A história se passa em uma realidade distópica e acompanha Hen e Junior, casados e habitantes de um mundo quase inabitável. Os dois cultivam um território que está na família do homem há gerações, mas, um dia, um visitante inesperado aparece na casa com uma proposta inesperada.
O diretor e roteirista Garth Davis é daqueles que gostam de trabalhar suas tramas de um modo bem conflitivo e cheio de nuances, de modo que toda a confusão introspectiva que ele cria em cima da adaptação do livro de Iain Reid é toda bem pensada sem deixar furos para que o público possa reclamar disso ou daquilo, de tal forma que em alguns atos ficamos pensando nas paisagens abstratas, na convivência estranha com o homem que afirma coisas meio que bizarras para os protagonistas, ficamos irritados por não captar bem toda a essência de alguns atos e até comovidos com a forma seca de emoções dos protagonistas, mas quando temos a reviravolta tudo é bem conectado e chamativo, ao ponto que mostra um funcionamento bem claro e marcante. Ou seja, o diretor não faz seu filme de um modo muito óbvio, afinal ele quis intrigar bastante o espectador, quis que ficássemos o tempo inteiro achando uma coisa, quando tudo estava realmente bem na cara nossa, e assim a conversa sobre relacionamento atinge ápices que muitos irão parar para refletir, e essa sim era a ideia original, então podemos dizer que o filme mesmo que entregue de forma estranha, funciona.
Quanto das atuações, o trio de protagonistas se desenvolve tão bem em cena que acabam parecendo até íntimos do público, de modo que Saoirse Ronan entrega sua Hen com trejeitos meio que apáticos em alguns momentos, em outros coloca tudo de uma forma mais sofrida, e em alguns até se solta mais, tendo um emocional tão bem colocado que chama muita atenção em tudo, e o melhor, consegue segurar a onda por completo, ao ponto que funciona demais e agrada sem soar cansativa. Da mesma forma Paul Mescal trabalha seu Junior com uma desenvoltura bem trabalhada, tendo sínteses e intensidades demarcadas em seus trejeitos, explodindo em alguns atos e sendo singelo em outros, o que mostra uma facilidade interpretativa bem grande do ator. E para fechar o time, Aaron Pierre acaba sendo um incômodo imenso no meio de todo o conflito, parecendo ser alguém deslocado ali, instigando o casal, e brincando com cada faceta do relacionamento deles, ao ponto que no final mostra toda a desenvoltura para se colocar bem na dinâmica e ainda marcar com seu Terrance, ou seja, conflitivo na medida certa para apertar todas as pontas da trama.
Visualmente, embora o longa se passe em um futuro meio distópico, a trama só mostrou naves algumas vezes, e um carro autônomo, no meio de uma fazenda abandonada com algumas árvores secas e um frigorífico de aves bem automatizado aonde o protagonista trabalha e uma lanchonete aonde a protagonista trabalha, tendo tudo bem fechado na casa deles, com um piano no porão e alguns elos cênicos bem encaixados, e claro um detalhe bem marcante na captura do protagonista em determinado momento, ou seja, a equipe de arte brincou bastante, mas sem gastar muito no orçamento.
Enfim, é um filme denso, com uma proposta mais fechada que até tem uma boa entrega e serve para algumas reflexões, mas nada que seja grandiosamente surpreendente na reviravolta, e claro com um final bem marcante e correto dentro de tudo o que foi apresentado, então vale para quem curte tramas mais introspectivas, sem ser algo que canse como costumeiramente são dramas desse estilo. Então fica a dica para uma sessão mais reflexiva e para algumas discussões sobre o futuro e a substituição dos corpos e mentes. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, já que mais tarde tem Globo de Ouro, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.
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