O longa nos mostra que um esquema do governo faz com que Santosh, uma recém-viúva, herde o trabalho de seu marido como policial nas terras rurais do norte da Índia. Quando uma menina de casta inferior é assassinada, Santosh é puxada para a investigação e começa a explorar seu novo poder, enquanto se envolve em uma teia de misoginia e preconceito.
O mais interessante da estreia em ficções da diretora e roteirista Sandhya Suri é que ela antes como documentarista fez outros longas e curtas em cima da temática do abuso policial, do feminicídio na Índia e até mesmo um estudo de castas, ou seja, trabalhou com temas polêmicos no país antes de juntar tudo em uma obra só que deu uma boa pegada cênica, e claro acabou chamando muita atenção por onde quer que passasse, tanto que em Cannes foi bem visto, no Bafta acabou concorrendo entre grandes nomes, e só não entrou no Oscar por ter sido um ano bem marcante entre os concorrentes estrangeiros. E dessa forma ela mostrou que tem estilo e ousadia, pois certamente muitos no país vão olhar meio que torto para ela, ainda mais que o cinema indiano depende muito de junções de produtoras e investimentos do governo, mas sempre é bom fazer uma boa denúncia dentro do cinema ficcional, que se tudo der errado, fala que foi tudo uma grande invenção, e nesse sentido o acerto da diretora foi perfeito.
Quanto das atuações, a jovem Shahana Goswami foi até expressiva demais para sua Santosh, pois alguns atos como uma policial aprendendo o serviço tinha alguns olhares exagerados demais, com nuances que chegaram a incomodar, mas fazendo alguns traquejos curiosos conseguiu mostrar que quem quer vai atrás, só que muitas vezes não serve para nada, e assim sendo sua entrega funciona bem na proposta, mas dava para ser menos impulsiva de trejeitos. E um bom exemplo de ser mais suave de trejeitos é o que Sunita Rajwar fez com sua Sharma, pois mesmo sendo uma policial experiente e violenta de atitudes, não saiu de sua paz expressiva em momento algum, e isso é saber dosar a espiritualidade na medida para que tudo fosse bem colocado na tela. Quanto aos demais personagens, a maioria dá apenas conexões para as protagonistas, tendo alguns atos bem fortes com o garoto sendo torturado, e outros bem incômodos com os homens da casta superior e alguns policiais que fingiam nem existir a polícia feminina, mas que fizeram bem o que precisavam na tela.
Visualmente a trama foi bem interessante por mostrar os aposentos da polícia ao redor da própria delegacia, vivendo seus dias ali, vemos como uma mulher viúva acaba sofrendo as consequências e opções no país, e claro é mostrado também as vilas mais simples, daqueles que vivem de colheitas com seus donos de castas superiores vivendo do bem bom enquanto os demais ali sofrem, tudo muito sujo e abandonado, entre outros detalhes que já vimos em outros filmes indianos sem serem dos luxuosos ricos.
Enfim, é um filme bem denso, que mesmo sendo um pouco alongado entrega na tela toda a proposta com dinâmicas fortes e chamativas, ao ponto que vale ver tanto por ser algo real que aconteceu e acontece quase que sempre no país, como também para a reflexão do que ocorre mundo afora de forma bem semelhante. Só diria que talvez tenha faltado um pouco mais de emoção para nos envolvermos mais com tudo, mas nem sempre isso ocorre! E é isso meus amigos, fica a dica para a conferida dentro do Looke, que tem uma gama bem grande de filmes (alguns bem estranhos) por um bom preço, ou locando ele nas demais plataformas (Prime Video, Youtube e AppleTV). Eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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