Crônicas de Exorcismo: O Início (Toemalog) (퇴마록) (Exorcism Chronicles: The Beginning)

9/30/2025 12:41:00 AM |

É interessante como o cinema sul-coreano tem evoluído monstruosamente, e se antes víamos poucas produções provenientes de lá, a cada dia que passa chegam mais títulos por aqui, e felizmente de vários estilos. E desde o dia que recebi o material que estrearia "Crônicas de Exorcismo: O Início" já fiquei bem curioso pela ideia em si, mas estava com o receio do subtítulo, afinal poderia chegar uma trama quebrada por aqui e sabe lá quando apareceria as continuações, porém felizmente a trama é bem fechada, e mesmo sendo um início aonde conheceremos mais dos personagens, o resultado não larga nada quebrado na tela, e mais do que isso, fazia tempo que não via traços tão interessantes em uma animação, me remetendo à qualidade de personagens de videogame aonde tudo tenta ser o mais realista possível, e que junto de uma história (um pouco maluca) bem colocada na tela acabará agradando bastante quem curte tramas de lutas e até um pouco de RPG. Ou seja, um nicho que é bem explorado no cinema oriental, que aqui já tem muitos fãs, e que certamente irão entrar de vez nesse que é a adaptação de uma HQ que já vendeu mais de 10 milhões de exemplares no país e mais de 238 milhões de visualizações online.

No centro da trama está Padre Park, um médico que abandonou o jaleco pela batina, mas foi excomungado após enfrentar aquilo que sua antiga igreja se recusava a reconhecer: forças sobrenaturais reais e perigosas. Quando um antigo amigo, um monge guardião de um templo secreto repleto de magia ancestral, reaparece com um pedido urgente, Park é lançado de volta ao mundo que tentou abandonar. Sua missão é proteger um jovem ingênuo, mas dotado de poderes extraordinários, que se tornou alvo de seu próprio mestre corrompido pelas trevas. Para salvar o menino e enfrentar o mal em sua forma mais pura, o padre terá de encarar seus próprios demônios e redescobrir onde sua fé realmente habita.

É interessante observar que essa é a estreia do diretor Kim Dong-Chul, mas pelo primor entregue de traços tão marcantes, aonde a história foi bem desenvolvida e com nuances tão chamativas, certamente será encarregado das continuações, pois certamente a trama tem muito mais para contar com o que virá pela frente. Claro que muitos vão reclamar de não termos tanto desenvolvimento de personagens, aonde tudo vai se desenrolando e você meio que tem de descobrir quem é quem, mas isso já é algo bem tradicional no estilo de animação oriental, afinal na maioria das vezes o público-alvo são os fãs dos livros, porém aqui vamos pegando bem a essência de cada personagem, e o resultado acaba acontecendo e funcionando, mas ainda assim dava para o diretor ter trabalhado um pouco mais cada um para que tudo não ficasse tão abstrato para o público comum, e ainda assim a trama não se alongaria tanto, então fica sendo esse um pequeno deslize na tela.

Quanto dos personagens, como disse acima, não foram muito desenvolvidos para criamos carisma suficiente para acompanharmos eles, mas volto a frisar que o desenho e o formato de todos surpreenderam bastante, junto até de alguma textura na tela, de modo que o destaque fica para o Padre Park com seu corpo robusto, lutando com seu terço junto do chaveiro da garotinha que não conseguiu salvar no passado, tendo poderes com a cruz, a água benta e também um incensário, sendo bem imponente em seus atos, e chamando atenção nos momentos chaves. Do outro lado o Mestre Seo já desde o começo mostra seu lado mais amplo de rituais, mas quando se transforma por completo com seus vários braços e forças ficou bem chamativo para a batalha em si, tendo poderes bem marcantes na luta contra todos os demais guardiões. Quanto aos demais personagens, diria que a maioria teve algum ato chamativo para puxar a tela para si, mas não conseguiram ser tão imponentes, valendo um leve destaque para o guardião Joon, por aparecer mais no longa.

Visualmente o longa é bem puxado para tons avermelhados, mas nas batalhas cada personagem tem seu poder de uma cor mais forte bem chamativa, e como já disse, os traços dos personagens foram bem realistas com formas bem dimensionadas quase parecendo pessoas reais, mas que claro dentro de um estilo desenhado, o que deu a trama um estilo quase de videogame, mas funcional de movimentos e cheio de ambientes mais escuros e imponentes, com cenas de fogo e até contando com muito sangue na tela, ou seja, um impacto visual que a equipe de arte desenhou para chamar atenção realmente.

Enfim, é uma animação bem interessante, que surpreende pelas técnicas visuais e também pela história contada, que talvez vá fazer mais sucesso com os fãs do estilo, mas que não desapontarão quem for conferir apenas como um bom filme, então fica a dica para ir aos cinemas a partir do dia 02/10. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Cinecolor Films e da Luar Conteúdo pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Zoopocalipse - Uma Aventura Animal (Night of the Zoopocalypse) (Une Nuit au Zoo)

9/28/2025 11:12:00 PM |

Vai parecer repetitivo, mas novamente uma animação franco-canadense foi tão boa na tela que além de cativar os pequenos que assistiram bonitinhos a sessão de uma trama quase de terror, consegue envolver os adultos com piadas e sacadas boas envolvendo ideologias de cinema e motes bem colocados de união e pertencimento e muito mais, ou seja, um acerto incrível de conferir. E claro que estou falando de "Zoopocalipse - Uma Aventura Animal" que trouxe uma proposta tão diferente do usual para uma animação, que brinca com facetas de terror e comédia, usando zumbis, animais de um zoológico e gelatinas, com cores fortes fosforescentes, e que ao sair do comum consegue agradar bastante com uma essência forte de união e símbolos bem colocados nos diálogos para envolver do começo ao fim. Ou seja, é daquelas animações que surpreendem bastante, pois quando vi o trailer jurava que seria algo bem bobo que não iria convencer, mas o resultado na tela é tão bom, que ri bastante e saí da sessão com um sorriso na cara querendo até mais do filme, então quem sabe venha uma continuação para chamar ainda mais atenção.

O longa acompanha a vida dos animais de um zoológico que, de repente, são colocados em risco graças à queda inesperada de um meteoro no local. Quando essa pedra celeste cai, um vírus é liberado, sendo capaz de transformar todos aqueles bichos em zumbis horripilantes. São e salvos, o feroz leão-da-montanha Dan e a enigmática loba Gracie se unem a outros sobreviventes para deter a contaminação e colocar o lugar nos eixos outra vez. Ao lado da dupla, um grupo de amigos para lá de especial os ajudam nessa empreitada: Xavier, o lêmure cinéfilo; Frida, a capivara confiante; Ash, o avestruz estiloso; e Felix, o macaquinho atrapalhado. No entanto, essa turma improvável precisará de muita atenção para lutar no apocalipse e salvar seus queridos colegas.

O mais bacana de tudo é que os diretores Ricardo Curtis e Rodrigo Perez-Castro estão praticamente estreando na função em longas-metragens depois de passarem pela direção de arte, storyboards e muitas outras funções de várias animações famosas mundo afora, e souberam brincar com a essência artística bem pautada nos seus personagens, para que os zumbis feitos de gelatina pudessem se grudar e virar algo maior ainda, e também os personagens "heróis" tivessem a possibilidade de se desenvolverem bem na tela sem precisar de muitas apresentações, ou seja, conseguiram criar um conteúdo completo, dinâmico e cheio de interações bem próprias para divertir o público, pois essa é a base de uma boa animação. E o maior detalhe possível foi atingir um público amplo e não apenas as crianças como geralmente ocorre no estilo, tendo pegadas bobas, mas outras bem alocadas como o lêmure cinéfilo que vai explicar como funcionam os atos de um bom filme colocando tudo na tela enquanto se desenvolvem, ou seja, foi uma história que conseguiu ir muito além do resultado simples que poderia ter, e que mesmo sendo estranha, como muitos irão julgar ela, a dinâmica funciona demais do começo ao fim, sem precisar soar boba como parecia no trailer.

Estamos tão acostumados com animações que trabalham demais as texturas, que quando não entregam tanto parece que algo está estranho na tela, mas longe disso ser um problema, no longa aqui tivemos formatos bem interessantes para todos os personagens, com cores bem fortes para todos e principalmente para os monstros de gelatina em que são transformados os personagens mordidos em cadeia pelos contaminados pelo meteoro, e como todos possuem um grande carisma vão nos conectando com a essência de cada um para a diversão completa. E claro que vou começar falando do lêmure Xavier que foi muito bem encaixado na trama, mostrando para todos o funcionamento da maioria dos filmes de terror, desenvolvendo um carisma para todos os cinéfilos, e que na voz de Ed Gama ficou meio cearense demais, mas divertido dentro da proposta toda. A loba Grace foi bem trabalhada na tela, teve imposições bem colocadas mostrando que ter um plano e manter o grupo foi algo bem valioso, transformando todos os demais animais na sua própria alcateia, e mesmo fazendo algumas loucuras agradou bastante. O leão-da-montanha Dan foi bem explosivo e cheio de nuances, mostrando perspectiva de meta de vida, mas também sabendo auxiliar quem está lhe ajudando, sendo bem interessante de acompanhar toda a entrega do personagem. Ainda tivemos bons atos com o avestruz Ash desesperado, o macaco Felix jogando tudo para o lado para salvar a própria pele, a capivara Frida bem cheia de personalidade, mas sem dúvida quem teve atos tão gostosos e divertidos foi a hipopótamo-pigmeu Lu com seu estilo avoado, mas totalmente envolvente.

