Na minha humilde opinião ainda o melhor roteiro de Greta Gerwig e Noah Baumbach é "Frances Ha", porém hoje a dupla mostrou muito mais segurança na desenvoltura, tanto que é sem dúvida a melhor direção de Greta, e olha que muitos são apaixonados por "Lady Bird - A Hora de Voar" e "Adoráveis Mulheres", mas qual a principal mudança aqui em relação aos demais? Simples, pararam de olhar apenas para o umbigo como é o caso de muitos longas de festivais, e abordaram um estilo comercial audacioso que mesmo tendo tudo para explodir como apenas um besteirol, acabou virando uma obra-prima, que até tem defeitos, mas que brilha a narração, brilha os personagens, brilha a reflexão, e como um globo gigante de luz e muito glitter, brilha a história inteira, sendo algo acessível para todo tipo de público, pois mesmo os que não entenderem nenhuma das alfinetadas do texto, irão sair felizes com o que viram, outros irão lavar as salas se vendo no encontrar seu mundo, e alguns vão entender tudo e pensar mais sobre aonde queriam chegar com uma boneca que "agrade a todos". Ou seja, Greta pegou seu texto e de Noah, aonde tiveram liberdade criativa 100% respeitada pela Mattel, dona dos direitos da boneca, e brincou com tudo o que poderia, sendo incisiva, forte e bem colocada, aonde certamente se antes era apenas vista como uma diretora indie, agora vai estar na boca e nas mãos de todos os produtores comerciais, afinal depois dos vários fracassos de bilheteria que a Warner teve esse ano, precisou uma boneca salvar o estúdio.
Sobre as atuações, é fato que não existia ninguém melhor que Margot Robbie para fazer a Barbie estereotipada, ou principal no caso da trama aqui, pois todos os trejeitos se encaixam na atriz, ela fez olhares e gestuais perfeitos para cada momento, deu um tom harmonioso nos movimentos, e se encaixou como nunca em outro papel, chamando atenção para si sem ofuscar os demais, dando liberdades, e entregando tudo o que a personagem precisava para se destacar também, ou seja, foi incrível e assim como a narradora diz em determinado momento da trama: "não tem como ela ficar feia!". Os pôsteres, os trailers e tudo mais dizia: "Ele é só o Ken", mas não, ele é Ryan Gosling que deu tanta personalidade, tanta dinâmica e tanta atuação para o papel, que seus atos chegam a impressionar e até sobressair a protagonista em alguns momentos, de forma que se entregou com trejeitos fortes e marcantes, fazendo tudo e mais um pouco para um papel que se fôssemos olhar a fundo era para ser um mero enfeite cênico, mas com certeza vai lhe garantir algumas indicações, pois fez muito em cena, e brilhou, inclusive cantando. Quanto aos demais Kens e Barbies, vale destacar Simu Liu como principal oponente de Gosling, fazendo um Ken oriental bem marrento e cheio de dinâmicas, e claro Kate McKinnon como a Barbie estranha, mas cheia de nuances reflexivas bem encaixadas e acertando em cheio com tudo o que faz. Ainda tivemos atos bem encaixados dos humanos vividos por America Ferrera com sua Gloria dando a letra no diálogo mais contundente da trama aonde explica para as bonecas o que é ser uma mulher, Will Ferrell como CEO da Mattel bem maluco, e alguns atos bem chamativos de Michael Cera com seu Alan. Vale ainda uma rápida menção para as duas homenagens à criadora da boneca, Ruth Handler, que morreu em 2002, e aqui meio que dão uma jogada com uma senhorinha em um banco vivida pela estilista Ann Roth, e no final temos Rhea Perlman interpretando a verdadeira Ruth dando conselhos para a boneca. Isso sem falar na brilhante narração de Helen Mirren, perfeita no tom das sacadas!
O visual da trama é brilhante, trazendo uma Barbieland completamente rosa, com elementos cênicos clássicos, ótimas sacadas nas desenvolturas dos objetos, comidas, carros e tudo mais como se fossem pessoas brincando com as bonecas todo dia da mesma forma, tivemos a introdução no estilo que já tinha sido mostrado no trailer fazendo a referência à "2001 - Uma Odisseia No Espaço", e claro um mundo real conflituoso, cheio de visões aonde o Ken se encontra com um mundo menos rosa, e claro depois tudo o que ele transforma na Barbieland, ou seja, a equipe de arte foi brilhante com tudo bem usado, parecendo realmente plástico para todos os lados, e junto da equipe de maquiagem e figurino fez praticamente todas as versões possíveis de Barbie dos mais diferentes tipos para aparecer na tela.
A trilha sonora escolhida encaixou perfeitamente com cada momento do filme, tendo atos com os personagens cantando, e em outros apenas ditando o ritmo, e dessa vez quem quiser ter em mídia física fizeram até um site apenas para o álbum, ou seja, o marketing está violento, e o link para as compras está aqui, e para quem quiser apenas ouvir pode clicar aqui.
Enfim, é um filmaço de primeira linha, que como disse no começo diverte demais quem entrar no clima, tem boas sacadas, tem ritmo, e tudo mais, só colocaria como único defeito o fechamento que ficou bom, mas talvez valeria brincar um pouco mais além, mas não atrapalha de forma alguma, e certamente veremos tanto a bilheteria explodir, quanto a equipe sendo indicada para muitas premiações, então é aguardar, e também ficar ligado com o que virá pela frente da Mattel, pois eles já tem planos para adaptar muitos outros brinquedos! E é isso meus amigos, recomendo muito para todos o longa, não acredito que a criançada vá pegar todas as referências, e principalmente curtir tudo da tela, mas fica a cargo dos pais levar para já aprenderem um pouco sobre o mundo moderno. Eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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