Globoplay - Observador (Watcher)

7/18/2023 10:20:00 PM |

Costumo falar que um bom longa de suspense tem de criar toda uma tensão que amarre o espectador, mas alguns exemplares exageram na dose, fazendo com que o público por vezes até se irrite com a demora em acontecer algo realmente que impacte, e isso não é ruim, claro desde que a proposta final entregue algo que valha a pena, pois se acabar do nada, ou ser algo que tenha feito o espectador completamente de idiota não vai rolar, mas hoje felizmente não foi o dia disso, pois o longa romeno "Observador" demorou quase 85 minutos dos 96 totais de duração para algo imponente acontecer, mas é um fechamento digno de quem esperou o filme inteiro, então entre no clima, e espere, pois a trama entrega bastante, e todas as deixas são marcadas por algo que vai deixar você sempre na dúvida, e a cena do trem é incrível, então assista e aguarde.

A sinopse nos conta que Julia abandonou a carreira de atriz para ir com o marido para um novo país. Ele conseguiu um emprego no país de onde veio. Indo atrás do marido, Julia acaba por se sentir deslocada e frequentemente sozinha, isso até que uma noite ela vê pela janela uma estranha figura no prédio a frente do dela. Ela pega a figura também olhando de volta a ela. Ela ignora. Em outro dia ela vai a um cinema local para assistir a um filme, mas o sentimento de estar sendo vigiada aumenta e começa a ter certeza que está sendo seguida por alguém. Será que essa figura é o assassino chamado The Spider? Ou simplesmente o mesmo vizinho que ela viu na outra noite? Talvez, ela esteja ficando louca.

Diria que a diretora e roteirista Chloe Okuno foi muito precisa nos movimentos de sua trama para deixar o público com a mesma dúvida da protagonista, se prendendo por completo na tensão e até se assustando com elementos bobos que não acontecem nada, e isso é saber fazer o suspense durar, pois facilmente a trama dava para cortar uns 20 a 30 minutos que não perderia muita coisa, mas não criaria a tensão, a raiva e tudo mais que acaba acontecendo conosco conforme parece estar chegando ao final e nada rolou. Ou seja, é um filme que muitos vão reclamar horrores de tudo, mas o resultado simples e bem eficiente funciona demais, criando uma síntese maior para tudo, e não impactando ou assustando apenas por fazer, mas sim pela forma funcional de tensão criada que é fechada com classe, e assim sendo mostra que a diretora entrou de cabeça em seu primeiro longa, e se seguir assim tende a ser um nome para ficarmos de olho.

Sobre as atuações, Maika Monroe conseguiu ser bem intensa de expressividade para com sua Julia, de forma que ficamos até com um pouco de raiva de sua paranoia, quase falando "vai trabalhar minha filha, fazer algo pra limpar a cabeça!", mas também ficamos tensos com a possibilidade de ser realmente um assassino que está atrás dela, e seus olhares, atos e toda a desenvoltura acaba ficando bem marcante do começo ao fim, acertando bastante com o que faz. Karl Glusman entregou um Francis meio que jogado demais como marido, pois não leva a sério o que a esposa conta, faz trejeitos de dúvida em todos os atos e não dá o devido apoio, e isso é muito bom, pois é exatamente o que o papel pedia, ou seja, chega a ser irritante as conversinhas em outra língua quando está com amigos, deixando ela de lado, e esse estilo desleixado marcou presença para a ideia completa, ou seja, fez o que lhe pediram e acertou também. Burn Gorman faz seu papel de observador misterioso com trejeitos bem estranhos, trabalhando um ar fechado, sendo até esquisito de ver sua personalidade, e assim como fez o outro homem da produção, acertou dentro do que o papel pedia, ou seja, chega a dar medo mesmo. Dentre os demais, a maioria teve poucas conexões com a trama, não importando tanto, e o mais bacana é que falando em romeno, nem colocaram legendas, de forma a ficarmos igual a protagonista sem entender o que está rolando mesmo, valendo então apenas dar um destaque para a conexão que Madalina Anea consegue passar com sua Irina, chamando a atenção em algumas cenas, e agradando dentro da proposta.

Visualmente a trama é bem simples, porém interessante, com um apartamento bem decorado, que a primeira coisa que vem à mente é por cortinas, aí colocando as cortinas a protagonista continua a olhar para ver se o homem está lá, depois vamos num "road-movie" a pé com a personagem seguindo o homem, vemos algumas festas, o apartamento bagunçado da vizinha, e claro a cena no metrô vazio que é intensa por não ter nada, só os personagens, e assim sendo diria que foi uma produção de arte fácil demais de entregar, mas sem erros.

Enfim, procurei falar o mínimo para não entregar nenhum spoiler, e assim sendo apenas digo que é um filme bem tenso e bem trabalhado, aonde não esperem se assustar com nada, e também não espere acontecer muita coisa, pois não ocorre, e é justamente isso o que causa a sensação da trama, mas aviso o final compensa, então veja. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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