uma ilha diferente com um mar belo rodeando tudo, mas principalmente tendo por dentro uma prisão bem nada usual, com carpetes, quartos com aparelhos de som e diversos elementos para a diversão dos presidiários, uma sala de testes simples com duas poltronas e câmeras espalhadas, e por trás do vidro todo um grandioso aparato de câmeras e controles pelo celular, além das drogas terem cores bem diferentes e interessantes em vidrinhos que vão sendo trocados no implante das costas de cada prisioneiro, ou seja, tudo feito com muito detalhamento para realçar o ambiente, as cores, as intensões e toda a dinâmica da trama com barcos e aeronaves ricas do lado de fora. Sendo assim podemos dizer facilmente que a Netflix gastou bastante no feitio visual da trama, e isso deu um bom peso para o filme.

O longa conta com uma trilha sonora de primeiríssima linha que envolve e dita bem o ritmo, tanto nas canções orquestradas por Joseph Trapanese quanto nas cantadas por diversos cantores muito bem selecionados, que não achei uma playlist completa, então deixo aqui o link das canções do filme para depois ouvirem separadas.

Enfim, é um filme bem interessante, com uma pegada tensa bem trabalhada, mas que certamente poderiam ter ido muito mais além, valendo como um bom passatempo e pelas boas atuações, mas que muitos irão se decepcionar pelo fechamento rápido sem grandes explosões nos personagens. E assim deixo a recomendação livre, de não ser algo ruim, mas também não ser algo impactante como deveria ser, então eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos.


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A Suspeita

6/18/2022 01:59:00 AM |

Fico bem feliz quando vou ao cinema conferir um longa nacional de gênero como é o caso de "A Suspeita", que entrega uma trama policial bem interessante, de investigações internas, de trambiques e acusações que sabemos bem que existem dentro das corporações, e claro de acusações a pessoas erradas que geralmente estão nos lugares errados nas horas mais erradas ainda, e essa proposta completa era pra ser um longa incrível com uma atriz de alto calibre e que certamente faria todos na sessão refletirem e saírem impressionados, porém o outro vértice da trama é trabalhar o Alzheimer, que fica explícito logo de cara nas primeiras cenas, mas o diretor resolveu usar e abusar isso num nível máximo de quase uma cena pausada a cada 10 minutos, ou seja, cansa mais do que envolve, e mesmo não sendo algo ruim acabamos não indo tão a fundo na proposta completa. Sendo assim, afirmo que não é uma trama fraca, pelo contrário o desenvolvimento completo é bem funcional e agrada bastante, mas facilmente poderia ter ido por mais vértices menos cansativos e agradado muito mais.

A sinopse nos conta que Lúcia é uma comissária exemplar da inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro que, diagnosticada com Alzheimer, começa a articular sua aposentadoria. Durante a investigação do que seria seu último caso, descobre um esquema do qual ela vira suspeita. Entre os desdobramentos das investigações e os lapsos de memória, Lúcia agora terá que lutar por sua vida.

Como Pedro Peregrino só tinha feito novelas até agora, acredito que ele quis enfatizar demais o problema da protagonista em 120 minutos, e em um filme ele não tem a mesma quantidade de capítulos de uma novela para isso, então seu primeiro trabalho na direção efetiva de um longa, pois já foi segunda e terceira unidade em diversos sucessos nacionais, acabou ficando um pouco amarrado demais, o que volto a frisar que não impactou na totalidade da proposta, mas tirando esse detalhe que acabou cansando um pouco, ele entregou um estilo bem fechado, com uma formatação bem marcante para o gênero policial funcionar no nosso cinema, e com isso certamente quem usar a trama como base vai vir com outros bons longas do gênero, então só por isso já se faz valer a conferida, mas vá preparado para várias tomadas paradas, vários ângulos experimentais e até mesmo para quebras de fluxo em lembranças marcadas que acabam parecendo jogadas, mas que tem seu efeito para quem conhece pessoas com a doença. Então o roteiro talvez precisasse ter ampliado mais todas as buscas e dado menos floreios para a doença, ou então jogar de vez um tratamento no miolo, o que daria outros rumos, mas como disse, o filme tinha outra pegada, e quem entrar nessa ideia toda vai até curtir mais do que quem apenas focar nos problemas.

