Todos Menos Você (Anyone But You)

1/27/2024 10:06:00 PM |

Costumo dizer que entregar uma boa comédia romântica é um dos feitos mais difíceis para um diretor, pois na maioria das vezes o que faz rir para uns não faz para outros, muitas das vezes acabam exagerando em situações bobas para forçar o riso, e ainda tem o caso de exagerarem no romance achando que tudo está engraçado e está apenas uma dose exagerada de açúcar que ninguém aguenta, nem mesmo os casais mais românticos que existe. Mas quando conseguem dosar bem tudo dentro de um filme e encaixar tanto a comicidade quanto o romance, acaba sendo algo que você dá boas risadas e se envolve muito fácil, e um exemplar que estreou nessa semana e vale a pena é "Todos Menos Você", que pelo trailer eu apostava fácil que seria algo tão bobo e tradicional que iria me irritar mais do que gostar, mas a química entre o casal protagonista é tão diferente da usual, tendo claro todas as situações clássicas que você certamente só espera a hora que irá acontecer, mas que tem todo um floreio, tem atos bem colocados, e tirando um ou outro exagero não força a barra para funcionar, então a sala que estava com bastante gente riu, e como sempre falo: fez rir já pode assinar como comédia!

Baseado na comédia de William Shakespeare, "Much Ado About Nothing", o longa acompanha Bea e Ben, dois jovens que combinam um encontro após se esbarrarem num café. Em uma noite quase perfeita, o jovem casal possui tudo para manter o contato: química, uma boa conversa e um incrível desejo um pelo outro. No entanto, o primeiro encontro não passa disso, e a relação de ambos se esfria até pararem de se falar. Anos após, os dois acabam coincidentemente sendo convidados para o mesmo casamento na Austrália. Longe de casa e dos problemas, os dois acabam fazendo um trato, fingindo ser um casal para todos até o casamento acabar. Mas a tarefa se torna complicada quando os convidados e familiares percebem a antipatia que nutrem um pelo outro, fazendo com que tornem o trabalho mais convincente e os encontros mais frequentes.

Diria que o diretor e roteirista Will Gluck foi bem esperto na forma de desenvolver seu filme, pois a trama tinha tudo para ser apenas uma sacada meio que jogada ao vento, mas pegou a ideia da obra de Shakespeare e brincou com os personagens em seus devidos momentos, tanto que o filme em si tem toda a sacada de tentar causar ciúmes em outras pessoas, tem toda a pegada do ódio e do amor flertando a todo momento, e por um leve momento acreditei até que o diretor não iria entregar o fechamento tradicional do gênero, que aí meus amigos, eu diria que seria a ousadia nível master, mas não rolou, então diria que ele soube segurar bem toda a dinâmica, não ficar jogando cenas livres sem sentimentos cômicos, e conseguiu principalmente chamar a responsabilidade para a direção, o que é diferente do que acontece em muitos romances que ficam totalmente dependentes do casal protagonista, de tal forma que mesmo tendo uma boa química, a história é boa de ser usada com qualquer casal ali, desde que claro fossem em um casamento rico, de vários dias, festas variadas, mansões e tudo mais, que sempre mostram o quanto somos bem pobres. Ou seja, diria que o diretor voltou a entregar algo tão bem feito que lembrou um de seus primeiros filmes que é "Amizade Colorida" de 2011.

E já que falei bem da química entre os protagonistas, vamos falar um pouco das atuações deles, começando por Sydney Sweeney que conseguiu dar um tom bem dinâmico nos trejeitos de sua Bea, agindo com muita desenvoltura cênica em todos os atos, brincando com as possibilidades e ideias, e passando muito sentimento no olhar, dando várias quebras para ficarmos realmente na dúvida do quanto queria ou não o protagonista, e isso é exatamente a sacada que o filme desejava sendo bem funcional de ver na tela. Da mesma forma Glen Powell já trabalhou claro como o galã que o seu Ben pedia, todo cheio de imponentes atos e um estilo carismático que chama muito a atenção das garotas que forem conferir o longa, fazendo claro algo junto com a protagonista de conseguir tirar comicidade das cenas sem que eles fossem realmente atores cômicos, e isso deu um tom bem preparado e com uma graça única que funciona na tela, ou seja, ambos se entregaram para se divertirem realmente com seus personagens, o que acabou funcionando demais. Ainda tivemos bons atos com os demais personagens que claro tentam empurrar um para o outro, mas sem grandes chamarizes cênicos de modo que tudo sobrasse para o casal protagonista entregar na tela, valendo leves destaques para as noivas vividas por Alexandra Shipp e Hadley Robinson, e para Gata como o irmão da noiva e amigo do personagem principal, mas sem grandes explosões, e diria que também os atores que fizeram os pais tentaram dar leves forçadas, então melhor nem entrar em detalhes.

Visualmente o longa tem sua identidade bem colocada começando com um encontro numa situação meio inusitada em um café, já mostrando que a protagonista é um desastre em tudo o que faz, depois passa por uma noite bem gostosa de conversas na casa do rapaz, tivemos um novo encontro em uma balada, e em seguida já temos um voo, para chegar numa grandiosa mansão em Sidney, vários jantares e reuniões, tudo dando uma grande amplitude de cenários belíssimos bem encaixados na natureza, mostrando claro um casamento simples porém bem luxuoso, tendo ainda algumas situações inusitadas num barco (a cena do Titanic é de rachar de tanto rir), tivemos atos na selva com alguns animais australianos tradicionais, sendo um trabalho da equipe de arte bem de contexto para o estilo.

Enfim, não é um filme perfeito, afinal usa e abusa de clichês, mas faz rir bastante, usa a música "Unwritten" de Natasha Bedingfield à exaustão inclusive com todos os protagonistas cantando em suas cenas no final, e o resultado funciona, então para quem gosta de tramas leves e divertidas, sem ligar para algo tão comum vale bastante a dica de conferida. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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