Barbie

7/21/2023 01:02:00 AM |

Realmente minha cabeça estava conflituosa tentando enxergar o motivo do boom de venda de ingressos para o longa "Barbie", pois deixei quase para o último dia antes da estreia para ir comprar e quase fiquei sem, afinal uma maré rosa atacou na pré-venda e hoje nos shoppings praticamente todo mundo estava vestindo rosa, porém desde o dia que saiu o anúncio do filme uma coisa também não entrava na minha cabeça: a diretora Greta Gerwig, afinal seu estilo de tramas é muito mais fechado, com desenvolvimentos mais cabeça, aonde geralmente bate com luvas de pelica no seu público contando com temas difíceis de lidar! Como então juntar essa multidão desesperada pelo filme da boneca mais vendida mundo afora desde que conhecemos bem o mundo (ao menos pessoas que nasceram de 1959 para cá!) com uma diretora de filmes de festivais? E eis que hoje conferindo o longa ficou nítido que a escolha foi perfeita, pois o longa tem comicidade, tem todo o visual de boneca, vemos exatamente tudo o que eram as bonecas e as brincadeiras, vemos os diversos tipos que foram feitos para agradar todo tipo de público, mas também vemos muito drama na tela, com uma trama tão atual, moderna e precisa, que não necessitou apelar uma vírgula para chamar o público, aliás o marketing veio tão pronto que todas as empresas aonde você passa você vê rosa de forma "gratuita" e assim sendo não tem quem não verá algo sobre o filme. Ou seja, é um filme de premiações, podem escrever a quantidade de indicações vão surgir de tudo quanto é canto, mas também é um filme gostoso, emocional, divertido, cheio de sacadas que dá para curtir numa sessão, então compre sua pipoca rosa, e vá refletir sobre o mundo da mulher moderna, sobre o patriarcado, sobre vida/morte e claro, bonecas!

No longa acompanhamos o dia a dia em Barbieland - o mundo mágico das Barbies, onde todas as versões da boneca vivem em completa harmonia e suas únicas preocupações são encontrar as melhores roupas para passear com as amigas e curtir intermináveis festas. Porém, uma das bonecas começa a perceber que talvez sua vida não seja tão perfeita assim, questionando-se sobre o sentido de sua existência e alarmando suas companheiras. Logo, sua vida no mundo cor-de-rosa começa a mudar e, eventualmente, ela sai de Barbieland. Forçada a viver no mundo real, Barbie precisa lutar com as dificuldades de não ser mais apenas uma boneca - pelo menos ela está acompanhada de seu fiel e amado Ken, que parece cada vez mais fascinado pela vida no novo mundo. Enquanto isso, Barbie tem dificuldades para se ajustar, e precisa enfrentar vários momentos nada coloridos até descobrir que a verdadeira beleza está no interior de cada um.

Na minha humilde opinião ainda o melhor roteiro de Greta Gerwig e Noah Baumbach é "Frances Ha", porém hoje a dupla mostrou muito mais segurança na desenvoltura, tanto que é sem dúvida a melhor direção de Greta, e olha que muitos são apaixonados por "Lady Bird - A Hora de Voar" e "Adoráveis Mulheres", mas qual a principal mudança aqui em relação aos demais? Simples, pararam de olhar apenas para o umbigo como é o caso de muitos longas de festivais, e abordaram um estilo comercial audacioso que mesmo tendo tudo para explodir como apenas um besteirol, acabou virando uma obra-prima, que até tem defeitos, mas que brilha a narração, brilha os personagens, brilha a reflexão, e como um globo gigante de luz e muito glitter, brilha a história inteira, sendo algo acessível para todo tipo de público, pois mesmo os que não entenderem nenhuma das alfinetadas do texto, irão sair felizes com o que viram, outros irão lavar as salas se vendo no encontrar seu mundo, e alguns vão entender tudo e pensar mais sobre aonde queriam chegar com uma boneca que "agrade a todos". Ou seja, Greta pegou seu texto e de Noah, aonde tiveram liberdade criativa 100% respeitada pela Mattel, dona dos direitos da boneca, e brincou com tudo o que poderia, sendo incisiva, forte e bem colocada, aonde certamente se antes era apenas vista como uma diretora indie, agora vai estar na boca e nas mãos de todos os produtores comerciais, afinal depois dos vários fracassos de bilheteria que a Warner teve esse ano, precisou uma boneca salvar o estúdio.