Sobre as atuações, Glória Pires sabe segurar um personagem como ninguém, e sua Lúcia é bem fechada, com pequenas dinâmicas mais explosivas, mas está num conflito interno muito forte, e a atriz conseguiu passar essa expressividade muito rápido para o público, da mesma forma que conseguiu conduzir uma investigação bem marcante, ou seja, outro trabalho bem imponente dela que até poderia ter ainda mais impacto com cenas mais intensas, mas fez bem o que precisava, e assim agradou com o que fez. A base do longa é todo em cima da protagonista, mas ainda tivemos alguns atos mais marcados com Charles Fricks com seu Avelar e Gustavo Machado como Gouveia, mas ambos segurando a investigação e dando leves nuances muito claras de tudo, o que é um pouco ruim, porém fizeram bons trejeitos, e ainda tivemos Genésio de Barros como tio da protagonista, e Padre, que meio que surgiu do nada, mas fez bons atos junto com Glória. Quanto aos demais, foram participações rápidas com leves destaques para Julia Gorman e Daniel Bouzas com seus Renata e Beto, mas nada de muito expressivo para impactar realmente no contexto completo da trama.

Visualmente a trama foi bem montada, mas exagerada de certa forma, afinal sabemos que comissários de inteligência não viram investigadores da forma que a protagonista faz, de invadir casas, ir grampeando sem autorizações, seguindo pessoas e tudo mais, mas deu um bom tom para os momentos, toda a montagem na parede e no galpão que faz foram bem interessantes de se ver, tivemos boas cenas em becos e favelas, e toda uma dinâmica bem precisa para mostrar a interação da protagonista com seus eletrônicos para ser lembrada e amenizar o Alzheimer, então vemos muitos detalhes cênicos, muitas pausas e boas insinuações, que acabam funcionando e mostrando que a equipe de arte esteve bem atenta para colocar tudo nos eixos.

Enfim, é um filme com uma ideia muito boa, uma atuação marcante, mas que não atingiu um grande ápice, valendo ver mais pela valorização do cinema nacional do que como um filme que será lembrado pelo resultado final, pois volto a ser enfático que o exagero das pausas cansou e não impactou como deveria, e assim sendo muitos vão ficar tensos esperando algo que não irá muito além. Ou seja, recomendo com mais ressalvas do que com elogios, mas está acima da média, e isso ao menos é bom. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Lightyear em Imax 3D (Lightyear)

6/16/2022 10:14:00 PM |

Costumo falar que uma animação só acerta em cheio quando consegue passa vários sentimentos para quem vai conferir, pois hoje já chegamos no ápice das texturas, aonde muitos personagens animados parecem reais, já temos sombras e técnicas que fazem toda a perspectiva ir além, mas aí entra em jogo toda uma história bem feita, várias sacadas dos roteiristas para pegar algo e expandir ao ponto de convencer do começo ao fim, e fazer com que o personagem principal seja alguém que marque o público, e sem dúvida tudo isso pode ser visto em "Lightyear", aonde logo na primeira tela nos é mostrado que esse é o filme que Andy (lá de Toy Story em 1995) viu e se apaixonou pelo protagonista Buzz Lightyear ganhando um boneco inspirado no filme, e assim sendo vamos acompanhar as desenvolturas do patrulheiro espacial em sua jornada para tirar o povo de um planeta hostil no qual a nave deles ficou presa por muitos anos. A grande sacada da Pixar foi trabalhar o emocional com o brilhantismo do espaço-tempo, de que viagens em alta-velocidade para os pilotos se passam em minutos, mas para as pessoas que ficam no planeta acabam passando anos, e com isso os conhecidos se vão, surgem novos problemas e tudo mais, além de uma revelação bombástica sobre o vilão nos atos finais, ou seja, é um filme completo, com muita emoção, muitas texturas, um envolvimento preciso de personagens, e que tem boas doses cômicas e também emotivas, na proporção ideal para segurar desde o menorzinho até o mais velho durante toda a exibição. E quem não quiser fugir da sala logo que acaba, a trama entrega 3 pós-créditos (um inclusive eu já estava até indo embora depois das logos da Pixar), então fiquem até o final e boa sessão.

A sinopse nos leva a acompanhar o lendário patrulheiro espacial após ser abandonado em um planeta hostil a 4,2 milhões de anos-luz da Terra ao lado de sua comandante e sua equipe. Enquanto Buzz tenta encontrar um caminho de volta para casa através do espaço e tempo, um grupo de recrutas ambiciosos e o encantador gato-robô de companhia, Sox, se juntam ao herói. Para complicar a situação, Zurg, uma presença imponente, e seu exército de robôs impiedosos chegam no planeta com um compromisso misterioso.