Visualmente o longa foi bem restrito dentro do zoológico, tendo as áreas de cada animal bem separadas e tematizadas, as lojas de brinquedos, o centro-veterinário, a fazendinha dos bichinhos fofos aonde começa toda a confusão, e toda a correria entre os ambientes, com personagens bem desenhados, e os monstros com tons fosforescentes bem marcantes com olhos gigantes e texturas de gelatina que conforme vão se desmontando se juntam de formas bem bizarras, ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante as ideias para que tudo fizesse sentido e funcionasse numa correria ampla e bem colocada.

Enfim, confesso que fui assistir com muitas pedras no bolso para tacar no longa achando que seria algo bobinho demais, e fui surpreendido com uma história bacana, bem colocada e muito divertida, que até tem algumas falhas, mas que não atrapalha em nada o resultado final, valendo demais a indicação para toda a família, pois podem ficar tranquilos que até os menorzinhos não irão se assustar com o tom mais assustador que o longa possui. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


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Uma Batalha Após a Outra (One Battle After Another)

9/27/2025 11:57:00 PM |

Quando vejo meus amigos críticos internacionais elogiando tanto um filme, acabo indo conferir com um certo receio do que irei encontrar na tela, e um que nem tinha visto o trailer, mas que a mídia internacional estava julgando como o melhor filme do ano é "Uma Batalha Após a Outra", que até tem uma boa pegada, não cansa o espectador, mesmo tendo 170 minutos de duração, e entrega uma trama bem crítica aos governos atuais, entregando os rebeldes que confrontam o sistema, e toda a tentativa de apagar algo errado quando se entra para um grupo seleto, e a sacada do desenvolvimento até funciona bastante na tela, de modo que o filme parece que não vai ter um final decente, mas felizmente ocorre, e toda a dinâmica de ação ininterrupta mostra que o diretor também sabe sair do tradicional drama denso, o que acaba sendo diferenciado, e que vai agradar não apenas o público fã de tramas de festivais, mas sim o grande público comercial que gosta de algo que envolva e tenha uma boa história.

O longa nos apresenta Bob Ferguson, um ex-revolucionário que sai da aposentadoria para enfrentar a missão mais importante de toda a sua vida: resgatar a sua filha. Tendo vivido a juventude como integrante de um grupo de guerrilha, agora a sua fracassada vida o atinge em cheio com frustrações e tristezas quando o mais cruel de sua longa lista de inimigos retorna após passar 16 anos desaparecido e resolve sequestrar a garota. Diante de tamanha urgência, ele reúne seus antigos companheiros e embarca em um implacável desafio em que precisará correr contra o tempo para salvar quem ele mais ama.

Quem conhece o estilo do diretor e roteirista Paul Thomas Anderson sabe que mesmo nos seus filmes mais simples sempre haverá uma crítica social embutida, dinâmicas que farão o público pensar e tudo mais que por vezes acaba se tornando chato e cansativo, porém aqui ele soube brincar com as facetas de uma forma tão direta e bem encontrada, fazendo com que as dinâmicas tivessem expressividade para não cansar e ainda apontar o dedo nas feridas que alguns andam achando comum nos governos atuais. Ou seja, ainda é um filme com a cara do diretor, mas tem tanta personalidade e dinâmica que por vezes você pensa se realmente ainda é o mesmo filme, com uma abertura ampla, um miolo centrado, e um fechamento completamente pegado, aonde tudo se encaixa bem, e mostra que ele pode ser muito mais do que um diretor apenas de festivais, como eram o caso de praticamente todos seus filmes anteriores.

Quanto das atuações, o que posso dizer é que o elenco se jogou por completo em seus papeis, não tendo um personagem que não merecesse aplausos pelo que fez em cena, e claro que vou começar falando de Leonardo DiCaprio, que se fosse o produtor indicaria ele como coadjuvante nas premiações para ganhar com certeza, embora seu Bob seja cheio de facetas e dinâmicas, completamente maluco com suas drogas, correndo em cima de telhados, fazendo interações bizarras do começo ao fim, e mesmo parecendo um doido sem base alguma ainda foi perfeito nas situações. E qual o motivo de colocar o DiCaprio como coadjuvante, pois ao colocar Sean Penn com seu Steven Lockjaw como protagonista, as vertentes indicativas mudariam por completo e ambos provavelmente acabariam indicados, pois o ator conseguiu demonstrar muita personalidade e entrega, em um papel duro e cheio de imposição, embora seus atos finais sejam meio fora do padrão esperado, e a maluquice do roteiro seja divertida para que ficasse mais engraçado do que durão. Teyana Taylor trabalhou uma Perfídia bem audaciosa, cheia de personalidade e entrega, conseguindo segurar bem todas suas cenas ousadas com trejeitos sensuais e dinâmicas fortes, de modo que poderiam ter usado mais ela em cena, mas ficou apenas no primeiro ato seus momentos. Ainda tivemos Benicio Del Toro bem cheio de sacadas com seu Sensei Sergio St. Carlos e a jovem Chase Infiniti trabalhando as dinâmicas de sua Willa com imponência e mostrando uma estreia promissora na telona, entre muitos outros que apenas tiveram atos bem marcados, mas que não vou ficar enchendo o texto de nomes.

No conceito visual o longa teve boas escolhas nas prisões para imigrantes, trabalhou bons momentos de assaltos e preparações de bombas com explosões intensas e marcantes em diversos locais, e depois partiu para a casa isolada do protagonista com um túnel bem simples, o prédio do Sensei também com um túnel de fuga, uma corrida marcante pelos telhados, uma festa de casamento com uma reunião secreta numa grandiosa mansão, alguns atos intensos de perseguição de carros por uma rodovia gigante e vazia, entre outras boas dinâmicas bem chamativas dando algumas nuances de época, mas sem se prender a datas.

Outro ponto interessante que incomoda um pouco é a trilha sonora, que assim como a ação do filme, não desliga em momento algum, sendo alterada para dar as devidas nuances, mas que por vezes pode até parecer um pouco chata demais, mas como fez parte da essência do longa, até funciona no que se propõe.

Enfim é um filme diferenciado que funciona dentro de algo comercial, sendo ao mesmo tempo algo que critica o que andamos vendo acontecer mundo afora, mas que também diverte e entretém, então acaba sendo uma boa escolha para se conferir, claro desde que não se espere o mundo maravilhoso que muitos críticos andam classificando ele, então fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Missão Pet (Falcon Express) (Pets On a Train)

9/24/2025 11:59:00 PM |

Pode parecer insistência, mas até animações agora os franceses andam fazendo bem, ou seja, se tinham um cinema clássico chamativo, agora também vão brincar com boas tramas para a garotada. E digo isso sem hesitar de "Missão Pet", pois tinha a certeza absoluta que veria mais uma animação bobinha, aonde as nuances aconteceriam somente para agradar os menorzinhos, e me foi entregue algo quase no estilo Tom Cruise com animais sozinhos em um trem em disparada. Ou seja, é uma animação cheia de cenas de ação, com personalidade, e que mesmo sendo para os menorzinhos, não desaponta na essência aventureira cheia de intensidade, aonde claro não vemos nada que cause grandes tormentos para o público-alvo, mas ainda assim agrada e envolve pela pegada mais forte colocada na tela.

O longa nos conta que um inteligente e engenhoso guaxinim chamado Falcão embarca em mais uma trapaça rotineira para roubar alimentos. O que ele não esperava era ficar preso em um trem em alta velocidade ao lado de diferentes animais de estimação, sendo vítima de um assalto organizado por Hans, um texugo rancoroso em busca de vingança. Agora, resta para Falcão usar toda a sua expertise e malandragem para salvar o dia e evitar o acidente aparentemente inevitável. Junto com o cachorro policial Rex e outros colegas em apuros, Falcão precisa impedir que o plano de Hans machuque a todos.

