Babilônia (Babylon)

1/20/2023 03:18:00 AM |

Costumo dizer que homenagear o cinema fazendo mais cinema é algo que vai além de apenas emocionar, é abrilhantar um estudo de conexões e criar algo a mais para ser visto e lembrado, e pensando dessa forma o diretor Damien Chazelle conseguiu trazer em seu novo filme, "Babilônia", algo que entra na mente e funciona demais, pois entrega toda a glória e maluquice que eram as gravações dos filmes mudos, mostrou como os artistas da época faziam (alguns ainda continuam fazendo) festas gigantescas regadas a sexo, bebidas e drogas com todo tipo de coisas exóticas possíveis e imaginárias, e que o sonho de ser artista era algo que quem deseja vai muito atrás e consegue, além disso vemos toda a mudança que ocorreu com a entrada do som no cinema, o processo mais difícil de gravação, os milhões de erros e tudo mais, e ao final ele ainda nos brinda com toda a evolução atual como se o protagonista ainda visse até um "Avatar" na tela gigante, visse as abstrações do cinema experimental, e tudo mais que já foi passado numa telona. Ou seja, ele brinca com o passado, presente e futuro e ainda critica a sociedade hollywoodiana, que se mete em jogos, máfias e tudo mais para ter sempre mais e conseguir chamar mais atenção, valendo conferir com certeza a trama, mas se posso dar uma reclamação, diria que dava para cortar facilmente uns 30 minutos para que o longa ficasse perfeito com 150 minutos ao invés dos 189.

O longa segue grandes atores do cinema mudo no final da década de 1920, justamente quando o cinema passa a ser falado. Em 1926, o imigrante mexicano Manny, ajuda a transportar um elefante para a festa do executivo da Kinoscope Studios. Lá, conhece a atriz Nellie LaRoy e também a atriz Jane Thornton. Durante a festa, Manny passa a ver outros atores em suas versões menos glamorosas. Nellie acaba sendo recrutada para substituir Thornton na Kinoscope e rapidamente começa a ser a nova "it girl" de Hollywood, aparecendo em inúmeros filmes e sendo a mais amada. Manny também não é esquecido, ele consegue rapidamente ultrapassar atores mais consagrados com a chegada dos filmes falados, já que muitos outros não conseguiram se adaptar a nova mudança. Já Nellie, mesmo sendo uma das atrizes mais famosas de Hollywood, acaba se virando para as drogas com as altas demandas de seus produtores.

Depois de estourar realmente com "La La Land" e ganhar praticamente todos os prêmios, o diretor e roteirista Damien Chazelle fez algo não tão chamativo com "O Primeiro Homem", e agora vem novamente chamando muita atenção com seu novo longa, conseguindo diversas indicações à prêmios seja pela técnica maluca quanto pelo elenco estrelado que pode contar, mas pelo contrário não tem ganho tantos prêmios, o que me deixou um pouco intrigado, e hoje vendo o filme fica bem claro o motivo disso, pois é um filme emocionante e extremamente divertido com tudo o que entrega sobre a história do cinema com personagens em situações bizarras, mas é daqueles filmes que não dá para ficar no meio do caminho, de forma que ou você ama tudo ou odeia tudo, e que muitos nem irão entender tudo o que ele quis passar na tela, então ele correu esse risco e foi ao meu ver brilhante, mas que pesou um pouco a mão com seu ar crítico da mesma forma que pesou a mão para homenagear tudo, e assim sendo agrada quem, eu diria que os fãs de cinema, da história do cinema, e até alguns críticos, mas o restante vai ver, achar maluco demais, e talvez até desistir de tudo, pois como é extremamente longo, na metade o peso do filme cansa, e isso sempre é algo muito ruim de acontecer.

Sobre as atuações, com tantas estrelas passando pela tela fica até difícil falar que algum não tenha ido bem, pois seria forçar a barra demais, então vou me concentrar nos principais para que o texto não vire um livro e para começar tem de ser com Brad Pitt que trabalhou seu Jack Conrad com muita desenvoltura e dinâmica, mostrando algo que talvez até ele esteja vendo um pouco agora depois de meio que se aposentar das telas, pois não vê mais seu rosto em tantos filmes como antigamente que tinha duzentas produções sendo gravadas junto, além disso trabalhou bem olhares e trejeitos canastrões no início se entregando completamente à bebedeira e a farra, ou seja, fez bem tudo o que precisava. Já Margot Robbie fez também algo que está acostumada, sendo sexy no nível máximo, se entregando para milhares de filmes que querem fazer uso da sua imagem, e sofrendo muito com produtores e diretores, só que acredito que o lance das festanças e drogas não seja tanto a sua praia atual diferindo da personagem, mas fez atos fortes e com muita entrega do começo ao fim, chamando demais a atenção e acertando no que tinha de fazer. Outro que foi incrivelmente bem foi Diego Calva que trabalhou seu Manny com tanta intensidade nos atos finais e com tantos trejeitos marcantes nos atos iniciais que pareceu ser até mais do que um personagem, e nem era tão conhecido antes daqui, mas certamente ganhará muitos bons papeis futuros, pois entregou personalidade e desenvoltura total. Ainda tivemos bons atos de Jovan Adepo com seu Sidney Palmer mandando ver no trompete e mostrando muito do preconceito da indústria cinematográfica, mas chamando muita atenção em todos os atos, também tivemos Jean Smart icônica como uma crítica de cinema ácida e presente nas festas com sua Elinor, nos atos finais ainda tivemos um Tobey Maguirre completamente insano e drogado com seu James Mckey, e claro tenho de pontuar também as participações icônicas em vários atos de Lukas Haas com seu George, Li Jun Li com sua Lady Fay e Olivia Wilde com sua Ina Conrad, mas todos importantes sem grandes impactos.

Visualmente a trama é incrível, cheia de cores fortes, mostrando uma festa inicial sem limites de sexo de todos os tipos, pessoas dançando de forma estranha, objetos icônicos e até um elefante sendo usado em cena, além de muita bebida, drogas por quilo e metro quadrado, músicos e tudo mais, ou seja, uma tremenda farra, depois vemos bem todas as diversas gravações dos filmes mudos aonde tinham de ser extremamente expressivos os atores e como eram feitos os cartões de legenda na época, vemos uma Hollywood no mato literalmente, corridas para bem longes para arrumar câmeras, cenas de ação que muitos morriam e se matavam com objetos cortantes, vemos depois toda a mudança para os filmes falados e as captações de som que eram gigantescas e demoradas que estressavam todo mundo, vemos festas mais requintadas com os ricos que passaram a investir dinheiro e exigiam mais aparições de classe dos atores, e mais próximo ao fim vemos toda uma homenagem bem bacana com tudo o que o cinema já mostrou seja artístico, comercial, tecnológico ou apenas experimental, ou seja, a equipe de arte literalmente deu o sangue pelo filme, e deve ser recompensada com prêmios de design de produção.

A trilha sonora é completamente requintada de muitos elementos de sopro e bateria, que ficam o tempo inteiro num jazz e blues sem limites, tocando não apenas canções, mas também ditando o ritmo, o que acaba sendo bem legal de ver do começo ao fim, e acaba mais do que sendo apenas algo de envolvimento, mas como parte cênica dos atos, ou seja, temos personagens bons que mostraram a que vieram.

Enfim, é um tremendo filmaço de homenagem ao cinema, sendo o cinema sendo criado dentro da telona, o que vai fazer pessoas da área se emocionarem, rirem demais com tudo, e outras pessoas até curtirão o que verão na tela, mas pode ser que não se conectem e entendam tudo o que está sendo mostrado, mas ainda assim recomendo ele a todos, e digo que vá bem descansado, pois os 189 minutos são bem alongados e poderiam ser menores como já disse no começo, então fica a dica. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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A Última Festa

1/17/2023 01:04:00 AM |

Quando era mais novo confesso que achava a série "Confissões de Adolescente" algo meio bobo demais, pois achava umas ideias meio que exageradas sobre o mundo adolescente e apenas passava de canal já que tinham outras prioridades na época, depois quando vi o longa bem mais velho acabei gostando mais da síntese e me conectando com alguns pontos, pois bem, já passei da adolescência faz um bom tempo, e o elenco do filme "A Última Festa" também, tanto que poderia ser uma festa de formatura de faculdade que faria até um pouco mais de sentido, afinal sabemos bem a idade da maioria ali, mas isso não vem ao caso e não foi o que me incomodou (tanto) na trama, afinal o resultado do longa é interessante, mas assim como aconteceu no passado com a série que citei, hoje os casos adolescentes atuais são muito intensos e as brigas e conflitos de amigos também, e não me vejo incluso na proposta do filme, e isso é algo que a todo momento parecia estranho de sentir e olhar. Ou seja, vou ser bem direto e dizer que é um filme bem de nicho, pois talvez tenha uma maturidade a mais que os jovens atuais não irão querer ver (e talvez deveriam), mas que mais para frente eles irão gostar ou entender melhor, pois viveram essa época, e não nós mais velhos, de tal forma que talvez os pais atuais se percam um pouco, mas que também tem essa serventia. Ou seja, é daqueles filmes que alguns vão achar bem ruim e outros vão adorar, vai depender de qual época você está vivendo, pois sei bem que os jovens atuais têm festas, romances e amizades desse estilo, mas quem nunca teve esse momento jovem não vai entrar no clima.

A sinopse nos conta que um grupo de jovens se prepara para a tão esperada festa de formatura. Histórias paralelas se entrelaçam. Um casal decide terminar para curtir a vida, enquanto outro se conhece em uma situação improvável. Um grupo de amigos discute depois que um segredo é revelado. E duas amigas descobrem um novo sentimento entre elas. A última festa talvez seja a primeira noite para o começo de suas vidas.

