A sinopse nos conta que Grace Pudel é uma garota solitária que coleciona caracóis ornamentais e tem um enorme amor pelos livros. Ainda muito jovem, Grace foi separada do irmão gêmeo, o pirofagista Gilbert, e a partir daí, entrou em uma espiral contínua de ansiedade e angústia. Apesar dessas inúmeras dificuldades, a menina volta a encontrar inspiração e esperança quando inicia uma amizade duradoura com uma idosa excêntrica chamada Pinky, repleta de coragem e desejo de viver.
Apostaria fácil que o diretor e roteirista Adam Elliot vivenciou muito do que entrega na tela com a protagonista, pois é daquelas histórias que você sente o envolvimento acontecendo como se algo ali falasse mais do que apenas com imagens, e isso é algo lindo de se ver, porém também bem forte pela essência completa dos temas tratados, e assim sendo cada elo é tratado com requinte e cheio de vivência, aonde cada quadro tem muitos elementos cênicos incríveis que acabamos apaixonados pelos detalhes e pela composição em si. Ou seja, é mais do que um simples stop-motion tradicional, com elos que vão muito além de algo bonitinho de se ver, mas que amplia a discussão sobre temas difíceis, e claro sobre o que o pôster já diz, que é sair da sua própria concha.
Os personagens na tela são incrivelmente bem desenhados, de modo que Grace mesmo com um ar depressivo tem todo um carisma e um charme fácil de nos conectarmos, aonde Sarah Snook trabalhou as nuances de sua voz para que tudo fosse bem pausado e pontuado, e que mesmo sendo quase um monólogo narrado não cansasse e fluísse na tela. O irmão gêmeo Gilbert tem um ar ainda mais depressivo, com uma pegada mais fechada, porém com um vértice completamente cheio de intensidade, que tendo ainda a família adotiva completamente maluca conseguiu chamar muita atenção para as dinâmicas colocadas. E como já falei deles, a família Appleby é daquelas aonde cada personagem chama na tela para a formatação e para as dinâmicas que entregam, sendo marcante pelo lado religioso e crítico por tudo o que rola na fábrica e atrás dela. A senhorinha Pinky é muito bem elaborada, e ainda brincando com o tema do momento Alzheimer vai além demais com tudo. Entre muitos outros personagens que valeria citar, mas vamos parar por aqui, apenas dizendo que os caracóis e porquinhos da Índia são muito fofos e fizeram bem na tela.
Visualmente o longa é um deslumbre completo, pois conseguir fazer com que tudo tivesse texturas e personalidade na tela, com detalhes e tudo mais sendo criado do zero com a técnica de massinhas principalmente, fotografado quadro a quadro, com elementos incríveis desde a casa da protagonista, a casa aonde o irmão vai morar, a igreja, todos os ambientes cheios de caracóis e maçãs, entre muitos outros símbolos presentes, já começando com uma abertura minimalista com elementos que veremos o filme todo por a protagonista ser acumuladora, ou seja, a equipe de arte mereceu todos os aplausos possíveis.
Enfim, é um tremendo filmaço, que vai muito além de uma animação simples tradicional que estamos acostumados, emocionando e envolvendo na medida, e principalmente fazendo com que pensássemos em tudo ao redor da protagonista e de nossa vida também, só não digo que é perfeito que valeria um final mais coerente a tudo o que vimos ao invés de algo bonitinho, mas ainda assim não é algo que tenha estragado todo o resultado anterior. Então fica a dica para conferir o longa em todos os cinemas do país a partir do dia 05/06, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Mares Filmes pela cabine, então abraços e até amanhã com mais dicas.
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