A sinopse nos conta que com uma doença que pode tirar sua vida a qualquer momento, o documentarista norte-americano Leonard Fife decide dar uma última entrevista, sem filtros, antes que seja tarde demais. Na mansão onde vive com a esposa, em Montreal, ele recebe um ex-aluno e confessa que sua reputação como ícone progressista foi construída com mentiras e meias-verdades. Na presença da esposa que desconhecia passagens obscuras de seu passado, ele comenta sobre sua fuga para o Canadá para evitar ser convocado para a Guerra do Vietnã e revela como usou, traiu e descartou amigos e familiares ao longo de toda sua vida.
Que o diretor e roteirista Paul Schrader tem estilo já sabemos pelos demais outros bons filmes que já fez, e aqui ele não desaponta ao mostrar algo chamativo e cheio de bons atos, que claro tem como defeito o exagero em sínteses confusas para a mente, mas que tendo um fundamento cênico para isso, como é o caso do protagonista, diria que o resultado acaba sendo muito bem acertado. Porém mesmo tendo um elenco chamativo para seus papeis, faltou ao diretor criar um carisma maior com os personagens, pois nenhum deles pega o público para que o defenda. Ou seja, é daquelas histórias que temos um personagem que precisa puxar o público para si, mas que em momento algum acontece isso, e assim ficou algo sem uma solidez cênica para toda a dinâmica incrível que a história tem no fundo de seus encaixes.
E como falei acima, faltou o diretor pegar os atores e jogar mais para seu encontro as dinâmicas na tela, de modo que Richard Gere tem um estilo que todos sabemos bem de mesmo sendo já bem velho, ter um galanteio e uma pegada mais aberta na tela, e aqui fechadão, senil e parecendo até deslocado, não consegue fazer com que seu Leonard tivesse uma imponência marcante. Já a versão jovem do personagem foi até bem entregue por Jacob Elordi, colocando traquejos bem canastrões em muitos atos, em outros fazendo meio que alguém sem rumos com a cabeça pensando a mil, mas sendo solto na tela sem se apegar a entregas maiores acaba não fluindo como poderia, o que é uma pena, pois dava para ser um papel bem marcante na sua carreira. Quanto aos demais, ainda estou procurando Uma Thurman na tela com sua Emma ou até mesmo com sua Glória, pois ficou tão em segundo plano que nem expressar muito conseguiu, da mesma forma Victoria Hill e Michael Imperioli foram enfeites cênicos com seus Diana e Malcolm, sobrando apenas para Zach Shaffer tentar fazer algo a mais com seu Cornel, mas nada que impressionasse, ou seja, faltou aquele algo a mais para chamarem os personagens para a tela.
Visualmente a trama tem muitos ambientes no passado do protagonista, desde a casa dos sogros requintada, com salão de jogos e todo um ar mais impositivo, tivemos também alguns atos no campo, algumas dinâmicas em cinemas, e claro muitas cenas na mansão aonde é gravado a entrevista, com uma iluminação mais fechada, um ambiente quase de morte realmente com tudo bem escuro e apenas um ponto de luz, várias câmeras e claro o protagonista bem senil numa cadeira de rodas, além do último ato na sua cama. Também foi mostrado uma ousada dinâmica do protagonista no alistamento militar, e claro todo o trabalho da fotografia usando diversas técnicas de sombras, cores, preto e branco, desgaste de película com ranhuras, e tudo mais que pudessem bagunçar a mente do espectador.
Enfim, é um filme que tem uma proposta bem boa, principalmente ao mostrar que a vida glamorosa de diretores escondem muitas surpresas e loucuras, principalmente os documentaristas/jornalistas, mas que falhou principalmente em bagunçar de forma exagerada tudo na tela e não dar a possibilidade de maior destaque ou carisma dos personagens em si, de modo que fica estranho não torcer por ninguém em uma "biografia", e assim sendo é daqueles que vale a conferida mais pelo diferencial em si do que pelo resultado final que não acontece como deveria. Então fica a dica para a conferida nos cinemas à partir do dia 05/06, e eu fico por aqui agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Califórnia Filmes pela cabine, e amanhã volto com mais dicas, então abraços e até lá.
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