Meu Amigo Enzo (The Art of Racing in the Rain)

8/10/2019 02:15:00 AM |

Existem alguns filmes que vamos conferir já sabendo o que vai acontecer, e geralmente filmes com cachorros ou é daqueles cheios de bagunça que rimos muito, ou então pode levar o lenço para chorar muito com tudo o que esses seres vão transmitir para nós nos seus minutos na telona, e o mais engraçado em "Meu Amigo Enzo", que logo na primeira cena já sabemos o que vai rolar ao final, só não sabíamos que teria muito mais emoção lá pela metade do filme, ou seja, conseguiram trabalhar uma trama bem envolvente, cheia de boas mensagens, que mesmo sendo narrado (quem me conhece sabe o quanto odeio longas narrados!) conseguiu passar emoção, e transmitir uma vivência de olhares sinceros para que a história fluísse bem, encantasse a todos, e mostrasse principalmente os percalços da vida de um jovem piloto, que olha, esse sofreu e muito, com seu amado amigo cão. O longa em si é meio lento demais, pois sendo uma adaptação literária, quase conseguimos ver as viradas de página de cada capítulo se formando na telona, mas felizmente não é daqueles que cansam, pois, a dinâmica funciona, e acredito que até poderiam ter colocado mais impacto em algumas cenas, pois é possível segurar o choro, e se fossem de outra forma, não teria como. Certamente vale a conferida pelas boas cenas com o cachorro, e quem for fã de corridas ainda poderá se emocionar com cenas memoráveis dos mitos do esporte como Senna e muitos outros conhecidos, que são citados e mostrados através de imagens recuperadas em muitos momentos da trama.

O longa conta uma história emocionante narrada por um cão espirituoso e filosófico chamado Enzo, que através de seu vínculo com seu dono Denny Swift, um aspirante a piloto de corridas de Formula 1, ganha uma visão profunda e divertida da condição humana e entende que as técnicas necessárias na pista de corrida também podem ser usadas para passar com sucesso pela jornada da vida. O filme segue Denny e os amores de sua vida - sua esposa Eve, sua jovem filha Zoe e, finalmente, seu verdadeiro melhor amigo, Enzo.

O estilo do diretor Simon Curtis é daqueles que dificilmente nos entregará um filme mais agitado, pois mesmo trabalhando em um filme de velocidade (afinal estamos falando de um piloto de corridas que é bem ousado!) ele conseguiu trabalhar sua trama com classe, cenas calmas bem passadas e cheias de reflexão, montando cada elo de forma concisa e bem clássica, desenvolvendo cada personagem com atitudes coerentes, e principalmente colocando os protagonistas sempre em destaque para funcionar sua proposta. Claro que por ser uma adaptação literária acabaram não ousando muito, mas souberam usar do didatismo clássico, e claro da cartilha básica de como fazer emocionar para pegar o público em cenas chaves, e que com uma boa desenvoltura acabou trabalhando o cerne da trama com um formato carismático, pois o longa certamente poderia ir para um rumo mais cru, ou atacar logo de cara com facetas mais dinâmicas, mas ao trabalhar a síntese dos ensinamentos que uma corrida pode passar para a vida, o resultado sabiamente funciona e envolve, mesmo forçando para tantos clichês emotivos. Ou seja, o diretor não foi muito ousado, mas também não ficou em cima do muro, e soube entregar um filme gostoso de ver, que até poderia ser mais forte, mas não chamaria tanta atenção.

As atuações foram simples, porém bem encaixadas com as personalidades que o longa precisava, e todos os cachorros usados foram tão expressivos e bem treinados, que até se o diretor quisesse usar dele falando e não apenas pensando, acabaria funcionando bem, mas vamos deixar isso de lado, e apoiar o tom de voz incrível que Kevin Costner deu para Enzo, com bons envolvimentos e muita dinâmica em cada ato para emocionar e funcionar muito bem. Milo Ventimiglia conseguiu encontrar muito bem o estilo de um piloto para fazer seu Denny, e olha que o tanto de situações que o personagem passa é para mostrar muito envolvimento emocional e expressividade, ou seja, o ator foi bem coerente nos diversos momentos, mas certamente poderia ter trabalhado mais nos momentos mais tristes para que emocionasse melhor. Amanda Seyfried dorme no formol, só pode, pois sempre está bela e transparecendo emoções de forma não muito comum, pois falta um pouco de dinâmica expressiva nos seus trejeitos, porém aqui com sua Eve, ela teve uma chance maior com o que acontece com sua personagem, e com uma maquiagem bem colocada conseguiu envolver ao menos. Dentre os demais personagens, tivemos bons trejeitos da garotinha Ryan Kiera Armstrong como Zoe, tivemos o bom amigo Don vivido por Gary Cole, e tivemos os sogros ridículos que conseguiram entregar cenas bem impactantes, vividos por Martin Donovan e Kathy Baker.

No conceito cênico a trama não foi muito ousada, mas contou com uma casa bem cheia de elementos cênicos, muita interação do personagem canino com o restante (as cenas com a Zebra são ótimas!), muito carisma nos ambientes mais luxuosos como a pista de corrida, os carros escolhidos e até a mansão dos pais de Eve, de modo que o filme flui sem exageros, mas sabendo no que deseja trabalhar, ou seja, um trabalho sem grandes expressividades da equipe de arte, mas que deixou a trama fluir fácil para o diretor, não precisando forçar a barra para a computação (embora na cena com os brinquedos tenha usado desse artifício), mas sabendo lidar bem com os treinadores caninos para que os diversos cães usados encantassem no ambiente completo, pois foram muito bem treinados para não decepcionar em momento algum.

Enfim, é um longa que não chega a ser daqueles que vamos lavar os cinemas, mas que emociona e envolve bem pela história passada, pelos diversos perrengues que o protagonista acaba tendo em sua vida, e pelas boas mensagens que conseguiram montar misturando o mundo do automobilismo com a vida prática em si, e sendo assim quem gosta do estilo certamente irá gostar do que verá na telona, ou seja, fica a recomendação. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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Voando Alto (Manou the Swift)

8/08/2019 10:15:00 PM |

Acho engraçado quando surgem alguns filmes sem ter passado quase o trailer nos filmes anteriores, e dessa forma acabamos sendo surpreendidos por histórias que apenas vemos algum detalhe na sinopse ou em outras críticas espalhadas pela internet, e a animação alemã "Voando Alto" foi um desses que acabou surgindo meio que de repente por não termos tantos filmes novos do estilo passando durante as férias, ou seja, fui ao cinema ver o longa sem saber o que esperar, e o resultado foi um bom misto de sensações, pois o filme é bem desenhado cenograficamente (embora tenha uns bichos bem estranhos - afinal andorinhas parecem mais bonitas na vida real do que esse bicho meio esquisito que temos no longa), possui diversas histórias bem contundentes e polêmicas para uma animação, e entrega algo bem feito, mas com possui tantos recortes e tantas cenas quebradas que o resultado final parece ser um misto de muitas tentativas de algo sem muito sucesso. E sendo assim, não tem a cara de que irá empolgar nem os pequenos, nem os mais velhos, ficando bem no meio termo, mas ao menos não é uma bomba completa.

O pequeno Manou passou sua vida inteira acreditando que era uma gaivota, quando na realidade ele é filho de um casal de andorinhas. Enquanto tenta aprender a voar, ele percebe que nunca será capaz de alçar grandes voos e foge de casa. Mas quando os animais correm perigo de vida devido a uma nova ameaça, só ele será capaz de salvar o dia.

O trabalho feito pelo diretor Christian Haas em sua estreia na direção, depois de passar por diversos longas em funções de efeitos especiais, é bem interessante de ser acompanhado, principalmente por saber colocar as polêmicas bem inseridas na trama sem pesar tanto a mão, e o resultado disso acaba fluindo, porém ele ficou muito em cima do muro de como desenvolver sua história, de modo que a todo momento parece trabalhar uma nova esquete de algum desenho infantil para a TV, que precisa ter fechamentos para comerciais, e isso não é algo que agrade muito de ver, mas longe de tudo acabar sendo uma tremenda bomba, o resultado acaba envolvendo quem for conferir, e a trama deslancha mesmo sem emocionar muito, e assim a trama encaixa como foi proposta, e o diálogo com o espectador fica ao menos bom.

Sobre os personagens, é bem bacana ver a desenvoltura do protagonista Manou, embora não seja meio esquisito e não tenha um carisma maior, mas seus atos soam singelos e envolvem dentro do que se propõe, de modo que talvez pudessem ter encontrado algo mais emocionante para suas vivências, que resultariam em um filme mais pegado no romance que no miolo acaba agradando, mas ao tentar focar no conceito familiar acabam ligeiramente perdidos de elos. A andorinha Kalifa tem um estilo doce e bem gostoso de acompanhar, e merecia ter até mais destaque do que sendo apenas da metade para o fim, pois seus elos soam interessantes e agradáveis de ver, além de ter um envolvimento romantizado junto com a voz da dubladora perfeito para o filme, e isso resulta em algo bem bacana de ver. Quanto aos demais personagens, temos Luc o irmão gaivota do protagonista bem divertido, mas que não chama tanta atenção, temos o dodô Parcival que tenta ser um elo cômico na trama mas não empolga e até mesmo os dois Yusuf e Poncho tentam botar um elo aventureiro divertido sem muito sucesso, e assim o único chamariz mais forte tenta ser o pai do protagonista, que tem uma voz forte, mas não tem tanto impacto (talvez na versão americana com Willem Dafoe o estilo tenha sido mais duro!).

