AppleTV+ - Echo Valley

6/14/2025 01:29:00 AM |

Acho interessante quando alguns diretores procuram trabalhar seus longas dramáticos de uma forma intensa, porém sem impactar, o que é uma escolha perigosa, pois pode dar muito errado de não convencer o público da situação toda. E infelizmente foi isso o que acabou acontecendo com o lançamento da semana da AppleTV+, "Echo Valley", pois a trama tinha tudo para decolar com uma dramaticidade pesada e forte, com uma síntese preparada e pedindo um algo a mais, mas tudo acaba ficando tão claro que acabamos esperando acontecer algo próximo do que rolou no fim. Claro que o fechamento foi diferenciado e com algumas boas nuances, mas sabe quando você sente que com pouquíssimas mudanças o diretor poderia ter marcado vários pontos de uma única vez? Mas dessa vez a bola bateu no aro e não entrou, pois faltou esse detalhe para marcar realmente, ficando um filme morno que mostra bem a relação familiar de uma mãe enlutada, com uma filha problemática com drogas, e um traficante sacana pronto para dar seu golpe.

No longa vemos que Kate é uma mãe preocupada em reconstruir a relação com sua filha problemática Claire. Enquanto trabalha treinando cavalos e cuidando de seu rancho isolado na paisagem idílica da Pensilvânia, Kate tenta superar uma tragédia pessoal e se reaproximar de Claire – um desejo que, por razões sombrias e perigosas, torna-se realidade quando a jovem aparece desesperada na porta da casa da mãe coberta de sangue de outra pessoa, tremendo e assustada. Tentando juntar as peças do quebra-cabeça e entender a chocante verdade por trás do que aconteceu, Kate descobre o quão longe pode ir uma mãe para salvar sua filha.

Diria que faltou atitude para que Michael Pearce fosse mais além com o que tinha nas mãos, pois seu filme tem pegada, tem atos marcantes, mas possui muitos buracos para reflexões intimistas do público, o que acaba não imprimindo na tela a opinião sincera do diretor, e isso quando mal trabalhado acaba deixando tudo solto demais, do tipo melhor explicado de um carretel de linha cair no chão com vários nós e ao invés de quem derrubou e viu para aonde foi o melhor caminho para pegar, deixar para que você reflita aonde deve começar para dar um melhor resultado sem precisar cortar tudo. Ou seja, vemos um filme aonde a mãe é problemática, a filha é uma drogada ultra-problemática, e o traficante golpista também é problemático, e cabe a você que é um espectador comum não problemático achar que a solução fácil seria apenas fechar bem na tela. E sendo assim vemos um filme denso, que ao final é necessária uma explicação "bonitinha", para depois vir com um fechamento ok, o que desandou por completo o doce.

Quanto das atuações, gosto do estilo de Julianne Moore de pegar papeis densos e deixar eles parecerem fáceis de se expressar, porém aqui sua Kate ficou naquele meio do caminho que parece faltar desenvolver mais, que tenta ir para frente mas o diretor segura, e assim você não chega a se conectar com toda a entrega que faz na tela, ou seja, tem erros nas duas pontas que davam para serem facilmente corrigidos, e principalmente sem precisar virar uma série para conhecermos mais ela. Uma coisa que achei bem estranha no filme foi a falta de aproveitamento de Sidney Sweeney, pois tem mostrado muito potencial nos filmes que fez, e aqui ficou tão secundária que suas meia dúzia de cenas são apenas jogadas na tela, tendo alguns momentos marcantes, mas sem ousar ou se entregar para o papel de sua Claire. Domhnall Gleeson trabalhou o traficante Jackie com uma imposição bem forte, sendo persuasivo e cheio de bons traquejos, porém é o antagonista da trama, e assim não temos como gostar do que faz em cena. E Fiona Shaw trabalhou sua Leslie com seu estilo solto, sabendo aonde encaixar a emoção e a conexão com a protagonista, e até valeria mais atos dela para que o filme fluísse melhor, mas não ocorreu.

Visualmente a trama mostra um pouco do rancho da protagonista, com seus cavalos nas baias e nos locais de treinamento e aulas, uma casa simples, um celeiro e um grande lago, além da casa da amiga, e uma cidadezinha simples, tendo boas dinâmicas com os atos aquáticos e ao final com muito fogo, porém para um filme da AppleTV+ que tem um brilho imenso, o longa acabou ficando escuro demais, e isso numa TV mais simples vai pesar em vários atos que ninguém conseguirá ver nada.

Enfim, é um filme interessante, com uma proposta bem boa, que com poucos ajustes ficaria incrível, mas da forma que foi entregue não chama tanta atenção, e assim o resultado chega a ser até um pouco cansativo, mas que vale pela entrega da protagonista. Sendo assim, fica a dica para a conferida, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...