O longa nos conta que numa cidade litorânea do Brasil, Kai chega de Taiwan para passar as férias com o coração partido. Um ar-condicionado quebrado faz com que ela entre por acaso na loja onde Fu Ang vende guarda-chuvas. Eles poderiam se tornar amigos, mas a chuva não vem e ele — e sua loja — somem do mapa. Na procura por Fu Ang, Kai conhece um grupo de trabalhadores chineses num arranha-céu luxuoso e se sente misteriosamente conectada com a história de um deles, Xiaoxin.
Diria que a diretora Nele Wohlatz quis criar uma densidade exageradamente poética em cima da história dos trabalhadores, em cima da jovem turista e da garota rica que vive mais com os pobres do que com a tia que comanda tudo, pois a trama dava para fluir melhor e impactar em qualquer um dos três vértices, dava para enxergar o lado mais cru de tudo, mas ficou floreando, ficou sendo artificial para ser real, e com isso o filme parece não ir a lugar algum, de modo que você fica esperando o conflito, esperando um ponto de virada, mas não, apenas temos a vitrine real de cada uma das situações, e ela apenas se descansa quando está junto de outros dos seus, afinal qualquer outro lugar que durmam de olhos fechados serão roubados ou abusados, e assim é a dinâmica no Brasil ou em qualquer lugar que explore seus imigrantes.
Quanto das atuações, o trio de protagonistas até tem boas expressões, mas sendo até um pouco preconceituoso junto com a forma que o longa foi editado, em determinado momento pensei que Kai e Xiaoxin fossem a mesma garota, e isso é um risco muito grande quando trabalham com personagens orientais, e dito isso, posso afirmar que Liao Kai Ro até teve algumas dinâmicas maiores com sua Kai, brincou com algumas facetas rápidas, porém desapareceu durante boa parte do filme aonde focaram nos demais. Chen Xiao Xin trabalhou sua jovem com pensamentos longos, e falando bem pouco deixou que seus ares expressivos apenas vagassem pelas salas, o que é um pouco estranho de ver, mas dentro da ideia da trama até que funciona. E por fim, Shin-Hong Wang deu ao seu Fu Ang o estilo comercial tradicional bem visível de não saber aonde está vivendo, confiando fácil em funcionários rápidos e acabando sofrendo as consequências, trabalhando semblantes interessantes, mas que não soam seguros na tela, e isso peca um pouco na dinâmica.
Visualmente a trama tem um cerne bem colocado, contando com uma boa presença de ambientes, e sabendo ser sutil nos atos mais abertos, mostrando um pouco do prédio aonde vivem os trabalhadores, sendo quase sem nada de detalhes, mostrando a praia, bares, e claro todo o comércio local com as lojinhas dos orientais bem contrastante com as dos locais, tendo o principal elemento cênico os postais aonde a jovem leva para o hotel e vai lendo sobre a vida de sua compatriota.
Enfim, é um longa que é bem feito, que tem sua proposta, mas que dava para ter ido muito mais além, que aí sim impactaria como deveria, mas aparentemente não era a intensão da diretora, e assim ficou dessa forma. Sendo assim diria que recomendo ele com muitas ressalvas, principalmente para quem curte filmes desse estilo de "vida real", pois do contrário não irão se conectar tanto com a ideia. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda confiro mais um longa, então abraços e até logo mais.
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