O visual criado pela Luxx Film que é nova no mercado foi digamos chamativo, pois temos uma orla bem bonita, cheia de detalhes artísticos bem encaixados, e primorosamente os voos acabam tendo um estilo cheio de ambientações, o que é raro vermos em filmes que não entregam tantas texturas, e dessa forma acabamos viajando junto dos passarinhos por onde eles passam, com destaque para a cena da corrida, aonde vemos ambientes incríveis que poderiam ter sido melhor utilizados, não apenas sendo um elo. Ou seja, talvez com uma história um pouco melhor o resultado do trabalho do estúdio de animação seria fantástico de ver na telona, pois mesmo o filme não vindo em 3D, temos uma perspectiva de câmera incrível, que certamente se for convertido para as mídias digitais depois, o pessoal que gosta da tecnologia acabará se divertindo bastante com o resultado.

O longa conta com boas canções, e até tem um momento de composição entre todos os passarinhos, que acaba envolvendo bastante com a canção da protagonista, só é uma pena que não consegui achar ela na internet para compartilhar com vocês, mas quem achar, fique a vontade para postar nos comentários, que subo para o texto.

Enfim, é um filme bem feitinho, que aparenta ter uma proposta maior fora dos cinemas, e que pode chamar a atenção dessa forma, mas para aqueles que forem aos cinemas levar os pequenos para conferir a trama talvez fiquem um pouco decepcionados com o que verão na telona, pois falta algo para empolgar realmente, e o resultado soa apenas bonitinho. Sendo assim recomendo ele apenas para quem tiver com crianças um pouco maiores que gostem de ver boas imagens bonitas, mas sem procurar muita história para se envolver, afinal não é isso que o longa entrega de forma alguma. Bem é isso pessoal, esse foi apenas o primeiro filme dessa semana, que tem mais boas estreias, e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Velozes e Furiosos - Hobbs & Shaw em Imax 3D (Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw)

8/03/2019 03:09:00 AM |

Dá para acreditar que já passaram 18 anos desde que o primeiro filme da franquia "Velozes e Furiosos" foi lançado!!! Ou seja, até quem nasceu quando o primeiro filme estreava, hoje já pode ver um filme adulto sem precisar dos pais!! É estamos bem velhos, e a franquia continua entregando cada vez mais cenas absurdas com explosões, perseguições, muitos tiros, e agora até vilões modificados geneticamente, afinal não bastava as sequências das histórias (que já nem tem mais para onde inventar!) resolveram fazer filmes derivados, e eis que o primeiro lançado agora "Hobbs & Shaw" conseguiu seguir a mesma linha, ter uma história bacana com dois personagens fora dos principais da série, e agradar bem quem gosta de ver todas essas maluquices, introduzindo boas piadas, algumas sacadas bem colocadas, e principalmente muita velocidade, ação, explosões e dinâmicas bem absurdas, ou seja, tudo o que esperávamos ver na telona, e ainda colocar um pouquinho de história, afinal precisa disso para um filme funcionar.

A sinopse nos conta que desde que se conheceram, Luke Hobbs e Deckard Shaw constantemente bateram de frente, não só por inicialmente estarem em lados opostos mas, especialmente, pela personalidade de cada um. Agora, a dupla precisa unir forças para enfrentar Brixton, um homem alterado geneticamente que deseja obter um vírus mortal para pôr em andamento um plano que mataria milhões de pessoas em nome de uma suposta evolução da humanidade. Para tanto eles contam com a ajuda de Hattie, irmã de Shaw, que é também agente do MI6, o serviço secreto britânico.

Só pelo gabarito do diretor já sabemos o estilo que ele irá nos entregar no filme, pois David Leitch ("Deadpool 2", "Atômica", "De Volta ao Jogo") já foi dublê e gosta muito de cenas de ação sem precedentes, daquelas que sabemos ser algo completamente impossível de ver na vida real, mas que funcionam visualmente pela plástica entregue, e quem pensar que ele vai amenizar em um único momento acabará se enganando, pois mesmo nas cenas mais calmas do longa, lá está presente algo que explodirá, ou uma arma de fogo imensa, ou até alguma animação de extração celular, ou seja, um filme completamente absurdo, aonde o roteirista Chris Morgan (que escreveu a maioria dos longas da série) jogou tudo para o alto e criou algo uma trama até que trabalhada no conceito familiar, usando e abusando de situações forçadas, mas que ao final já estamos tão envolvidos com a bagunça que acabamos aceitando tudo, e isso é bacana de ver. Claro que seria hipócrita de minha parte dizer que é um filme sério cheio de virtudes artísticas, mas quem vai conferir esse filme nem espera isso dele, e dessa forma a proposta funciona para quem deseja ver o que é mostrado, e nada além disso.

Sobre as atuações, também fomos ao cinema para ver o nível de testosterona no máximo com brucutus socando tudo e todos, e muita desenvoltura dos personagens secundários para dar o ar cômico da trama, e dessa forma vemos um Dwayne "The Rock" Johnson completamente preparado para envolver todos, entregar facetas expressivas bem divertidas, e claro fazendo o seu melhor que é sair batendo sem parar, de modo que aqui optaram até em no final nem termos armas para tiros, e sim somente a mão e os porretes prontos para muita pancadaria, e isso funciona ao menos com as boas piadas e sacadas que escolheram lhe dar, afinal, esse é o estilo do personagem Hobbs e do ator. Já pelo outro lado, procuraram dar um pouco mais de classe para o Shaw de Jason Statham, e ele como bom ator de filmes de ação soube entregar um estilo bem colocado para o personagem, adequar cada momento com muita desenvoltura, e claro lutar muito nas cenas mais precisas, agradando pela imponência escolhida, e fazendo o que fez bem nos outros longas da franquia, que é um misto de vilão com bom moço. Colocar Idris Elba como vilão em um filme é muita sacanagem, pois o ator é tão complexo e cheio de personalidade, que fica difícil torcer contra ele, e aqui praticamente tendo ainda super-força e corpo meio robótico pelas mudanças feitas pela empresa Eteon, o resultado é um Brixton incrivelmente forte, dinâmico e pronto para fazer loucuras, e isso caiu muito bem no estilo do ator. Vanessa Kirby ficou meio em segundo plano na maior parte do longa, apenas tendo algumas desenvolturas de luta bem colocadas com sua Hattie, mas com sua beleza e imposição acaba conseguindo chamar sempre a atenção quando aparece, e isso é interessante, pois qualquer outra atriz ali sumiria em cena, e ela fez surgir um bom elo para ela, até puxando o tom romântico em determinados momentos. Quanto aos demais, tivemos muitas participações bem colocadas, como Kevin Hart como um agente de voo, Ryan Reynolds muito bem sacado como o agente Locke (que ficamos pensando a todo momento se ele já apareceu na franquia pela desenvoltura usada na trama), Helen Mirren como a mãe de Shaw (que voltará no nono filme da franquia!), e claro, todos os atores neozelandeses bem usados para as cenas finais, com destaque para os trejeitos rápidos de Cliff Curtis como Jonah.

No conceito visual a trama viajou por muitos países, mas certamente as melhores cenas ficaram nas perseguições de carros em Londres, no galpão em Moscou, e claro nas cenas malucas na Samoa, aonde tudo é muito usado, temos diversos elementos cênicos bem representativos, e o filme flui com muita tecnologia e ação, trabalhando bons figurinos e envolvimentos coesos para cada ato. E falando em grandes cenas de ação, o 3D não está tão impactante, mas temos boas cenas com personagens voando e elementos sendo bem destruídos, de modo que quem gosta do estilo ficará satisfeito com algumas cenas, porém não é nada muito impressionante, mas vendo em uma sala gigante como a Imax, o resultado acaba ficando maior ainda.

Agora algo que não pode faltar na franquia é muito barulho, e aqui temos explosões, tiros, roncar de carros, hélices, e claro, muita música boa de fundo para dar um ritmo frenético completamente incrível de ambientar tudo, e claro que deixo aqui o link para todos curtirem as canções depois de ver o filme.

Enfim, um filme que entrega o que já era esperado, muitas cenas absurdas, mas que funcionam para criar uma ação desenfreada completamente maluca e que faz o público-alvo do estilo ficar muito feliz, ou seja, não desaponta quem for esperando ver o que sempre prometem. Claro que terá aqueles que vão esperando algo novo, um filme diferenciado, e não encontrarão nada disso, mas para esses, digo que foram ver filme errado, e assim sendo, não vá ver a trama, pois esse é o estilo propício para ação, explosão e nada mais. Sendo assim, fica minha recomendação de um longa que passa bem longe de ser perfeito, mas que diverte bem e vale a conferida numa boa sala bem barulhenta, afinal é o que o estilo pede, sendo paia da melhor qualidade. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: o filme tem 3 cenas pós-créditos, e que quem gosta de rir vale esperar, pois podem talvez servir para ligar o próximo "Velozes e Furiosos" e/ou a continuação dessa nova parte da franquia.

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As Rainhas da Torcida (Poms)

8/02/2019 12:56:00 AM |

Tem alguns estilos de filmes que procuram trabalhar tantos vértices que raramente conseguem atingir ao menos um, e o longa "As Rainhas da Torcida" é um exemplar bem claro disso, pois ele tenta nos comover com a doença da protagonista buscando um final tranquilo para sua morte, ao mesmo tempo tenta dar um gás e mostrar a felicidade de todas as idosas treinando por um objetivo, e ainda por cima brinca com a comicidade desses atos, de tal maneira que tudo acaba até tirando alguns sorrisos emocionados nossos, mas acaba indo para um final sem muita empolgação que por vezes pensamos em ter até um algo a mais, e não tem. Não digo que seja um filme ruim de ver, pois ele é gostosinho, passa bem o tempo, e agrada pela síntese interpretativa das protagonistas que mostram bem sua vitalidade já na terceira idade, mas poderiam ter ido mais a fundo ou nas disputas dentro do asilo (que daria um charme a mais), ou já colocar de cara a busca pelos torneios de dança, ou então focar realmente na doença e a tentativa da mulher de passar seus últimos dias de uma maneira melhor, mas tudo junto acabou não dando a liga que precisava para funcionar.

