O longa nos mostra um Brasil distópico possui uma política de exílio forçado contra seus idoso. A ideia é permitir que os jovens possam produzir sem se preocupar com os mais velhos, assim, o governo transfere esse grupo para colônias habitacionais onde eles possam "desfrutar" de seus últimos dias de vida. Entra em cena Tereza, uma mulher de 77 anos que mora numa cidade industrializada na Amazônia. Quando chega sua hora e ela recebe um chamado do governo para abandonar sua casa e residir na colônia, Tereza deseja realizar seu último desejo antes de ser compulsoriamente expulsa de seu lar e enviada para longe. Ela, então, embarca numa viagem pelos rios e afluentes da região, sem imaginar que essa viagem mudará o rumo de sua vida para sempre.
Um diretor que tem trazido longas bem diferenciados nos últimos anos é Gabriel Mascaro, e se o seu último filme foi extremamente polêmico por mexer com a bancada religiosa, aqui ele resolveu polemizar com os idosos e as políticas públicas para esse público, de modo que seu artifício de desenvolvimento foi bem curioso e cheio de nuances, mostrando quase que um road-movie para a protagonista conhecer um pouco mais dela mesma e do mundão escondido no meio da Amazônia, aonde teria jogos diferenciados, pessoas que estão dispostas a dar golpes e denúncias e claro também aproveitadores, mas também tem aqueles que estão dispostos a ajudar e se envolver, aonde o diretor conseguiu ser até bem sensível com toda a proposta da trama, e fez com que seu filme não fosse cansativo nem apelativo, mas sim algo fluido e com uma dinâmica definida aonde o público praticamente viaja com a senhora protagonista, que tenta entender um pouco de tudo o que está vivendo em sua vida, no seu país e com os demais que estão vivendo apenas. Claro que ele poderia ter ousado um pouco mais, mas o resultado funciona e chama atenção, sendo que talvez um final mais marcante colocaria o longa num patamar acima, porém ele preferiu a sutileza, e assim também ficou bonito de ver.
Quanto das atuações, Denise Weinberg segurou sua Tereza com muita personalidade, sabendo pontuar em todos os atos com trejeitos fortes e dinâmicas tão precisas que você acaba se afeiçoando por completo às suas vontades, querendo ver ela voando realmente com seu sonho, e até ficando bravo com tudo o que ocorre ao seu redor, de modo que a artista foi precisa e em momento algum precisou de suporte dos seus parceiros cênicos, fazendo com que o filme fosse praticamente todo seu. Rodrigo Santoro deu nuances interessantes para a "primeira" viagem da protagonista com seu Cadu, mostrando para ela o tal do caracol da baba azul, se mostrando em cena com dinâmicas bem colocadas, mas sem ir a um espectro que pudesse lhe engrandecer na tela, deixando sua presença bem encaixada para todos os demais momentos da personagem, mas sem sobrepor uma vírgula que fosse. Adanilo é um ator que vem sendo bastante usado, e tem mostrado personalidade no que faz, de modo que seu Ludemir até tenta enganar a senhorinha, mas acaba ensinando mais sobre o mundo dos jogos que ela irá usar depois, e o jovem foi simples e bem colocado. E para finalizar o elenco ainda tivemos Miriam Socarras com sua Roberta cheia de traquejos e nuances, sabendo dominar o ambiente com um sorriso amplo, e sendo uma boa parceira para os últimos momentos da protagonista, criando uma sinergia bacana de ver entre elas sem soar forçado nem nada.
Visualmente o longa tem seus momentos estranhos e divertidos com o carrinho da polícia cidadã no melhor estilo das carrocinhas de cachorro, só que com idosos, tivemos todo o lado estranho do embarque para a colônia em algo bem cheio de tradições e claro a crítica social bem colocada nas imagens de um país que valoriza seus idosos, mas a grande base é o passeio pelos rios amazônicos, passando por vários tipos de barcos, vilas e casas, tendo ainda algo que nunca imaginei que veria como uma rinha de peixes, e até bíblias em vidro, ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante para que a loucura do diretor e roteirista fluísse e funcionasse na tela.
Enfim, é um filme que funciona no que propõe a entregar, que como disse se eu não tivesse com tantas expectativas em cima dele, acredito que teria gostado até mais do que vi, porém faltou eu me apaixonar pela essência em si, e assim sendo apenas achei ele algo bom e diferenciado dos padrões, que vale recomendar para enaltecer o nosso cinema, mas que talvez pudesse ter um final melhor e mais impactante para aí sim ser perfeito por completo. Então fica a dica para quem puder conferir, afinal é temos de valorizar o nosso cinema para que ele continue tendo tramas diferentes do usual, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.







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