Depois de anos no departamento de animação, e ter co-dirigido "Procurando Dory", Angus MacLane chegou entregando tudo em seu primeiro trabalho solo, de forma que é notável todo o carinho que teve com cada detalhe da produção, com um planeta cheio de vidas estranhas com plantas e insetos gigantes, mas também bem árido e escuro em boa parte, trabalhando o ambiente por completo e com muitos detalhes, ao ponto que vamos olhando tudo ao redor dos personagens, vemos traços bem expressivos em cada personagem, e tendo uma história de base muito crível em diversos pontos, afinal já se foi falado em muitos lugares sobre o espaço-tempo em diversos filmes, como alguns minutinhos fora passam anos, vemos toda a sagacidade de objetos aparentemente inúteis servindo para tudo, e principalmente como um animal de estimação pode mudar a vida de uma pessoa, é claro que a inteligência do gatinho Sox foi algo muito além do esperado. Ou seja, o texto que Angus fez em conjunto, mais sua destreza por ter passado por vários setores da Pixar em diversos filmes deu a ele uma ideia ampla de como emocionar, divertir e entregar tudo em uma única obra, e isso fez toda a diferença, pois embora muitos enxerguem apenas uma animação bobinha para crianças, outros vão enxergar sentidos em tudo, e o resultado para quem ver dessa forma será muito melhor do que quem for já reclamando de tudo.

Sobre os personagens posso dizer facilmente que o carisma e a personalidade do astronauta Buzz é ainda maior que o boneco Buzz que conhecemos lá anos atrás, pois ele tem vontade, tem garra, tem defeitos e tudo mais, mas é daqueles que nos conectamos de cara, que torcemos para conseguir cumprir a missão, que envolve e devolve com uma força bem marcante, e felizmente a dublagem de Marcos Mion caiu como uma luva para o papel, pois ele abraçou a ideia, fez entonações marcantes e não saiu da base original, dando todas as nuances corretas e precisas que fez o personagem ficar ainda mais gostoso de ver. O gatinho-robô Sox é daqueles que nos divertem, que tem sacadas certas e está presente nos momentos certos, sendo envolvente demais e cheio de grandes facetas para prender o público. A jovem Izzy é sagaz e tem muita vontade, além de um medo impressionante que necessitava ser quebrado, mas com certeza trazendo muito orgulho para sua avó Alicia Hawthorne que no primeiro ato nos emocionou com muita destreza e respeito pelo amigo Buzz, e foi certeira em seus atos, e digo mais, toda a polêmica envolvendo o beijo lésbico é balela para tentar arrumar confusão, o máximo que acontece na tela é uma aproximação familiar muito bonita de se ver, independente de gênero da pessoa. Os demais foram a base de diversão da trama, mas foram bem gostosos de fazer rir com Darby e Mo muito bem encaixados e cheios de astúcia para os atos principais.

Visualmente como já falei o longa é recheado de detalhes, perfeitamente desenhado com texturas e formatos, dando um realismo bem marcante e cheio de símbolos para tudo, ao ponto que volto na ideia colocada desse ser um filme que o garotinho do "Toy Story" assistiu como sendo de personagens reais para ele, então é o mesmo que imaginarmos nós assistindo um "Star Wars" e querendo depois os bonequinhos para brincar e ter nosso herói conosco, ou seja, com essa base tudo foi muito bem criado, as naves, toda a intensidade dos trajes, as cores fortes, as sombras, os diversos ambientes no mesmo planeta, e claro toda a síntese de construir uma vida, um lar em um planeta que originalmente não era sua casa. Ou seja, a equipe de arte, a qual o diretor já fez parte e soube muito bem o que pedir para ser feito, deu um show e agradou demais. E claro falando do 3D, como é um longa envolvendo espaço foram precisos num nível máximo de profundidade cênica, com uma vastidão ímpar de estrelas ao fundo, muita perspectiva entre os personagens, e tudo que desse uma boa noção de espaço e forma para o trabalho todo, ao ponto que sentimos realmente o efeito da técnica, e acaba sendo um longa que vale o investimento a mais, pois tudo foi muito amplo e com elementos bem colocados, não sendo daqueles filmes que muita coisa sai da tela, mas para o fundo foi uma precisão incrível.

Enfim, não é um longa perfeito, pois tem detalhes que abusaram um pouco da inteligência do público, tiveram alguns atos rápidos demais que mereciam mais detalhes e outros que poderiam ter sido eliminados e enfeitaram demais, mas é algo emocionante, é bem feito, tem personagens e momentos carismáticos bem gostosos de se envolver, e assim sendo vale completamente a indicação tanto para as crianças quanto para os adultos que forem levar os pequenos (e aqueles que vão sozinhos por gostar do gênero animado também), então vá para o cinema e boa diversão. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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