Agora o choque, o diretor e roteirista Matheus Souza, foi roteirista do longa "Confissões de Adolescente" de 2013, ou seja, vivenciou bem tudo aquilo e trouxe para uma realidade mais atual e moderna, colocando uma festa com tantos conflitos entre os jovens que talvez numa série funcionasse melhor com o devido tempo para explorar tudo, mas sem dúvida soube condensar tudo de uma maneira bem trabalhada, teve as devidas dinâmicas com envolvimentos certos, e entregou uma direção segura do que desejava, sendo que como disse no começo, muitos jovens talvez até entrem mais no clima da trama do que pessoas como eu que já passaram dessa idade faz tempo e nem tem filhos vivendo nesse mundo atual maluco, mas que pelo que conhecemos é tudo assim intenso e bem direto, e o diretor soube usar tudo o que tinha para que seu filme funcionasse. 

Sobre as atuações, tirando o fato que já falei da idade, pois todos ali pareciam mais formandos de alguma faculdade do que do ensino médio, posso dizer que os atos entre Thalita Meneghim com sua Bianca e Victor Lamoglia com seu Caio foram as mais divertidas e bem conectadas, pois ambos fizeram atos mais amplos e bem sutis sem precisar ficar forçando a barra, e o resultado aconteceu, ou seja, valeria até mais tempo de tela com eles. A protagonista Marina Moschen fez de sua Nina uma personagem introspectiva demais, mas o papel pedia um pouco dessa dúvida no ar, mas dava para amenizar um pouco para não ficar tão dramática. Outro que foi bem no que fez, embora um pouco exagerado foi Christian Malheiros com seu Nathan, mas se jogou, fez bons trejeitos, e a química que teve com Victor Meyniel foi algo muito bem trabalhado, daqueles que facilmente entregariam uma comédia cheia de exageros e funcionaria bem. Giulia Gayoso foi um pouco surtada com sua Marina, mas o papel era dessa forma, então a atriz se jogou por completo e foi no que precisava mostrar, então o acerto veio.

No contexto visual a equipe realmente fez uma tremenda festa de "época" como a própria protagonista diz, mas de que época era ninguém sabe, contando com muitos figurantes, um palacete cheio de detalhes e muitas luzes vermelhas e azuis dando um tom meio estranho para o ambiente, mas ainda assim conseguiram arrumar lugares isolados para o rala e rola inaugural do casal Marina e Diego, uma ambulância que praticamente a enfermeira desaparece para o rala e rola de Bianca e Caio, alguns lugares mais lotados outros mais soltos, mas tudo bem desenvolvido para as câmeras que acabaram agradando.

Enfim, como já disse é um filme para os jovens atuais se enxergarem, que talvez pudesse ser menos enfático em alguns estilos, e claro bato na tecla das idades, mas isso é algo que já vimos acontecer mundo afora e não ia ser diferente num produto nacional, então fica a dica para quem gostar do gênero ver a partir do dia 26 nos cinemas. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Nas Ondas Da Fé

1/15/2023 08:15:00 PM |

Se tem uma coisa que é engraçada no mundo do cinema nacional é que podemos ser surpreendidos de uma maneira tão fácil que se todos diretores quisessem brincar com a cabeça do público conseguiriam em poucos passos, e não digo isso como sendo algo ruim, muito pelo contrário, pois conhecendo a gama de atores e humoristas que temos no país, geralmente já julgamos um filme pelo pôster e/ou pelo protagonista, e isso é algo que não devemos fazer, pois muita coisa pode mudar no meio do caminho. Por exemplo o novo filme de Marcelo Adnet, "Nas Ondas da Fé", que quem olhar de cara vai ir ao cinema esperando se mijar de rir com algo pejorativo em cima das igrejas evangélicas, aonde ele sacanearia tudo o que sabemos que acontece por lá, e sim, ele faz algumas piadas e boas sacadas com o mundo das igrejas, mas não de forma pejorativa, muito pelo contrário, ele brinca com tudo, mas mostra como um homem comum que estudou e teve vontade conseguiu ir subindo dentro da hierarquia da igreja evangélica e demonstrou bem sua fé e vontade para conseguir chegar aonde chegou. Tanto que por vezes me vi achando que o longa poderia ser referência à algum pastor conhecido, mas não, tudo veio da cabeça de Adnet, que deu a ideia para os roteiristas, que incrementaram tudo e deixaram redonda a trama, que até entrega alguns atos exagerados, algumas provocações, algumas denúncias, mas a base é bonita de ver e até diverte, passando longe de ser algo ruim, mas que talvez por irmos esperando algo mais cômico não tenha ficado melhor de ver.

O longa nos mostra que Hickson é um técnico de informática e locutor de telemensagem que ganha a vida fazendo bicos e sonha em ser radialista. Ao mesmo tempo é um homem de fé que se vira como pode para pagar os boletos no fim do mês. Ele também é um faz tudo, aceitando tudo que vê pela frente de forma desesperadora. Sua mulher Jéssika, trabalha em um salão de beleza, e decide dar um empurrãozinho para que seu marido consiga realizar seu sonho. É então que ela fala para ir ao culto do apóstolo Adriano. Após conhecê-lo, Hickson consegue um emprego como locutor na rádio evangélica "Nas Ondas da Fé". Com talento e dedicação, ele vai conseguindo cada vez mais conquistar os fiéis ao mesmo tempo que vai descobrir que nem mesmo o céu é limite.

O diretor Felipe Joffily é daqueles que gostam de variar a forma de entregar comicidade no cinema, pois trabalhou desde filmes com uma pegada mais suja e direta até ambientes mais calmos e quase romantizados, e aqui ele ficou com algo digamos até que novo para ele, pois trouxe o ar cômico crítico para sua trama, mas não ousou nem apelar nem romantizar nenhum dos lados, deixando que o filme fluísse bem com ares amplos e deixassem que o protagonista fizesse o resto, já que a história originalmente veio da cabeça de Adnet, ou seja, é um filme que até vemos o estilo do diretor presente com câmeras rápidas e uma boa valorização dos ambientes, mas a base mesmo ficou no texto dinâmico do protagonista, na inteligência empreendedora da esposa dele, e claro nas sacadas críticas em cima dos evangélicos corruptos, ou seja, o longa tem boas bases e consegue soar envolvente e bem trabalhado, que não fica martelando uma ideia até o final, mas ousa bem em motes engraçados sem precisar forçar a barra para rir, e isso é um bom exemplo do que se deve fazer, mas ainda assim dava para ter alguns momentos mais engraçados que aí o fluxo seria perfeito.

Sobre as atuações, como sempre Marcelo Adnet é um dos melhores imitadores do país, conseguindo pegar trejeitos e desenvolver personagens com muita facilidade, e aqui seu Hickson tem um pouquinho de cada pastor que já vimos na TV, mas mais do que isso ele tem personalidade própria de um homem que quer crescer, não quer ter mais perrengues, e que se encanta fácil com tudo, ao ponto que vemos grandes atos dele dominando o palco da igreja, mas também convencendo facilmente o dono da igreja a seguir sua ideia, e sem dúvida seu grande ato foi na prisão lembrando da professora e explodindo tudo, ou seja, foi muito bem no que fez. Letícia Lima também deu bons vértices de parceria para o marido com sua Jéssika, sendo direta nos diálogos, mas tendo muito carinho envolvido nas dinâmicas, o que acabou sendo interessante por não forçar a barra para algo menos familiar, e assim acertou também no que fez. Thelmo Fernandes deu para seu apóstolo Adriano uma personalidade de rivalidade muito grande com o protagonista, de forma que ficamos o tempo inteiro esperando ele dar uma invertida forte no personagem e acabar sendo meio que vilanesco, mas chamou a atenção e fez muito bem o que precisava fazer. Ainda tivemos bons momentos de Otávio Muller com seu Pacheco, o dono da rádio; Tonico Pereira como apóstolo Davi, o dono da igreja; mas sem dúvida o grande destaque recaiu para Elisa Lucinda como a professora de pastores, dando técnicas e instruções bem claras de como fazer os fiéis darem o máximo de si para a igreja.

Visualmente o longa em si é bem simples, mas sem falhar em detalhes, mostrando desde o começo com o carro tradicional de telemensagens (algo que quem inventou certamente estava possuído!), a pequena loja de consertos de informática, depois vemos uma igreja tradicional evangélica, vemos uma rádio simples, mas bem colocada de ideais, depois uma subida aos montes, a mudança da casa simples do protagonista para um apartamento mais rico, tivemos uma escola de pastores, e claro a mudança de palco da igreja de algo morno para algo midiático com banda chique e televisionado com várias câmeras parecendo mais um show do que uma pregação realmente, ainda tivemos uma rebelião na cadeia e uma fuga com muitos sacos de dinheiro, ou seja, tudo muito bem elaborado e moldado para funcionar na tela e fizeram isso muito bem.

Enfim, é um filme com uma proposta bem moldada e que tem atos divertidos, que felizmente não soaram exagerados, então acaba agradando desde quem for esperando ver uma comédia simples até quem for pelo lado religioso da trama, e assim tem um bom público para abranger. Claro que está bem longe de ser perfeito nas duas vertentes, ficando mediano nesse sentido, mas serve como um bom passatempo e agrada pelo contexto inteiro, agora é ver se darão seguimento com a ceninha no meio dos créditos que deixa aberta a possibilidade para uma continuação, mas acho difícil, e isso só o tempo dirá. Então fica a dica para todos verem ele, e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até lá.