Sendo o primeiro trabalho de direção de Benoît Daffis e Jean-Christian Tassy posso dizer que começaram com o pé direito, pois souberam ser simples sem deixar que a essência de ação ficasse de lado, e trabalharam o conceito sem precisar enfeitar o bolo, colocando tudo de forma bem direta na tela, brincando com os personagens e suas apresentações, tudo de maneira bem dinâmica sem precisar ficar enrolando na tela ou criando passagens para desenvolver eles, e dessa forma conseguiu criar carisma, criar personalidade para cada um, e mais do que isso, não deixou que seu filme ficasse frouxo de entregas. Claro que por ser um primeiro trabalho no estilo não quiseram fazer um filme daqueles cheios de simbologias, deixando mais para o estilo se desenvolver na tela e brincar com as facetas, então mesmo sendo uma obra francesa, não se deve ir esperando algo que encante pelas nuances reflexivas ou que tenha motes com lições, pois essa não foi a ideia, então o resultado acaba sendo algo mais para curtir realmente, e acaba funcionando demais.

Um ponto bem bacana do longa é que praticamente todos os personagens possuem um carisma fácil de se conectar, desde o protagonista Falcão que é daqueles guaxinins faceiros e cheios de habilidades, disposto a tudo para conseguir não apenas comida para ele, mas sim para todos seus amigos das ruas, sendo bonito de ver procurar o que cada um mais gosta, e depois no trem sendo bem espontâneo para que conseguisse buscar salvar todos ali que ele acabou metendo na confusão. O "vilão" Hans é daqueles que você acaba ficando com raiva pelo que faz, e isso é um grande acerto, principalmente em um longa infantil, pois geralmente optam por colocar uma ideologia mais "bonitinha" para não assustar ou causar traumas na criançada, mas aqui ele é mal mesmo e está disposto a matar todos para se vingar de quem lhe prendeu um dia. Agora uma sacada bem bacana foi a do cão policial Rex não lembrar do vilão que prendeu, pois é considerada uma raça que tem memória ruim, e isso ficou bem legal de ver, mesmo com o personagem sendo bem imponente. Ainda tivemos a gatinha Maggie bem corajosa, mas também bem pessimista com as ideias que passa, e para não me alongar foi bem divertido ver o trio tartaruga, pato e peixe lutando contra o vilão no melhor estilo cinematográfico possível, ou seja, todos foram muito bem colocados nas cenas.

O resultado visual na tela foi bem trabalhado com as formas dos personagens, todos bem tridimensionais com boas sombras, tendo a ambientação em parques e becos no começo aonde conhecemos a "família" do protagonista, depois já vamos para o hackeamento do trem, com os demais personagens sendo colocados e apresentados, e a partir daí toda a correria rola nos vagões e no jornal sensacionalista que busca criar as matérias com as mortes dos bichinhos numa tragédia, além disso tivemos boas paisagens ao redor do trem, com uma floresta bem colocada aonde o protagonista sai pilotando um carrinho de brinquedo de forma bem cheia de ação no melhor estilo de filmes que já vimos do estilo, tendo alguns tiroteios de pepino, muitas coisas quebrando, explosões, descarrilamentos e tudo mais, ou seja, um longa de ação no formato de animação.

Enfim, realmente não esperava gostar tanto da animação, pois estava pensando que seria bem mais infantilizada e até bobinha de nuances, mas o resultado visual me conectou demais, fora todo o estilo que lembra demais vários filmes de ação tradicionais, e assim sendo vale bastante a recomendação para conferir nos cinemas a partir de amanhã dia 25/09, mesmo não sendo uma obra-prima do estilo, mas como costumo dizer cumpriu com a proposta para agradar o público-alvo e não forçou a barra já é um grande acerto. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Paris Filmes e da Atomica Lab Assessoria pela cabine de imprensa, e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais. 


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Ne Zha 2 - O Renascer da Alma (哪吒2)

9/24/2025 06:16:00 PM |

Se você é cinéfilo e não ouviu falar sobre "Ne Zha 2", pode devolver sua carteirinha para ser queimada, afinal a animação passou de 2 bilhões de dólares de arrecadação (já quase passando "Titanic"), fazendo sucesso em todos os países que estreou, e agora nessa quinta 25/09 chegou a vez do Brasil receber o longa do lutador chinês. Mas aí você dá o mesmo grito que o Coelho quando soube do filme: "preciso ver o primeiro filme para entender o segundo?" ou "aonde acho o primeiro para conferir?", e as respostas são que pode ir tranquilamente conferir, pois os primeiros dois a três minutos é uma rápida explicação do que se trata o personagem, e o que aconteceu com ele, já para segunda pergunta a resposta é só baixando através de alguma pirataria, pois não achei ele em streaming algum já que nem chegou a ser lançado por aqui em 2019 quando estava o caos da pandemia. Dito isso, o longa tem a pegada da maioria dos animes japoneses que conhecemos (Dragon Ball, Naruto, entre outros) só que com um personagem chinês que é um demônio que possui poderes de fogo e seu amigo que possui poderes de água, bem basicamente isso, porém ao invés de vir em episódios como aconteceram com os japoneses, aqui fizeram um longa de 144 minutos com muita história, muitas batalhas e dinâmicas que fazem o público que curte esse estilo vibrar, e assim sendo com certeza terá salas com um bom público que costuma gostar de lutas para conferir.

A sinopse nos conta que após uma grande catástrofe, as almas de Ne Zha e Ao Bing são salvas, mas seus corpos enfrentam a ruína. Para lhes dar uma nova vida, Taiyi Zhenren recorre à mística lótus de sete cores em uma ousada tentativa de reconstruí-los e mudar seus destinos.

Diria que o diretor e roteirista Yu Yang adaptou bem o livro de Xixing Lu e Zhonglin Xu, pois a trama em si é bem completa na tela, e como disse ele foi bem feliz em começar essa continuação situando o público que não viu o primeiro ou que já o esqueceu, afinal 6 anos é tempo para lembrar tudo, e usando de dinâmicas bem conectadas, com muita história para ser desenvolvida, o resultado não chega a cansar, porém dava para ser bem menor, pois alguns atos parecem repetitivos demais, mas como tem base em um livro, não tem como ficar cortando, e assim o resultado agrada dentro do possível. Outro ponto bem interessante ficou a cargo do formato de desenho, pois ficando no meio do caminho entre o abstrato desenhado e o computacional cheio de formas, vemos algo que convence bem nas lutas, chamando atenção para os poderes e para os exércitos que aparecem nas batalhas maiores.

Um detalhe que me incomodou bastante foi o fato dos personagens serem exageradamente dinâmicos, o que acaba não criando um carisma com o público, mas isso é algo pessoal, pois para tramas de lutas, o pessoal gosta bastante de personagens assim, e dessa forma ficou bacana e até divertido ver o protagonista Ne Zha socando tudo e todos, sendo bem reclamão e intenso, que contando com cores bem chamativas atrai os olhares a todo momento. Os demais personagens também foram um pouco confusos na história, pois se transformam em dragões, viram pessoas, lutam, somem, de modo que quem piscar um pouco é capaz de perder o rumo da história, e assim o resultado falha nesse sentido.

Visualmente como já falei a trama tem muitas cores, um traço bem marcante e chamativo, e contando com vários ambientes aonde as lutas ocorrem, tendo explosões e tudo mais, o filme se desenvolve bem, mostrando que a equipe artística valorizou os momentos da trama, não tentando ganhar o espectador com sutilezas, mas sim com dinâmicas e clareza para que tudo fosse bem representado na tela.

Enfim, é um filme que foi feito para um público fanático por tramas de lutas que agrada pela essência e estilo, mas que friso bem que quem não for fã do gênero acabará mais perdido que tudo nas sessões, então fica a dica com essa ressalva. E é isso meus amigos, fico por aqui agora agradecendo os amigos da A2 Filmes pela cabine de imprensa, e volto mais tarde com outro texto, então abraços e até daqui a pouco.


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Looke - O Melhor Torcedor do Mundo (Wochenendrebellen) (Weekend Rebels)

9/24/2025 01:24:00 AM |

Costumo dizer que sou fã de longas que tem pegadas esportivas, mesmo que quase em 100% dos casos recaiam para clichés do gênero, que é algo que incomoda demais a maioria dos críticos mundo afora, agora outro estilo que anda muito em pauta são as tramas inclusivas, que trabalhem bem as diversas síndromes e deficiências que acabam causando problemas para os jovens, então o que daria juntar as duas coisas? Sim, já vimos outros filmes que fizeram isso, um ótimo exemplar mais puxado para a comédia é "Campeões", e agora um que puxa para o lado do autismo é "O Melhor Torcedor do Mundo", que pode ser conferido dentro da plataforma Looke, e que de forma bem graciosa mostra os perrengues que uma família passa com seu filho quando esse quer escolher um time de futebol para torcer, mas que não será de maneira aleatória, afinal o time tem de seguir todas as regras que ele determinou e com isso precisará visitar os jogos das 56 equipes alemãs. Ou seja, uma trama cheia de dificuldades, afinal os jovens com o espectro não aceitam que toquem neles, não gostam de barulhos e tudo mais que é muito comum em jogos de futebol, e assim sendo o resultado mostra algo que vai muito além de um único filme.

