Máquina do Desejo - 60 Anos do Teatro Oficina

7/17/2023 11:34:00 PM |

Não costumo trazer muitas dicas de documentários aqui no site, principalmente por gostar mais da ficção, de sair da vida comum e ver coisas que possam florear a mente, afinal costumo dizer que a vida real é algo que vemos todos os dias e se torna chata. Mas quando boas propostas chegam para conferir com certeza indico, e eis que com um esforço gigante de vários cineastas e muito material bruto, "Máquina do Desejo", acabará sendo obra obrigatória para todos os amantes de teatro do país, para que conheçam toda a trajetória de Zé Celso e o teatro por onde passaram grandes nomes das artes, por onde sobreviveu o teatro durante a ditadura, e tudo o que passou nas brigas de um lugar tombado historicamente pelo desejo de compra dos vizinhos de terreno. A trama traz muito envolvimento, mostra vários atos de peças, imagens que sabe-se lá como foram gravadas que com muita pesquisa conseguiram trabalhar para desenhar esse filme, que sabemos que tem muitos que são contra ao estilo, mas que chama tudo para si e consegue marcar.

A sinopse nos conta que em mais de seis décadas, o Teatro Oficina faz mais que revolucionar a linguagem teatral no país: a influência estética da companhia de José Celso Martinez Corrêa estende-se da invenção do Tropicalismo à renovação das linguagens audiovisuais, performáticas, arquitetônicas, musicais brasileiras e muito mais a partir dos anos 1960 até hoje. O filme revisita uma história que envolve personalidades como Caetano Veloso, Glauber Rocha e Lina Bo Bardi, dissolve barreiras entre teatro, ecologia, arquitetura e sexualidade, e mistura arte e vida na eterna busca de uma linguagem verdadeiramente brasileira.

Diria que os diretores, roteiristas e montadores Joaquim Castro e Lucas Weglinski foram bem centrados para mostrar um pouco de tudo, afinal 60 anos de história certamente tiveram coisas boas e ruins, muitos acontecimentos e material aos montes para analisar, e conseguiram transmitir bem uma linha temporal com virtudes bem encaixadas e estilos importantes para toda a trajetória do teatro em si, e claro por consequência de Zé Celso, aonde vemos desde a primeira peça "Os Pequenos Burgueses", todo o estouro que foi com "Rei da Vela" e "Roda Viva", o polêmico "A Vida de Galileu" bem na instauração do AI5 no país, um pouco das filmagens na África durante os períodos de independência de alguns países, todo o conflito em 79 com Silvio Santos comprando todo o quarteirão e querendo inclusive o prédio do teatro, a primeira montagem de "Os Sertões", "Bacante", "Ham-Let", "Cacilda" até chegarmos na última montagem de "Os Sertões", entre outros, claro além de mostrar como foi a concepção maluca do visual e da estrutura aonde o público praticamente vira parte das peças. 

Ou seja, são poucos atos se falarmos de todo esse tempo de material, mas teve uma boa linha temporal e uma estrutura que não cansa em momento algum, a narração usada com as entrevistas de cada época dão toda a nuance, não parecendo algo feito propriamente como acontece naturalmente em muitos documentários, mas sim a vida do teatro rolando, e só isso já faz valer a conferida. Então vá conferir, conheça mais sobre os vários nomes que circularam por lá, e mantenha viva a história do Teatro Oficina. O longa estreia dia 19 em vários cinemas do país, e vale muito a sessão. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.

PS: O motivo para não dar nota máxima é que eu queria mais do filme, achei que em 110 minutos foram muito sucintos para 60 anos, mas como sei que foi acelerado para a estreia, o resultado ficou bem bom!


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