O longa nos conta que ao ser diagnosticada com câncer terminal, a solitária Martha decide se livrar de todos os seus pertences pessoais e se mudar para uma comunidade de idosos com o intuito de esperar a morte chegar. Em seus últimos meses, ela quer uma vida tranquila, lendo livros e interagindo com poucas pessoas, mas ao conhecer sua nova vizinha, Sheryl, uma mulher ativa e barulhenta, Martha vê seus planos indo por água abaixo, já que a nova companhia faz questão de se manter constantemente presente. A medida que a relação das duas se desenvolve, uma forte amizade surge e Sheryl incentiva Martha a treinar os passos de líder de torcida novamente, como fazia na época da escola. Resistente, a protagonista topa a ideia e juntas elas montam um clube para empoderar diversas mulheres acima dos 60 anos. Para fazer isso, elas precisam enfrentar o preconceito de todos e treinar para uma importante competição.

Acredito que o maior problema além da história querer desenvolver tantos caminhos é o fato da diretora ser praticamente estreante em ficções, já que só fez diversos documentários (alguns sobre o tema), mas aqui resolveu fazer algo completamente diferente de sua vida criando algo mais envolto, e isso é problemático, pois como bem sabemos documentários funcionam bem mesmo tendo mais que um tema, mas na ficção a fórmula sempre desanda, ou seja, a diretora poderia ter optado por caminhos mais fáceis, desenvolver algo mais comedido que certamente acertaria indo em qualquer uma das direções, pois seu filme possui história possível para ser contada das três formas que citei no começo, e em todas ser bem sucedida, mas errou feio ao pôr tudo em um só lugar, de modo que quem for conferir talvez até saia feliz com a proposta, mas certamente amanhã já não lembrará dele, ou talvez, ficará somente com uma das partes funcionais na cabeça, o que também não é bom.

Quanto das atuações, todas as senhoras deram boas expressividades para o longa, conseguiram chamar a emoção de cada uma para seu devido momento e foram agradáveis fazendo algo que não é comum de ver pessoas de suas idades fazendo, de modo que podem até falar que pagaram mico fazendo o longa, mas aparentemente todas estavam bem felizes com seus papeis e foram bem no que fizeram. Claro que o destaque maior fica para Diane Keaton e Jacki Weaver, afinal a história foca bem na amizade meio estranha de Martha e Sheryl, mas elas se doaram bem, focaram nos elementos corretos de cada momento, e o resultado acaba satisfatório. Os mais jovens aparentaram estar um pouco perdidos na trama, até mesmo sem entender o que a diretora desejava mostrar, mas Charlie Tahan e Alisha Boe entregaram bons olhares e demonstraram um carisma incrível com seus Ben e Chloe para com as senhoras, e isso faz valer a atitude.

No quesito visual, olha, acho que vou começar a juntar grana para poder ir numa comunidade de idosos igual à do filme quando parar de trabalhar, pois que lugar bonito, com diversos elementos que infelizmente não foram tão aproveitados, pois só é mostrado algumas cenas dentro da casa da protagonista, alguns momentos na pista de boliche, a competição rolando em uma escola e depois em um salão mais preparado, e algumas aulas em uma academia, e certamente o local escolhido possuía muito mais bons lugares para se explorar, ou seja, foram singelos de estrutura, mas conseguiram mostrar bem o trabalho de preparação para a competição.

Enfim, é um filme bem simples, feito com uma proposta direcionada, mas que acaba aberta demais para três vértices, e que diverte por soar gostoso de acompanhar, mas que não causa nenhuma grande comoção, já inicia e tem seu miolo direcionado para algo que sabemos que vai acontecer, e principalmente falta algo mais de impacto para que o público se envolva com a trama, e certamente nas mãos de um diretor mais experiente a história teria outro fluxo, e agradaria bem mais, mas isso só vai ficar na nossa mente essa possibilidade, então recomendo quem for ver, ir sabendo o que esperar, pois é algo mediano apenas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Testemunha Fantasma (Eerie)

7/29/2019 01:18:00 AM |

Antes não conhecia muitos longas filipinos, vendo um ou outro em festivais, mas com a Netflix, "Testemunha Fantasma" já é o segundo ou terceiro que aparece como sugestão na plataforma para conferir, e posso dizer que eles gostam mesmo de longas de terror com um certo misticismo, mas que raramente conseguem dar um bom fechamento para empolgar ou até mesmo causar medo no público. E dessa forma o filme fica tão frouxo de história, que me peguei bocejando diversas vezes durante os 100 minutos do longa, ou seja, a ideia em si até pode parecer interessante quando nos é contada ao final, mas o desenvolvimento acaba sendo tão jogado que parece que fizeram o filme apenas por fazer como um exemplar isolado de alguma série, sem trabalhar nada além do que acaba acontecendo, e assim sendo, o filme não flui, e cansa demais.

A sinopse nos conta que a inesperada e horrível morte de uma estudante ameaça a existência de uma antiga escola católica para meninas. Pat Consolacion, conselheira de orientação escolar, envolve-se com as estudantes na esperança de ajudá-las a lidar e, ao mesmo tempo, descobrir os mistérios da morte da aluna. A maioria das estudantes suspeita da Madre Alice, que também ameaçou o mandato de Pat na escola por causa de sua contínua interferência no caso. Mas os talentos incomuns de Pat a levam a conhecer Eri, uma ex-aluna que está assistindo a escola inteira há anos. Pouco a pouco, Pat descobre o segredo da escola e do monstro que alimentou durante o século passado.

De certa forma o diretor e roteirista Mikhail Red se perdeu um pouco, pois sua história começa com tensão, depois fica morna demais, e acaba meio que sem eixo, e isso não é algo comum de ver em filmes de terror, pois usualmente ocorre o inverso, e sendo assim vemos que ele tentou criar algo que fosse intenso de situações, com algo emblemático só de mulheres, colocando os homens apenas nos fechamentos de cada ato, e não conseguiu chamar tanta atenção como poderia. Ou seja, com uma história que não pega o público, e acaba desanimando um pouco durante o miolo, o resultado final acaba sendo uma trama simples e cansativa demais para envolver, mostrando falhas demais e criações de menos. Diria que o longa entregaria até algo que poderia assustar bem e causar boas tensões, mas o desenvolvimento do diretor foi exageradamente falho, o que resultou em uma simplicidade, e necessitou de muitos momentos clichês para não destoar tanto.

Quanto das atuações, é interessante ver o estilo que Bea Alonzo entrega para a protagonista Pat, mas com um olhar quase que inexpressivo de emoções, ficamos sempre na dúvida de se ela está captando a mensagem do filme ou não, e isso acaba soando estranho demais de ver. Charo Santos-Concio entrega algumas boas cenas como a Madre Alice, trabalhando olhares, mas nada que impressione muito, sendo uma personagem secundária bem feita, e talvez pudesse até ser mais usada para que o filme chamasse alguma atenção. A jovem Gillian Vicencio até teve cenas bem tensas com sua Erika, e trabalhou olhares bem marcados, mas como a história não flui tanto para seu lado, exagerando na puxada para Pat, ela fica mais marcada no segundo ato, aonde o filme já não flui tão bem, e assim seu resultado acaba não aparecendo. Quanto os demais, melhor nem se aprofundar, pois não chamam nada para si, e isso é ruim de ver em longas de terror.

Quanto do visual do longa, conseguiram trabalhar bem os ambientes escuros para criar momentos tensos, trabalharam com cenários estranhos bem montados, e deram um conceito meio que de época para que o filme tivesse um ar mais fechado, porém usaram demais o recurso de chuva, parecendo que na escola em todos os momentos que estavam dentro do cenário do lado de fora chovia horrores para dar o clima, e isso não é algo interessante, surgindo como um recurso forçado demais para envolver, ou seja, precisaram abusar de clichês visuais para causar tensão, e nem precisariam de tanto, pois só a escola do jeito que foi feita ali já era algo para causar, e envolvendo ainda religião o resultado fluiria tranquilamente sem precisar desses momentos. Além disso, a fotografia usou muito da funcionalidade dos ambientes escuros demais, para que em viradas de câmera rápida causasse algum susto no público, mas como tudo ali já marcava os momentos, o resultado desse artifício acaba não acontecendo.

Enfim, é um filme que não chega a ser uma bomba imensa, mas que não passa de algo mediano bem fraco que talvez melhorado em alguns elos acabaria chamando mais atenção, e sendo assim não recomendo ele, deixando claro que na plataforma da Netflix certamente encontraremos algo muito melhor para passar um tempo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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As Trapaceiras (The Hustle)

7/27/2019 01:30:00 AM |

Diria que "As Trapaceiras" pode ser definido facilmente como um filme leve, gostoso de assistir e cheio de sacadas, de tal forma que me fez lembrar muito as comédias francesas, e se passando na Riviera Francesa então, ficou mais ainda com o estilo, de modo que com uma boa levada do começo ao fim, com uma dinâmica bem colocada, muitas tretas entre as protagonistas, e uma reviravolta bem sagaz ao final, o resultado acaba sendo uma grata surpresa. Claro que o filme não é daqueles que você sai rolando de tanto rir, mas que diverte pela essência sem precisar ser exageradamente apelativo, e que trabalha as situações com bons modos e muita classe (alguns momentos nem tanto!) para fazer com que o público sorria do que acabam mostrando, ou seja, um longa simples, com um certo ar luxuoso, boas atuações, e com o resultado preciso.

Beaumont-sur-mer, Riviera Francesa. Josephine e Penny são duas manipuladoras, conhecidas pela arte de extorquir milionários. No entanto, enquanto a primeira é sofisticada, a segunda tem métodos muito menos elegantes. De início Josephine aceita Penny como sua pupila, mas logo se percebe que na verdade a intenção era usá-la para um golpe específico e, logo em seguida, descartá-la. Surge então uma disputa entre elas, sobre quem conseguirá antes a quantia de US$ 500 mil de Thomas Westerburg, um prodígio da tecnologia, que está hospedado na cidade.