Sobre as atuações, é fato que não existia ninguém melhor que Margot Robbie para fazer a Barbie estereotipada, ou principal no caso da trama aqui, pois todos os trejeitos se encaixam na atriz, ela fez olhares e gestuais perfeitos para cada momento, deu um tom harmonioso nos movimentos, e se encaixou como nunca em outro papel, chamando atenção para si sem ofuscar os demais, dando liberdades, e entregando tudo o que a personagem precisava para se destacar também, ou seja, foi incrível e assim como a narradora diz em determinado momento da trama: "não tem como ela ficar feia!". Os pôsteres, os trailers e tudo mais dizia: "Ele é só o Ken", mas não, ele é Ryan Gosling que deu tanta personalidade, tanta dinâmica e tanta atuação para o papel, que seus atos chegam a impressionar e até sobressair a protagonista em alguns momentos, de forma que se entregou com trejeitos fortes e marcantes, fazendo tudo e mais um pouco para um papel que se fôssemos olhar a fundo era para ser um mero enfeite cênico, mas com certeza vai lhe garantir algumas indicações, pois fez muito em cena, e brilhou, inclusive cantando. Quanto aos demais Kens e Barbies, vale destacar Simu Liu como principal oponente de Gosling, fazendo um Ken oriental bem marrento e cheio de dinâmicas, e claro Kate McKinnon como a Barbie estranha, mas cheia de nuances reflexivas bem encaixadas e acertando em cheio com tudo o que faz. Ainda tivemos atos bem encaixados dos humanos vividos por America Ferrera com sua Gloria dando a letra no diálogo mais contundente da trama aonde explica para as bonecas o que é ser uma mulher, Will Ferrell como CEO da Mattel bem maluco, e alguns atos bem chamativos de Michael Cera com seu Alan. Vale ainda uma rápida menção para as duas homenagens à criadora da boneca, Ruth Handler, que morreu em 2002, e aqui meio que dão uma jogada com uma senhorinha em um banco vivida pela estilista Ann Roth, e no final temos Rhea Perlman interpretando a verdadeira Ruth dando conselhos para a boneca. Isso sem falar na brilhante narração de Helen Mirren, perfeita no tom das sacadas!

O visual da trama é brilhante, trazendo uma Barbieland completamente rosa, com elementos cênicos clássicos, ótimas sacadas nas desenvolturas dos objetos, comidas, carros e tudo mais como se fossem pessoas brincando com as bonecas todo dia da mesma forma, tivemos a introdução no estilo que já tinha sido mostrado no trailer fazendo a referência à "2001 - Uma Odisseia No Espaço", e claro um mundo real conflituoso, cheio de visões aonde o Ken se encontra com um mundo menos rosa, e claro depois tudo o que ele transforma na Barbieland, ou seja, a equipe de arte foi brilhante com tudo bem usado, parecendo realmente plástico para todos os lados, e junto da equipe de maquiagem e figurino fez praticamente todas as versões possíveis de Barbie dos mais diferentes tipos para aparecer na tela.

A trilha sonora escolhida encaixou perfeitamente com cada momento do filme, tendo atos com os personagens cantando, e em outros apenas ditando o ritmo, e dessa vez quem quiser ter em mídia física fizeram até um site apenas para o álbum, ou seja, o marketing está violento, e o link para as compras está aqui, e para quem quiser apenas ouvir pode clicar aqui.

Enfim, é um filmaço de primeira linha, que como disse no começo diverte demais quem entrar no clima, tem boas sacadas, tem ritmo, e tudo mais, só colocaria como único defeito o fechamento que ficou bom, mas talvez valeria brincar um pouco mais além, mas não atrapalha de forma alguma, e certamente veremos tanto a bilheteria explodir, quanto a equipe sendo indicada para muitas premiações, então é aguardar, e também ficar ligado com o que virá pela frente da Mattel, pois eles já tem planos para adaptar muitos outros brinquedos! E é isso meus amigos, recomendo muito para todos o longa, não acredito que a criançada vá pegar todas as referências, e principalmente curtir tudo da tela, mas fica a cargo dos pais levar para já aprenderem um pouco sobre o mundo moderno. Eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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