Amazon Prime Video - Sardar Udham

7/16/2023 08:59:00 PM |

Muitas vezes vocês leem nos meus textos que falo que um bom filme é aquele que consegue desenvolver os personagens ao ponto de ficarmos íntimos deles, para que possamos torcer ou até entender tudo o que fez para ter a necessidade de um filme sobre sua história, isso seja uma trama biográfica ou até mesmo um personagem imaginário, pois é cansativo não saber nada sobre o que estamos vendo, e quando um diretor consegue botar toda a essência que criou em sua mente sobre o personagem, passando isso para que o ator entre no clima e faça o mesmo, não tem como dar errado. Também já falei algumas vezes que não sou muito fã do cinema indiano, ou melhor, não era, pois começou a aparecer sugestões bem interessantes por aqui, e quem sabe aumente a gama de filmes para ver. O que quero dizer com esse começo alongado é que o longa indiano da Amazon Prime Video, "Sardar Udham", trabalha de uma forma bem imponente a vida de um revolucionário (vou colocar assim, que esse foi seu último desejo!) que se vingou, com um plano bem articulado, porém não tão eficiente, a matança que os britânicos fizeram na Índia em 13/04/1919, sendo daqueles filmes bem densos, cheios de personalidade, aonde o protagonista domina bem todos os atos e entrega muito na tela. O único adendo que faria para não ser um filme perfeito é que ele é muito lento e longo, sendo que seus 163 minutos pareceram quase que um dia inteiro conferindo ele, mas do restante é tenso e muito bem trabalhado e produzido.

O longa nos leva para 1919, o ressentimento contra os britânicos estava crescendo em Punjab. No início de abril, o Tenente governador de Punjab, Michael O'Dwyer decidiu 'restaurar a ordem' na cidade problemática de Amritsar. No fatídico dia 13 de abril, mais de 20.000 pessoas desarmadas se reuniram em Jallianwala Bagh. O general Dyer chegou ao bagh com tropas armadas. Aproximadamente 1650 balas foram disparadas em 10 minutos. Foi um banho de sangue! Com apenas 20 anos na época, Udham Singh, ficou profundamente marcado por este massacre. Em 1931, Udham escapou da Índia e abriu caminho para as montanhas de Afeganistão, finalmente chegando a Londres pelo mar em 1933-34. Em Londres, ele passou os 6 anos mais decisivos de sua vida, para reacender a revolução iniciado por seu guru, Bhagat Singh, esperando pacientemente, para vingar o Jallianwala Bagh tragédia, para matar o homem no comando dos negócios em Punjab, Michael O'Dwyer. E nessa busca obstinada, alegremente sacrificou sua vida.

Diria que o diretor Shoojit Sircar trabalhou bem a trama que lhe foi entregue, desenvolvendo uma super-produção de época, colocando muito envolvimento nos diálogos, mostrando tanto atos de fuga quanto atos de enfrentamento, aonde o público praticamente vivencia os atos do protagonista durante 21 anos, não sendo algo simples e direto, mas tendo os devidos cortes, as devidas torturas, e principalmente sem economizar em atos fortes, que dava para serem minimizados, mas a estrutura da trama pedia, e ele não deixou barato. Ou seja, vemos uma trama bem intensa e dramática, aonde o protagonista segura bem toda a encenação de época, cria o devido carisma no público, e o resultado acaba indo além de algo apenas comum, mas sim uma biografia marcante e cheia de dinâmicas. E aí entra o famoso problema, que como é uma produção gigantesca, diretores ficam com muito medo de cortar sua obra e perder detalhes, de tal maneira que dava para o filme ser reduzido em uns 20-30 minutos com muita facilidade, mas não passaria a mesma densidade cênica, então assista descansado e veja a obra por completo.

Sobre as atuações, o protagonista Vicky Kaushal domina o longa com muita personalidade e também muitos visuais diferentes, afinal a trama mostra 21 anos do protagonista, e assim temos desde barba grande até cabeça raspada, mas sem mudar mesmo o olhar explosivo que por vezes se acalmava para não expressar tanta força, mas em seguida vinha cravando tudo, e o ator soube dosar muito esse seu estilo, criando desenvolturas boas para cada momento, e mantendo ainda a síntese completa, isso sem falar nos atos de tortura, aonde mostrou muita força expressiva e marcou bastante na tela. Ao longo de toda a trama tivemos muitos personagens marcantes, mas valem mesmo os destaques de Shaun Scott e Andrew Havill como Michael O'Dwyer e General Dyer respectivamente, pelas falas fortes e diretas em cima do primeiro querendo a volta do colonialismo de forma mais impositiva, e o segundo por ir preparado para uma guerra sem que os demais fossem revidar, sendo bem fortes no jeito de se imporem, mostrando muito na tela. Ainda tivemos Stephen Hogan como o investigador bem colocado que conseguiu saber mais do protagonista, e também Kirsty Averton como a líder dos movimentos na Europa que ajudou o protagonista com muitos contatos, sendo bem direta e marcante.

Visualmente a trama foi muito bem desenvolvida também, tendo atos nas ruas de Londres, mostrando uma prisão bem pequena, salas de tortura marcantes aonde vemos muitos aparelhos e aparatos para tentar fazer o protagonista falar, atos na neve, um julgamento de cartas marcadas num tribunal também bem moldado, várias casas simples aonde o personagem vai para conversar com pessoas dos partidos, tudo bem detalhado para ficar realista, cheio de figurinos de época e tudo mais, mas sem dúvida os atos mais fortes ficaram para o massacre de 1919, aonde vemos todo o tiroteio, os corpos se amontoando, o protagonista correndo para levar as pessoas para os hospitais, partes dos corpos destrinchados, e tudo depois em um ângulo aonde usaram muitos figurantes e símbolos que deram o tom da trama.

Enfim, é um filme que funciona bastante dentro da proposta de mostrar um personagem marcante dentro da História da Índia, vemos atos de época bem trabalhados e o resultado acaba sendo um filme que vale muito o play, mas dou a recomendação de ver sem estar cansado, pois já frisei isso algumas outras vezes, e é bem longo e lento, dando as nuances certas para cada momento. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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