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Esquema de Risco: Operação Fortune (Operation Fortune: Ruse De Guerre)

1/14/2023 11:56:00 PM |

Ultimamente vimos alguns filmes no streaming que forçam cenas de ação e investigação com ares cômicos meio bobos, que chegam até incomodar, mas que valem o passatempo, divertem e até trazem personagens marcantes, e desde que vi o trailer de "Esquema de Risco - Operação Fortune" tinha a plena certeza de que o filme seria algo bem desse estilo, só que feito para o cinema, e dito e feito, após conferir ele poderia facilmente dizer que era um filme da Netflix, não que isso seja algo ruim, mas que é cheio de gracejos, cheio de tiros e explosões, e com personagens caricatos que até acabamos nos conectando e divertindo com o que vemos, mas que facilmente dariam para ser mais sérios. Dito isso, o filme é um misto de espionagem com aventura policial, que começa parecendo até ser uma sequência de algum outro filme por já termos personagens que surgem na tela, mas eles são rapidamente bem apresentados, e seguimos em frente com algo divertido e muito bem feito por Guy Ritchie, e aí é que entra toda a sacada, pois esse é o estilão de seus filmes, e funcionou muito bem para quem curte tramas cheias de ação combinadas com elementos investigativos e personagens cômicos, o que soa exagerado, mas agrada uma boa quantidade de pessoas.

A sinopse nos conta que o agente secreto Orson Fortune e seus companheiros recrutam uma das maiores estrelas de Hollywood para ajudá-los em uma missão importante - e arriscada. Quando a venda de uma nova tecnologia de armamento mortal ameaça perturbar a ordem mundial, todos os recursos se mostram necessários para combater esse inimigo.

Como disse no começo, o diretor e roteirista Guy Ritchie tem esse estilo de filmes com personagens canastrões que gostamos de ver, e aqui ele usou e abusou do protagonista ter personalidade e ser bom de briga, pois fez com que sua trama fosse completamente a cara de Jason Statham, sendo algo até grandioso e bem produzido, com uma história sem grandes surpresas, mas que funciona como um bom entretenimento deve ser, cheio de atos bem amarrados, cheio de cenas malucas e explosivas, e seguindo a ideia conseguiu mostrar seus estilo preparando o caminho já para uma continuação, mas mais do que isso conseguiu brincar com a síntese das vendas de produtos para destruição em massa e envolveu toda a ideia para algo bem marcado e funcional, coisa que sempre vemos em seus filmes. Ou seja, é daquelas tramas cheias de boas sacadas, com dinâmicas rápidas e ainda contando com personagens que agradam, o que é um pacote bem cheio para tudo o que desejamos ver num filme do estilo.

Sobre as atuações, não sou fã do estilo brucutu de Jason Statham, mas gosto demais do seu jeito sagaz de fazer acontecer e trabalhar suas lutas com uma comicidade meio que suja, mas bem colocada, e aqui  seu Orson Fortune tem exatamente tudo o que é preciso para se ele quiser fazer uma franquia de muitos filmes, pois o lado de suspense é bem funcional, o lado das lutas não soa artificial e conforme vai desenvolvendo suas sacadas conseguem deixar ele ainda maior do que é, ou seja, é quase um 007 sem cansar o público com falas sofisticadas, e isso é algo primoroso no estilo. Aubrey Plaza foi muito sagaz com a forma escolhida para sua Sarah Fidel, pois mostrou uma mulher muito inteligente, preparada para tudo e ainda podendo ser sexy com estilo, sem precisar apelar para nada, ou seja, foi muito bem no que fez, e mesmo fazendo algumas piadas meio que bobas demais, acertou em cheio. Hugh Grant é daqueles que sabem fazer personagens milionários com muito estilo, e aqui o seu Greg Simmonds é cheio das facetas, tem um carisma marcante e entrega tudo com muita intensidade e boas sacadas cômicas, de modo que convence não como um vilão, mas sim um negociador de coisas ruins, e chama muita atenção com o que faz, ou seja, um belo acerto. Confesso que no trailer confundi Cary Elwes como Hugh Grant, mas são dois personagens diferentes no longa, e seu Nathan tem muito estilo, fica bem nos bastidores, e consegue chamar muita atenção em tudo, ou seja, deu estilo para a trama do lado dos "bonzinhos". Ainda tivemos Bugzy Malone com seu JJ Davies e Josh Harnett com seu Danny Francesco muito bem trabalhados, cheios de desenvolturas com seus personagens, com Bugzy dando mais o lado operacional e Josh o lado galanteador bem encaixado, mas ambos precisos no que a trama necessitava. Ou seja, um elenco de peso muito bem trabalhado que iremos querer ver numa possível continuação.

Visualmente a trama é bem intensa e cheia de detalhes bem caros como mansões, jatinhos, iates, perseguições com carros e tudo mais que o gênero permite, além de explosões, tiros para todos os lados, muita computação e tecnologia envolvida, além de figurinos ricos e muita coreografia bem trabalhada nas cenas de luta do protagonista. Ou seja, é daqueles filmes que a equipe de arte já vai com o cartão de crédito liberado para sair gastando, pois onde quer que olhemos tem algum detalhe para ser reparado, e isso mostra que desejavam algo a mais em cena, e foram bem no que fizeram.

Enfim, é um filme que esperava ver muita ação e pancadaria, e poucas dinâmicas de mistério e aventura, mas que souberam dosar bem tudo o que tinham para entregar e o resultado acabou surpreendendo bem, então recomendo ele para quem gosta de filmes bem trabalhados, e principalmente curte as loucuras de Guy Ritchie, que aí é só entrar no clima e se envolver com o passatempo completo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Garoto dos Céus (Walad Min Al Janna) (ولد من أل جنة) (Boy From Heaven) (Cairo Conspiracy)

1/14/2023 02:17:00 PM |

Sabe quando você tem uma lembrança de muito tempo atrás e não sabe de onde é, hoje conferindo o longa "Garoto dos Céus" aconteceu comigo, e só depois que fui ler o material do filme que consegui entender de onde era, pois a trama trabalha algo que dificilmente vemos em filmes por aqui, que é uma faculdade de religião islâmica, que nos mostra o conflito entre religião e o Estado, usando pessoas pobres como influenciadores para algo maior que desejam, e isso é algo que acontece naturalmente em diversos lugares, mas me vinha toda hora a lembrança de algum filme que tinha toda essa pegada, mas de uma forma bem diferente, e eis que ao conferir o material nos é falado que o diretor tirou as ideias do romance "O Nome da Rosa", que é um filme de 1986 e por incrível que pareça estreou essa semana na HBO Max, ou seja, tudo se conectando no melhor estilo conspiracional. Mas vamos ao que interessa que é falar sobre o longa que está indicado pela Suécia ao Oscar de Melhor Filme Internacional ou Não Falado em Inglês, que ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes e tem uma pegada até que bem intrigante, com algo meio que de espionagem, meio que de intrigas e tudo mais que rola dentro dos bastidores de uma grande faculdade religiosa, e isso sempre consegue causar muito envolvimento para quem vai conferir, esperando saber como alguém vai fazer tal coisa, e funciona muito bem dentro do estilo, porém é algo que é muito diferente da nossa cultura, de forma que em alguns momentos você fica pensando nossa que estranho isso, mas é a vida deles e isso é algo que acho mágico no cinema, você poder conhecer mais culturas, mesmo que seja ficcional em partes.

A sinopse nos conta que Adam, filho de um pescador, recebe o privilégio de estudar na Universidade Al-Azhar do Cairo, o epicentro do poder do islamismo sunita. Pouco após sua chegada na cidade, a maior liderança religiosa da universidade, o Grande Imã, morre repentinamente. Adam logo se torna uma peça nesse jogo brutal pelo poder entre os religiosos egípcios e a elite política.

O diretor e roteirista Tarik Saleh já é figurinha carimbada por aqui, já tendo feito longas mais "normais" para o público do ocidente, como por exemplo o filme "Contrato Perigoso", e aqui ele desenvolveu algo mais fechado que muitos podem ser que nem entendam toda a dinâmica que a trama entrega, afinal é um país com praticamente dois governos: o religioso e o presidencial, então tudo envolve o poder que querem ter, envolve os militares, e claro que como toda briga por poder envolve que os pobres se lasquem, são colocados no meio das conspirações de maneira tão bem colocada que não percebam como estão sendo usados, e o diretor soube muito bem usar isso, soube dimensionar o tamanho de sua obra para que ela não ficasse caríssima nem falsa demais, e tudo é bem convincente dentro do que é passado, então diria que o motivo dele ter ganho o prêmio de roteiro em Cannes foi mais por conseguir passar toda essa mensagem conspiracional bem feita em um lugar que quase ninguém conhece do que pela história em si, pois se olharmos bem a fundo o roteiro é simples e já foi usado diversas vezes em outros filmes, mas essa novidade caiu muito bem no mundo moderno, e ao falar de suas inspirações fica nítido que soube colocar o passado e o futuro em algo que está acontecendo agora.

Sobre as atuações aí já entramos em algo meio complexo, pois tivemos alguns trejeitos, caras e bocas meio que estranhas de ver, e isso não é muito interessante, mas posso dizer que os protagonistas ao menos se esforçaram para chamar atenção, tendo claro o destaque para Tawfeek Barhom que fez de seu Adam um jovem simples e bem colocado, disposto a se entregar em todos os envolvimentos e conseguindo trabalhar bem a síntese da trama para o seu personagem, fazendo algumas caras sofridas demais, mas acertando de certa forma. Outro que foi bem usado foi Fares Fares com seu Ibrahim, entregando boas dinâmicas com o protagonista, sendo investigativo e bem direcionado nos atos mais densos, e conseguindo convencer no quê precisava, só soando estranho como um papel militar não tão rigoroso, mas não tem como saber como é isso por lá. Quanto aos demais, cada um apareceu um pouco dentro das devidas conexões, não indo muito além, mas sendo bem trabalhados ao menos, com leves destaques para Meudi Dehbi com seu Zizo, Ahmed Laissaoui com seu Raed, e Sherwan Haji como Soliman.