A sinopse nos conta que Mirco é orientado a procurar uma escola especial para Jason, seu filho autista. O garoto promete que irá se esforçar para permanecer na escola se seu pai ajudá-lo a escolher um time de futebol. No entanto, antes de tomar sua decisão final, Jason gostaria de conhecer os 56 clubes das três primeiras divisões de futebol do país.

O cinema alemão por si só já é diferente do normal que estamos acostumados a ver, então falar que conheço muitos filmes deles é algo completamente mentiroso, de forma que analisei hoje somente pelo que o diretor Marc Rothemund me entregou, que nada mais é que uma trama bonita, simples e simpática, aonde conhecemos mais do mundo dos autistas, vemos seus conflitos internos e até mesmo os conflitos para com seus familiares que acabam por vezes até os mimando demais. Claro que é algo subjetivo de entrega, e que mesmo sendo baseado em uma história real (a qual vemos os verdadeiros na tela durante os créditos) conseguiram transpor para a tela algo bacana de estrutura, aonde nada cansa, e mais do que isso, nos conecta na tela, o que é funcional e diferenciado. Ou seja, é o famoso filme que explicita o bullying que muitos jovens sofrem pela deficiência, mas que também mostra que incorporando eles nas atitudes comuns podem sair grandes gênios pela mente que não se desliga facilmente, e assim sendo o longa emociona e agrada bastante.

Quanto das atuações, é claro que tenho de falar logo de cara do jovem Cecilio Andresen que conseguiu fazer com que seu Jason fosse bem explosivo e cheio das nuances, trabalhando talvez um estilo que alguns jovens irão se conectar, mas que ao segurar o protagonismo para si, mostrou algo que vai muito além da personalidade, de tal forma que se ele realmente não tem o espectro, conseguiu representar muito na tela, agradando do começo ao fim. Florian David Fitz conseguiu trabalhar seu Mirco com uma intensidade bem colocada daqueles pais que até tentam entender a vida do filho, mas que trabalhando mais fora do que dentro, deixando as funções principais para a mãe, acaba vivenciando tudo com muita força quando passa a viver todo o caos, e o ator soube segurar bem a dramaticidade na tela, emocionando também em alguns bons atos. Ainda tivemos Aylin Tezel mostrando uma Fatime múltipla para cuidar dos filhos com as mil regras do garoto, enquanto o pai trabalha viajando, sabendo passar um bom ar de cansaço na tela, e sendo a mãe guerreira que muitos conhecemos, e também tivemos boas cenas com Joachim Król como o avô do garoto tendo boas dinâmicas e sínteses com o garoto.

Visualmente a equipe trabalhou bastante para levar os protagonistas para os vários estádios que aparecem no longa, com muitos jogos importantes que lotaram as arquibancadas do país, mostrando o fanatismo das torcidas, e claro todas as dinâmicas caóticas que alguém com autismo sofre nesses lugares, ainda tivemos a casa da família e também muitas cenas em trens levando eles de ponta a ponta do país. Ou seja, é quase um road-movie, mas numa formatação diferenciada.

Enfim, é um filme simples, mas quem gosta de tramas familiares, ensinamentos bem encaixados sobre pessoas diferentes, e claro de como o esporte pode mudar a vida das famílias, irão gostar bastante, então indico com certeza o play na plataforma. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Rust - A Lei do Oeste (Rust)

9/23/2025 02:11:00 AM |

Tinha quase que a certeza absoluta de que não veria o resultado final do longa "Rust - A Lei do Oeste" chegar nem para locação, afinal com tudo o que rolou entre a morte acidental da diretora de fotografia, o processo todo do julgamento de Alec Baldwin, fora o trauma para finalizar as filmagens com esse clima estranho, mas eis que terminaram o longa (embora cheio de pequenos espaços em branco que encheram de transições), e se olharmos o tanto de tiroteio e armas que tem no filme, dá para imaginar problemas para todos os lados, o que certamente dava para evitar. Mas vamos ao que interessa, que é se realmente o longa funciona na tela, e posso dizer que é um exemplar razoável do estilo de faroeste, trazendo esse estilo que foi tão popular no passado de volta a tona, tendo todos os traquejos e dinâmicas características, e sendo bem sucinto de história, pois a base mostra apenas um jovem garoto condenado por um crime acidental, fugindo junto de um grande foragido da lei, enfrentando pelo caminho vários caçadores da recompensa que eles passam a valer, e nada mais, sem reviravoltas, sem surpresas, e assim agrada com o simples, mesmo parecendo que foi terminado na correria.

O longa acompanha um menino de 13 anos deixado sozinho com seu irmão no deserto após a morte dos pais no Kansas em 1880. Mas após acidentalmente matar um fazendeiro local, ele precisa fugir com seu avô, com quem não tem muita afinidade, para evitar de ser enforcado como punição.

Diria que o diretor Joel Souza até tentou ser ousado com a entrega de seu filme, pois o estilo faroeste não é mais aqueles que cativam tanto o público, porém ainda existem diversos fãs do estilo que facilmente pagariam para ver algo novo bem feito na telona, porém quis o acaso que desse uma bagunça gigante nas filmagens, e tudo fosse por água abaixo, e mesmo ele falando no final após os créditos em uma cena de homenagem à diretora de fotografia que morreu, que ela gostaria de ver seu olhar exibido para todo o mundo, ficou bem claro que não conseguiram filmar tudo o que tinham para acabar o longa, e encheram de cenas com transições, muitas cenas com personagens em sombras e assim o resultado mostrou um filme tradicional, mas com muitos ruídos e que de certa forma não chega a empolgar como deveria. Ou seja, não ficou algo ruim, pois a essência tradicional western funciona dessa forma meio que de solavancos, mas dava para terem executado melhor os fechamentos e assim agradar mais.

Quanto das atuações, Alec Baldwin sempre teve trejeitos bonachões, e aqui seu Harland Rust tem a pegada tradicional do estilo que funciona bem, conseguiu ser bem hábil nos movimentos com as armas, e trabalhou seus diálogos de modo rústico como deveria, não sendo algo chamativo aos montes, mas que funciona dentro da essência. O jovem Patrick Scott McDermott trabalhou seu Lucas com muita imposição, com trejeitos fortes e também bem emocionais, e soube segurar suas cenas para que ficasse com um ar de protagonista, ao ponto que teve um início mais intenso e marcante, e depois relaxou um pouco, mas ainda assim agradou bastante com o que fez. Não sei se o personagem Wood Helm de Josh Hopkins tinha algo a mais na formatação original, mas pareceu meio perdido em cena, com alguns traquejos soltos estranhos que não funcionam como deveria, de forma que não agradou como um "mocinho" da lei. Outro que talvez merecesse mais cenas foi Travis Fimmel com seu Fentron "Pregador" Lang, pois teve momentos intensos e chamativos como um "fora-da-lei" que tenta cumprir a lei para ganhar as recompensas, e também pregando as palavras bíblicas, mas ficou meio que jogado de lado, ao ponto que seus atos finais até foram marcantes, mas praticamente não se impôs no restante.

Visualmente o longa foi bem clássico, com os famosos bares do velho oeste, as cadeias rudimentares, fazendas soltas praticamente falidas para os bancos, alguns duelos na rua, algumas cenas de tiroteios, e também alguns ambientes mais hostis na fuga, passando por índios e outras pequenas vilas, além dos enforcamentos nas praças, que deram um bom tom para a trama. A fotografia do longa podemos dizer que ficou bem bonita, numa mistura árida com muitos contraluzes em direção ao sol, o que deu algumas sombras intensas e marcantes, porém as cenas internas e noturnas faltou o que chamamos de iluminação falsa para realçar os personagens, ao ponto que alguns atos você nem vê o que está na tela, e isso é bem ruim de acontecer.

Enfim, é um longa que tinha a quase certeza de que não iria conferir completo na telona ou na telinha, mas que acabou finalizado meio que em "homenagem" a diretora de fotografia Halyna Hutchins que morreu durante as gravações, e os processos ainda estão em julgamento dos acusados, agora quanto a um verdadeiro faroeste mesmo, daqueles empolgantes que víamos nas noites da nossa juventude, esse passa bem longe, porém ainda vale a conferida como um passatempo do estilo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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A Longa Marcha - Caminhe ou Morra (The Long Walk)

9/22/2025 01:08:00 AM |

Se o livro do Stephen King não fosse de 1979, certamente eu diria que o diretor Francis Lawrence plagiou ele mesmo no filme "A Longa Marcha - Caminhe ou Morra", pois a trama se parece demais com "Jogos Vorazes", tendo a mesma pegada de um indicado por condado, o lance da guerra ter destruído tudo e a fome dominado, e claro a dinâmica de vários irem morrendo até sobrar apenas um ganhador, ou seja, toda a base completa dos longas que já vimos no passado. Claro que o longa não ficou ruim de conferir, mas também não é nada muito original, já que a essência é a mesma, tendo apenas bons momentos e dinâmicas fortes para causar a impressão mais violenta, e com um seguimento bem pautado em cima de críticas sociais que até hoje são bem assim. Diria que o longa poderia ter algumas dinâmicas mais intensas, porém mudaria o conceito do livro, mas o resultado foi até bem dinâmico, pois o livro tem mais de 400 páginas, e aqui em 108 minutos tudo foi bem resolvido e aceito, mesmo com algumas liberdades ficcionais que não seriam tradicionalmente aceitas numa realidade. Só sei de uma coisa, que cansei de andar só vendo os rapazes, pois foram mais de 500km em 5 dias sem paradas, e isso nem em sonho daria para fazer.

