A sinopse nos conta que após a queda do Muro de Berlim, uma família comunista encontra um bunker cheio de dinheiro prestes a perder o valor. Com a ajuda dos vizinhos, eles embarcam em uma corrida contra o tempo para entrar em grande estilo no mundo capitalista.
Diria que a diretora e roteirista Natja Brunckhorst pegou uma história bem aberta e soube encontrar um estilo mais propício para contar, pois certamente viu a história acontecendo em sua juventude ficou abismada com tudo aquilo rolando, e dessa forma ela acabou trazendo para o lado cômico um vértice bem trabalhado que ao mesmo tempo que surpreende também diverte o público. Ou seja, dava para ser uma trama completamente forte e densa, mas a leveza e a dinâmica que ela encontrou para mostrar os vértices socialistas, comunistas e capitalistas em um mesmo plano ficou beirando o brilhantismo, com sacadas bem marcadas na tela que não dá para acreditar em momento algum que isso aconteceu mesmo. Claro que ela usa a base do cinema alemão que não são comédias que você irá rolar de rir, mas a diversão acontece ao mesmo tempo que está implícita nas dinâmicas, e isso é um show a parte na tela.
No quesito das atuações acostumamos tanto a ver Sandra Hüller em papeis dramáticos e densos, que inclusive a levou a ser indicada ao Oscar e ganhar tantos outros prêmios, que encontrar um tom leve e despojado para ela certamente foi um desafio gigante para a diretora, mas se saiu tão bem com sua Maren que até nem parece a mesma atriz que já vimos em outros filmes. Ronald Zehrfeld num primeiro momento pareceu deslocado com seu Volker, de modo que não pegamos bem a ideia, mas durante a desenvoltura completa do longa ele acaba se jogando com uma personalidade forte, mas com sutilezas gostosas de dar o encontro na tela, ao ponto que funciona com o que faz. Max Riemelt também se jogou por completo com seu Robert, sabendo ser um líder na hora que tinha que ser, mas também alguém com uma linha emocional solta demais para o papel, e assim agrada sem pesar a mão, mas naquele limiar que poderia dar muito errado. Ainda tivemos bons momentos com Ursula Werner fazendo sua Käte cheia de imposição de experiência, Martin Brambach chegando a ser irritante com todo o estilo de seu Lunke, Peter Kurth bem fechado com seu Marke, mas sem dúvida entre todos os secundários quem conseguiu sobrepor por completo diversos momentos importantes foi a garotinha Lotte Shirin Keiling com sua Dini.
Visualmente a trama trabalhou locações bem interessantes desde um complexo habitacional mais pobre, com muitos desempregados, rebeldes e trabalhadores mais humildes, porém espertos, um bunker do governo cheio de caminhos e claro todo o dinheiro antigo deixado para se deteriorar com o tempo, e ainda muitos vendedores de porta em porta, com objetos de todo o estilo no maior capitalismo selvagem possível, sendo engraçado ver todos os carros da época abarrotados de eletrodomésticos e itens de cozinha passando pela alfândega sem fiscalização alguma já que o país está aberto de um lado para o outro, e claro muito dinheiro, inclusive tendo a sacada do "lavar" dinheiro literalmente.
Enfim, é um filme bem bacana para conhecer um pouco de uma história real completamente absurda, e ainda se divertir com a sacada trabalhada pela diretora, que só me incomodou em um detalhe que mesmo tendo algumas canções boas colocadas para as dinâmicas, a trilha sonora original acabou ficando num tom pastelão meio que forçado demais, mas nada que atrapalhe toda a entrega na tela, e claro valendo a recomendação para conferirem na estreia. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Atômica Lab Assessoria e da Synapse Distribution pela cabine, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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