Visualmente o longa foi bem marcante ao mostrar uma faculdade islâmica, não sei dizer se gravaram lá dentro da  Al-Azhar que é toda cheia de regras, mas que ficou bem convincente, com as aulas bem imponentes em rodas sentados como se fossem orações mesmo, os diversos ambientes de rezas, uma boate cheia de homens dançando, um café aonde rolam as conversas de investigador e seus infiltrados, além de um quartel da secretaria de Estado meio artificial demais, mas que no contexto completo da trama tudo funciona bem, além de algumas cenas do protagonista pescando com seu pai e a casa simples deles.

Enfim, é um filme bem interessante que chama atenção por ser de uma cultura tão diferente da nossa, mas que tem boas conexões no quesito da briga pelo poder, então fica a dica para todos conferirem a partir do dia 19 em cinemas selecionados, e eu fico por aqui agora deixando meus abraços e até breve.


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Os Fabelmans (The Fabelmans)

1/13/2023 11:31:00 PM |

Sempre falo para todos irem conferir os filmes sem expectativas para não ter influência no que vai ser entregue, e o que acontece, lá foi o Coelho cheio de expectativas emocionais conferir "Os Fabelmans", e mesmo sendo um filme incrível para todo amante da sétima arte, acabei não saindo deslumbrado como imaginava que sairia, e não pôr o filme ter falhas ou não condizer com a toda a história do jovem Steven (ou melhor Sam), mas sim por esperar demais dele, e ser entregue algo correto, que é lindo de ver, que traz tudo o que sempre ouvimos de nossos familiares quando falam que ir conferir um filme é um hobby, fazer um filme mais hobby, e tudo mais que envolva as profissões artísticas que são chamadas de hobby pelos demais. Claro a grande base fica na relação familiar conflituosa, na desenvoltura de um jovem judeu que sofre bullying dos demais, mas vemos o olhar do garoto desde o primeiro dia no cinema até seu primeiro dia num estúdio realmente todo feliz após conhecer um grande nome, e isso é exatamente o que faz valer o filme para todo amante do cinema, ver o seu brilho se tornando realidade, e isso não tem preço. Antes da sessão onde conferi teve um depoimento do diretor Steven Spielberg que não sei se está passando em todas as sessões, mas o que ele diz em suma é um obrigado por ir conferir seu projeto mais pessoal numa sala de cinema, aonde a magia te conquista realmente, e toda a trama se desenvolve bem com isso, com os vários filmes do protagonista, com toda a conexão que tem com a mãe, mesmo descobrindo algo não tão bom de se descobrir, e o fluxo funciona bem, levando a arte e o fazer arte para o horizonte e além.

A sinopse nos conta que o jovem Sammy Fabelman crescendo no Arizona pós-Segunda Guerra Mundial, se apaixona por filmes depois que seus pais o levam para ver "O Maior Espetáculo da Terra". Armado com uma câmera, Sammy começa a fazer seus próprios filmes em casa, para o deleite de sua mãe solidária. Porém, quando o jovem descobre um segredo de família devastador, ele decide explorar como o poder dos filmes nos ajuda a ver a verdade uns sobre os outros - e sobre nós mesmos. Os Fabelmans é uma história vagamente baseada na própria infância do diretor Steven Spielberg, com um jovem aspirante a cineasta no centro da história.

Embora Steven Spielberg não afirme 100% ser sua história na tela do filme, temos muitas coisas em comum com quem já leu sobre ele, e o mais raro que temos é alguém roteirizar e dirigir a sua própria biografia, então a sacada de mudar personagens, colocar outros elementos, e assim fantasiar um pouco tudo para que ficasse mais emocional e conectasse talvez com a história de muitos jovens que fazem realmente o cinema acontecer deu muito certo, pois não tem quem assista ao filme e não se conecte com algo, e ele soube trabalhar elos práticos para mostrar a fantasia para o público, como é encantar e surpreender com algo, como eram feitos os efeitos especiais antigamente, e embasa tudo num relacionamento familiar aparentemente perfeito se ocultado as coisas que fariam mal para a família em si. Ou seja, ele pegou algo que poderia ser considerado até simples demais e deu um ganho tamanho que chega a ser difícil imaginar não levar vários prêmios, pois ele toca exatamente na ferida de todo crítico de arte que é o desejo oprimido de seguir carreira fazendo filmes, o olhar das pessoas em não acreditar que sua profissão dê certo e tudo mais nessa briga temática, mas que felizmente uma parte não sobrepõe a outra, e assim o longa comove, funciona, e mostra o motivo de Spielberg ser sempre o nome que qualquer pessoa pensa quando se fala cite o nome de um diretor, pois ele é perfeito no que faz.

Sobre as atuações tenho de começar pelo garotinho Mateo Zoryan que foi muito gracioso e seu olhar viciante em cima encanta demais, de modo que seu Sam é apaixonado pelo que vê na telona e pelo que consegue fazer depois, mas fica pouco em cena, pois logo assume Gabriel Labelle e esse botou a banca como um jovem cineasta destemido, fazendo diversos tipos de filmagens, sofrendo alguns abalos psicológicos e bullyings com a religião, trabalhando trejeitos e dinâmicas bem colocadas, de forma que agrada demais e chama muita atenção, sendo realmente o protagonista da história e cadenciando o filme como deve acontecer, ou seja, foi preciso e marcou presença. Michelle Williams sempre entrega atos bem marcados nos filmes que faz, e aqui sua Mitzi até acaba sendo um pouco exagerada demais, mas tem uma liberdade cênica muito envolvente e chamativa, de forma que acabamos nos conectando bem com sua personalidade. Agora assustadoramente foi ler nos créditos que o pai do garoto é o Paul Dano, pois aparentava ser um ator bem mais velho, e aqui ele trabalhou tão bem a personalidade de seu Burt que convence no que faz, tem uma paixão gigante pela esposa e dá bons elos para o filme, mas faltou ir além nas conexões com o garoto protagonista, pois teve algumas dinâmicas meio que artificiais ali. Tivemos ainda boas cenas de Seth Rogen com seu Bennie bem piadista e com fluxos mais fechados, tivemos a garota Chloe East divertidíssima com sua Mônica como uma religiosa fervorosa e bem explosiva, e até atos bem impostos pelos garotos da escola, mas sem dúvida valeram bem mais as duas pequenas participações do filme com Judd Hirsch fazendo um tio que fugiu da família para o circo e para o cinema, dando ainda mais vontades para o garoto, e claro o fechamento do filme com o diretor David Lynch interpretando a lenda do cinema John Ford bem rápido, mas brilhantemente feito.

Visualmente o longa é mágico, e entrega muito da magia do cinema com o garotinho indo pela primeira vez num cinema, vemos ele aprendendo a filmar sua cena predileta, depois vários pequenos filmes com as irmãs de protagonista, depois mais jovem fazendo filmes com os amigos escoteiros entre eles alguns bem interessantes de velho-oeste, de guerra com uma imponência monstruosa, e claro vários vídeos caseiros em acampamentos aonde tudo vira a chave, temos uma casa bem trabalhada nos detalhes e uma nova mudança de cidade, aonde temos uma escola bem colocada, um filme de praia com gravações incríveis, a casa da namoradinha e o baile, ou seja, tudo muito simbólico para fechar num estúdio de cinema que se o diretor quiser pode fazer uma continuação mostrando todos seus icônicos trabalhos, filmes e prêmios, mas aí vai ser outro trabalho para a equipe de arte, que aqui foi bem direcionada e conseguiu chamar atenção com o que devia.

Enfim, é um filmaço incrível que consegue emocionar bem, mas como disse fui esperando um algo a mais dele, então para mim acabou pesando um pouco, mas ainda assim é lindíssimo e recomendo sem dúvida para todos que amam o cinema em si, e querem conhecer um pouco mais da história do jovem Spielberg antes de virar diretor de cinema realmente, e só isso já faz valer o ingresso, só não diria ser o melhor filme do ano passado como já começou levando as premiações, que como disse o acerto foi no público alvo, então veremos o que vai rolar nas demais. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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I Wanna Dance With Somebody - A História de Whitney Houston (Whitney Hounston: I Wanna Dance With Somebody)

1/13/2023 01:37:00 AM |

O mais estranho de você ver uma biografia de alguém que você já viu e/ou conheceu bem é ficar tentando lembrar da pessoa, das coisas que aconteceram, observar se a atriz está entregando bem toda a personalidade imponente que a original foi, e por aí vai, mas Whitney Houston só existiu e existirá uma, pois o timbre de voz e o que ela fazia com suas canções é algo que não tem como se comparar, e felizmente a equipe não quis que Naomi Akie cantasse, apenas dublasse as canções e trabalhasse bem os trejeitos, pois seria desumano com a atriz, e claro com o público que se arrepiou com cada uma das canções. Dito isso, o filme "I Wanna Dance With Somebody - A História de Whitney Houston" é daqueles para ficar na memória, pois vemos a personificação da cantora na tela, seus clipes, seus shows, filmes e imponentes posturas na mídia foram tão bem construídos, que os 144 minutos acabam sendo até poucos para tudo o que nos é mostrado, claro que muita coisa foi omitida, muitos atos foram construídos para dar alma ao filme, mas diria que pelo menos uns 70 minutos de projeção meus pelos do braço ficaram arrepiados com tamanho realismo da representação que a atriz deu para tudo o que acontece na tela, e o melhor com uma voz muito semelhante à da cantora, então não vemos quebras e trocas de vozes, o que assusta ainda mais. Ou seja, se você é/foi fã da cantora vai amar cada minuto de tela da trama, e se você não for vai se envolver muito, pois mesmo sendo longo, o resultado completo foi muito bem feito.

