Meu Nome é Maria (Maria) (Being Maria)

5/28/2025 12:16:00 AM |

Para quem não conhece a história polêmica por trás das gravações do filme "Último Tango em Paris" talvez o longa "Meu Nome é Maria" possa ser até um pouco chocante, mas a grande sacada não é mostrar apenas o abuso do ator e do diretor em uma cena não combinada com a atriz Maria Schneider, mas sim ver como ela de papeis minúsculos que fazia por ser filha de um grande ator, acabou caindo nas mãos de um diretor de pompa que se engraçou com ela, e que depois desse filme, todos os diretores só queriam o mesmo tipo de papel para ela, o que a acabou levando para o mundo das drogas. Claro que a intensidade cênica ficou muito bem trabalhada na tela, principalmente por retratarem a visão de sua prima que escreveu o livro que serviu de base para o longa, mas talvez se a trama fosse por rumos para mostrar um pouco mais da mulher Maria, e não apenas da atriz, tudo fluísse para outros rumos, mas ainda assim é um tremendo filme interessante de se envolver, e consegue infelizmente mostrar como muitas mulheres eram apenas usadas no cinema, numa época aonde nada se era revelado, e ainda pagava mal.

A sinopse nos conta que Maria é uma jovem atriz promissora, passando por uma fase de dificuldades. Quando um diretor italiano em ascensão a escolhe para estrelar um novo filme ao lado de Marlon Brando, seus sonhos parecem se concretizar. Mas o que deveria ser uma grande oportunidade, se revela o início de um inferno pessoal. O filme é “O Último Tango em Paris”, e esta atriz é Maria Schneider.

Em seu segundo longa, a diretora e roteirista Jessica Palud não quis ousar para entregar a história do livro de Vanessa Schneider, de modo que o filme flui bem na tela, tem suas perspectivas bem entregues, e claro todo o processo de gravação do longa polêmico e de alguns outros que a atriz trabalhou depois, mas a grande base fica em cima de como um trauma acabou mudando sua vida, sua perspectiva de vida e como passou a enxergar tudo. Ou seja, é daqueles longas aonde você não chega a ver a mão da diretora pesar sobre a história, mas sim os fatos ocorrendo e tudo o que isso acabou influenciando na vida da mulher Maria Schneider, que na época apenas falaram que ela era maluca e que fez tudo por dinheiro, mas que muitos anos depois com o #MeToo tudo foi muito mais escancarado e até queimado de vez as carreiras dos demais envolvidos, que como mostrado na tela e contado pela protagonista, o principal problema nem foi o ato em si, mas sim nenhum dos dois terem pedido desculpas depois da cena.

Quanto das atuações, a jovem Anamaria Vartolomei mostrou mais uma vez por que tem sido chamada para tantos papeis bem colocados, pois sabe ser segura nos olhares sem soar falsa na tela, e aqui fazendo o papel da protagonista Maria Schneider conseguiu envolver tanto na tela que por vezes até esquecemos dos demais que estão em cena, e dosando atos mais explosivos com dinâmicas mais centradas, acabou agradando bastante com tudo o que representou. Foi bacana ver um ator parecer tanto Marlon Brando como Matt Dillon, pois sua representação em cena mostrou que o ator mesmo cheio de galanteios e bons traquejos também não titubeou quando era pra por tudo em cena, e o ator fez com precisão cirúrgica cada ato seu. Ainda tivemos bons momentos com Giuseppe Maggio fazendo o diretor Bernardo Bertolucci com seus semblantes calmos e intensos olhares, e Céleste Brunnquell bem trabalhada com sua Noor, parceira de bom tempo da personagem na época de seu tratamento contra o vício.

Visualmente o bacana da trama foi mostrar bem as gravações de filmes na época com toda a pouca preparação e apenas um pouco de maquiagem para que tudo rolasse de forma crua, vemos alguns atos de nuances do vício, boates, e muito mais dos anos 70, sendo simples de essência, porém bem colocado na tela de forma representativa, tendo claro o ato da manteiga bem expressivo, mas ampliando tudo com boas desenvolturas cênicas para mostrar um pouco dos bastidores do cinema, aonde nem tudo é muito bonito como vemos na telona.

Enfim, é um filme bem intenso, mas que consegue ser representativo sem forçar a barra, entregando para o mundo atual algo do passado que foi marcante, que mesmo gerando um tremendo filmaço para a época, acabou sendo mais falado pela polêmica em si do que pela história, e assim com essa nova obra acaba valendo para conhecer mais da mulher que viveu tudo isso. Então fica a dica para alugar, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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