Fogo Fátuo / Fantasma Neon

7/15/2023 06:50:00 PM |

É tão raro aparecer produções musicais brasileiras e portuguesas que quando as distribuidoras acham dois exemplares sendo um curta e um média metragem, a melhor forma de entregar é uma sessão conjunta aonde ficamos com um longa completo, e isso é o que vai ocorrer a partir da próxima quinta 20/07 em alguns cinemas do Brasil que exibirão o curta nacional "Fantasma Neon" juntamente do português "Fogo-Fátuo" que usam do estilo musical para desenvolver suas histórias bem diferentes, mas que possuem alguns elos comuns. Quanto do nacional, diria que a história dos entregadores acaba sendo bem imponente, pois é algo hoje que já marcou o país, que durante a pandemia foram os que mais trabalharam para que o país não parasse por completo, e mostra tudo o que sofrem nas ruas e nas entregas, porém trabalhado de uma maneira interessante que é através da dança, do canto e tudo mais que acaba deixando o ar mais leve e cheio de nuances. Já a trama portuguesa é mais complexa, pois ousa colocar um jovem burguês ou da realeza como deu para entender que deseja ser bombeiro para salvar as árvores reais que sofrem com as queimadas, só que vai para um corpo de bombeiros bem fogoso que trabalha com outras matas, isso mostrando com duas vertentes de época que acaba soando um pouco estranha de ver, mas as músicas grudam bem na cabeça e ficamos cantarolando depois.

A sinopse de "Fogo-Fátuo" nos conta que em 2069, ano talvez erótico – logo veremos –, mas fatídico para um rei sem coroa. No seu leito de morte, uma canção antiga o faz rememorar árvores, um pinhal ardido e o tempo em que o desejo de ser bombeiro para libertar Portugal do flagelo dos incêndios foi também o despontar de outro desejo.

Já a sinopse de "Fantasma Neon" nos mostra um entregador de aplicativo que sonha em ter uma moto. Disseram a ele que tudo seria como um filme musical.

Diria que ambos os diretores, o português Joao Pedro Rodrigues e o brasileiro Leonardo Martinelli, conseguiram mostrar bem a essência e o seu estilo de trabalho, mesmo ousando numa linguagem diferente de tudo que é a musical, sendo que o português deu nuances mais fechada no encontro dos corpos, nas desenvolturas e tipos de membros, enquanto o brasileiro focou mais na crítica social, na vida romanceada do "empreendedor moderno" como alguns chamam os entregadores de aplicativo, de tal forma que o resultado final funciona bem, mas confesso que me apaixonei mais pelo curto e direto nacional do que o lado enrolado e estranho do português, pois o longa de Rodrigues você assiste, se envolve, mas não consegue enxergar realmente nem o motivo de ter feito a história no formato, nem realmente sobre o que ele queria mostrar com sua história, e mesmo funcionando bem, acaba sendo apenas um exagero de corpos se pegando, enquanto a trama de Martinelli ousa falar mais com nossa cultura realmente, traz um elo seco com a crítica e brinca de uma forma tão sutil com tudo, que até mesmo com as danças acaba fluindo melhor do que parecia, e isso acaba sendo brilhante.

Quanto das atuações, no curta nacional tivemos Dennis Pinheiro e Silvero Pereira num misto de balé urbano com ópera ao céu aberto que acaba mostrando os bons tons de suas vozes com danças bem coreografadas junto de dançarinos clássicos e de passinhos, brincando com o texto e funcionando de forma bem marcante. Já no média português tivemos Mauro da Costa e André Cabral em nuances bem colocadas de seus Alfredo e Afonso tendo atos mais pegados e outros mais romanceados, trabalhando bem olhares e gestuais, e tendo algumas danças bem marcantes e intensas que funcionam na tela, já os demais personagens foram bem forçados e estranhos, então é melhor nem entrar em detalhes.

Visualmente o português mostra de início as árvores gigantes de uma floresta, uma família rica comendo no luxo enquanto vê no noticiário as várias queimadas que assolam Portugal destruindo tudo, logo depois vamos para um quartel de bombeiros meio que quase saído de um filme para adultos e fecha com um velório com pessoas usando máscara em 2069 por morte por COVID (será o que o diretor está prevendo novos surtos???). Já o nacional mostra muitas bicicletas pelas ruas, as mochilas tradicionais de delivery, ambientes com pessoas reclamando da comida entregue enquanto os entregadores passam fome, vamos para um teatro, vemos instrumentos de sopro como se fossem armas, ou seja, uma alegoria bem dupla para contrastar.

Enfim, diria que quem for conferir ambos os filmes nas sessões vão ter experiências diferentes dentro do estilo musical, sendo algo bem contrastante e também exótico, que dá para se discutir bastante, então digo que recomendo com algumas ressalvas, pois o português não é um filme para todo tipo de público, sendo que alguns vão ficar meio que incomodados com a quantidade de órgãos na tela, já o nacional tem força e sem dúvida vale muito a conferida. Então fica a dica e eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: A nota para o português será 5, já o nacional vale um 8, então aqui embaixo vou colocar a média dos dois que será a nota da sessão dupla.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...