Os Rejeitados (The Holdovers)

1/12/2024 01:35:00 AM |

Olha, confesso pra vocês que se eu não soubesse que "Os Rejeitados" é um filme de 2023/2024 e estivesse passando pela sala e visse o longa na TV, eu juraria que tinha sido filmado nos anos 70/80, em película colorizada, mas não, o longa foi filmado digitalmente, mas totalmente processado com uma fotografia e atuações bem clássicas, aonde até diria que deva virar um clássico natalino futuramente, pois a trama tem bem toda essa pegada. Ou seja, é um filme que trabalha um tema até que pesado interiormente, mas que tem uma leveza na execução que faz com que muitos se conectem com os personagens, entrem no clima e até se divirtam com tudo o que acontece, não sendo algo memorável para sair gritando aos quatro cantos como melhor longa do mundo, mas que facilmente você irá conversar com alguém sobre ele, irá trocar algumas figurinhas e com isso ele acabará sempre lembrado por toda a essência.

A sinopse nos conta que na data mais esperada do fim do ano, os alunos e professores do prestigiado internato Barton Academy se preparam para passar suas férias com as famílias e amigos. No entanto, um grupo conhecido como Os Rejeitados fica para trás, sem lugar ou pessoas para visitar. Paul Hunham, um professor altamente desgostado pelo corpo docente, sempre fica para trás e contra a sua vontade, é o responsável por cuidar dos estudantes que precisam ficar no colégio no feriado. Durante a tarefa, ele precisa lidar especificamente com Angus, um adolescente rebelde que está lidando de sua própria forma com a morte do pai. Entre gritos, perseguições no corredor, detenções e conversas, os dois acabam descobrindo mais sobre a vida com a ajuda da cozinheira-chefe da escola.

Diria que o diretor Alexander Payne tem bem esse estilo clássico, afinal já vimos suas obras anteriores ("Os Descendentes", "Nebraska", "Sideways: Entre Umas e Outras) e ele gosta de colocar um mote com uma pegada meio saudosista com personagens meio que em falta de família e claro com alguns probleminhas da cabeça, ou seja, toda aquela síntese tradicional de longas clássicos emocionais familiares, juntando ainda toda a essência de escola e Natal ainda por cima, ou seja, o roteirista David Hemingson, estreia seu primeiro roteiro para filme após diversas séries com algo que na mão de um diretor também puxado para clássico conseguiu optar por uma fotografia tão densa, um estilão de começo tão antigo que não tem como falar que é um longa feito atualmente, e isso mostra o principal motivo pelo qual está fazendo muito sucesso nas premiações que é de ser uma trama de um carisma único aonde os personagens passam bem algo para o público se identificar na época do Natal, e assim a dinâmica funciona demais.

Quanto das atuações, posso afirmar que os protagonistas conseguem ser bem chamativos, mas diria que ainda dava para emocionar mais, mas acabaria sendo algo mais dramático do que cômico, e nesse sentido o diretor optou que fosse tudo mais bem dividido na tela, de tal forma que Paul Giamatti teve um estilo bem de presença forte com seu Paul Hunham, sendo daqueles professores bem sistemáticos e que estão há anos fazendo a mesma coisa por algum motivo, sendo carismático ao mesmo tempo que rígido em suas nuances, chamando o filme sempre para si, o que acaba sendo marcante mesmo, e que já anda lhe garantindo muitas indicações e prêmios, ou seja, não diria que tenha sido espetacular, mas que funciona muito bem com a proposta e soube dominar cada momento seu. Da mesma forma Da'Vine Joy Randolph foi bem precisa com sua Mary Lamb, entregando uma mulher enlutada com muita desenvoltura nas sacadas para com os demais protagonistas, e foi criando seu ambiente na tela, de modo que cada ato seu se conecta aos demais criando ambiente e força para outros, e isso é brilhante de ver, pois não é uma atriz tão conhecida nossa, e assim mostra que vai bem longe, já começando a abocanhar alguns prêmios. Agora quem surpreendeu bastante foi Dominic Sessa com seu Angus, pois é seu primeiro filme, e ele conseguiu se conectar com uma facilidade com o protagonista que é um monstro sagrado da interpretação, de tal forma que Giamatti lhe deu muitos elos prontos, mas o garoto conseguiu chamar atenção e seguir sem falhar, o que é um luxo nesse caso. A base principal ficou nesse trio, mas ainda tivemos alguns atos interessantes de Carrie Person com sua Lydia Crane e Naheem Garcia com seu Danny, sendo os que ficaram na escola, mas sem grandes chamarizes para que os protagonistas se destacassem sozinhos.

Visualmente o longa foi praticamente todo filmado na escola da cidade de Fairhaven, Massachusetts e deu muita sorte de pegar uma tempestade de neve imensa para que o cenário ficasse incrível, não precisando desenvolver nada do lado de fora com tudo bem prontinho, mas foram bem usados todo o interior da escola, o quartinho da cozinheira com sua TV das antigas vendo programa de casais já nos anos 70, vemos a virada do ano, claro algumas festas natalinas na cidade próxima e ainda um passeio por vários lugares de Boston, criando bem todo o ambiente e a interação para que o filme passasse a mensagem por completo, mostrando que a equipe de arte não falho nem na época, muito menos na essência triste que precisava ser criada para os protagonistas.

Enfim, é um filme que como disse deve virar facilmente um clássico natalino, mas mais do que isso mostrou uma segurança tão bem colocada do diretor nos seus atores, e na escolha de gramatura da imagem e tudo mais, que ficamos encantados com tudo o que é mostrado, não sendo um filme que muitos irão achar genial e tudo mais, mas que facilmente conecta todos que forem conferir e faz com que nos envolvamos com os personagens pelos seus carismas e desenvolturas, e isso é fazer cinema simples e bem feito. Então vá conferir o longa, e veja os motivos de já ter levado 2 Globos de Ouros e quem sabe ainda irão levar muitos outros prêmios, pois tem estilo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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