Outro ponto bem sacado do longa foi o estilo que o diretor Chris Addison, que já levou vários prêmios pelas séries que dirigiu, de trabalhar a trama com praticamente várias esquetes acontecendo em sequência de modo que nem se percebe as quebras de andamento, fazendo com que o filme ficasse linearmente perfeito, porém com cada momento desenvolvido separado, e isso é algo que geralmente costuma dar muito errado, e aqui felizmente não deu, pois ele soube colocar as transições de forma bem leve, costurando tudo com minúcias únicas bem encontradas. Ou seja, assistir ao filme é quase como ver leves momentos soltos bem divertidos de um programa cômico, porém encontrando atitudes certas para que tudo fluísse e ficasse agradável de ver, e assim vamos entrando no meio das trapaças das protagonistas, e até caindo no golpe maior bem desenvolvido por trás de tudo. Como o longa é praticamente uma refilmagem do longa "Os Safados" de 1988 com Michael Caine e Steve Martin, porém agora com mulheres nos papeis principais, o teor de empoderamento é grande, mas isso não chega a ser um problema para a trama, pois souberam usar de maneira satisfatória.

Como bem sabemos, Rebel Wilson é uma das comediantes que mais tem sido usadas no cinema, principalmente pelo seu estilo debochado, que não liga para métricas corporais, e que se joga para tudo o que for preciso, e aqui sua Penny é debochada, bem maluca, e principalmente funciona como uma amadora seguindo os passos da mestra, e claro, na sequência ficando tão boa quanto, de modo que agrada com muitas sacadas bem colocadas, e principalmente usando seu estilo forçado para funcionar bem, mesmo apelando sem atrapalhar o andamento da trama, ou seja, faz o seu melhor ser o que o longa precisava. Enquanto pelo lado mais sedutor, porém de uma forma cômica da utilização desses atributos, Anne Hathaway acaba sendo de uma sutileza precisa e muito interessante para sua Josephine, encaixando o trambique como arte, e sem descer do salto conseguindo enganar quem passar na sua frente, ou seja, dá show de classe. E não menos importante, Alex Sharp conseguiu trabalhar trejeitos nerds, desenvolver atitudes emotivas bem gostosas e de uma forma bem clássica também conseguiu entregar para seu Thomas um desenho expressivo bem bacana de ver, o que acaba agradando demais, tirando o exagero das últimas cenas, mas aí é conversa para um segundo filme.

No conceito visual, a trama escolheu locações tão ricas e incríveis, que fica até difícil olhar somente para os personagens, com uma ambientação exótica, cheia de elementos bem trabalhados para mostrar a riqueza da trapaceira-mor, além claro de boas cenas no hotel, no trem e até em bares no começo do filme, de modo que mostra todo o trabalho técnico da equipe de arte para deixar a trama luxuosa para falar não dos pequenos 500-1000 dólares costumeiros que a novata costuma roubar, mas sim ir para os números com muito mais zeros que a experiente dama consegue fazer com nomes maiores também como senadores, bilionários, entre outros. Ou seja, um filme com um visual para se encantar, e claro também se divertir no famoso golpe do "Senhor dos Anéis" que até possui uma cena extra após os rápidos créditos para quem quiser esperar.

Enfim, é um longa com bons momentos, que é bem amarrado, mas que falha um pouco em fazer o público gargalhar como deveria em uma comédia realmente, mas que por ser leve, as sutilezas fazem com que nos divertíssemos na sessão, e isso já se faz por valer. Então recomendo a trama para quem gosta de comédias menos exageradas, que com leveza acaba fazendo boas sacadas e diverte, lembrando bem o estilo francês, mas se você já prefere longas mais impactantes de comicidade, certamente essa não será a melhor opção para conferir, pois vai acabar achando chato demais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, já encerrando as estreias dos cinemas da semana, mas volto em breve com alguns textos de filmes das plataformas de streaming, então abraços e até logo mais.

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Ted Bundy - A Irresistível Face do Mal (Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile)

7/26/2019 12:34:00 AM |

Sempre fui completamente favorável ao estilo de filmes envolvendo julgamentos, aonde conseguimos analisar as grandiosas interpretações dos advogados que conseguem se impor e convencer ainda mais o júri (que no caso acaba sendo nós, os espectadores!), e quando um filme desse gênero acaba bem montado, ficamos intrigados com os personagens envolvidos, temos diversos tipos de reações, e acabamos envolvidos para saber mais sobre cada momento. E aqui em "Ted Bundy - A Irresistível Face do Mal" vemos o quanto um homem com uma lábia carismática incrível conseguiu não só ter duas mulheres aos seus pés, uma inclusive se julgando culpada pelo que fez, como diversas outras se apaixonando por ele mesmo sendo julgado por matar diversas mulheres, ou seja, um filme completamente controverso, que acaba trabalhando de forma muito aberta, e que não mostra tanto o lado cruel do personagem como um assassino, mas sim seu lado carismático pelo qual as pessoas se encantavam com ele, sendo bem trabalhado pelo protagonista, mas que poderiam ter focado mais no julgamento em si, com nuances apenas para fora para mostrar alguns acontecimentos, que agradaria bem mais, ou já ter ido direto para os crimes realmente, o que acabou sendo feito na série da Netflix. Ou seja, um filme que vai causar muitos pensamentos, mas que poderia ser ainda melhor.

O longa nos entrega a cinebiografia de Ted Bundy, serial killer que matou, pelo menos, 30 mulheres em sete estados norte-americanos durante a década de 1970. Bundy se tornou famoso em todo o país, em parte por causa da fama de sedutor, que levou a conquistar várias fãs, e em parte por ter efetuado sua própria defesa nos tribunais. A trajetória do psicopata é contada pelo ponto das mulheres que amou: Liz Kendall, com quem se casou, e Carole Ann Boone, amante que o apoiou durante o longo julgamento nos tribunais.

O diretor Joe Berlinger é muito mais conhecido pelos seus diversos documentários que dirigiu do que pelo seu único longa de ficção ("A Bruxa de Blair 2 - O Livro das Sombras"), e aqui ele usou também muitas imagens de arquivos, brincou com o estilo, e praticamente traduziu para a tela a história do livro escrito por Elizabeth Kendall, aonde ela consegue desabafar tudo o que sentiu pelo criminoso, suas angústias, e claro que usando de muito material do julgamento real de Ted (que foi o primeiro televisionado completamente!), o diretor conseguiu eximir sentimentos, vivenciar as situações, e claro passar para o protagonista fazer trejeitos perfeitos ao ponto de criarem sensações realmente na plateia. Ou seja, a história em si merecia ser melhor contada ou desenvolvida de outra forma para que tivéssemos um envolvimento maior, e que junto de uma montagem mais sutil criasse toda a situação, mas como juntaram dois vértices, que é a história dos sentimentos da protagonista, com o julgamento do criminoso, acabaram não indo tanto no fluxo dos acontecimentos, e isso acaba dando margem para o filme fluir meio que quebrado. Não digo que isso tenha sido um enorme problema para a produção, pois o longa ainda acaba funcionando bem, porém poderiam ter ousado mais com uma escolha mais focada, que certamente surpreenderia ainda mais.

Sobre as atuações, tenho de ser sincero e falar que tinha certeza absoluta que Zac Efron só tinha sido escolhido por ser um rostinho bonito, e conseguir trabalhar o ar sedutor do personagem, mas o que ele fez com a personalidade de Ted Bundy foi algo que foi muito além do esperado, trabalhando olhares, gestos, e sintonias tão bem colocadas, que ao final quando passam as cenas reais do julgamento, ficamos impressionados com a semelhança motora, ou seja, ele conseguiu estudar muito, e passar sinceridade no estilo interpretativo de uma forma tão bem feita, que se antes duvidávamos da capacidade do ator, agora podemos esperar muito dele em filmes mais trabalhados, e não apenas ser um galã adolescente como era visto em Hollywood. Lily Collins foi bem moldada também para fazer sua Liz uma mulher completamente ingênua, mas que foi sincera no que fez, e cheia de cenas mornas, mas que tinham de ser colocadas pelo filme ser em cima da visão da personagem, o resultado impressiona mais pelos atos desesperados ao final do que pelo miolo em si. Kaya Scodelario trabalhou sua Carole Ann de uma maneira bem simples, mas que encaixou bem no estilo do filme, de modo que acabamos não nos conectando tanto com sua atuação e vemos até algo meio que fora de eixo, mas como sabemos que o filme é em cima do livro da outra mulher de Ted, provavelmente tenha sido proposital essa jogada do personagem dela. Quanto aos demais, temos muitos policiais, muitas outras mulheres, mas o destaque fica somente para o show que John Malkovich dá para seu juiz Edward Cowart, encontrando personalidade, carisma, e principalmente bons elos para que o julgamento ficasse interessante, e também vemos que abusou do material de referência para ter até a mesma entonação do personagem real.

Visualmente o longa foi incrível na composição cênica dos anos 70, na montagem de um tribunal bem cheio de detalhes, e claro das diversas prisões por onde o personagem passou, além claro da casa de Liz cheia de elementos para retratar a depressão/desespero da personagem em relação a tudo o que estava vivendo, ou seja, a equipe artística brincou bastante com poucos elementos, sabendo deixar para o diretor ousar com um ponto aqui, outro ali, e não necessitando ir a fundo com imagens das mortes (apesar que acho que no julgamento funcionaria mostrar um pouco mais de cenas fortes, mas mudaria um pouco o estilo do filme), e sendo assim o resultado completo acaba bem cheio de detalhes.

