O longa se passa na França de 1793, no auge da Revolução Francesa. Charette é um jovem aposentado como ex-oficial da Marinha Real que, há três anos, retornou para a sua casa na Vendéia. Os camponeses sentem sua raiva crescer em busca de mudanças justas e descentes na Corte Real e suplica para que o jovem assuma o comando da rebelião. Charette abraça a ideia e, em poucos meses, o ocioso marinheiro torna-se um líder simpático e habilidoso, principalmente quando trata-se de executar estratégias tão formidáveis. Como um bom líder é aquele que instrui, ele atraí para a sua revolução camponeses, desertores, mulheres, velhos e crianças e juntos formam um exército forte e de peso. A luta pela liberdade está apenas começando, é um caminho árduo a ser trilhado, mas não impossível, uma vez que todos têm o mesmo objetivo.
Como falei no começo, a trama tem uma pegada interessante, mas falta sangue nas batalhas, e talvez esse problema seja um pesar grande que os diretores e roteiristas estreantes em longas Paul Mignot e Vincent Mottez farão o público sentir quando verem o resultado final na telona, pois o trabalho técnico deles foi perfeito, a venda como um filme religioso engrandeceu demais as bilheterias francesas, mas facilmente dava para que fosse muito mais além na tela, pois tudo é forte na tela, a dramatização, o conteúdo e se pensarmos que cabeças estavam rolando nas guilhotinas afiadas, e a maior parte das batalhas foram feitas no estilo de emboscada (a lá Canudos no Brasil, que talvez tenham estudado isso quando fizeram a revolta por aqui), certamente dava para intensificar as mortes para que o filme fosse algo imponente num nível cinematográfico. Claro, friso que é um primeiro trabalho de direção da dupla em longas-metragens, então foram mais contidos, o orçamento não deve ter sido gigantesco também, mas só a ousadia de pegar uma história real de batalha para colocar nas telonas já mostra o potencial deles, então veremos aonde vão chegar futuramente.
Quanto das atuações, a equipe não quis onerar o orçamento com grandes nomes do cinema francês, mas diria que não faltou personalidade para os escolhidos se imporem na tela, de modo que Hugo Becker soube segurar o protagonismo com seu François-Athanase Charette de la Contrie, sendo implosivo de traquejos sem precisar dominar o ambiente todo para si, mas sendo um líder com imposição aonde deveria aparecer com impacto e deixando que os demais o rodeasse para que o filme fosse amplo, ou seja, fez o protagonismo ser seu, mas repartindo os diálogos com todos para que ao seu redor trabalhasse bem o envolvimento todo. E como o longa sempre puxa nossos olhares para o protagonista, chega a ser difícil dar destaque para os demais atores, valendo pontuar um pouco Gilles Cohen com seu
Jean-Baptiste de Couëtus bem marcante como o braço direito do protagonista, e do outro lado Grégory Fitoussi com seu Général Travot determinado a dar fim no mesmo.
Agora sem dúvida alguma o trabalho cênico foi de um primor que chega a bater até alguns grandes nomes da filmografia francesa de longas envolvendo as revoluções do país, mostrando bem os figurinos dos exércitos católicos com seus corações pregados nas roupas, tendo grandes atos com armas versus foices, com ambientes lotados de figurantes mortos ao chão, casas da época e tudo mais, sendo bem representativo e cheio de nuances, com uma fotografia quase puxada para o sépia que deu um tom marcante bem colocado, ou seja, a equipe de arte estudou para fazer o longa, e se usassem um pouco mais de representação nas mortes (sejam elas nas guilhotinas ou nas batalhas) fariam a História em si mais realista e presente na tela.
Enfim, é um filme que levou mais de 300 mil espectadores na França e certamente irá levar um bom público por aqui, afinal sendo lançado como filme religioso é um estilo que tem funcionado. Claro que poderia ter ido muito mais além, pois tinha bala na agulha para isso, e com pouquíssimos detalhes seria algo perfeito na tela, mas que funciona pela entrega em si, e não desaponta dentro da proposta de conhecermos uma guerra tão antiga, mas tão próxima do que anda rolando no mundo atual. Então fica a dica para a conferida a partir do dia 05/06 nos cinemas, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Kolbe Arte pela cabine de imprensa, e amanhã volto com mais dicas, então abraços e até breve.
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