Netflix - O Cheiro do Ouro (CASH) (Gold Brick)

7/11/2023 10:24:00 PM |

Costumo dizer que alguns filmes entregam algumas loucuras tão irreais que mesmo não colocando a famosa frase de começo "baseado em uma história real" ficamos com aquele cheirinho de "isso já aconteceu de alguma forma, não é possível alguém ter tido uma ideia dessa forma sem saber de algo", e com a história do longa francês da Netflix, "O Cheiro do Ouro", vemos bem toda essa jogada em cima de uma trama criminosa de alguns jovens espertos que veem a oportunidade de dar o golpe em cima de riquinhos que não são seus chegados numa cidade pequena, e quando tudo fica tecnológico conseguem aprimorar ainda mais todo o crime. Ou seja, é daqueles filmes que você vê toda a sacanagem de logística numa grande empresa, aonde o grande articulador vai nos contando toda sua expertise, e também revelando aonde vai mudando as loucuras para ganhar ainda mais, sendo bem trabalhado, tendo um ar cômico bem encaixado, e que talvez sem a quebra da quarta parede seria meio chato, mas ao mesmo tempo incomoda um pouco demais tanta falação em primeira pessoa.

A sinopse nos conta que em Chartres, a família Breuil, à frente de um grande grupo de perfumes, reina na cidade de geração em geração. Ainda em Chartres, mas a anos-luz de distância deste mundo de luxo, Daniel Sauveur não suporta mais a ostentação da riqueza do Breuil e recorre a esquemas mesquinhos para sobreviver. Quando o projeto que planejou com seu amigo de infância é sabotado pelo grupo, ele só pensa em uma coisa: vingança. Ele consegue ser contratado na fábrica da família e convence os colegas a roubar uma parte do estoque. Com o mesmo objetivo em mente: derrubar a dinastia mais poderosa da cidade.

Diria que o diretor e roteirista Jérémie Rozan foi bem inteligente na proposta completa da trama, mostrando a velha faceta de que para alguém que ganha pouco, quando vê a possibilidade de decolar não pensa duas vezes, afinal a ganância é algo presente demais no ser humano, claro que tem alguns que são espertos num nível máximo, e usando essa base criou o protagonista Daniel que praticamente comando o filme contando sua história e de seus amigos. Claro que esse estilo de narração é algo que facilita muito para um diretor para que não seja necessário tanta desenvoltura no roteiro para que o público entenda tudo o que está acontecendo, e é bem válida quando bem usada, porém aqui ele exagerou um pouco na dose, e por vezes alguma sacada que se descoberta pelo espectador chamaria muita atenção, ela já é revelada em seguida pelo protagonista. Ou seja, talvez tenha sido um pouco de falta de experiência em cinema para o diretor, afinal antes só dirigiu comerciais e videoclipes, mas mostrou estilo e certamente se seguir nesse caminho tem futuro, afinal como costumo falar, fazer rir é o jeito mais difícil de estrear no cinema, e ele conseguiu.

Sobre as atuações, diria que Raphaël Quenard tem muito estilo e personalidade, mostrando uma desenvoltura tão bem trabalhada para seu Daniel que por vezes acabamos torcendo pelos seus golpes, e isso não é algo bom, e ele chamou tanto a responsabilidade do filme para si que praticamente nem vemos os outros se destacando na tela, ou seja, praticamente pegou o filme para ele e foi embora. Antoine Gouy trabalhou seu Patrick Breuil com um ar meio que daqueles empresários que tem medo de tudo, que pegaram a empresa do pai andando e depois da morte do pai não sabe nem o que fazer, e seus olhares perdidos disseram tudo, até no lado de não perceber a traição, ou seja, foi bem ousado no traquejo e acabou agradando. Agathe Rousselle fez de sua Virginie a tradicional RH rancorosa que não aceita se rebaixar para o que os donos pedem, e seus trejeitos foram bem dinâmicos para chamar atenção nos atos que está junto dos dois protagonistas, desenvolvendo um bom jogo de cintura que acaba agradando bastante também. Ainda tivemos Grégoire Colin com seu Nougarolis disposto a ser o espertão que acha que vai comprar tudo facilmente sem ser enganado, Youssef Hajdi bem colocado com seu Ange cheio de perspicácia na investigação, e claro Igor Gotesman que faz o melhor amigo do protagonista, porém seu Scania mesmo sendo o cúmplice completo de toda a armação, acabou ficando muito em segundo plano, não aparecendo tanto como poderia para se destacar.

O contexto visual da trama praticamente focou nos atos dentro de uma grande empresa de envasamento e embalagem de perfumes, vemos as máquinas passando com vários frascos e um estoque gigantesco de caixas e paletes, vemos algumas salas de administração, e claro a casa aonde os personagens do roubo fazem suas festas nas sextas-feiras quando recebem o pagamento do roubo da semana, tivemos alguns atos em boates e um armazém secundário em uma fazendo, mostrando que basicamente foram bem simples de tudo, tendo uma ou outra cena em casas, mostrando carrões, mas a base mesmo sendo dentro da fábrica o que deu a nuance toda que a equipe de arte desejou mostrar.

Enfim, é um filme que tem uma boa sacada e uma desenvoltura boa de curtir, sendo algo a mais do que apenas um passatempo, mas dava para terem trabalhado um pouco mais toda a dinâmica para não necessitar tanto da narração e da quebra da quarta parede pelo protagonista a todo momento, que aí sim seria um filme genial. Ou seja, vale o play para vermos pessoas espertas roubando riquinhos que acham que mandam no mundo, e assim fica sendo uma mensagem a mais para quem dar o play. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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