Nem era necessária uma sinopse, mas ela nos conta a emocionante história de uma das cantoras de R&B mais famosa do mundo. A história de Whitney Houston desde sua jornada para sair da escuridão até o estrelato mundial.

Diria que a diretora Kasi Lemmons soube ser bem perfeccionista no desenvolvimento da obra roteirizada por Anthony McCarten, pois nos é mostrado toda a vida de Whitney como se estivéssemos a acompanhando lado a lado, vendo suas ambições, seu desenvolvimento, suas paixões e claro suas paranoias também, de modo que a diretora não deu margem para atos complicados e que saíssem da base conhecida da cantora, tanto que muitos fãs é capaz que não enxerguem nenhuma novidade na tela, mas sim tudo o que sempre foi mostrado pela mídia, mas a grande maioria não vai se lembrar de coisas de mais de 10 anos atrás, quanto mais do começo da carreira da cantora, e tudo é cheio de envolvimento e boa desenvoltura da atriz, de modo que nos shows e exibições ficamos até meio que pensando ser exibido o real ao invés da interpretação, pois gestualmente pelos trejeitos e com um lipsync tão perfeito vemos a boca da atriz cantando tudo com a voz original, e assim sendo é algo mágico que arrepia e tem muita personalidade. Ou seja, mesmo mostrando várias coisas ruins do fim da carreira dela, a maior parte do filme faz jus a uma homenagem linda e bem trabalhada, que o roteiro conseguiu captar bem todos os melhores atos, e a direção fez isso ter vida.

Sobre as atuações, posso dizer com todas as letras que Naomi Ackie impressionou demais com o que fez com sua Whitney em todas as épocas, trabalhando cabelos, maquiagens, figurinos e tudo mais que pudesse dar um incremento para que ficasse um clone da cantora, e seu gestual foi muito bem estudado, e claro que provavelmente nos bastidores ou para si a jovem cantou realmente para fazer o movimento da boca, e assim sendo deve ter sido lindo demais para ela ver aquele vozeirão explodindo em todas as canções com ela ali entregando tudo, ou seja, fico bem triste de não ver ela entre os indicados das premiações, pois foi muito bem em tudo, agora se queriam que ela cantasse pra valer já era abusar demais, afinal como disse no começo a Voz com letra maiúscula mesmo só a original Whitney Houston. Outro que impressionou demais pela transformação e pelo desenvolvimento nos atos foi Stanley Tucci, pois sinceramente não tinha reconhecido ele como Clive Davis com toda a maquiagem e o estilo que acabou entregando, sendo realmente um grande amigo da protagonista, e dosando conversas e atos com tanta precisão que acertou em cheio, ou seja, irreconhecível e perfeito demais. Ainda tivemos muitos bons momentos de Nafessa Williams como uma Robyn cheia de personalidade, com trejeitos marcantes e muita desenvoltura para se conectar quase como um elo único da protagonista, tivemos também Tamara Tunie como a mãe Cissy Houston bem marcante e cheia de estilo, outro que foi bem trabalhado nos trejeitos foi Ashton Sanders como um Bobby Brown malandro e imponente nas atitudes que ajudaram a afundar a personagem, e fechando o elenco secundário de forma perfeita Clarke Peters fazendo o pai John Houston que praticamente gastou toda a fortuna dela, fazendo atos bem marcantes e diretos que chamaram bastante atenção.

Visualmente o longa conseguiu representar bem no começo o começo de Whitney na igreja e como backing vocal da mãe nos shows que fazia, vemos muitas cenas na gravadora Arista Records tanto na sala de Clive recheada de referências quanto no estúdio de gravação bem trabalhado, vemos alguns clipes sendo feitos, mas principalmente shows gigantescos como o da abertura do Super Bowl de 1991, o medley no American Music Awards de 1994, o gigantesco show na África, e claro seu retorno na Oprah que não fizeram questão de colocar nenhuma atriz para representar a apresentadora, além claro da gravação do filme "O Guarda-Costas", ou seja, a equipe escolheu bem os melhores momentos, figurinos e tudo mais, sendo representativo claro sem mostrar como acabou acontecendo o seu fim.

A trilha sonora é bem fraquinha, contando apenas com 35 músicas que foram bem colocadas nos vários momentos sejam na íntegra ou em pequenos pedaços, mas totalmente representativa, e que aqui no link estão inteiras, ou seja, mais de duas horas para vocês curtirem, então só dá o play.

Enfim, a pergunta que não quer calar: é um filme perfeito? Não, pois como bem sabemos dublagens as vezes soam falsas, ninguém vai conseguir ser tão representativa como alguém que foi icônica e única, mas tudo é tão bom, tudo arrepia tanto que nem consegui tirar os olhos da tela na maior parte do filme, claro que faltou muita coisa, e também pegaram leve nos diálogos para não forçar tanto a voz da protagonista que certamente subiu bem o tom para se igualar a personagem, então não darei a nota máxima, baixando apenas um pontinho, mas ainda assim amei tudo o que vi na telona e recomendo demais para todos, então vá conferir. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Resistência (Resistance)

1/11/2023 01:43:00 AM |

Quem me acompanha faz algum tempo vê que vejo diversos filmes de guerra, das mais diversas e icônicas formas de mostrar o que rolou lá nos anos 40, e hoje eis que conferi um pouco da história do mímico Marcel Marceau que salvou várias crianças judias de serem mortas pelos nazistas, e que trabalhando em uma trama bem elaborada e forte, o longa "Resistência", que pode ser conferido na Netflix consegue chamar a atenção com boas interpretações, dinâmicas e ambientes bem encaixados cenicamente, e contando com atos rápidos sem muita enrolação ser direto no conteúdo emocional, pois como se bem sabe Klaus Barbie foi um dos maiores assassinos de Hitler, e sua imposição foi severamente direta na caça dos judeus franceses e o longa mostra bem tudo. Ou seja, é um filme representativo das duas pontas, tanto do mímico emocional quanto do soldado insano e todo esse miolo tem o gracejo das crianças e a simplicidade de movimentos bem marcados, e assim faz valer as duas horas de exibição.

A sinopse nos conta que antes de se tornar conhecido como o mundialmente famoso mímico Marcel Marceau, o aspirante a ator judeu Marcel Mangel se junta à Resistência Francesa durante a guerra. Ele concorda em participar de uma missão perigosa para salvar 123 órfãos judeus das garras dos nazistas e do implacável chefe da Gestapo Klaus Barbie e levá-los para um local seguro através da fronteira com a Suíça.

Diria que o diretor e roteirista Jonathan Jakubowicz foi daqueles que não quis trabalhar enrolações em seu longa, de modo que toda a essência da trama é entregue de maneira simples e crua, muito bem ambientado e representativo, de tal maneira que entramos completamente no clima do filme, acabamos nos envolvendo com todos os personagens, suamos frio com todas as cenas do vilão, seja na da piscina, do trem ou das árvores, sorrimos com toda a personalidade do protagonista entregando vivência e muito envolvimento, ou seja, o diretor soube nos cativar com cada detalhe de sua trama, não ficando enrolando, nem criando desenvolturas abertas demais, o que é maravilhoso de ver num filme desse estilo, então sem dúvidas alguma posso dizer que foi um trabalho excepcional do diretor tanto na forma de mostrar quanto na criatividade de montar tudo.

Sobre as atuações vou confessar que fiquei bem surpreso com o trabalho de Jesse Eisenberg, pois o ator sempre faz as mesmas expressões nos seus filmes, e aqui precisando fazer um mímico deu tanta personalidade para seu Marcel que nos envolve por completo com bons trejeitos, boas dinâmicas e principalmente sendo comum, algo que ele não costuma fazer, pois sempre exagera, ou seja, aqui ele foi incrível e deu um show com o que fez. Agora se nos apaixonamos por Matthias Schweighöfer nos dois filmes "Army of the Dead", aqui se prepare para ficar com muita raiva dele, pois o ator entrega tudo e mais um pouco com seu Klaus Barbie, sendo imponente e cheio de dinâmicas, fazendo um papel memorável que facilmente vai credenciá-lo para outros grandes papeis. Ainda tivemos bons atos de Clémence Poesy com sua Emma bem dramatizada e entregando envolvimentos para com o protagonista, Félix Moati incrivelmente fazendo o irmão do protagonista Alain, sem ter grandes nuances (o que é uma pena, pois ele é ótimo), e claro Bella Ramsey dando ótimos atos para sua Elsbeth emocional e muito bem colocada.

Visualmente a trama foi muito bem produzida, com cenas em castelos, em esconderijos, mostrando uma cidade de Lyon ocupada pelos nazistas, vemos toda a intensidade das cenas nos trens, na fuga pelos Alpes, além de cenas imponentes num hotel mostrando tanto uma piscina vazia aonde muitos foram executados, bem como uma sala de tortura preparadíssima para fazer as pessoas falarem, além de outros atos icônicos como pessoas denunciando os demais para serem livres e receberem algum dinheiro, ou seja, o filme foi bem simbólico, mas também bem realista, mostrando que a equipe de arte trabalhou bastante e entregou tudo o que precisava.

Enfim, um ótimo filme que chama muita atenção, e que facilmente entra dentro dos que valem a pena ser conferidos sobre a época da guerra, valendo tanto como um filme biográfico do mímico quanto do período de invasões dos nazistas, então fica a dica para o play, e eu fico por aqui hoje, voltando em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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HBO Max - Tempestade Infinita (Infinite Storm)

1/10/2023 01:11:00 AM |

Já estamos quase achando que vamos virar uma civilização aquática igual ao pessoal de "Avatar - O Caminho da Água" com o tanto que anda chovendo, que resolvi dar play hoje no filme que estreou no começo de dezembro na HBO Max, "Tempestade Infinita", e eis que como não leio nada sobre a trama antes de ver, o nome era apenas uma metáfora bem colocada no final para expressar o sentimento da protagonista com relação ao que aconteceu com ela no passado, mas isso é apenas mero detalhe desse bom filme que entrega algo interessante e bem dramatizado de uma mulher que não mediu esforços para salvar um desconhecido do congelamento, mesmo ele querendo ficar ali para se matar (que vamos saber só no final o motivo), e que trabalhando bem toda a intensidade do frio, do desespero oscilante na mente de alguém quase congelado, e da força de vontade de alguém para salvar, o resultado funciona e causa uma certa tensão, que mesmo não sendo algo perfeito, tem estilo e agrada bastante.