O longa se passa num futuro distópico em que os Estados Unidos vivem sob um regime autoritário em que uma competição mortal recruta todo ano um grupo de cinquenta jovens meninos para o que eles chamam de A Longa Marcha. Um dos escolhidos desse ano é o adolescente Ray Garraty e a regra é clara: se mantenha caminhando, sem parar para não ser baleado enquanto essa prova brutal de resistência é transmitida para milhares de espectadores ao redor do país. É preciso andar e andar até o último sobrevivente permanecer de pé. O prêmio é ser concedido um único desejo pelo resto da vida, mas será preciso lutar para sobreviver aos obstáculos e à exaustão. Se qualquer um tropeçar, cair, andar no limite da velocidade permitida ou sentar, recebe um aviso. Após três comunicados, você está fora permanentemente.

O interessante do diretor Francis Lawrence é que ele é daqueles diretores que colocam seu estilo em tudo o que faz, e aqui como já disse no começo se o livro não lembrasse "Jogos Vorazes" com toda certeza o diretor deixou o mais semelhante possível, sendo até método de comparação entre as obras, e não digo que isso seja algo ruim, mas também não é algo que faça algum milagre na tela, pois a trama prende pelos diálogos e pelas ações de morte, não sendo algo que tenha atos de surpresa ou impactos com reviravoltas, mas que funciona principalmente por não cansar o espectador com algo que é apenas de andanças, conversas e mortes, e que envolve pelo carisma dos personagens. Ou seja, sendo o primeiro livro de Stephen King, o que mais vemos é que na época ele não tinha uma concisão maior, pois mais de 400 páginas para contar uma competição de caminhada é algo meio que exagerado, mas que o diretor no filme soube brincar com as facetas possíveis, mesmo que tudo seja muito esperado, e assim o resultado pode não ser o melhor para todos.

Quanto das atuações, o jovem Cooper Hoffman tem muita personalidade e já tinha mostrado isso em outros filmes, mas aqui com seu Ray Garraty conseguiu segurar o longa com tanta precisão que ficamos esperando suas atitudes e acertos para cada ato, passando semblantes cansados, revoltados e cheios de intensidade, o que realmente fez dele um protagonista dinâmico e acertado. Outro que encaixou muito bem na tela foi David Jonsson com seu Pete McVries, aonde teve segurança e atitude, passando um companheirismo incrível para com o protagonista, e criando dinâmicas bem coesas para que seus atos se encaixassem na tela, não sendo apenas algo singelo, mas sim algo que foi determinante para os atos de fechamento. Quanto aos demais, tivemos bons atores e personagens que deram as devidas conexões cênicas para a trama, mas vale destacar mesmo apenas Charlie Plummer com seu Gary Barkovitch intenso e conseguindo quebrar bem algumas dinâmicas dentre os demais personagens, e claro Mark Hamill com seu Major aos berros e chamando para si os atos mais duros e expressivos, porém sem ter muito tempo de tela, afinal é apenas o contraponto de tudo.

Visualmente o longa foi bem simples, com uma caminhada por uma rodovia aonde as paisagens vistas eram apenas de plantações e mato, com pequenas vilas ou cidades aparecendo raramente, com poucas pessoas observando a caminhada e querendo ver os tiros nos caminhantes, com tanques e jipes acompanhando eles, alguns com luzes para iluminar a caminhada noturna, e personagens com roupas bem surradas, fazendo suas necessidades fisiológicas pelo caminho, e com mortes bem marcantes e violentas, tendo alguns atos com chuvas, mas tudo bem simples de essência, não sendo daqueles filmes que precisam de tantos ambientes, mas ainda assim tendo bons elementos cênicos como a bola que o protagonista leva, os alimentos enlatados ou em pastas, cantis e rifles, mostrando que o trabalho mesmo ficou a cargo da equipe de fotografia para encontrar bons ângulos com tudo em movimento sem parar.

Enfim, é um filme interessante, com uma boa proposta de entrega, que até poderia ser mais impactante com algumas mudanças cênicas mais desenvolvidas, porém não dá para mudar muito algo que tem como base um livro, e sendo assim o resultado na tela chega a ser chocante em determinados atos, mas nada que quem esteja acostumado com tramas de terror se incomode. Sendo assim vale a recomendação por ser algo que já vimos em outras formatações e que tem pegada, mas quem for esperando muito dele irá certamente se decepcionar. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Animais Perigosos (Dangerous Animals)

9/20/2025 02:37:00 AM |

Hoje fui conferir "Animais Perigosos" esperando ver mais um filme tradicional de tubarões, com efeitos zoados e sínteses estranhas, aonde fosse pego com alguns sustos gratuitos e muitas bizarrices, porém o "animal" perigoso aqui é outro, e sim um assassino em série que gosta de filmar suas vítimas sendo devoradas pelos mais variados tipos de tubarões, no melhor estilo desesperador das vítimas, e claro de orgasmo para o assassino, e essa variação do estilo diria que mesmo sendo estranha dentro de um contexto maior acabou me agradando bastante e até divertindo com a entrega na tela. Ou seja, não é algo perfeito, e nem foi reinventado o estilo, porém teve pegada, insanidade, e até bons trejeitos expressivos no pequeno espaço mostrado do barco do protagonista, e se não fosse pelo exagero romantizado acredito que o longa chamaria ainda mais atenção com um resultado "mais" crível.

O longa acompanha uma surfista experiente e espírito livre chamada Zephyr que é sequestrada por um assassino em série conhecido como Tucker. O modus operandi do criminoso é peculiar e perturbador: obcecado por tubarões, Tucker rapta suas vítimas e as transforma em comida para esses assustadores e famintos animais, conduzindo toda essa tragédia como um espetáculo. Zephyr, então, é mantida em cativeiro com outra jovem e precisa testemunhar os horrores do serial killer enquanto procura formas de escapar desse pesadelo. Esperta e sagaz, Zephyr luta pela própria vida e contra o tempo, antes de se tornar mais uma refém do ritual macabro de Tucker.

É interessante que vemos vários filmes australianos e nem sabemos bem que foram feitos por lá, afinal usam tanto de situações semelhantes aos americanos que tudo passa normal, e o diretor Sean Byrne não fez muita questão de situar seu longa por lá, podendo ser qualquer praia normal e qualquer barco de qualquer país, de modo que a grande sacada do roteiro é ser um filme de tubarões sem que eles fossem os protagonistas como casualmente são tramas desse estilo, e essa brincadeira dele foi bem ousada, afinal não nos é contada toda a história do assassino, e apenas vemos sua obsessão acontecendo, o que para muitos talvez falte alguma imposição maior, mas como sabemos em tramas de terror nada é necessário para chamar atenção. Ou seja, é daqueles filmes aonde a essência maluca funciona, que tem vários clichês do estilo, aonde você fica xingando os protagonistas de burros, mas que ao menos entretém na tela, sendo um passatempo razoável de ver, mostrando que o estilo do diretor é simples, porém ousado.

Quanto das atuações, fiquei o longa inteiro imaginando que fosse outra atriz muito parecida com a protagonista, mas não era afinal não conheço muito os trabalhos de Hassie Harrison, e o que posso dizer é que sua Zephyr teve personalidade, trabalhou bem os atos mais densos sem ficar apenas esperneando (o que é comum em filmes do estilo), mostrando exatamente o que o assassino falava dela ser bem forte e intensa, o que a atriz representou bastante. E falando no assassino, Jai Courtney botou muita banca com seu Bruce Tucker, se jogando em trejeitos fortes e desesperados, parecendo literalmente um maluco, além de confessar que dançou bem bêbado na cena solta que lhe dá uma imposição na tela, ou seja, não ficou como um psicopata bobo na tela, o que é um grande acerto. Agora já vi muito homem apaixonado após uma transa, mas Josh Heuston bateu um novo recorde com seu Moses, de modo que o rapaz ficou caidinho pela protagonista, e o ator fez trejeitos bem emocionais e bobos para esse estilo, de modo que não ficou errado, mas forçaram a barra após um primeiro encontro. Quanto aos demais, vale apenas citar o desespero de Ella Newton com sua Heather, mas nada de muito chamativo que marcasse realmente na tela.

