A Datilógrafa

5/03/2013 12:27:00 AM |

Antes do que vou escrever aqui, não sou tão velho assim ok! Bem na época que comecei a querer trabalhar, ou melhor, quando comecei a fazer o colegial, ter uma caligrafia excelente ou datilografar perfeitamente ou quanto mais rápido melhor era um pré-requisito para ter sucesso. E esse praticamente foi meu trauma de juventude, já que não tinha nenhuma das duas coisas. Pois bem, assistir "A Datilógrafa" com tantos tec-tec, ou melhor, como aparece na música que grudará em suas mentes no filme cha-cha-cha, foi quase uma sessão de terapia de choque pra mim das melhores possíveis, pois o filme é sensacional mesmo, valendo qualquer esforço que você puder, assim que estiver passando em sua cidade daqui a alguns meses, ou se estiver passando o Festival Varilux por aí, vá assistir com toda certeza que é garantido muitos risos em uma agradável sessão no melhor estilo competitivo que um longa poderia ter com uma máquina de datilografar.

O longa nos mostra que aos 21 anos de idade, Rose Pamphyle mora com seu pai e estar prestes a casar com o pacífico filho de um garagista. Ela poderia virar uma dona de casa, mas a jovem tem planos mais ambiciosos. Ela sai de sua cidade e tenta um emprego de datilógrafa no escritório de seguros de Louis. Mesmo se suas habilidades como secretária são fraquíssimas, o homem fica impressionado com a velocidade com a qual Rose consegue digitar. Logo o espírito competidor de Louis se desperta: ele decide aceitar Rose como sua secretária, contanto que ela treine para participar da competição de datilógrafa mais rápida do país.

A história em si é bem simples e embora seja um longa francês, está cheia de clichés bem americanos, não que isso venha atrapalhar algo, mas assista já sabendo disso. Porém ela é tão bem contada de forma tão leve e divertida que não tem como não se apaixonar pelo que estamos assistindo. Tudo se encaixa tão facilmente que você acaba impressionado, como pode haver um campeonato de datilografia, como algo assim pode dar uma história boa, como um filme de época pode marcar tanto. Pois bem, você conseguirá ver tudo isso e muito mais romance nesse ótimo longa com a direção de Régis Roinsard que simplesmente só tenho de tirar o chapéu para tudo que fez aqui. É algo que escreveria horas falando coisas excelentes sobre o filme, mas vou apenas ficar dizendo, vá ao cinema ver o quanto antes puder.

Falar da atuação de Romain Duris é a coisa mais simples, afinal ele já me conquistou facilmente pela detonação que fez em "Como Arrasar um Coração", que é praticamente meu filme favorito e indico para todos que me pedir uma boa comédia romântica, agora já tenho mais um para indicar e pra variar com esse excelente ator, simplesmente excelente. Déborah François é sublime, interessante, bonita, leve, graciosa e porque não falar um monstro na datilografia, a garota coloca todo seu poder de atuação de forma brilhante e agrada por demais, sinceramente vou ter de procurar mais filmes dela depois para ver se é sempre assim, pois está demais. Bérénice Bejo consegue ser mais bonita ainda colorida depois de "O Artista", e aqui mesmo fazendo uma coadjuvante, quando tem seu grande momento mostra que mais do que bonita é uma excelente atriz e interpreta seu texto de forma impressionante. Enfim, falaria muito mais sobre todos os demais atores, mas o que posso falar é que mesmo os mais simples figurantes se saem muito bem nos seus devidos momentos sem que estraguem qualquer cena, ou seja, nesse quesito o filme é ainda melhor.

Um bom longa de época é aquele que consegue transmitir seu momento para o espectador, e isso é um pequeno defeito do filme, pois somente na última cena somos datados de 1959, pois conseguimos retratar que se passa nos anos pós-guerra pelo tanto que o protagonista fala disso, mas não sabemos precisar. Porém isso é apenas um mero detalhe que me chamou a atenção, pois tudo cenograficamente está muito bem encaixado e agrada bem visualmente de forma tão boa que não divirja do restante do filme, ótimo trabalho com certeza da equipe de arte. Outro ponto excelente é a fotografia que chama bem atenção de época, usando de certas ranhuras na película e nos dando a iluminação necessária para termos um gostoso filme de romance sem perder todo o tino cômico que o longa pode nos transmitir.

A trilha sonora é um ponto a parte que nem iria falar tanto, mas conseguiram fazer inclusive uma música para o barulho da máquina de datilografar, então não poderia de enumerar como ponto forte da trama, além disso, temos ótimas escolhas musicais para retratar todo o romance que a França pode trazer e agrada demais, tanto que tinha um senhor sentado ao meu lado que murmurava cantarolando toda a trilha sonora por trás de cada cena. Realmente um deslumbre de escolhas e reforço que a música do cha-cha-cha não sairá da sua cabeça tão cedo.

Enfim, não poderia começar melhor o Festival Varilux de Cinema Francês com um excelentíssimo longa, que até possui alguns defeitos, mas são tão pequenos comparados a excelência do filme que nem valem a pena serem ressaltados. Recomendo demais ele para todas as idades e gostos, garantindo que não tem como não se divertir com o que é apresentado. E fico por aqui hoje, mas amanhã a tarde já estarei a postos para conferir os outros filmes desse excelente Festival que trará muitos filmes que só estrearão no Brasil daqui a muitos meses, e se duvidar aqui pelo interior nem devem aparecer, portanto quem puder e quiser assistir, aproveite muito o Festival. Conforme for escrevendo vou publicando e falando mais pessoal. Abraços e até breve.

PS1: Esse texto foi escrito com 185 caracteres por minuto, muito longe do que a protagonista faz no filme!
PS2: Como são filmes inéditos no Brasil, não arrumei trailers legendados para por nas críticas, então vai os franceses mesmo!


6 comentários:

Octávio Verri Filho disse...

Prezado Fernando: Hoje (03-5-2013) começa o "Festival do Cinema Francês em Ribeirão Preto" e procurei me informar sobre os filmes, encontrando esse formidável comentário sobre "A datilógrafa", que me esclareceu bem sobre o roteiro. Vou acompanhá-lo nesta página. Um abraço.

Anônimo disse...

Há tempo tenho ouvido falar deste filme mas, nunca dei o devido crédito. Estava errada, adorei o filme e toda a sua historia, cenário, encenação e me apaixonei pela trilha sonora. Enfim passo a recomendar para todos, um filme de excelentíssima qualidade.

Fernando Coelho disse...

Olá Octávio, só vi hoje o seu comentário, não sei o motivo, se o provedor me ocultou ou o que! Mas bem vindo à página e fique a vontade para comentar!! Abraços!!

Fernando Coelho disse...

Pois é amiga anônima!! É um filme muito bacana e divertidíssimo!! Nos remete aos velhos tempos!! Abraços!

Renata disse...

Hoje, quase 4 anos depois do seu texto eu assisti ao filme e amei!!! Permita- me uma correção: logo no primeiro concurso regional o qual a personagem participa já mostra no letreiro o ano de 1958.
Mas realmente o filme é ótimo!! Abraços

Fernando Coelho disse...

Olá Renata! Obrigado pelo acréscimo, nem lembrava... e datas no começo acabam passando despercebidas por esse Coelho rsss... filmaço realmente!! Abraços!

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...