O Rei da Feira

9/05/2025 09:46:00 PM |

Costumo dizer que é raro ser surpreendido por filmes nacionais com pegada cômica, pois ou exageram demais para ficar dentro do pastelão forçado ou então acaba virando uma novela que não faz rir ou o pior estilo possível quando recai para o lado de esquetes, mas pelo trailer, "O Rei da Feira", não parecia se encaixar em nenhum desses tipos, então eis que fui conferir para saber qual era a pegada, e cá estou hoje digitando bem feliz com o que vi na telona, pois tem toda uma boa entrega investigativa de um modo bem sacado, sem forçar a barra para fazer rir, e deixando que o longa flua sozinho, tendo dinâmica e principalmente não sendo parecido com nada que já assistimos, ainda mais no cinema nacional. Ou seja, é um filme diferenciado que soube brincar com as facetas que tinha, sem entregar algo necessariamente caro, com pouquíssimas locações, mas que não falha em ser simples, aonde até mesmo as dinâmicas que pareciam ser forçadas se desenvolvem e agradam na tela. Pena que não caiu no gosto popular, pois na sala só tinha eu, pois acredito que muitos outros vão entrar na onda e curtir a entrega.

A sinopse nos conta que quando um feirante é misteriosamente assassinado, entra em cena Monarca, um detetive nada convencional, que mistura seu faro investigativo com dons paranormais... e um certo talento para se meter em confusão. Ao lado do espírito tagarela da própria vítima, o Bode, ele vai encarar uma investigação cheia de barracos, fofocas e revelações no meio da feira mais agitada do Brasil.

O bacana do diretor Felipe Joffily é que estando no meio cômico já há um bom tempo, ele sabe aonde desenvolver mais ou menos cada situação na tela, e conhecendo bem o protagonista também pode brincar com o básico bem feito, mas o que foi mais interessante aqui foi sair do eixo tradicional, pois a trama de Gustavo Calenzani pedia algo que brincasse com o lúdico/paranormal sem que ficasse bobo demais, mas também sem ser sério, e a escolha pelo traquejo social acabou sendo a melhor opção para que tudo chamasse atenção e divertisse sem causar danos morais também. Ou seja, é o famoso pacote que sai do comum, mas que tendo pegada agrada demais na tela.

Quanto das atuações, volto a frisar que quando Leandro Hassum emagreceu aos montes acabou ficando chato, perdendo sua veia cômica, e agora nessa opção de filmes variados, vem voltando para algo que chamasse atenção e agradasse divertindo com uma boa pegada que seu Monarca acaba tendo na tela, sendo intenso e cheio de boas facetas expressivas. Outro que não conhecia, mas que brincou e agradou demais foi Pedro Vagner com seu Bode cheio de boas sacadas, com personalidade nos trejeitos, e que principalmente não deixou que ficasse artificiais os seus momentos, parecendo realmente conhecer desse meio mais interiorano cheio de sotaques, e que sendo um belo incômodo para o protagonista acaba se desenvolvendo na tela e chamando o filme para si a todos momentos. Ainda tivemos outros bons personagens feitos com intensidade por cada um dos atores da trama, mas não tendo algo chamativo em si por suas atuações, e sim mais pela personalidade entregue aos devidos papéis, com destaque para a jovem maluca do necrotério que faz suas lives abrindo os cadáveres e explicando de forma inusitada como aconteceram as mortes.

Visualmente a trama foi bem simples na tela, tendo a base na feira com poucas barracas, mostrando mais a de carnes do protagonista bem rodeadas de moscas, o bar aonde ele come seu almoço deixando a buchada para ser feita, e um velório festivo no melhor estilo do churrascão aonde o investigador interroga os suspeitos da feita, além claro do necrotério, mas tudo sem grandes detalhes ou chamarizes para funcionar mais pelo roteiro em si do que pelos elementos usados, sendo tudo bem moldado para as dicas, e o resultado acabando aparecendo fácil.

Enfim, é algo que realmente não esperava gostar tanto do que vi, que até tem seus leves defeitos, mas que se encaixa tão bem na tela, com uma trilha sonora bem pegada e interessante para dar o clima, que ao final já estamos até bem íntimos dos personagens curtindo a entrega na tela. Então fica a dica para a conferida, e que venham mais filmes diferenciados dentro do nosso cinema nacional, pois já cansamos das mesmices. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas ainda vou conferir mais um longa hoje, então abraços e até logo mais.




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