AppleTV+ - Luta de Classes (Highest 2 Lowest)

9/09/2025 01:45:00 AM |

Diria que sou a pessoa que menos me ouço, ou melhor, leio e sigo o que escrevo, pois toda vez falo para não criarem expectativas antes de assistir determinado filme, aí o que eu faço? O contrário! Desde meu último período de assinatura da AppleTV+, afinal cancelo com alta frequência o streaming já que lá saem muito mais séries do que filmes, tinha visto que estrearia o longa "Luta de Classes" que tinha uma proposta bem interessante, afinal a junção de Denzel Washington e Spike Lee é algo que raramente dá errado, e ainda em cima de uma trama de Akira Kurosawa era com toda certeza de empolgar, ou seja, já coloquei na agenda para lembrar da data, e hoje já fui dar play nele esperando algo chamativo, cheio de nuances e tudo mais. E o que recebi? Um bom filme, não vou negar que seja algo ruim de conferir, mas bem longe do que esperava, primeiro com uma duração de 133 minutos (10 minutos a menos que o original japonês, mas dava para cortar ainda pelo menos mais uns 33 pra ficar com 100 redondo), uma trilha sonora exageradamente cansativa e irritante de fundo, que nada se conecta com a ideia da trama, e uma direção de arte e fotografia com uma pegada oitentista, sendo que o longa se passa nos anos atuais, ou seja, muitos erros que numa pegada dava para limpar e deixar muito melhor. Dito isso, o longa brinca bem com a faceta do original que se chama "Céu e Inferno", e oscila o tempo todo entre o topo e o fundo do poço, com nuances familiares e motes que fazem você pensar em alguns elos, como por exemplo ajudar um amigo quando não é mais o seu que está na reta.

O longa conta a história de um magnata da música chamado David King, conhecido como os "melhores ouvidos do ramo". O milionário é alvo de um plano de resgate que o deixará preso em um dilema moral de vida ou morte. Ele é forçado a agir e dar tudo de si depois que o filho de seu amigo e motorista Paul Christopher é raptado ao ser confundido com o seu filho Trey. King precisará descer do topo luxuoso e privilegiado que conquistou de volta para o asfalto de Nova York para levar a recompensa em dinheiro para o sequestrador e aspirante a rapper Yung Felon.

Não tenho nada contra alguns diretores defenderem seus ideais na tela, desde que não fique exageradamente forçado, e um que chega a ser insistente em seu estilo é Spike Lee, que por vezes insere a pegada negra com facetas tão bem colocadas e funcionais, mas em outras chega a ser apelativo e incômodo até, como ocorre aqui em duas ou três vezes, começando pelo policial branco querer arrumar confusão a qualquer custo enquanto os demais parecem ultra-calmos, depois a rica esposa querer que o filho seja anunciado em algo de uma lista de negros desaparecidos, entre outros atos, que claro poderiam ser muito bem colocados, mas não sendo impositivos. Ou seja, o diretor brincou até que bem com o longa original que é a famosa gangorra de que quando acha que está por cima desce e vice-versa, porém exagerou em situações não muito fluidas, e com isso dava para ter cortado mais para que seu filme ficasse mais dinâmico, mas esse é o estilão de Lee, e assim seu filme até ficou com a sua cara, não sendo impactante quanto poderia, porém não ficando frouxo em críticas, o que acaba agradando de certa forma.

Quanto das atuações, um fator bem marcante foi deixar que o filme fosse de Denzel Washington, e assim seu David King traz consigo características que já o vimos fazer em diversos outros longas, o que é bacana, mas que não traz novas facetas para um ator que é tão expressivo que poderia ter ido ainda mais longe nos traquejos da trama. Ainda tivemos dinâmicas bem colocadas de Jeffrey Wright com seu Paul, tendo algumas nuances meio que discriminatórias, mas fazendo bem uma parceria dentro da essência do papel com o protagonista, porém como também é um ótimo ator, dava para ter trabalhado melhor alguns atos dele. Quanto aos demais, o rapper A$AP Rocky até teve algumas dinâmicas expressivas bem rimadas com o protagonista, mas seu Yung Felon não tem impacto expressivo, e assim o resultado não foi tão imponente quanto poderia, a esposa do protagonista vivida por Ilfenesh Hadera ficou sutil demais, quase sendo um enfeite na sala, e os policiais foram forçados, ou seja, melhor focar só no protagonista mesmo.

Visualmente já reclamei da fotografia dos anos 80, meio que chapada demais, com um filtro que não é tradicional em longas de cidades, de modo que pareceu uma escolha meio ruim do diretor, porém a cobertura do protagonista foi bem representativa, com várias fotos de lendas da música negra, o escritório também cheio de detalhes, e uma gravadora no subúrbio bem representada pelas pichações e intensidades expressivas, e uma festa porto-riquenha completamente desconexa com tudo, que até agora estou sem entender o que o diretor queria expressar ali.

Enfim, é um filme que tinha um potencial maior para atingir, ou eu que sonhei demais com o que parecia entregar, de modo que até vale uma recomendação de conferida, desde que se não espere muito dele, e também tenha calma pela duração alongada, e agora é esperar as outras duas estreias de filmes do mês da plataforma pra fazer jus a assinatura, pois pago já está. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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