Visualmente a equipe conseguiu boas imagens com tubarões reais, claro que usando de mergulhadores profissionais e outros animais para comerem, e nem precisou de muita cenografia, tendo um barco antigo de expedição, com um porão simples de duas camas de ferro, e uma grua de pescadores aonde com um banquinho levaram os protagonistas para serem devorados, além de câmeras antigas, e fitas VHS para representar o estilo nostálgico do assassino.

Enfim, é um filme com uma proposta definida, que quem curte tramas com assassinos seriais bem malucos vai gostar do que verá na tela, não sendo nada demais, mas também não sendo algo ruim de ver, então vale a indicação como um passatempo bem simples de terror. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Minha Família Muito Louca (Meine Verrückte Familie) (My Freaky Family)

9/19/2025 09:56:00 PM |

Já disse algumas vezes que o maior erro de uma animação é querer contar histórias demais para o público, pois a base de uma boa trama desenhada é fazer com que os pequenos, que geralmente são o alvo, entendam tudo nas imagens, e principalmente se envolvam com o que vêem na tela, sem que fique maçante. E infelizmente o longa alemão, "Minha Família Muito Louca" é desses que entopem do começo a fim com tanta história que você acaba se perdendo nas nuances, e mais do que isso, sem definir se seguiriam algo mais infantil ou juvenil, o resultado acaba se perdendo na tela. Claro que tendo a base em cima de um livro, talvez por lá a trama faça um pouco mais de sentido, porém aqui não empolgou, e por incrível que pareça raspou a trave de me fazer dormir.

O longa nos conta que Betty Flood está prestes a completar seu 13º aniversário e, assim como todos os anos, ela está preparada para pedir poderes mágicos como seu desejo ao soprar as velas. Todos os seus familiares possuem habilidades extraordinárias menos ela, por um motivo secreto que sua mãe se recusa a contar. Por isso, Betty decide embarcar em uma jornada arriscada e musical para descobrir a magia dentro de si e, no processo, verdades impressionantes vão se revelar.

Não conhecia o trabalho do diretor Mark Gravas, mas posso dizer que ele tem alguns longas bem estranhos pela filmografia, e aqui ele tentou ir para um rumo lúdico entre magia e brigas familiares, e o resultado até poderia ter fluido com os personagens excêntricos que colocou em pauta, porém faltou criar carisma com eles, ou então não forçar tantas trapalhadas para que a essência ficasse mais séria na tela, porém não encontrou esse meio termo, e o resultado na base da insistência acaba cansando demais, o que é muito ruim de acontecer com animações. E assim sendo acabamos nem entendendo direito o conflito familiar, nem mesmo acreditando nos seres mágicos, que ainda para ajudar recaem para a música, que não vem nem dublada, nem legendada, ou seja, uma verdadeira bagunça.

Como já falei, faltou desenvolver melhor o carisma dos personagens, de modo que a garotinha Betty até é cheia de facetas, mas acaba não sendo segura nas dinâmicas para convencer como uma boa protagonista, e isso acaba pesando bastante na tela. Logo de cara dá para saber que Misha não é a amiga que aparenta, porém faltou a personagem ser mais forte para marcar presença mesmo com o que faz. Os pais da garota ficaram bem colocados naquele meio do caminho entre tentar ser descolados e protetores demais, e assim não vão muito além. Os irmãos da protagonista são um misto de "Família Addams" com "Hotel Transilvânia", aonde tentam aparecer com o que fazem, mas não conseguem empolgar.

Visualmente o longa até possui boas cores e alguns formatos interessantes, não sendo algo totalmente tridimensional que parecesse computação exagerada, mas também sem ter texturas chamativas, aonde até tentamos curtir a mistura de mundos, porém recai demais no estilo bobinho, é isso acaba não marcando tanto.

Enfim, é daqueles filmes que nem lembremos de termos visto amanhã, aonde vale conferir apenas para conhecer o estilo de animação alemã, embora não seja o melhor exemplar do estilo para se ter alguma referência, e mesmo para a criançada o longa provavelmente irá cansar demais com tanta história, e sendo assim é melhor procurar algo que entretenha melhor os pequenos. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou conferir mais um longa hoje para ver se melhora a noite, então abraços e até daqui a pouco.


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A Grande Viagem da Sua Vida (A Big Bold Beautiful Journey)

9/19/2025 12:38:00 AM |

Uma coisa que me incomoda muito em filmes fantasiosos com uma proposta reflexiva é que o diretor e o roteirista tentam fazer você acreditar em algo, sem que esse algo exista, e para isso cria tantas facetas e histórias que uma trama que tem apenas 109 minutos fica parecendo que passamos dias dentro da sala do cinema, e em alguns casos isso acaba virando um caos de enrolações que ninguém acaba suportando, mas por vezes o resultado em si funciona bem, mesmo sendo algo alongado. E felizmente "A Grande Viagem Da Sua Vida" pertence ao segundo grupo, pois a trama é bem bonita e interessante, ao nos fazer pensar como seria nossa vida e como devemos mudar o agora, revendo e revivendo momentos-chaves do passado que deram muito errado, e que claro mudaram nossa personalidade em cima do ocorrido. De tal forma que a trama brinca muito com as possibilidades e com a fotografia do ambiente, levando a trama para nuances fortes e densas, mas que ao se desenvolver flui bem na tela, e o mais engraçado de tudo que é o longa não tenta parecer realista, e muitas vezes até chegamos a pensar que fosse outra coisa, e assim sendo é capaz que alguns fiquem ressabiados com o resultado final.

O longa acompanha a jornada mágica e reveladora de David e Sarah, dois desconhecidos que se esbarram no casamento de um amigo em comum. Ambos solteiros, eles flertam um com o outro na festa e acabam juntos numa viagem comandada pelo GPS do carro antigo que David aluga. Quando a ferramenta deixa a dupla no meio de um lindo campo com apenas uma porta vermelha, eles resolvem atravessá-la e acabam embarcando numa aventura fantástica pelo tempo. Uma trajetória na qual ambos têm a chance de reviver momentos determinantes de seus passados. Contemplando o caminho que os levou até o momento presente, David e Sarah estabelecem uma conexão profunda enquanto imaginam novas possibilidades para o futuro.

Como não assisti aos trabalhos anteriores do diretor Kogonada, vou apenas dizer que ele mostrou uma sensibilidade bem direcionada na tela, pois seu filme facilmente poderia explorar alguns vértices mais impositivos e ir para outros rumos na tela, porém ele soube florear com paisagens incríveis, uma fotografia primorosa, e principalmente deixando que os protagonistas fluíssem na tela ao invés da história, de modo que vamos no ritmo deles, na essência de cada momento, e isso soa bem diferente do estilo hollywoodiano tradicional. Ou seja, ele pegou a história de Seth Reiss, trabalhou os personagens com os atores, e os colocou para vivenciar tudo, de forma que por vezes parece até que eles não sabiam o que estava acontecendo realmente e sendo surpresos se doavam para os atos, e isso é um grande acerto de direção, ao mesmo tempo que poderia virar uma tragédia monstruosa e sem entendimentos algum. Sendo assim, o único aquém que colocaria na direção dele é que dava para cortar talvez algumas dinâmicas ou acelerar um pouco alguns momentos, pois como disse no começo, parece que seu filme tem muito mais tempo do que apenas 109 minutos.

Quanto das atuações posso dizer facilmente que embora tentem não passar uma química entre os protagonistas, meio que deixando isso acontecer de uma forma não muito natural, o resultado dos diálogos nas dinâmicas funcionou muito, e isso agrada demais na tela. E dito isso, Colin Farrell é daqueles atores que sabem atuar dentro da sua atuação, ao ponto que seu David chega a nos confundir com o que está fazendo, sendo por vezes artificial demais, e em outros atos mais sentimental, com olhares bem devaneados, mas dando um show no seu ato musical, e sendo sutil quando precisou, o único porém que vou pontuar é o que a equipe de maquiagem fez com ele no seu último ato, pois pareceu estar usando uma barba pintada de festa junina, e isso foi literalmente um crime. Da mesma forma Margot Robbie já se jogou com um carisma acima do normal para sua Sarah, mas que no fundo vemos seus problemas sentimentais bem passados e durante toda a trama vamos vendo seus erros que lhe moldaram, e sem precisar apelar para gracejos, ela consegue nos cativar com essa sua essência, ou seja, fez bem o papel. 