Enfim, é um longa que passa bem longe de ser perfeito, mas que consegue trabalhar bem os vários vértices que se propõe, de mostrar o ar sedutor do protagonista, o seu carisma para com todos, e suas desventuras no seu julgamento, e claro, ainda dar oportunidade para conhecermos um pouco mais das duas mulheres que amou, com muito simbolismo, mentiras, e envolvimentos fortes, que certamente quem não conhecer bem a história, acabará até caindo no conto invertido que a trama quase consegue convencer no final, ou seja, um longa que quem gosta do estilo não sairá decepcionado da sessão, mas que não é certamente um filme para todos, e sendo assim, recomendo ele apenas para quem gosta de julgamentos e longas envolvendo personagens conhecidos, pois o restante é capaz de achar bem cansativo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - À Queima Roupa (Point Blank)

7/22/2019 12:57:00 AM |

É engraçado como filmes policiais costumam sempre seguir a mesma linha, com desenvolturas próprias e situações bem colocadas, mas casualmente um ou outro acha um jeito diferente de entregar boas colocações, ora invertendo o jogo e mostrando o lado dos bandidos, outrora colocando a visão de uma pessoa completamente fora do eixo (policial/bandido), como é o caso aqui no longa da Netflix, "À Queima-Roupa", que trabalha bem o desespero do enfermeiro em fazer coisas erradas junto com o ladrão, para tentar salvar sua esposa grávida, e que com muita desenvoltura técnica acaba criando muitas boas cenas de ação, muito envolvimento para com o público, e principalmente ao ter uma grandiosa reviravolta na metade da trama, o resultado acaba empolgando mais ainda. Ou seja, um filmão com todas as letras, que empolga muito do começo ao fim, e que mesmo tendo alguns furos no miolo consegue soar bem trabalhado agradando dentro do que se propõe.

O longa nos conta que quando sua esposa grávida é sequestrada e mantida refém, o enfermeiro Paul se alia a um criminoso ferido suspeito de assassinato para tentar salvar sua família. Enfrentando gangues rivais e policiais corruptos pelo caminho, a dupla descobre que precisa unir forças para conseguir sobreviver.

O diretor Joe Lynch soube brincar bem com a câmera, entregando boas dinâmicas para as cenas mais rápidas criando um estilo bem de videogame como o protagonista chega a citar em determinado momento, de modo que o filme acaba deslanchando, prendendo atenção, e o resultado das escolhas do diretor acaba aparecendo bastante, pois geralmente nesse estilo de filmes vemos mais protagonistas chamando a atenção, e aqui o roteiro e o desenvolvimento acabaram aparecendo bem mais, o que é bacana de ver, conseguindo resultar em um longa cheio de detalhes, cheio de pequenos elos, e que principalmente consegue ser gostoso de assistir, pois não ficamos presos esperando nada ocorrer, mas sim seguindo o fluxo pegando elos a cada nova cena para empolgar e agradar, mostrando que ele não quis ficar jogado em um campo comum do gênero.

Quanto das atuações, temos dois grandes atores que já vem mostrando muito serviço nos últimos filmes que apareceram, e certamente veremos muito deles ainda nos próximos anos. Anthony Mackie conseguiu colocar para seu Paul muita vivência, amor pela esposa, e desespero frente a estar fazendo algo completamente diferente na vida de seu personagem, conseguindo ser bem convincente em todas as atitudes, e agradando bem com sacadas expressivas interessantes de acompanhar. Frank Grillo tem o estilo clássico para interpretar ladrões, e sua imponência aqui como Abe é das melhores, conseguindo encontrar uma química precisa com Mackie, fazendo uma bela dupla nas cenas do longa. Christian Cooke também agradou bastante como Mateo, tendo atitudes claras da personalidade que lhe foi dada, mas com um certo desespero de iniciante, moldando bem cada cena sua para uma vivência bem colocada e interessante de acompanhar. Marcia Gay Harden entregou a policial Lewis com muita força, e soube encontrar nas cenas principais imposição para chamar atenção, agradando em cheio em cada ato. E mesmo ficando em segundo plano, a jovem Teyonah Parris conseguiu agradar bastante com o desespero, mas bem centrado ao menos de sua Taryn, colocando bons respiros nas suas cenas, e funcionando para o papel.

A equipe de arte foi de encontro com o estilo das ruas, criando muitos ambientes próprios para a desenvoltura da ação, bem como ambientes sujos, pontos de drogas, casas de gangues, e claro um hospital bem montado para toda a ação, além de muita ação frenética dentro de perseguições de carros, e até dentro de uma rodoviária lotada, ou seja, se preocuparam realmente com que tudo fosse vivo e em movimento, não trabalhando tanto detalhes cênicos, mas explorando as atitudes, até claro chegar nos mafiosos ao final que brincaram bem de fazer cinema, que aí é se preparar para rir e querer aplaudir cada momento.

Enfim, não dava nada para o longa pelo trailer, parecia que seria mais um daqueles longas policiais jogados que tem na plataforma de streaming, mas que acabou me surpreendendo positivamente pelas boas sacadas e boas cenas de ação, de modo que acabo recomendando ele com certeza, pois funciona bem dentro do estilo, e principalmente não cansa o espectador. Sendo assim, essa é mais uma daquelas opções raras de se encontrar na Netflix, que vale a pena ser conferida, principalmente quem gosta de bons longas de ação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Obsessão Secreta (Secret Obsession)

7/21/2019 02:11:00 AM |

Gostaria de entender a obsessão de diretores por fazer filmes de pessoas obcecadas por outras e todos os vértices desse braço do suspense que geralmente na primeira cena (as vezes até antes se vemos um trailer!) já descobrimos tudo o que vai acontecer. Digo isso pois o longa da Netflix, "Obsessão Secreta" é bem curto e simples de atitudes, mas que consegue nos prender na frente da tela até o final não por já saber tudo sobre quem não é quem, mas sim para saber de onde veio a obsessão, o que aconteceu para chegar ali e tudo mais, de forma que a trama acaba até sendo exagerada de clichês e diversos outros absurdos, mas o resultado acaba sendo satisfatório ao menos, sem soar bobo demais, e principalmente, tendo um fechamento, coisa que muitos longas da plataforma acabam não tendo.

Assim como o filme é curtinho, a sinopse também é, e nos conta que recuperando-se de um trauma, Jennifer ainda corre perigo ao voltar para uma vida da qual não se lembra.

Acredito que se o diretor Peter Sullivan que é bastante acostumado com longas de terror tivesse incorporado todo seu estilo para esse filme, trabalhando ele bem de forma mais doentia, como ocorre em algumas cenas, e não entregando logo de cara o problema todo, e virando mais uma investigação policial do que uma trama tensa de obsessão, o resultado seria incrível, porém veríamos claro diversos absurdos e loucuras para a realização completa. Digo isso, pois o filme tem uma densidade dramática boa, mas os personagens se revelam fáceis demais, e dessa forma o conteúdo acaba não brilhando realmente, e acabamos mais com raiva deles, do que torcendo para algum se dar bem.

O elenco principal conseguiu entregar boas doses de expressões das mais diferentes formas, pois temos a protagonista desmemoriada e desesperada quando pega o miolo de tudo o que está ocorrendo, temos o vilão com cara de bom moço, e temos o detetive curioso exagerado que tem alguma história que desejavam contar, mas que cortaram para não enrolar a trama, ou seja, tem para todos os gostos. Brenda Song até trabalhou bem sua personagem, fez caras desesperadoras, mancou muito com um pé que nunca melhorava, e fez de sua Jennifer daquelas pessoas que não sabemos mesmo o que pensar em um filme, ou seja, talvez um pouco mais atitude cairia bem. Mike Vogel veio com toda a pinta de galã, entregou bons atos interessantes com seu Russell, mas na hora da loucura veio com atitudes bobas demais para um cara que tem a psicopatia para matar, ou seja, poderia ter ido muito além que aí sim seria um vilão de primeira linha. Dennis Haysbert trouxe uma personalidade bem bacana para seu detetive Page, mas talvez sua história pessoal valesse mais a pena do que a busca pela protagonista, pois certamente traria algo tocante bem inteligente e agradaria mais, mas foi bem ao menos no estilo investigativo, e agradou um pouco ao menos.

Visualmente o longa encontrou bons eixos iniciais tensos, depois uma boa evolução dentro de um hospital, para chegar numa mansão incrível que só é usada no longa metade dos cômodos (um desperdício monstruoso para a equipe de arte, que certamente preparou todos os cômodos para serem usados!), além de algumas cenas em uma delegacia, e andanças de carro com o detetive, ou seja, o filme ousa pouco de símbolos, embora tenha o isqueiro, as fotos, e até mesmo o uso da memória da protagonista para desenvolver a trama, mas fica parecendo a todo momento que o filme teria muito mais para aproveitar, e com isso acabou desperdiçando um pouco da essência de um bom suspense.

Enfim, é um filme que passa rápido, que possui uma ideia bem colocada, mas que não atinge nenhum momento de ápice, nem de tensão suficiente para causar realmente, entregando tão rapidamente a situação completa que a sacada final fica por conta de quem sabe conhecermos algo a mais do maluco, ou talvez um pouco mais da história do detetive, mas nem isso nos deram, optando por um papel escrito de maneira boba e romanticamente desnecessário. Bem é isso pessoal, quem tiver a toa sem o que ver é um bom passatempo, mas não espere muito dele. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.