A sinopse nos conta que ao escalar o Monte Washington em New Hampshire, um alpinista experiente decide voltar antes do cume porque uma tempestade se aproxima. Mas na descida, ela conhece um homem solitário, perdido e inexperiente. O progresso é difícil, a noite cai e a tempestade se aproxima perigosamente. Para sobreviver, é uma verdadeira corrida contra o tempo para nossa dupla improvisada.

Diria que a diretora polonesa Małgorzata Szumowska soube segurar a trama com uma mão bem dura, pois os atos não tem qualquer abertura fácil para se desenvolver para o lado, sendo algo que tem envolvimento, mas não tem uma dramaticidade emocional, e isso é bom por um lado para criar a tensão, mas ruim para os atos finais, pois ali poderia dar uma quebrada maior no público, fazer escorrer uma lágrima com tudo o que aconteceu com a verdadeira Pam, e ainda assim sobraria espaço para os lados mais duros da trama. Ou seja, a forma que optaram por mostrar a vida de Pam Bales até ficou interessante de ver, mas dava para manter a tensão com um pouco mais de leveza, o que não aconteceu, então diria que o valor da diretora foi de criar um ambiente bem instável e tenso, que claro a dublê de Naomi Watts sofreu bastante, mas o resultado visual funciona melhor do que o emocional.

Sobre as atuações, sabemos o quanto Naomi Watts se envolve em filmes no meio de tragédias climáticas, e aqui fazendo o papel de Pam Bales soube dosar seus olhares nas cenas mais tensas no meio da montanha, e desenvolver sensações nas cenas de sua casa, para que o conjunto todo desse as respostas para o público, o que é bacana, pois num primeiro momento, logo que vai para casa próximo ao fim ficamos meio confusos com tudo, e depois nas suas falas as sensibilidades atravessam e envolvem bem, ou seja, foi forte e intensa chamando toda a responsabilidade para si e acertando em cheio nos atos que precisava aparecer. Agora quanto de Billy Howle fazendo um John completamente pesado para a protagonista carregar, se sou eu tinha deixado ele lá em menos de 5 minutos de filme, e o ator soube ser um mala sem alça da hora que a protagonista começa a ajudar ele até o final, ou seja, foi perfeito no papel de enrosco. Os demais foram apenas enfeites, então nem vale a pena pontuar.

Visualmente a trama é quase que toda passada no meio das montanhas, com muita neve, floresta, buracos, mais neve, roupas para esquentar, mantas térmicas, e mais neve, ventos, neve de novo , algumas cenas num rio que deveria estar ultragelado, eu falei neve também, ou seja, o longa certamente foi gravado num lugar de bem difícil acesso, que a equipe conseguiu ótimas imagens e até poderia ter ido mais além, mas conseguiu mostrar bem os hematomas e queimaduras da neve, trabalhou bem também as cenas da casa da protagonista, e o resultado agrada bastante.

Enfim, é um bom filme, com uma pegada emocional simples demais para tudo o que a base pedia, mas que funciona dentro da proposta, então para quem gosta de um filme com algumas metáforas e cenas bem marcantes na neve fica a dica para dar play na HBO Max, mas não espere muito dele, que não é algo tão surpreendente quanto poderia ser, então releve alguns atos meio exagerados, e curta tudo. E é isso pessoal, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Mubi - Aftersun

1/08/2023 11:41:00 PM |

Como ouvi falar muito do longa "Aftersun", logo que saiu no Mubi fiz questão de dar play nele, pois vários conhecidos haviam falado da beleza do longa, de toda a relação emotiva maravilhosa e tudo mais, então claro fui ver com as expectativas bem altas em cima dele (coisa que já falei milhares de vezes que não se deve fazer), porém a trama é algo emocional bem feito em cima da relação de um pai com sua filha, todas as boas sacadas e dinâmicas de alguns dias de férias da dupla, as descobertas da garota, as angústias do pai, e só, sem grandes conflitos ou desenvolturas que deem alguma cadência maior para o longa ou que prenda o público para um algo a mais. Claro que muitos verão o longa com olhares familiares e se enxergarão nele, e isso aumenta e muito a sensação de conexão, mas para pessoas comuns (como me considero) o resultado é apenas uma trama bonitinha que mostra as férias de um pai com sua filha, e nada além disso.

O filme nos mostra que no final da década de 1990, Sophie, de onze anos, e seu pai Calum passavam as férias em um clube na costa turca. Eles tomam banho, jogam bilhar e desfrutam da companhia amigável um do outro. Calum se torna a melhor versão de si mesmo quando está com Sophie. Sophie, enquanto isso, acha que tudo é possível com ele. Quando a jovem está sozinha, ela faz novos amigos e tem novas experiências. Enquanto saboreamos cada momento passado juntos, uma sensação de melancolia e mistério às vezes permeia o comportamento de Calum. Vinte anos depois, as memórias de Sophie ganham um novo significado enquanto ela tenta reconciliar o pai que conheceu com o homem que não conhecia.

Diria que a estreia de Charlotte Wells na direção e no roteiro de longa-metragens é algo até que muito bem feito, pois embora não tenha sido um filme que me atingiu, ele tem todas as funções dramáticas bem encontradas, traz toda a vivência familiar de conexão tão grande que existe entre um pai e uma filha, vemos o crescimento da jovem ao conviver alguns dias com o pai e conhecer mais dele, aprender com as coisas no ambiente, e tudo mais de uma maneira bem bonita de ser trabalhada, mostrando provavelmente todo o carinho que a diretora também teve em algum momento de sua vida, afinal geralmente esse estilo de roteiro vem muito das experiências. Ou seja, é um filme que diria ser correto e direcionado para pessoas com filhos e filhos que tiveram algum ato mais conectivo com seus pais, pois a trama enxerga tudo nesse elo sentimental e passa bem as mensagens da trama, porém os atos dos 20 anos após são muito rápidos e quase nem nos é mostrado em suma, e isso faz falta para quem não tiver essa conexão toda, e é onde poderia ser imensamente melhorado para chamar mais atenção dos demais que forem conferir.

Agora um fato incontestável sobre a trama é a atuação dos dois protagonistas, pois tanto Paul Mescal quanto Frankie Corio se doaram demais em todas as cenas, tiveram um carisma impressionante e desenvolveram todos os seus atos com muito carinho e determinação, parecendo realmente serem da mesma família, ou seja, acertaram em cheio no que precisavam fazer. E falando de Paul Mescal, o jovem ator está cotado para alguns filmes bem imponentes, e mostra o motivo com o que faz aqui com seu Calum, pois é daqueles personagens que trazem envolvimento para a tela e o ator conseguiu passar sentimento nos olhares, nos gestuais e teve uma química muito boa com a sua companheira de cena, de modo que o filme tem uma fluidez muito boa, e muito se deve dele não prender aos excessos que o personagem poderia ter. Essa foi a estreia de Frankie Corio nos cinemas com sua Sophie, e facilmente a atriz vai ganhar muitos papeis em Hollywood, pois a jovem tem um olhar meio que melancólico ao mesmo tempo que tem vitalidade nos atos, e isso funciona demais em todo tipo de personagem que desejarem comover, e assim ela conseguiu dar pontadas fortes nos diálogos, mas ao mesmo tempo ser sutil e isso agrada bem.

Visualmente a trama se passa quase que toda num hotel da Turquia, alguns atos em ônibus, idas à piscina, alguns atos no ambiente de lazer com um jogo de motos e uma mesa de sinuca, vemos também alguns atos em karaokês, shows e uma boate de luzes piscante, além de alguns momentos no aeroporto, mas o que vale o destaque mesmo são os atos filmados pelos protagonistas com uma câmera amadora, que traz alguns elos bem marcados, e acaba sendo até mais do que apenas um elemento cênico do filme, pois ali vemos as desenvolturas dos personagens e tudo o que é refletido pela memória da protagonista adulta, ou seja, a equipe de arte meio que precisou desenvolver bem os atos para cair na época em que se passa o longa, mas não foi tão acionada, então o resultado visual ficou bem trabalhado apenas.

Enfim, é um filme bonito como já disse pelas dinâmicas dos personagens, mas dava para facilmente ser bem mais pesado e emocional, que aí cairia para elos fortes e chamaria a atenção de um público maior, pois da forma entregue ficou algo apenas artístico, e daria para ter sido algo de impacto realmente, mas como é o primeiro trabalho da diretora certamente vai melhorar isso nos próximos filmes, e assim sendo vale a dica mais para quem tem conexões de pai/filha para entrar no clima, que aí vale o play. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Me Chama Que Eu Vou

1/08/2023 03:59:00 PM |

Conferir o documentário "Me Chama Que Eu Vou" sobre a vida de Sidney Magal é praticamente viajar pelos anos 70, 80 e 90, pois mais do que apenas um cantor, ele marcou a época com suas canções, foi adorado pelas mulheres e sempre esteve em pauta nos programas de entrevistas, de modo que o longa conseguiu trabalhar bem seu material e entregar para o público as canções icônicas que marcaram a época, suas roupas extravagantes e suas danças icônicas, bem como todas as desenvolturas e curiosidades que teve durante sua vida. Ou seja, é quase uma sessão de contos de causos pelo protagonista, ao abrir seu armário de memórias guardadas aonde vai criando uma narrativa bem bacana e interessante que prende o espectador, e isso é algo que funcionou bem no documentário quase que 100% narrado pelo protagonista, em algo gráfico bem pautado e que envolve por não ser linear, mas sim por ter estilo como ele, e que brincando nos leva nessa sua saga completa.

