O Refém - Atentado em Madri (Todos Los Nomes de Dios) (All The Names of God)

1/28/2024 10:52:00 PM |

Já disse várias vezes o quanto gosto do cinema espanhol, pois ao mesmo tempo que eles erram muito, também acertam demais com longas de diversos estilos, e um estilo que eles gostam e acertam bastante é no gênero policial, pois brincam com facetas investigativas, com tragédias e com tramas que sempre recaem facilmente para que o público se envolva com os protagonistas, se emocione com algo e até mesmo torça para que tudo dê certo, o que na maioria das vezes dá. E o nome da vez é "O Refém - Atentado em Madri", que se eu conheço bem o cinema americano não dou nem dois anos para fazerem uma cópia bem semelhante ao longa, pois é uma trama com estilo e personalidade, mostrando uma faceta do terrorismo que é de chocar o mundo, e não apenas sair explodindo vidas, e isso eles já conheceram bem, e a grande sacada da trama espanhola é que o filme tem um primeiro ato de certa forma explosivo, mas ao mesmo tempo com um ar carismático, já que o jovem terrorista não parece querer fazer as coisas, e o motorista acaba se conectando com ele, para depois termos uma operação bem imponente e cheia de nuances, que dava para causar até um pouco mais se os personagens fossem mais emotivos, mas o resultado funciona pelo menos e quem gosta do estilo vai se envolver bastante.

O longa nos mostra que depois de um atentado terrorista, Santi é tomado por refém por Hamza, o único terrorista que sobreviveu. Em uma reviravolta inesperada, seus papéis são trocados e Santi se torna um homem-bomba andando pela Gran Vía de Madrid, vestindo um colete com explosivos. A agência de inteligência, os serviços de emergência, e mesmo a mídia, se juntam para salvar sua vida através de uso de recursos impressionantes com consequências inesperadas.

O diretor Daniel Calparsoro é bem conhecido aqui no Brasil por seus vários filmes que podem ser conferidos na Netflix, e ele sempre sabe criar situações tensas em casos fechados bem encaixados, de forma que tudo não seja jogado na tela, mas sim passe uma mensagem a mais, e aqui ele brincou com o fator terrorismo, a desenvoltura do fator religioso nos casos, e até ousou jogar com a forma de cancelamento de mídia e o uso de inteligência artificial como algo bom para certas situações, de modo que a trama tem um ar ousado e estiloso, mas que também se alonga um pouco demais sem criar a devida pressão que necessitava. Ou seja, é daqueles filmes que entramos no clima, mas que precisava dosar um pouco mais todos os atos tensos para que a trama causasse o sufocamento do público com a possibilidade da explosão, como acaba ocorrendo nos atos finais, de tal forma que se isso ocorresse no longa inteiro o resultado seria ainda mais explosivo e facilmente chamaria mais atenção, mas mostrou que o diretor melhorou bem nos últimos anos e cada vez vai chamar mais atenção.

Quanto das atuações, se existe um ator que topa tudo é Luis Tosar, pois com pouco mais de 50 anos já tem mais de 120 trabalhos em diversos meios e está bem longe de sua aposentadoria, pegando cada vez personagens mais intensos e cheios de expressividades, e aqui seu Santi tem tantos vértices para trabalhar que facilmente o ator precisou pensar muito em tudo, afinal é um taxista noturno que está sem dormir há várias horas, tomou apenas um desjejum, perdeu a filha para o câncer há alguns meses, a mulher também anda doente, e ao achar que está ajudando um ferido no atentado acaba refém de um dos terroristas, e consegue ainda piorar sua situação quando é colocado dentro de um colete com bombas, ou seja, se ele não tinha personalidade antes de um filme desse estilo, aqui ele conseguiu colecionar todos os tipos de trejeitos para entregar algo marcante e bem colocado, sabendo fazer de suas nuances facetas para que o público se conectasse nele, e assim agradar bastante. Outra que entregou muita personalidade e facilmente irá fazer mais papeis como investigadora policial é Inma Cuesta, pois sua Pilar tem pegada e ousadia para enfrentar seus superiores, consegue criar trejeitos com segurança e intensidade e não deixa que o filme fique solto sem uma atuação própria da polícia, o que fez dela bem preparada para o papel e chamando sempre os atos para si acaba agradando mais do que imaginava. Ainda tivemos outros bons personagens e papeis, mas o foco ficou realmente com os dois, valendo leves destaques para a esposa e o filho do protagonista vividos por Patricia Vico e Lucas Nabor, alguns bons momentos de tensão e explosão cênica de Nourdin Batan com seu Hamza, e Joan Solé como o destruidor de bombas Jesús, mas ainda ficamos com uma pulguinha com o que teria acontecido com o personagem de Milo Taboada no final, afinal teremos uma continuação?

Visualmente a trama foi bem elaborada, tendo um início já bem explosivo com a cena do atentado logo de cara no aeroporto, com pessoas faltando pedaço, muito sangue e sujeira para todos os lados, mostrando que a equipe de arte não economizou ali, depois tivemos alguns atos bem intensos dentro do carro com inclusive um acidente bem intenso e chocante, e claro depois toda a operação para a retirada da bomba mostrando uma equipe policial bem integrada com a imprensa, mostrando o bom uso da inteligência artificial para criar coisas reais, e claro toda uma cenografia bem clássica do estilo com carros policiais, anti-explosivos e tudo mais.

Enfim, é um filme que prometeu algo e cumpriu, não sendo uma trama que vá muito além do que é mostrado no trailer e na sinopse e que até dava para ser mais tenso e chamativo, mas que funciona bem e agrada quem gosta do estilo. O filme está nos cinemas, mas é uma coprodução da Amazon Prime Video, então acredito que muito em breve estará disponível para ser conferido na língua original e não com uma dublagem que até foi razoável, mas que não deu tanta personalidade para os protagonistas, então fica a dica já que o longa só chegou assim no interior. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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