O Retorno (The Return)

9/08/2025 01:23:00 AM |

Um livro que praticamente todo mundo leu na época dos vestibulares da vida é "A Odisseia" de Homero, pois era algo obrigatório, que certamente teriam questões duplas e muito mais, hoje nem sei se ainda os jovens leem ele, mas veremos alguns filmes sobre o tema nos próximos anos, começando por "O Retorno" que basicamente é o final do livro, ou o final da jornada de Odisseu, quando volta para sua ilha dominada por pretendentes à sua esposa, seu filho já adulto e seu pai no final da vida completamente maluco, e o resultado da produção até foi bem fiel no quesito de figurino, de ambiente e da trama da forma colocada, porém faltou atitude e expressividade para os antagonistas, faltou desenvolver melhor eles, e principalmente faltou um ritmo que colocasse a trama para impactar realmente, de modo que ficasse um longa memorável e cheio das nuances, pois a história em si é simples, já foi desenvolvida várias vezes em trechos, mas não coube aos protagonistas aqui convencer na entrega completa. Ou seja, é um filme de um clássico épico, mas que trouxe pouco da época para chamar atenção, e isso pesa na tela, e olha que nem estou falando do excessivo inglês numa Grécia aonde nem se sabiam o que era inglês.

A sinopse nos conta que após 20 anos de ausência, Odisseu volta para Ítaca. Abatido após a Guerra de Tróia e duas décadas guerreando longe de casa, ele encontra um reino em desordem e em uma disputa sangrenta pelo trono. Sua esposa Penélope é feita refém de pretendentes que sonham em tomar o poder e seu filho Telêmaco (Charlie Plummer) enfrenta ameaças de morte dos mesmos gananciosos que buscam tomar conta do reino. Essa é a história da última parte do drama mitológico Odisseia, o clássico da literatura escrita por Homero. O rei Odisseu pode ter finalmente retornado, mas muita coisa mudou desde que ele partiu para lutar. Agora, precisa reconquistar sua família e o que perdeu enquanto redescobre as forças físicas e mentais feridas durante os anos envolvidos em guerras.

Quando em 2015 vi um dos filmes mais belos que já assisti até hoje, "Uma Vida Comum", pelas mãos do diretor italiano Uberto Pasolini, imaginava que veria muito mais obras suas nos anos seguintes, mas praticamente ele desapareceu, tendo mais um longa que nem chegou aos cinemas daqui (mas que já me interessei muito e pus na lista para dar play o mais breve possível), e agora com essa nova obra parece que ele envelheceu não apenas 10 anos, mas sim uns 200, pois é uma trama que falta vida, falta direção, falta desenvolvimento, e isso não é algo comum de um diretor deixar transparecer na tela, que por vezes até pode surgir nos cantos da edição mal feita ou algum traquejo expressivo mal alocado, mas não, seu filme aqui parece um recorte fraco de algo que não desejavam fazer, e isso pesa demais para os ombros de atores tão bons que estão em cena. Ou seja, é a famosa história que até dava para ir mais além, mas que peca em não poder ir além, pois os personagens soltos na tela (quem não os conhecer do livro, não entenderá nada) até podem chamar uma certa atenção, mas nada puxa eles para aquilo, e assim sendo o diretor se faz de omisso, e também não vai além.

Quanto das atuações, Ralph Fiennes é um tremendo ator que ficou muito tempo apagado dentro de uma máscara e que agora voltando a papeis mais densos tem dado um show atrás do outro, ao ponto de que aqui seu Odisseu é intenso e marcante, tem trejeitos bem encaixados, mas parece que foi engolido pelo mar e apanhou de todas as rochas possíveis para vir quase morto para suas cenas, o que não é normal de ver em um ator do nível dele. Da mesma forma Juliette Binoche é daquelas atrizes que você sabe que entregará seu máximo para qualquer papel, e aqui sua Penélope é simples, fechada, sem grandes expressões, e mesmo nos atos mais explosivos não se entregou como poderia, ou seja, faltou algo nesse filme que talvez tenha acontecido de cortes, ou algo que nunca saberemos. Quanto aos demais, o Telêmaco de Charlie Plummer é quase um príncipe fugido que faz caras e bocas, mas leva nada a lugar algum, Claudio Santamaria até trabalhou seu Eumeu de uma forma chamativa, mas o papel é simples e sem impacto na maioria das cenas, e Marwan Kenzari trabalhou seu Antinuo com trejeitos vilanescos, mas sem poder se soltar, ou seja, faltou tudo no elenco da trama.

Visualmente o orçamento da trama também foi bem econômico, o que foi bem ajudado pelos figurinos serem em sua maioria panos apenas cobrindo as partes dos protagonistas, nada muito chamativo, e sem grandes detalhes, tivemos uma Ítaca simples com casebres dos escravos espalhadas pelas florestas, com pedras e poucos elementos cênicos, e até mesmo o palácio ficou bem simples na essência toda, tendo quartos com suas devidas cenas sexuais, e uma arena/pátio bem simples com algumas frutas e alimentos, nada que mostrasse um requinte da Grécia tradicional da época, embora ali a ilha estivesse abandonada. Ou seja, a equipe de arte não brincou com tudo o que poderia da história, e fez apenas o básico para que o orçamento fosse aceitável, sendo uma trama que valeria um trabalho mais imponente, ao menos no sentido artístico.

Enfim, é um filme que se olharmos a fundo tem mais erros do que acertos, que talvez precisasse de um desenvolvimento maior para realmente impactar como deveria, mas que sendo uma parte de uma história bem maior, acaba tendo seus louros também dentro de um contexto fechado, e assim sendo não é algo que seja 100% jogado fora. Então fica a dica para quem não ligar para os devidos problemas que citei, pois como um filme passatempo até serve se não se incomodar com o ritmo lento. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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