O documentário mostra a trajetória dos 50 anos de carreira de Sidney Magal, narrado por Sidney Magalhães. Os momentos mais significativos da vida do cantor, dançarino, ator e dublador que se tornou um ícone da música popular brasileira. O homem por trás do ídolo, sob o ponto de vista dos próprios participantes da história.

Já havia elogiado muito a diretora Joana Mariani em seu primeiro longa "Todas as Canções de Amor", e aqui ela mostrou muita desenvoltura ao capturar bem toda a emoção de Sidney Magalhães contando a sua vida e a de seu personagem Sidney Magal, e sendo uma amiga do cantor desde que dirigiu ele no clipe de "Tenho", ela conseguiu desenvolver todo o símbolo sensual que o cantor tinha na juventude, todas as dinâmicas em cima de materiais de arquivo desde jornais, revistas, até shows em grandes programas, passando no meio pelos musicais, novelas, filmes e tudo mais, ao ponto que vamos nos afeiçoando ao homem Sidney e sua família que entra para alguns depoimentos como a esposa e o filho. E o mais bacana é que tudo tem uma boa síntese, toda história acaba sendo um causo bem contado, e toda a intimidade do cantor é determinante para o bom envolvimento que conseguiram passar, de modo que mesmo sendo um documentário em primeira pessoa, com apenas o protagonista falando sobre tudo, não cansa como acontece na maioria de longas desse estilo, e assim o resultado funciona bem e certamente deve estar sendo usado para o longa ficcional que estão gravando sobre a vida do cantor. Ou seja, a diretora soube extrair tudo com muita paixão e capturar um material rico e muito bem editado para um resultado único e bem feito.

Pode até ser que os fãs mais aficionados pelo cantor já até saibam de metade das coisas que aconteceu, mas o mais bacana de tudo é ir vendo como mostraram a evolução dele, suas vontades e dramas que passou, saber do elo musical com sua mãe, da carreira internacional bem antes da nacional, dos shows em churrascarias e restaurantes, de como conheceu, se apaixonou e conquistou a esposa Magali, seus planos de filhos, a época que mudou de gênero e não conseguiu sucesso, e claro sua volta ao estrelato com a lambada. Ou seja, é um filme completo que foi muito bem dirigido e teve uma edição premiada de Eduardo Gripa que soube dar dinâmica e conteúdo para tudo o que a diretora desejava ver na tela.

Enfim, é um filme bem feito, cheio de grandes nuances e que funciona bem dentro do propósito de mostrar quem foi e quem é Sidney Magal, juntando tudo o que o cantor tem em seu armário das recordações com muito material que a equipe preparou, fazendo um bom documentário que vale a pena ser conferido a partir do dia 12 de Janeiro nos cinemas, e que quem for fã certamente sairá da sessão cantando seus clássicos, então fica a dica, e eu fico por aqui agora deixando meus abraços para todos.


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Olhos Famintos - Renascimento (Jeepers Creepers: Reborn)

1/08/2023 01:56:00 AM |

Certa vez me perguntaram se mesmo eu sabendo que um filme vai ser muito ruim por tudo que já foi falado lá fora se iria conferir, e a resposta que dei é a que dou quando falo mal de algum filme que todo mundo está amando, a crítica em si é a opinião de quem vê, que claro usa quesitos técnicos para argumentar o motivo que gostou ou não de tal obra, então irei ver mesmo grandiosas bombas como é o caso aqui de "Olhos Famintos: Renascimento", ou o famoso quarto filme da franquia do bichão que até hoje ninguém decidiu o que ele é realmente, e sim, ele é muito ruim, com cenas bizarras, cortes bruscos que parecem faltar pedaços (ainda estou procurando imaginar a cena final em qual momento decidiram fazer tudo o que fizeram, da forma idiota que fizeram!), e com atuações tão esquisitas que fico pensando se o cachê realmente compensou para estar envolvido com o longa. Claro que o colocaria dentro daqueles famosos filmes ruins que divertem de tão toscos que são, e assim sendo me vi gargalhando na sala do cinema algumas vezes, e isso é algo que falha demais, pois um terror tem de causar medo, tensão, arrepios, sustos, e não risadas, mas ao menos saí rindo da sessão enquanto alguns saíram bravos com as cenas finais principalmente, mas ao menos não assisti sozinho, pelo contrário, uma sessão de pré-estreia num horário ruim de sábado bem movimentada, ou seja, a galera gosta de coisas toscas mesmo!

O filme se desenrola quando o festival Horror Hound realiza seu primeiro evento na Louisiana, onde atrai centenas de geeks, malucos e fãs de terror obstinados de toda parte. Entre eles está o fanboy Chase e sua namorada Laine, que é forçada a vir para o passeio. Mas à medida que o evento se aproxima, Laine começa a experimentar premonições inexplicáveis e visões perturbadoras associadas ao passado da cidade e, em particular, à lenda local/mito urbano The Creeper. À medida que o festival chega e o entretenimento encharcado de sangue se torna um frenesi, Laine acredita que algo sobrenatural foi convocado e que ela está no centro disso.

Não sei se foi proposital, afinal alguns diretores gostam de pegar filmes que já vem em decadência e piorar eles, mas o diretor Timo Vuorensola conseguiu um feito raro que foi fazer piada com um filme que já tinha ficado ruim no terceiro longa, e agora no quarto que era para ser algo meio reboot, meio que iniciação de novo do personagem, conseguiu ficar desastroso, e não por ser algo sem muita história, pois isso nenhum deles teve, mas por forçar a barra em cenas estranhas, colocar forças gigantescas em pessoas que não entregam nada, e ainda errar a mão nos elementos computacionais deixando um ar mais falso ainda para tudo, ou seja, é a famosa pá de cal no caixão da saga, aonde agora nem dá para desenterrar e tentar reviver tudo, ou será que dá? Afinal dando um leve spoiler na última cena vemos o bichão vivo novamente, então é aguardar e ver no que vai dar, pois se numa pré paga já tinha um bom público, não duvido de dar movimento quando entrar nos horários normais.

Sobre as atuações é até desesperador falar do que os atores fizeram, pois tentaram fazer expressões de medo em cenas que não tinha nada amedrontador, em outras pareciam contentes com o que viram sendo algo tenso, e por aí vai, mas dá para relevar, afinal aceitar fazer um filme desse naipe é algo que precisa estar muito endividado, então vou dar destaque para Jarreau Benjamin que ficou bem caracterizado de Creeper, trabalhando trejeitos e ações de maneira bem intrigante, e diria que até chamou bem a atenção para si. Outra que foi esforçada ao menos foi Sydney Craven com sua Laine, ao menos se entregando bem para os atos, mas fazendo algumas cenas meio que exageradas demais. E o fanatismo de Imran Adams para que seu Chase fosse considerado um geek exagerado de coisas de terror acabou incomodando mais do que ajudando, ou seja, forçou a barra. E quanto aos demais, a apresentadora torci logo para ser devorada que era boba demais, o produtor se machuca, mas na cena seguinte está correndo que é uma beleza, a mística dona da loja de vudu é bizarra demais para crermos nos seus atos, então vale falar apenas de Peter Brooke como um caipira bem cheio das atitudes com seu Stu, mas nada que fosse chamativo. E o destaque ultra negativo ficou para o papel de Gabriel Freilich com seu Sam pilotando um carrão e resolve parar para mijar, até aí ok, mas qual a necessidade de se embrenhar bem longe do carro, no meio da floresta se a estrada mal cabe o carro dele e está totalmente vazia? 

Visualmente o longa também é bem estranho, com um começo de certa forma bem clássico, com estilo dos senhores sendo quase atropelados pelo caminhão gigante, toda a pegada tensa e tudo mais, depois começa a desandar com a loja mística cheia de elementos estranhos, vamos para uma festa com poucos figurantes meio que espalhados para dar volume em tendas, alguns personagens famosos, um hotel meio que sem ninguém, mas que nem é mostrado ser um hotel mesmo, alguns pássaros computacionais bem toscos, e claro a casa de Creeper, tensa no meio de um cemitério, com vários elementos para serem usados, uma vitrola que toca sem energia, entre outros objetos cortantes que acabam sendo usados. Ou seja, a equipe de arte ao menos trabalhou bastante.

Enfim, se você for fã do primeiro filme e até gostou um pouco do segundo é melhor ficar longe desse e do terceiro, mas do contrário serve para rir e reclamar de coisas bem toscas, afinal é necessário ter um parâmetro para falar depois quais foram realmente os piores filmes do ano, então se você gosta de bizarrices, vá e faça bom proveito, ao menos a bilheteria dos cinemas irá ficar feliz. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto logo mais com mais textos, então abraços e até breve.

PS: Até valeria uma nota menor, mas como já fui esperando o pior, acabei rindo de vários atos e foi um bom passatempo.


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Netflix - O Pálido Olho Azul (The Pale Blue Eye)

1/07/2023 01:37:00 AM |

Se tem algo que gosto bastante é conferir longas de mistérios para tentar adivinhar tudo antes do protagonista, e quando colocam uma boa densidade dramática junto, criando as perspectivas em cima dos personagens o envolvimento fica ainda maior, pois é fácil demais errar por completo toda a ideia. E mesmo sendo baseado em um livro de sucesso, o longa "O Pálido Olho Azul" aparentava no fechamento ter o desfecho simples demais que os longas de mistério da Netflix entregam, porém deram uns poucos minutos de respiro e conseguiram surpreender com uma boa reviravolta interessante que conectou tudo, mas que certamente poderiam ter trabalhado menos personagens na história, pois em determinado momento da trama já parecia que iam usar todos os cadetes possíveis do exército e trabalhar a história de cada um na tela, mas logo que o cerco fecha, a dinâmica fica bem melhor. Ou seja, está longe de ser um filme genial, mas as atuações dos protagonistas funcionam demais e o resultado acaba sendo agradável.

