Stella: Vítima e Culpada (Stella. Ein leben.) (Stella. A Life)

6/17/2025 01:16:00 AM |

Uma coisa interessante sobre o pós-Segunda Guerra Mundial é que muitos alemães não conseguiram se imaginar culpados, alguns ignoraram tudo o que tinha acontecido, outros sentiam vergonha, e passados lá mais de 80 anos, aonde já praticamente toda a população da época foi renovada, alguns nem saberão direito o que aconteceu em seu país, ou seja, um triste fato complexo que se não bem trabalhado pode virar um mito de algo que não deveria ser apagado, para que não seja cometido o mesmo erro. E um jeito bacana de não se apagar as memórias é com o cinema, e felizmente muitos diretores tem trabalhado boas histórias envolvendo o período dos anos 40 na Alemanha, e com "Stella: Vítima e Culpada" nos é pautado a vida de uma jovem judia alemã, que com o medo máximo e toda a pressão sofrida em cima dela para que fosse jogada para Auschwitz, acabou caindo nas graças de um general da SS e delatou diversos conhecidos judeus para morrerem no seu lugar. E ao final vemos os julgamentos pelos quais passou pós-guerra, ou seja, algo bem tenso que ficou marcado nela e na sua memória com o final que teve. Ou seja, é daqueles filmes que você fica pensando aonde desejavam chegar, que até poderia parecer algo ingênuo da parte dela, ou egocêntrico demais, mas se analisarmos bem, provavelmente faríamos o mesmo, afinal queremos é salvar a nossa pele, e claro nossos mais próximos.

O longa nos conta que Stella é uma jovem judia alemã que cresceu em Berlim durante o regime nazista. Apesar da repressão no país, ela sonha em ser cantora de jazz. A vida da garota se transforma em uma tragédia quando, em fevereiro de 1943, ela é forçada a se esconder com os pais. Porém, após ser capturada e torturada pela Gestapo, Stella aceita uma condição para evitar que ela e a família sejam mandados para o campo de concentração de Auschwitz: trair e delatar outros judeus.

Diria que o diretor e roteirista Kilian Riedhof foi bem sincero no posicionamento que teve para criar seu filme, baseando tanto na história de Stella quanto nas decisões dos julgamentos que ocorreram pós-guerra, pois vemos toda a dinâmica mostrando bem o que a jovem sofreu em diversos momentos, e também o que aproveitou em outros momentos, ao ponto que dá para balancear bem toda a essência na tela e encontrar tanto a dinâmica forte dos atos, quanto também o olhar do diretor para cima da personagem em si. Ou seja, ele trabalhou o contexto forte dando sua opinião na tela, mas soube criar as dinâmicas de modo que tudo ficasse bem elaborado para termos a opinião da personagem, e claro a nossa opinião, e isso é excelente de ver na tela, pois não segura a dinâmica nem força ao gosto de situações não preparadas, e em filmes que sabemos que o tema é polêmico, essa abertura dá para as nuances aquele algo a mais que sempre esperamos ver acontecer.

Quanto das atuações, diria que a jovem Paula Beer se jogou por completo no papel de sua Stella, de modo que teve todo o lado gracioso de uma jovem cantora, soube ser sexy para ter todos, inclusive pessoas do outro lado, aos seus gracejos, e sabiamente trabalhou a tensão no olhar nos atos mais intensos, ou seja, dominou bem tudo o que o filme pedia para seu papel. Jannis Niewöhner trabalhou seu Rolf com uma presença sem igual, sendo esperto nas nuances, desenvolto nas cenas mais pegadas, e principalmente não ficando fácil como alguém amplo para ser pego pelos nazistas, sabendo jogar bem o jogo e mostrando que é um jovem em ascensão total. Talvez até desse para dar mais alguns destaques entre os personagens secundários, mas cada um foi melhor como conexão para os dois protagonistas, e assim posso dizer que a dinâmica entre todos foram bem duras e marcantes, não ficando algo solto na tela, o que é muito bom de ser visto.

Visualmente a trama mostrou inicialmente os ensaios e os shows do jovem grupo de jazz, com muitos instrumentos e disposição sensual de todos para o ritmo, mesmo no meio de um caos rolando na cidade, vemos todas as dinâmicas de pessoas se escondendo, enquanto outras sendo presas, a cidade caindo com os bombardeios, e claro os atos de interrogatório bem fortes, os trens partindo cheios de judeus, as prisões da cidade, e toda a interação da Gestapo pegando as pessoas desprevenidas através de delatores, ou seja, tudo muito forte e marcante com as devidas cenas preparadas realmente para impactar. E ao final tivemos os julgamentos da moça, e também uma versão sua velha em 1984.

Enfim, é um longa muito forte e cheio de atos marcantes, que conseguiu ser bem representativo tanto da época quanto de como muitos alemães enxergaram as dinâmicas da guerra dentro do seu país, sendo eles judeus ou não, e isso é a grande reflexão que propus no começo do texto, pois vale parar um pouco após o final do longa para pensar além com tudo o que anda acontecendo no mundo. E é isso meus amigos, fica então a dica para conferir o longa nos cinemas a partir da próxima quinta, 19/06, e eu fico por aqui hoje agradecendo os amigos da Mares Filmes pela oportunidade de conferir o longa na cabine de imprensa, então abraços e até logo mais.


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