Visualmente posso dizer que a equipe de arte trabalhou demais para que o filme tivesse toda uma conexão extra-sensorial na telona, de modo que vemos belas paisagens, muita chuva, que inclusive fica belíssima dentro do contraponto famoso de misturar sol e chuva, tivemos as portas bem representativas com os lugares, e claro tivemos os passados, seja num museu, numa escola, num musical, num farol, num hospital e em um café, além das casas de infância dos personagens, tudo muito recheado de detalhes que envolvem o público e a entrega na tela. E claro não poderia esquecer do galpão de locação de carros completamente estranho que ainda por cima locou um carro bem antigo com um GPS mais estranho ainda, ou seja, tudo bem dentro de uma fábula irreal.

Enfim, é um longa que fui esperando outra coisa, mas que me envolveu com a entrega, porém volto a afirmar que alongaram um pouco além do necessário, e assim para conferir após um dia puxado de trabalho acaba cansando não ir a fundo logo de cara, mas que o resultado final é gostoso e interessante, isso é, então vale a indicação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


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A Sogra Perfeita 2

9/18/2025 12:43:00 AM |

Não sou contra continuações, porém um gênero que insiste em errar quando se fazem sequências é a tal da comédia, pois se deu errado o original, tentam remendar as pontas e acaba virando um verdadeiro desastre, e se deu certo, tentam forçar as mesmas piadas, ou invertê-las para dar outras nuances, e também acaba virando um desastre, então costumo dizer que fazer rir é algo para poucos, e se deu certo, reinvente algo em cima, mas não continue. E claro que se comecei o texto de "A Sogra Perfeita 2" dessa forma pelo fato do novo longa até ter a essência divertida que funcionou em 2021, porém enquanto lá parecia realmente um filme, aqui temos algo mais fechado em esquetes que mais remetem um programa humorístico da TV aberta, aonde as facetas vão acontecendo, e que nem são piadas e situações novas que vão nos entregar, de tal forma que acabamos já esperando aparecer apenas. Ou seja, não digo que tenha ficado algo ruim, porém dava para terem trabalhado melhor as dinâmicas para que o longa funcionasse melhor na tela, ou então, deixassem apenas no primeiro filme, e transformasse aqui em uma série de pequenos episódios, que provavelmente funcionaria melhor.

O longa nos conta que Neide finalmente está curtindo sua liberdade após os filhos saírem de debaixo de seu teto. Independente e bem-sucedida, a cabeleireira vive a paz de espírito de uma vida tranquila. Tudo começa a desmoronar, porém, quando seu namorado português Oliveira decide pedi-la em casamento. Apesar de negar o inesperado pedido, a fofoca de que um casamento está por vir rapidamente chega nos ouvidos de toda a vizinhança de Vila Cleide. Para piorar e complicar mais ainda, sua sogra (Fafy Siqueira) chega de Portugal com as malas prontas para a suposta cerimônia. Agora, Neide precisará resolver a situação sozinha, sem a ajuda de sua melhor amiga Sheila, com quem se desentendeu durante uma competição de penteados, enquanto tenta controlar a confusão que se instalou por todo o bairro.

Diria que uma das diretoras que mais sabemos bem o estilão que vamos encontrar é Cris D'Amato, e isso não é algo ruim, pois você vai preparado para apenas curtir algo que vai ser abarrotado de esquetes e situações cômicas, que dependendo do seu humor no dia, irá rir bastante ou sentir uma vergonha alheia tamanha, e isso no mesmo filme variando as temperaturas das situações, e essa sua "fórmula" já deu bons frutos no passado, já fez alguns filmes serem marcantes de época, e claro fez sua fama no estilo, porém aqui ela precisava ter se reinventado um pouco para que a sogra da sogra fizesse um algo a mais na tela, aonde as confusões ficassem nisso e não em uma competição de cabelereiros ou então uma briga de amigas, pois ficou sendo algo raso perto das confusões que poderia rolar com a sua sogra. Ou seja, ficou aquele filme morno que a diretora já fez outras vezes, aonde você já se prepara para cada piada momentos antes dela acontecer, isso quando não acontece no exato momento em que pensa, e assim sendo faltou gás para ir além na tela, mostrando que a diretora precisa começar a encarar novos rumos para voltar ao seu apogeu cômico que funcionou no passado.

Quanto das atuações, o mais bacana de Cacau Protásio é que mesmo ela sendo extremamente exagerada em seus personagens, ela nos convence que a personagem é do jeitão dela, e assim sua Neide aqui tem seus traquejos, tem empoderamento e ao mesmo tempo que tem algumas situações mais explosivas, também consegue puxar o carisma para um lado emocional (mesmo que em segundo plano). Evelyn Castro segue o mesmo caminho da protagonista com sua Sheila, sendo exagerada, gritante, forçando a barra para tudo, mas como é seu estilo tradicional de vídeos online, quem já a conhece até entra na onda, porém dava para a diretora ter controlado um pouco mais as forçadas malucas dela. O grupo português da trama acaba sendo divertido nas sutilezas, com Marcelo Laham voltando ainda mais fechadinho com seu Oliveira, tendo boas nuances expressivas para tentar não demonstrar seus sentimentos para a protagonista, Ricardo Pereira fazendo um Segundinho galanteador, porém apaixonado e homem de família, sendo até engraçado sua paixonite por Sheila, mas quem chama atenção mesmo e deveria ter sido muito mais usada é Fafy Siqueira, que essa sim é uma humorista de mão cheia e conseguiria reverter o filme para nuances mais despojadas e engraçadas na tela, o que é uma pena. Quanto aos demais, vou preferir me abster, pois Luis Miranda e Mario Matias apenas enfeitaram e fizeram esquetes bobas, e Maria Bopp fez uma infiltrada tão ruim que até uma criança saberia o seu papel na primeira cena dela.

Visualmente o longa é bem básico, tendo os salões de Neide e Sheila lado a lado, o salão de Richard, a padaria de Oliveira e o escritório de um agiota, tudo bem básico, sem grandes chamarizes, mas sendo bem detalhado no conteúdo representativo, além do concurso no final com algo mais próximo de um show de TV, mas também sem chamar muita atenção, ou seja, um longa que o orçamento da equipe de arte foi bem econômico, mas que funcionou dentro da proposta.

Enfim, é uma comédia que quem curte piadas mais jogadas e forçadas até vai rir, mas que passa longe do gracejo do primeiro longa, e que como disse tem mais cara de um seriado do que de filme realmente, e assim sendo dava para ter melhorado muita coisa para que não fosse apenas mais um. Ou seja, diria que recomendo ele apenas para quem tiver sem nada para conferir e gosta do estilo, pois do contrário vai só reclamar, principalmente por não conseguir rir dos exageros. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais boas dicas, então abraços e até logo mais.


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Sr. Blake ao Seu Dispor (Complètement cramé!) (Mr. Blake at Your Service!)

9/16/2025 01:15:00 AM |

Fazia um bom tempo que não via um filme tão gostoso quando "Sr. Blake ao Seu Dispor", sendo daqueles que certamente colocarei num cantinho para me lembrar, pois o longa consegue ser doce e bem humorado, cheio de nuances, mas sem precisar ficar forçado, e que acaba brincando com as facetas da famosa rixa entre franceses e ingleses com uma desenvoltura própria e fácil de se envolver. De tal forma o longa brilha nossos olhos com o carisma dos personagens, o lorde que um empresário acaba virando como mordomo, e todas as boas sensações que consegue colocar num castelo triste e quase que em ruínas pessoais, parecendo até uma daquelas obras natalinas que vemos tranquilamente numa tarde leve e gostosa, que não precisamos pensar em nada, e que ainda assim passam boas lições. Ou seja, é um filme simples, muito bem feito, muito bem atuado, e que emociona na medida, mesmo tendo alguns pequenos defeitos, mas que não impactam no resultado final.

A sinopse nos conta que desde a morte de sua esposa, Diane, Andrew Blake não tem mais ânimo para nada. Ele só tem uma ideia em mente: voltar para a França e se aproximar das lembranças felizes no local onde conheceu sua amada. E para isso está disposto a renunciar ao sucesso e correr todos os riscos. Mas sua viagem não ocorre como planejado e Blake se vê obrigado a desempenhar o papel de mordomo para ficar na mansão onde tudo aconteceu. Entre Madame Beauvillier, a dona da casa, Odile, a cozinheira com um carácter forte, Philippe, o caseiro teimoso e Manon, a jovem empregada, Blake descobre pessoas tão perdidas como ele. Neste lugar tão especial, este homem que já não esperava nada da vida será obrigado a começar tudo de novo.

Quem me acompanha a algum tempo sabe o temor que tenho de diretores e roteiristas estreantes, principalmente em comédias dramáticas, pois é um gênero que você precisa ter o dom para conseguir fazer o público rir e se emocionar ao mesmo tempo, e Gilles Legardinier ganhou todas minhas atenções para o seu próximo filme, pois se conseguiu algo tão bem elaborado assim logo na estreia, o que será que irá conseguir fazer com um pouco mais de experiência? Claro que aqui ele teve a sorte de pegar um ator que todos dizer ser incrível trabalhar com ele, mas lhe foi dado um bom texto para isso, e o diretor soube dominar as dinâmicas sem precisar ficar explicando muita coisa, embora algumas pudessem ter sido melhor desenvolvidas (como a empresa do protagonista, se ele comprou ou fez algo para a dona, entre outros detalhes, mas que acabaria enrolando um pouco a trama), mas ainda assim o resultado fluiu tão bem que dá para relevar essa falta que provavelmente foi feita para dinamizar cortando as sobras.