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Divino Amor

7/20/2019 05:58:00 PM |

Simplesmente imagine que a bancada religiosa tenha conseguido dominar o Brasil, e colocado todo o restante que é contra as loucuras deles de transformar o país em algo estranhamente conservador (mas ainda tendo algumas pitadas quentes) aonde temos drive-thru de orações com um pastor pronto para pregar diretamente no carro, o carnaval foi apagado e agora temos um estilo de rave gospel como principal evento do país, e principalmente, temos grupos de casas de swing religiosas aonde ninguém trai frente a Deus, mas sim divide o amor após ler alguns versículos, além claro de grandiosas tecnologias para identificar a genética da pessoa através de códigos de barra. Conseguiu imaginar? Isso é mais ou menos o que o longa "Divino Amor" acaba nos entregando durante os seus 101 minutos, tendo até um grande enfrontamento em sua mensagem final pela voz robótica de uma criança que vai nos narrando as situações e pensamentos sobre tudo o que está acontecendo, mas que mais choca o estilo e tudo o que é passado, do que consegue envolver sabiamente as diversas metáforas para ressaltar muitas situações. Ou seja, é daqueles filmes preparados para um público, que talvez até se assuste alguns com as muitas cenas sexuais, mas que a maioria acabará sem entender muito da essência que o diretor quis passar, e com isso o resultado mais choca do que chama para si o interesse, e tirando as grandiosas atuações, e uma produção digamos até interessante pelos efeitos simples mas bem feitos, o restante é uma loucura imensa demais para agradar um público mais comercial.

A sinopse nos conta que Joana trabalha como escrivã em um cartório e, profundamente religiosa e devota à ideia da fidelidade conjugal, sempre tenta demover os casais que volta e meia surgem pedindo o divórcio. Tal situação sempre a deixa à espera de algum reconhecimento, pelos esforços feitos. Entretanto, a situação muda quando ela própria enfrenta uma crise em seu casamento.

Nessa produção entre Brasil, Uruguai, Chile, Dinamarca e Noruega, o diretor e roteirista Gabriel Mascaro conseguiu ser completamente diferente do usual, entregando uma trama até que complexa pela essência, que consegue abstrair muita coisa, passar diversos pontos metafóricos para a mente do público, e que junto de ousadas cenas sexuais conseguiu mostrar seu estilo, porém para que o filme chegasse realmente onde ele desejava dentro do cunho religioso que é mostrado ao final, da saga da mãe de Deus e da volta do Messias, talvez a proposta teria de ter sido ainda mais ousada e não ter brincado tanto com a voz infantil robótica, pois aí sim ele causaria no fechamento com outras vertentes mais elaboradas, mais reflexivas e quem sabe até algumas outras argumentações, e não apenas jogar na narração toda essa desenvoltura. Ou seja, o filme acabou apelando tanto para uma loucura tão abstrata (que infelizmente pode estar acontecendo muito em breve - até menos de 8 anos como é proposto na trama em 2027) que acabaram se perdendo um pouco no resultado final, aonde muitos acabam mais saindo da sessão incomodados com o que viram do que pensando em tudo o que foi proposto na sessão, e isso é muito ruim de acontecer, mas que muitos diretores preferem por ser o caminho mais fácil.

Sobre as atuações, já disse isso em outros filmes, e até mesmo vendo seus programas na TV, e volto a frisar que Dira Paes é uma das grandes atrizes do país, num nível muito fora do comum que vemos casualmente, e aqui sua Joana tem personalidade, tem expressões fortes, e demonstra muita vontade em tudo o que faz em cena, de tal maneira que acabamos sentindo muito com cada ato seu, ficamos envolvidos com suas situações e até torcemos para ela conseguir seu filho, de modo que o resultado do filme seria completamente diferente com outra atriz, ou seja, vale conferir o filme pelo que ela faz nele, e não o inverso como deveria acontecer. Julio Machado é um ator imponente também, e seus papeis costumam florear e pedir mais desenvoltura, porém aqui seu Danilo não consegue chamar tanta atenção, mesmo estando sempre em situações fortes, talvez pela força da protagonista ao seu lado chamar mais atenção, mas ainda assim seus atos são bem feitos. Quanto aos demais, todos têm muito envolvimento com a justiça, com a religiosidade e com os relacionamentos, mas não conseguem passar nada além do seu momento, e isso não é algo bom para uma trama.

Embora o longa tenha um conceito futurista, a grande sacada foi não ir para tão longe, senão teriam de inventar coisas bem mais mirabolantes, então optaram por criar os códigos genéticos em barras, que identificam as pessoas, as grávidas, os fetos registrados já, os pais, tudo bem rápido, mas ainda extremamente burocrático nos cartórios (ou seja, ainda vamos ter muita dor de cabeça para registros no futuro!), o drive-thru interessante de orações e tudo mais, de modo que a equipe de arte foi coesa no desenvolvimento, e o resultado embora colorido demais em neon, ficasse satisfatório, mas poderiam ter ousado mais, ou talvez até ido com algo mais singelo, já que o meio termo costuma não causar como poderia. A fotografia é exagerada de cores marcadas como o neon, o vermelho, e muitas cenas escuras com nuances, para dar o contraste realmente e mostrar o que deseja exatamente em cada cena, mas não tão efetivo como ponto final.

Enfim, é um filme muito diferente de ideias, de ações e de execuções, que não empolga, mas que consegue causar muito, e todos que forem conferir certamente terão dois pontos completamente opostos de opinião, não ficando em cima do muro de forma alguma, e dessa forma recomendo ele bem para poucos, pois acredito que a maioria não irá gostar do que verá, mesmo tendo muitos pontos interessantes para pensarmos e agirmos antes que o Brasil vire isso que é mostrado na telona. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje com a última estreia da semana, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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O Rei Leão em Imax 3D (The Lion King)

7/20/2019 02:13:00 AM |

Vocês já sentiram o famoso dejavú assistindo algum filme, de parecer já ter visto algo aquilo acontecer só que de outra forma? Pois bem, esse é o sentimento de ver o live-action de "O Rei Leão", que nos entrega praticamente o mesmo filme que vimos em nossa infância, mas agora com um realismo mais técnico e menos fantasioso do que a animação original nos proporcionou há 25 anos atrás, de modo que até nos conectarmos completamente com a trama, já estamos com Simba junto de Timão e Pumba, com tudo inicialmente acontecendo e passando sem que ficássemos presos a cada lance, como se flashes fossem entregando os momentos sem uma história completamente amarrada e temporizada. Ou seja, é um filme bem bonito de ver, nos remete completamente aos documentários da National Geographic com os animais da savana africana, mas certamente o diretor poderia ter ousado um pouco mais para compor a sua própria história, fluindo melhor as cenas, e assim o resultado iria muito além. Não estou dizendo que é ruim o resultado, de forma alguma, é um filme incrível de ver, tudo agrada muito, mas talvez para suprir toda a expectativa que estávamos em relação ao que nos entregaria, desejava um pouco além, e isso é o que acaba acontecendo quando esperamos muito algo, ou seja, vou parar de ser chato e falar que gostei logo de vez, e me preparar para ver a versão nacional em breve, pois aí sim vai remeter todas as canções que cantamos muito.

A sinopse do longa nos mostra que Simba é um jovem leão cujo destino é se tornar o rei da selva. Entretanto, uma armadilha elaborada por seu tio Scar faz com que Mufasa, o atual rei, morra ao tentar salvar o filhote. Consumido pela culpa, Simba deixa o reino rumo a um local distante, onde encontra amigos que o ensinam a mais uma vez ter prazer pela vida.

Diria que o diretor Jon Favreau (que muitos conhecem mais como o Happy Hogan dos filmes do "Homem de Ferro" e agora em "Homem-Aranha: Longe de Casa") foi mais nostálgico do que tudo na criação de seu filme aqui, pois em "Mogli - O Menino Lobo", ele até nos entregou um filme muito semelhante ao original, porém trabalhou as vivências e desenvolveu tudo ao redor, enquanto aqui ele procurou recriar cada cena exatamente igual ao original, apenas tirando o lado fantasioso que os animais não poderiam fazer, como pular em cima de outros animais, dançar, entre outros atos, e foi criando uma desenvoltura mais própria de se ver na vida selvagem, sem exagerar muito, nem forçar a barra, criando apenas as situações, e talvez esse tenha sido o maior problema, pois faltou a história ficar mais abrangente, com tudo acontecendo sem uma dinâmica própria, ou seja, ele fez um filme lindo de se ver, com ótimas dinâmicas entre os personagens, aonde os artistas dubladores puderam dar entonações vibrantes bem colocadas, mas talvez uma sintonia maior de época, com passagens de movimento mais propícias agradasse bem mais, pois rapidamente parece que todo o começo aconteceu em um único dia ou dois no máximo, enquanto nos demais momentos quando a fluidez temporal funciona (quando já está com os seus amigos), o resultado deslancha muito melhor. Ou seja, Favreau foi bem no que quis criar, mas poderia ter ido bem além se desenvolvesse a trama se baseando no clássico, e não copiasse exatamente o que viu de uma outra forma.

Uma das maiores reclamações que ouvíamos após cada lançamento dos trailers estava na expressividade dos animais, pois pontuavam que os animais não poderiam ter os mesmos olhares dos atores que foram usados para captura que resultariam em sínteses estranhas, e hoje após conferir posso dizer que não vi nada problemático em relação a isso, muito pelo contrário, diria que todos sem exceção se entregaram com um primor expressivo vocalmente tão imponente ao ponto dos movimentos acabarem agradando em ótima sintonia, pois vemos leões andando de um lado para o outro como realmente vemos em zoológicos (para demonstrar stress), vemos os bichos se conectando e muito mais, mas principalmente vemos as entonações bem colocadas nas vozes de Donald Glover como Simba adulto, Beyoncé Knowles como Nala adulta, Chiwetel Ejiofor como Scar, James Earl Jones repetindo seu papel como Mufasa (pois foi sua a voz no clássico de 94), e claro que Seth Rogen deu toda sua comicidade para a personalidade de seu Pumba, que juntamente de Billy Eichner como Timão acabaram divertindo demais o público na sala. Ou seja, o elenco foi afiado para cada momento agradando bastante, e mesmo que fossem outros atores, acredito que conseguiriam se impor da mesma forma. Pretendo voltar aqui para falar sobre a versão brasileira que também está criando muita polêmica, então aguardem esse parágrafo aumentar em breve.

