A sinopse nos conta que uma mulher vestida de preto da cabeça aos pés aparece misteriosamente no jardim da casa de Ramona. Uma tragédia tomou conta de Ramona que, após sobreviver a um acidente de carro no qual perdeu seu marido, precisa agora cuidar sozinha de seus dois filhos, um menino de 14 anos e uma menina de 6 anos. Devastada pelo luto e com uma perna praticamente imóvel e ferida devido a fatalidade, Ramona acredita que a mulher na frente de seu quintal está apenas perdida ou demente. Mas, quanto mais perto ela se aproxima da casa, mais claro fica que suas intenções são outras: pouco pacíficas e bem mais tenebrosas. Essa figura sombria passa as horas declarando mensagens enigmáticas e ameaças assustadoras e perturbando o cotidiano da família. Sem saber os motivos, só resta a Ramona lutar contra essa força espectral e proteger a si mesma e seus filhos, buscando sobreviver a qualquer custo.
O diretor Jaume Collet-Serra é daqueles que sabe aonde quer chegar com seus filmes, e isso é bacana de ver quando ele pega tramas mais densas e não deixa que o público as revele com facilidade, que claro é um jogo duplo, pois pode muito bem se dar muito mal com a maioria que vai conferir e não irá enxergar as diversas camadas na tela, mas por incrível que pareça ele gosta dessa ideologia arriscada até para filmes mais bobinhos, então por que não iria arriscar aonde dá para ir além. E aqui esse jogo que diria até um pouco ambíguo tem traquejos bem abertos para o acerto e também para o erro, pois podemos achar que tudo ali está na mente da mulher, mas como os filhos estariam vendo acontecer, ou então apenas tudo está rolando para o público como uma dupla personalidade, ou ainda qualquer outra coisa que muitos poderão enxergar, e nesse jogo quem ganha é o diretor, e claro os produtores, pois muitos acabarão vendo o longa mais do que uma vez para pegar o gancho, e aí a divulgação ferve.
Quanto das atuações, diria que Danielle Deadwyler tem personalidade e soube fazer de sua Ramona alguém que vai muito além dos pequenos trejeitos e dinâmicas da tela, pois não ficou amarrada nos atos mais fáceis e conseguiu reverter olhares com muita intensidade, o que fez com que raramente a perdêssemos de vista na tela, ou seja, foi a protagonista como se deve fazer. Embora quase que o tempo inteira coberta pelo véu, Okwui Okpokwasili trabalhou sua Mulher com simbologia e imposição, aonde vemos ela segurando bem cada momento na tela, e causando estranheza em alguns atos, deixou para explodir exatamente aonde precisava, chamando muita atenção. Diria que os jovens Peyton Jackson com seu Taylor e Estela Kahiha com sua Annie trabalharam bem as dinâmicas que foram colocados, mas acredito que tenha faltado passar mais olhares de temor em alguns atos, pois por vezes pareceram tão tranquilos como se nada ali estivesse acontecendo, e isso é uma falha grande da direção deixar acontecer.
Visualmente o longa foi muito bem sacado de ser completamente diferente de outros terrores, pois a trama se passa bem de dia, com alguns jogos de sombras bem colocados, uma casa já com várias rachaduras e sem ter acabado a reforma, no meio do nada, com ambientes tradicionais e decorações mais simples, uma mulher plantada na frente da casa com seu véu preto (deve ter quase morrido de calor nas filmagens!), e um sótão aonde brincaram bastante com as iluminações quebradas da lanterna piscando, além de um carro totalmente amassado e um jipe abandonado na garagem, ou seja, tudo bem básico, mas com utilidade cênica total.
Enfim, é um filme interessante e bem feito, que talvez revendo eu sinta outras sensações, mas hoje ele não me pegou tanto, e como disse no começo é um risco desse estilo de terror, mas de forma alguma digo que ele é ruim, muito pelo contrário, pois consegue ser dinâmico e intenso, faltando talvez um pouco mais de força direta na tela para não deixar tudo tão aberto (o que muitos adoram!), então fica como uma dica para ver e se pensar em tudo o que vê além da tela. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.
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