Quanto das atuações, já vi muitos longas de John Malkovich, porém não me lembro de nenhum que eu tivesse me apaixonado pela entrega do ator como aconteceu aqui, de modo que seu Andrew Blake é mais do que apenas um lorde inglês falando um francês perfeito e maravilhoso na tela, sendo daqueles seres humanos que agregam os demais, que mesmo tomando uma posição bem inferior se joga, se transporta, ajuda, conecta e traz o envolvimento de tela, fazendo até com que os outros atores saíssem das suas zonas de conforto e se doassem por completo com ele, ou seja, fez tudo e mais um pouco na tela, agradando do começo ao fim. Outra que caiu muito bem para o papel foi Émilie Dequenne, de modo que sua Odile tem todo um ar de liderança, mas também tem suas fraquezas e recaídas, tendo muitas dinâmicas diretas, que até acabam parecendo arrogantes, mas que sendo desenvolta acaba agradando demais com o que faz na tela. Ainda tivemos momentos bem colocados e emocionais de Fanny Ardant com sua Nathalie Beauvillier com ares tristes e dinâmicas bem enlutadas na tela, tivemos Philippe Bas bem atrapalhado, mas durão com seu Magnier, e também a doce e ingênua Manon que Eugénie Anselin fez, além claro que devo citar a gatinha Novehka fazendo seu Mephisto com muitas caras e bocas.

Visualmente a trama fica toda no grandioso castelo, com seus vários cômodos empoeirados, tendo boas sacadas com os materiais que são dados para o protagonista limpar relógios, caçar poeiras e tudo mais, tivemos a reabertura de alguns ambientes como uma grandiosa sala e um salão de jogos, muitas cenas na cozinha do ambiente, e também no casebre de Magnier, além de um belo bosque e um jardim bem harmonioso, com muitos detalhes e dinâmicas ocorrendo das formas mais icônicas, e claro com muitos elementos cênicos, ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante para detalhar, dar as devidas nuances nos objetos, e fazendo com que tudo representasse bem na tela, desde contas até o bichinho de recordação da filha, entre fotos e tudo mais.

Enfim, é um filme que me agradou demais, que fez eu ter uma noite como há muito tempo não tinha de dar risadas, me emocionar e se envolver com cada detalhe da trama, ao ponto que só achei mesmo defeitos enquanto escrevia o texto, principalmente por achar que talvez alguns elos pudessem ser melhores desenvolvidos, mas não é nada que atrapalhe a graciosidade da trama, e claro valer demais a recomendação para uma ótima sessão para todos os amigos que conseguirem assistir ele na estreia que ocorre na próxima quinta, 18/09. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Mares Filmes pela excelente cabine, e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Consequências Paralelas

9/15/2025 01:20:00 AM |

Um estilo que gosto muito dentro do suspense é o de viagem temporal, pois dá para o roteirista/diretor brincar com tantas facetas forem possíveis na sua mente, mas desde que siga um princípio básico que é convencer o público que está assistindo no que você deseja que seja visto, senão acaba virando uma bola de neve imensa, e eu sei muito bem como é isso por já ter acontecido com algo bem próximo. E começo o texto do longa nacional "Consequências Paralelas", que tem feito sucesso em festivais do gênero, dessa forma pelo simples fator que o diretor acabou exagerando na dose textual, e economizou demais na dose visual, de modo que facilmente o texto poderia virar uma peça teatral que não mudaria praticamente nada. Claro que a dose expressiva dos protagonistas, criando as devidas mudanças de humor, a tentativa de um impedir a morte do outro com o que vai rolar futuramente, e as devidas possibilidades em cima de cada dinâmica cria uma boa dose de tensão para que rumos tudo irá fluir, porém acabou que ficou repetitivo demais os elos de um protagonista tentando convencer o outro, e isso acaba não convencendo você do outro lado totalmente sem ter visto algo, e nessa brincadeira de crer ou não, o resultado final parece faltar, embora ainda seja um bom exemplar do estilo.

A sinopse nos conta que Max e seus amigos, Pedro e Bruna, descobrem uma improvável máquina do tempo e, movidos pela curiosidade, decidem testá-la. Mas o que parecia uma aventura se transforma em um pesadelo quando Pedro, de forma súbita e inexplicável, passa a querer matar Max. Sem entender os motivos por trás da mudança, Max se vê preso em um ciclo de sobrevivência onde sua única saída é voltar alguns segundos ao passado — repetidamente — em busca de respostas que possam salvá-lo. À medida que mergulham em uma linha temporal instável, onde cada escolha pode ser fatal, os três amigos enfrentam verdades obscuras sobre si mesmos e sobre o peso das consequências que criam.

Diria que o roteiro e a direção dos diretores Gabriel França e CD Vallada foram até que interessantes dentro da proposta em si, de modo que ficou algo chamativo e cheio de nuances aonde o espectador fica esperando aquele algo a mais acontecer, afinal demora até o último ato para sabermos o que Max fez para que Pedro voltasse tão transtornado, porém isso uma, duas ou até três vezes é aceitável se perguntar e tentar mudar, agora repetidas vezes durante todos os 80 minutos do longa, acabou ficando mais irritante do que original. Claro que por ser uma trama de orçamento baixíssimo, e todo desenvolvido em cima dos diálogos, o resultado em si até surpreende dentro da forma que ocorre, porém dava para ter aberto mais toda a situação, dava para mostrar o acontecer em outras realidades, e até mesmo dava para usando apenas a base textual brincar com mais facetas, porém a repetição causa um trabalho psicológico, e era essa a intensão deles, então funcionou como disse para a proposta, bastará ver se funcionará para um público maior do que o de festivais.

Quanto das atuações, felizmente o trio protagonista segurou a barra, pois sendo uma trama 100% dependente dos diálogos, qualquer deslize estragaria o filme por completo, e se a intensão era fazer com que Felipe Hintze suasse horrores, a iluminação, o calor do ambiente e toda sua expressividade foram feitas com precisão, pois é notável o quanto o ator vai crescendo a tensão de seu Max, e o ator brincou bem com toda esse desespero que vai tomando toda a dinâmica. Da mesma forma, João Fenerich voltou de sua primeira viagem temporal transtornadíssimo, e isso já lhe deu uma nuance pronta para todos os demais momentos, o que de certa forma foi um acerto do ator, mas um erro da direção, pois poderia voltar outros Pedro's diferentes nas demais realidades, e não apenas o ponto de escape escolhido, mas como aqui estou falando da atuação em si, posso dizer que ele foi bem no que fez. Agora diria que Carol Macedo acabou muito mal aproveitada na tela com sua Bruna, de modo que ficou somente no meio da discussão dos dois rapazes, e foi uma contadora da história de sua mãe e da sua tia, repetindo inclusive as falas narradas de Camila Morgado no começo e depois em uma leitura de carta, e isso não a valorizou, mas ao menos segurou a onda toda e trabalhou alguns trejeitos duvidosos, o que de certa forma não foi de todo ruim.

Visualmente volto a afirmar que se o diretor quiser transformar o longa em uma peça teatral ele pode começar a rodar o país todo amanhã, pois o ambiente foi completamente desnecessário para todo o filme, tendo de importante apenas a poltrona, a arma e o vaso atrás que se quebra uma única vez, de modo que a sala inteiramente fechada até dá uma certa claustrofobia, mas apenas foi decorada com uma mesa de carteado, uma de sinuca e alguns armários com livros para mero enfeite, o que talvez pudesse ter sido usado para algo a mais. E como disse, por ser um filme de baixo orçamento não quiseram ousar tanto nas viagens temporais, tendo alguns atos com sangue provenientes dos tiros ou das voltas temporais, mas sem grandes expressões da equipe de arte em si.

Enfim, é um filme simples e bem feito, que volto a frisar que tenha faltado um pouco de ousadia para representar melhor e causar mais no espectador, pois alguns até vão se convencer de tudo o que ocorre ali e entrarão completamente no clima do longa, enquanto outros vão achar apenas básico demais sem entender bem a proposta, e como digo sempre que arriscar depender do público entender é uma fria sem tamanho, e assim sendo pode dar muito certo ou muito errado. Sendo assim, fica a dica para quem gostar do estilo conferir ele quando lançado, o que ainda não tem uma data prevista, já que o longa está participando de muitos festivais mundo afora, mas chegando a data eu coloco o aviso aqui, e desde já agradeço o pessoal da assessoria de marketing do longa por confiar em meu trabalho e enviar o link para conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


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