O longa é belíssimo visualmente, com um cenário que nem parece ter sido feito por computadores (segundo o diretor apenas uma cena é real - e não consegui identificar ela, se alguém conseguiu, fique a vontade para falar nos comentários), e os animais possuem tantas texturas nas pelagens com muita determinação para o realismo mais preciso, que na briga final chega a ser até difícil identificar quem é quem ali que está batendo ou apanhando, e isso é muito bom de ver, pois mostra o quanto nossa computação gráfica está tão avançada ao ponto de criar tudo num filme, e apenas serem necessárias as vozes dos atores (acredito que muito em breve nem isso irão precisar!), ou seja, a equipe de arte pensou muito bem em cada momento para transformar uma das animações mais lindas da Disney, em um cenário digno de uma série da National Geografic, e com isso a trama acabou ficando bem viva na telona, que vale ser vista lá para realçar ainda mais cada momento. Sobre a fotografia a trama trabalhou com muitos tons, mas principalmente ousou demais em muitas cenas escuras para puxar uma tensão mais forte, e sem destoar em momento algum, acabamos envolvidos para todas as cenas que o diretor desejava se impor com o protagonista e com o antagonista, e o resultado é ótimo, além de muito brilho e desenvoltura nas cenas animadas de Pumba e Timão. E claro, falando do 3D, o resultado em muitas cenas é bem bacana de ver por ter os animais próximos do público, com muita profundidade cênica, mas também não é nada impressionante como poderiam ter ido além, de modo que até recomendo ver com a tecnologia para estar mais próximo dos bichos, e somente isso.

Por ser um longa musical, é claro que tenho de indicar a excelente trilha sonora, que mesmo já conhecendo a maioria das canções, tendo apenas algumas novas, o resultado serve para envolver e ilustrar ainda mais o longa, e sendo assim, aqui vai o link para todos se envolverem com as ótimas composições, muito bem cantadas, e claro também para as orquestradas apenas, que claro, são de Hans Zimmer. Além disso, no conceito sonoro tenho de pontuar as incríveis sonoridades dos bichos, dos ambientes e tudo ao redor que acaba nos envolvendo.

Enfim, é um filme que nos envolve, que nos remete diversos sentimentos, mas que não embarca tão forte como poderia, pois sem a criatividade de inovar, revemos o desenho melhorado em tecnologia e gráficos, com novas dublagens, e algumas bem poucas cenas novas, e assim, o resultado até empolga, vai fazer muitos saírem felizes ou chorando (esperava até bem mais, parecendo que faltou emocionar como o desenho fez) com alguns momentos, mas que vale apenas pelo revival de uma época que não tínhamos muito para ver, e revíamos o longa até a exaustão. Ou seja, recomendo ele com certeza, mas esperava muito mais, principalmente pela expectativa alta que estava desde que falaram que iriam fazer um live-action do desenho, e isso talvez tenha sido o principal motivo de não me apaixonar tanto, afinal como costumo dizer, ver algo com expectativa alta acaba decepcionando um pouco, e aqui garanto que foi bem pouco, pois gostei mais do que tenho coisas para reclamar, recomendado demais para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, e também volto aqui para falar quando conferir a versão brasileira da dublagem, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Sequestrando Stella (Kidnapping Stella)

7/16/2019 12:30:00 AM |

Alguns longas da Netflix vamos assistir sabendo o que vamos ver, e um filme que tem o nome "Sequestrando Stella" não poderia ter outra coisa senão um sequestro, seu desenvolvimento, e algumas desenvolturas que sempre costumam dar errado em longas do estilo, ou seja, quem for conferir esperando qualquer outra coisa, certamente irá reclamar de tudo. Dito isso, o estilo que o filme acabou sendo feito me lembrou muito a época da faculdade, aonde todos tinham grandes ideias, mas pouquíssimo orçamento, e desenvolver o melhor resultado acabava sempre sendo algo desesperador, principalmente para ter um fechamento digno sem precisar explodir tudo, conseguindo um grande impacto pelo menos, e aqui diria que o diretor ainda optou pela forma mais simples de tudo, o casual conflito jogado, que não chega a ser ruim se for bem feito, mas que aqui foi literalmente jogado fora com absurdos tão improváveis que nem um filme de primeiro semestre acabaria entregando algo tão jogado. Ou seja, até temos uma história bem feita, mas que não consegue convencer com um final fraco, e o resultado acaba desandando demais.

A trama nos conta que arrancada da rua e mantida como refém, uma mulher amarrada e amordaçada usa seus poderes limitados para inviabilizar os planos cuidadosamente estabelecidos por seus dois raptores mascarados.

O diretor e roteirista Thomas Sieben até conseguiu ir criando uma certa tensão, mas em momento algum ele ataca algo que faça o público entrar em conflito ou se desesperar realmente pela protagonista, de modo que talvez se montassem algumas cenas antigas do relacionamento dela, alguns momentos da prisão dos protagonistas, a trama ganharia um contexto maior, pois só o cativeiro, com o envolvimento acontecendo fica realmente parecendo que faltou tudo para o longa. Não digo que seja um filme com problemas de miolo, mas que certamente como um curta ou um média de no máximo 40 minutos o resultado prenderia bem mais do que o que acabou sendo feito.

Sobre as atuações, costumo dizer que os atores alemães não conseguem se entregar completamente para seus papeis, sempre deixando falhas expressivas tão evidentes que acabamos desviando deles, e esse sem dúvida é um dos maiores problemas do longa, pois Jella Haase poderia ter nos envolvido com sua história ao ponto de ficarmos desesperados junto com sua Stella, torcendo para conseguir fugir e acabar com a história dos protagonistas, mas seus momentos são recheados de burrices e chega alguns momentos que torcemos contra ela. Clemens Schick até tenta impressionar com a crueldade e imponência de seu Vic, mas seus olhos azuis acabam passando um ar calmo demais para um vilão desalmado, e mesmo nas cenas mais tensas, ele acaba ficando no meio do caminho. E Max von der Groeben coloca um Tom mais assustado e desesperado que até a própria sequestrada, de modo que de cara sabemos que não vai dar certo nada do que ele fizer, ou seja, se entregou rápido demais, mesmo antes de descobrir algo a mais da moça, ou seja, precisava maneirar um pouco nas atitudes para prender mais o personagem.

Visualmente o longa é bem básico, afinal se passa praticamente o tempo todo dentro do cativeiro, tirando os primeiros 5 minutos de montagem do cativeiro e do sequestro, e dos últimos 5 a 10 aonde acontece as cenas externas de entrega do pacote, aonde temos os principais furos, e como tudo ali é bem simples, com poucos ornamentos, e literalmente coisas compradas para a construção do local, o resultado da equipe de arte pode ser considerado bem efetivo, e não vai ser nada daqueles visuais que ficamos impressionados ou iremos comentar mais pra frente, mas ao menos não erraram tanto com furos de elementos, embora muitas cenas sejam forçadas para mostrar algum elemento cênico.

Enfim, é um filme bem básico que não impressiona em nada, mas que também não desaponta durante toda a encenação, tirando claro as cenas finais que ali se perderam completamente (uma pessoa ir andando do jeito que estava de um lugar longe do outro é abusivo demais! E a briga então absurda!), mas passa um tempo, e claro serve como base para podermos dar notas mais baixas para filmes ruins realmente, então, quem tiver com tempo sobrando, vai na fé que talvez você não se irrite tanto com alguns momentos do longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos do streaming, afinal na próxima semana deve vir bem poucas estreias, então abraços e até logo mais.

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A Pequena Travessa (Liliane Susewind - Ein tierisches Abenteuer) (Little Miss Dolitle)

7/12/2019 09:36:00 PM |

Sempre que vou conferir um longa infantil acabo me preparando para ver situações bobinhas, desenvolturas desajeitadas e atuações sem muita expressividade, porém não imaginava que veria algo tão jogado no filme alemão, "A Pequena Travessa", que aliás é uma das piores traduções de títulos já feitas no país, porém deixando isso do nome de lado, diria que nem as novelinhas infantis do SBT possuem enredos tão largados como o apresentado aqui, que até tenta ter algum envolvimento com a ideia do furto dos animais, mas os personagens surgem do nada, fazem seus atos, e já encerram como se o filme fosse até parte de algo que já passa por lá, e esse seria algum tipo de especial, mas aparentemente não é isso, e dessa forma acabamos com algo extremamente bobo que não atinge nada nem ninguém.

O longa nos conta que a pequena travessa "Lilli" fala com animais! Mas, com exceção de seus pais, ninguém mais conhece seu talento especial, que já lhe trouxe problemas suficientes no passado. Quando a menina conhece o distante e misterioso Jess, lentamente começa a confiar nele. Junto com Jess e seus novos amigos do grupo de estudos do zoológico, Lilli começa uma busca pelo bebê elefante, Ronni, que foi sequestrado por um ladrão de animais. Agora, a habilidade de Lilli de se comunicar com os animais é sua única esperança!

O diretor Joachim Masannek está bastante acostumado a fazer filmes jovens na Alemanha, de modo que "Os Caras Selvagens" sobre um time teen de futebol já está na sequência de número 6, e assim sendo era esperado ao menos algo mais direcionado com envolvimento dos pequenos em situações curiosas, ou  bagunças bem mais trabalhadas, mas acabou entregando uma trama que diria bem preguiçosa, sem muitas conclusões, aonde os personagens adultos acabaram partindo para o cômico abstrato, que chega a beirar o ridículo, ou seja, faltando também uma direção de atores mais consistente, ou seja, até temos uma história razoável de pano de fundo, que poderia resultar em bons frutos, mas que optaram por algo mais bobinho e jogado que não atinge nenhum ápice, falhando demais em tudo, e não agradando, nem envolvendo os pequenos pelo menos.