A sinopse nos conta que em 1830, um detetive é contratado para investigar, com muita discrição, o terrível assassinato de um dos cadetes da Academia Militar de West Point. No entanto, o código de silêncio dos cadetes se mostra um obstáculo incontornável para a investigação, fazendo com que o detetive peça a ajuda de um dos alunos da academia: um jovem que entraria para a história como Edgar Allan Poe.

O mais bacana de tudo é a forma que o diretor e roteirista Scott Cooper brincou com a trama do livro de Louis Bayard que já tinha brincado com a história de vida do grande escritor Edgar Allan Poe, pois as tramas misteriosas do escritor que sempre foram recheadas de códigos, de crimes e de trabalhos mais fechados e densos já fluem naturalmente, então usar ele como um protagonista numa trama com olhares amplos é algo que acaba sendo bacana, as investigações não foram tão jogadas, e principalmente nos foi entregue algo que não ficou enrolando, pois mesmo sendo longo tem estilo e boas dinâmicas, só diria que poderiam ter economizado nos personagens, pois alguns foram quase que apenas jogados na tela para nada, o que certamente no livro tem muito mais para ser mostrado, mas num longa daria para fechar em pelo menos uns quatro a menos que daria o mesmo impacto e agradaria bem mais.

Sobre as atuações é fato que grudamos nossos olhares em Christian Bale, e ele não desaponta com seu Augustus Landor, de tal maneira que faz um detetive meio canastrão e até seco demais, mas que o papel pedia e até o fim nos é entregue um pouco mais do motivo dele ser desse jeito, e com nuances práticas e até algumas forçadas de barra o resultado chama atenção e até quem sabe desejamos uma continuação de antecedência mostrando os outros crimes que solucionou e são falados logo no começo pelo coronel da Academia. Claro que fui pesquisar um pouco e realmente Edgar Allan Poe foi cadete da Academia Militar de West Point nos EUA, e aqui Harry Melling deu bons trejeitos para o papel, soube brincar com toda a desenvoltura do personagem, ser sagaz quando precisou e dinâmico com estilo, de forma que acaba indo até por alguns elos de lado, mas funciona demais e é isso o que importa. Ainda tivemos papeis mais fechados como o de Timothy Spall como o superintendente da Academia e Simon McBurney com seu Capitão Hitchcock e claro toda a família estranha Marquis com o pai médico vivido por Toby Jones, a mãe bizarra vivida por Gillian Anderson, a filha doente que Lucy Boynton deu boas nuances e o filho feito por Harry Lawtey, mas sem grandes chamarizes ou impactos durante o longa inteiro, somente nos atos finais sendo mais diretos, e ainda tivemos quase que duas participações rápidas de Robert Duvall como um ocultista bem trabalhado, mas que ficou só de enfeite mesmo para a trama.

Visualmente o longa é bem escuro, mas cheio de sombras e nuances para dar o ar misterioso, figurinos bem densos e rebuscados para dar a época, e claro ambientes bem próprios para filmes de mistério como florestas, mansões imponentes com muitas velas, cabanas, e claro todo o contexto da Academia Militar, com os diversos treinamentos e casernas aonde os jovens vão para afogar o dia na bebida, ou seja, tudo bem trabalhado e sem grandes requintes, valendo reparar bem em todas as pistas entregues desde a primeira cena para tentar acertar o mistério por completo, afinal a equipe de arte nesse estilo de filme sempre trabalha a favor do espectador.

Enfim, é um filme digamos interessante e bem feito, que acredito que poderia ter ido mais além ou eu fui conferir ele com expectativas demais, mas agradou ao menos, só temos de pontuar o que já falei várias vezes de fechar mais a quantidade de personagens, senão acaba virando uma série/novela e o diretor mais se perde do que entrega algo funcional. E assim sendo recomendo ele para quem gosta do estilo, mas deixo a dica de ir sem esperar muito, que aí talvez o resultado seja melhor, e fico por aqui hoje, voltando o quanto mais breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Emily

1/06/2023 01:12:00 AM |

Gosto quando diretores trabalham um ar ficcional em cima de uma biografia para que ela flua para outros rumos e ganhe emoções mais interessantes do que apenas uma vida pacata familiar, mas geralmente esse ato frutífero da imaginação de alguns roteiristas acabam funcionando para dar dinamicidade e desenvoltura para que a trama crie novas ideias, que brinque com o público e que ousando de certa forma não bagunce tanto com tudo. Pois bem, o que a ex-atriz e agora diretora e roteirista de primeira viagem Frances O'Connor fez foi brincar com a ideia de uma família de escritoras e trabalhar de onde a mente de Emily Bronthë tirou tudo para conseguir escrever o clássico literário "O Morro dos Ventos Uivantes", que já conta com mais de 50 adaptações para o cinema, dando algumas dinâmicas do livro na vida própria da garota, mostrando sua timidez e os diversos atos conflitivos. Porém, fazer esse estilo de brincadeira é algo para pessoas bem experientes, o que não é o caso de O'Connor, então a trama ficou além de bagunçada, presa em dinâmicas que não fluíram bem, ao ponto que me vi olhando para a hora duas vezes durante a sessão de 130 minutos, ou seja, ficou algo alongado que cansa um pouco o espectador. Sendo assim, não diria que é algo ruim de ver, mas que acabou faltando um peso maior na mão dela para que o filme tivesse mais vida, e impactasse tanto quanto na cena da máscara, pois aí sim tendo algo desse estilo seria perfeito.

A sinopse nos conta que o mundo quer que ela seja quieta e obediente, mas Emily Brontë tem uma imaginação forte e uma voz que anseia por ser ouvida. Enquanto se recusa a fazer o que esperam dela, Emily vive um amor doloroso e proibido com Weightman e mostra que pode até ser estranha e rebelde, mas é também genial.

Já disse aqui que não sou contra atores virarem diretores e roteiristas, apenas tem de saber pegar algo mais simples para começar e não inventar muita coisa, e aqui Frances O'Connor até tinha grandes chances de ir além, bastava entregar a história real da vida de Emily Bronthë que já seria algo bem gigantesco e cheio de reviravoltas, mas quis enfeitar, quis colocar um pároco no meio de tudo, trabalhar drogas e rebeldias, criar conflitos entre familiares e tudo mais, o que acabou virando mais algo novelesco do que um filme com uma proposta mais marcada. Claro volto a frisar que não é algo ruim, e nem que a diretora/roteirista falhou, pois a ideia em si foi bem elaborada, o que acabou faltando foi dinamizar tudo para que o resultado convencesse mais, e isso é algo que com experiência ela irá pegar mais para frente.

Sobre as atuações, diria que Emma Mackey deu uma pegada bem interessante para sua Emily, de forma que a jovem tem olhares contundentes, tem dinâmicas bem trabalhadas, soube dosar o envolvimento com cada personagem ao seu redor, e fluiu muito bem com tudo o que o papel pedia, porém faltou o principal que não é culpa dela, a escritora é famosa por seu livro, então isso deveria ter sido usado ao máximo, e não apenas em três ou quatro ceninhas jogadas, e isso pesou bastante, mas no que dependia da atriz, foi bem feito. Oliver Jackson-Cohen trabalhou bem seu Weightman criando boas desenvolturas e sendo bem direto nos atos junto da protagonista, não deixando o ar ficar nebuloso e chamando a responsabilidade para si, de modo que embora seja um personagem que aparentemente não existiu na biografia real da protagonista, conseguiu chamar muita atenção e envolver com o que fez. O estilão de Fionn Whitehead caiu muito bem no papel de Branwell, pois conseguiu dar ares de bêbado que o irmão da protagonista tinha sem recair para algo fora de si, e assim mostrou muito envolvimento para o papel, fez olhares bem ciumentos e até apaixonados, agradando e fluindo bem. Quanto os demais, acredito que a diretora viu que viraria uma novela realmente se trabalhasse mais eles, então ficaram bem em segundo plano tanto o pai vivido por Adrian Dunbar, quanto as irmãs vividas por Alexandra Dowling e Amelia Gething, mas não decepcionaram nos atos que precisaram dar um algo a mais, então ficaram como figurantes de luxo para a trama.

Visualmente o longa que trabalha o começo dos anos 1800 na Inglaterra, mais precisamente em Thornton, tem um ar rural clássico, tem figurinos pesados (chega a ser até engraçado o tanto de roupa que os personagens precisam tirar numa cena mais quente!), e muitos ambientes bem trabalhados nesse meio, desde as bisbilhotadas dos jovens nas casas alheias, a escola para onde as garotas vão para estudar a licenciatura e lecionar, muitos atos na igreja, em cabanas e tudo mais do estilo de vilas, que chama a atenção com bons elementos cênicos, mas que como já disse faltou trabalhar mais o feitio do livro em si, as doenças da família e assim o resultado cairia melhor, mas a equipe de arte trabalhou bem para um filme digamos simples.

Enfim, é um filme interessante e bem atuado, mas que se alongou mais do que deveria em alguns atos e correu demais aonde deveria ter trabalhado mais, o que acabou cansando um pouco, mas ainda assim vale a recomendação para imaginarmos um pouco a mente das mulheres mais rebeldes dos anos 1800, aonde sempre vemos algo mais fechado e tradicional, então fica a dica. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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