Quanto das atuações, vou falar da expressividade deles pelo menos aparentavam dispostos para o filme, pois como só veio cópias dubladas não posso dizer se os tons foram mais coerentes, pois a versão nacional ficou bem ruim também, mas a protagonista Malu Leicher se jogou bem na personalidade agitada de sua Liliane, se dispondo para agradar nos diversos conflitos, de modo que resulta ao menos bons atos, mas poderia ter ido além.  Christoph Maria Herbst merece o prêmio boboca do ano com seu Toni, recaindo em tantas idiotices que nem tem como perdoar nada, ou seja, absurdo demais. Meret Becker pareceu estar em outro filme com sua Coronel, numa mistura de trejeitos e figurinos de Willy Wonka, mas sem a classe necessária para isso, ou seja, jogada também. Aylin Tezel até trouxe um certo ar de vilania para sua Vanessa, mas as atitudes foram tão bobinhas que não dá para defender. Aaron Kissiov inicialmente deu um ar misterioso interessante para seu Jess, e acredito que por estar em quase todos os filmes do diretor soube se entregar melhor para a câmera, mas mais para o final seu personagem acaba não empolgando, e isso falha demais no resultado. Quanto aos demais, tivemos a mãe forçada, o pai escritor avoado, e até as garotinhas ricas que se acham as donas do pedaço, ou seja, o kit completo para uma bomba infantil de primeira linha.

Visualmente o longa até entrega locações interessantes, muitas cenas com bicicletas, um laboratório bem cheio de equipamentos tecnológicos para mostrar o ar científico do garotinho, e um zoológico com estilo diferenciado, mas as cenas com computação foram tão broxantes que desanima ver a tentativa de fazer os animais falarem com a garota (o pior de todos sem dúvida alguma é o elefantinho), e assim sendo a trama desanda demais.

Enfim, um filme bem fraco, completamente jogado, que a distribuidora foi empurrando o lançamento, e que nem deveria ter lançado, pois seria melhor aproveitado diretamente para homevideo, e para finalizar ainda tivemos uma canção de rap bem péssima para fechar a bomba, ou seja, não indico ele nem para meu pior inimigo, pois é desanimador cada ato da trama. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Atentado ao Hotel Taj Mahal (Hotel Mumbai)

7/12/2019 01:16:00 AM |

Desesperador, agoniante, sufocante... essas podem ser facilmente as sensações que sentimos durante a conferida de "Atentado ao Hotel Taj Mahal", pois embasado nos depoimentos que as pessoas que vivenciaram o ato (e sobreviveram, claro!) contaram, escutas dos celulares dos terroristas e incrementando ainda algumas situações para que a trama ficasse ainda mais pesada, o longa acabou ficando tão tenso e real, que praticamente nos vemos no meio dos turistas e funcionários desesperados em não morrer, ficamos tristes a cada morte impactante, e ao final já estamos emocionados com tudo de tal forma que se a história do longa se passa mais de 12 horas, sentimos quase que ficamos todo esse tempo na sala sentindo cada ato, ou seja, um filme perfeito com muito estilo, e que agrada principalmente por não ter exageros patrióticos, nem coisas forçadas demais, apenas o engajamento religioso dos terroristas bem motivados por líderes que até hoje se encontram livres, e muita sutileza nos detalhes que a equipe quis passar para aumentar ainda mais o impacto da trama. Ou seja, é daqueles filmes que merecem todos os aplausos possíveis pelo feitio, mas que alguns ainda acham coisas para reclamar.

Mumbai, Índia, 2008. Um grupo de terroristas chega à cidade de barco, disposto a promover uma série de ataques em locais icônicos da cidade. Um deles é o luxuoso hotel Taj Mahal, bastante conhecido pela quantidade de estrangeiros e artistas que nele se hospeda. Quando os ataques começam, o humilde funcionário Arjun tenta ajudar todos a se protegerem, enquanto David e Zahra buscam algum meio de retornar ao quarto em que estão hospedados, já que nele está seu bebê e Sally, sua babá.

Quem conferir o filme certamente irá apostar que o diretor Anthony Maras é daqueles que tem experiência de sobra em filmes de tensão, que já fez filmes de grande impacto e tudo mais para poder conduzir um elenco tão grande, cenas amplas em ângulos difíceis e muito mais, mas não, essa é sua estreia na cadeira de um longa metragem, e se conseguiu fazer tão bem esse, que aliás ajudou a escrever o roteiro junto de John Collee, com certeza iremos ficar esperando muito mais de suas próximas produções, pois ele encontrou dinâmicas tão precisas, trabalhou suas cenas com muita desenvoltura, moldou os ambientes para que mesmo sendo gigantescos (outros minúsculos) ficassem claustrofóbicos com a tensão ao redor, de modo que parecia ter vivido cada um dos atos na própria pele, ou seja, certamente ele estudou muito o material que lhe foi entregue por documentaristas que cobriram o pós-atentado, ouviu muitas vezes cada um dos áudios dos terroristas, e sentiu no olhar de cada funcionário real que vivenciou o ato para que incorporasse tudo e criasse com minúcias cada momento da trama, encontrando situações tão desesperadoras que certamente quem for conferir irá se impressionar (ainda mais os pais, pelo fator bebê - que a qualquer momento poderia desandar tudo!). Ou seja, uma direção precisa, cheia de ótimos atos, que talvez tenha apenas um grande erro, de que poderia ter dirigido melhor os terroristas, pois mesmo que fossem apenas jovens malucos, esses pareceram desorientados demais de seus atos, e que certamente cada um ali era mais doido que o outro, e cheio de incumbências mais fortes, o que não aparentou tanto nas atitudes dos atores, e poderia ser corrigida com uma direção mais imponente, mas de resto, perfeição total.

Sobre as atuações, já falei um pouco dos terroristas, e diria que todos foram bem escolhidos pelo estilo e personalidade de cada um, mas poderiam ser mais imponentes e chamarem a atenção mais para cada um, tendo leves destaques para Amandeep Singh pelas cenas mais emotivas recairem sobre seu Imran, mas nada muito além. Dev Patel anda num crescente tão alto que em breve o veremos ganhando altas premiações e não sendo apenas indicado como foi em "Lion", pois novamente entregou tanta personalidade para seu Arjun, trabalhando olhares, demonstrando preocupações, e principalmente mantendo tradições, o que foi incrível de ver pelos seus atos, ou seja, perfeito. Nazanin Boniadi colocou muita emoção nas suas cenas como Zahra, mostrando claro toda a preocupação para com seu filho, o desespero com o marido, e claro também mostrando como ricos tratam suas babás, pois a cena final merecia algo a mais, mas isso não é problema da atriz e sim do mundo em si que foi colocado no roteiro, pois a atriz fez muito bem seus atos, e isso é o que vale ver. Esperava ver um pouco mais de atitude do personagem de Armie Hammer, mas seu David aqui era um arquiteto/engenheiro, então não tinha muito o que entregar nas cenas de ação, porém conhecendo seu estilo, podiam ter colocado para ele algumas façanhas mais imponentes, que certamente agradaria ver, mas sairia do conceito real da trama, ou seja, ele fez o básico bem feito. Tilda Cobham-Hervey deu um tom bem expressivo para sua Sally, desesperada, e principalmente com uma bomba nas mãos, pois no meio de uma guerra aonde os assassinos estão atrás de todos, ela com um bebê pronto para chorar a qualquer momento é algo que só uma babá muito boa manteve a calma e a precisão para não sair correndo. Jason Isaacs fez o russo Vasili bem colocado, com uma densidade de personalidade bem contundente, e que consegue chamar a atenção, de modo que inicialmente ficamos meio nervosos com seus atos, mas mais para o final ele se mostra bem encontrado, mas quando descobrimos um pouco mais dele, vimos que o personagem poderia ter ido além também no conceito de cenas de ação, mas que iria contra a realidade dos acontecimentos. Dentre os demais, vale destacar apenas o chef interpretado por Anupam Kher, pela serenidade e ótima personificação, e todos os demais atores que fizeram os funcionários por mostrar que honra tiveram esses seres humanos em tentar salvar a vida dos hospedes ao invés de abandonar tudo e sair correndo (confesso que eu iria fugir do hotel!).

O conceito artístico da obra pode ser colocado realmente como uma obra de arte, pois filmaram algumas cenas sim no Hotel Taj Mahal, mas a maior parte foi gravada numa reprodução imensa nos estúdios na Austrália, ou seja, a equipe de arte teve um trabalho minucioso para recriar ambientes, explodir coisas, fazer diversas pessoas ficar passando correndo e tudo mais, de modo que o filme se tornou uma gigantesca produção, lotada de detalhes cênicos, e que em questões de ambientes ficou incrível de ver tamanhas proporções. Sendo assim, o resultado visual impressiona por técnicas, por estilos, e principalmente pela fotografia que o diretor escolheu para que as sombras ficassem mais duras, dando um ar mais cru nos ângulos e resultando em um filme mais tenso ainda.

Além de ser visualmente tenso, foram desenvolvidas trilhas sonoras tão presenciais que acabamos nos envolvendo demais por cada ato que o compositor Volker Bertelmann acabou criando, sem músicas, mas com uma orquestra trabalhando num tom tão acima que impressiona demais. E quem quiser ouvir, pode conferir nesse link.

Enfim, um filme de 125 minutos que até poderia ser um pouco menor e mais dinâmico para que o público não enfartasse tanto, mas que acaba funcionando bem na duração para dar a densidade ao público de ficar todo o tempo que os turistas e funcionários ficaram presos dentro do Hotel, ou seja, o diretor optou por menos cortes para que a trama ficasse mais próxima do realismo, e isso foi até que um bom acerto, que pode até cansar alguns que não entrarem no clima, mas quem entrar, certamente sairá da sessão quase que sem fôlego, pois o longa é bem tenso e incrível de ver, de modo que recomendo com muita certeza. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a outra estreia dessa semana bem curta, então abraços e até logo mais.

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