Ted Bundy - A Irresistível Face do Mal (Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile)

7/26/2019 12:34:00 AM |

Sempre fui completamente favorável ao estilo de filmes envolvendo julgamentos, aonde conseguimos analisar as grandiosas interpretações dos advogados que conseguem se impor e convencer ainda mais o júri (que no caso acaba sendo nós, os espectadores!), e quando um filme desse gênero acaba bem montado, ficamos intrigados com os personagens envolvidos, temos diversos tipos de reações, e acabamos envolvidos para saber mais sobre cada momento. E aqui em "Ted Bundy - A Irresistível Face do Mal" vemos o quanto um homem com uma lábia carismática incrível conseguiu não só ter duas mulheres aos seus pés, uma inclusive se julgando culpada pelo que fez, como diversas outras se apaixonando por ele mesmo sendo julgado por matar diversas mulheres, ou seja, um filme completamente controverso, que acaba trabalhando de forma muito aberta, e que não mostra tanto o lado cruel do personagem como um assassino, mas sim seu lado carismático pelo qual as pessoas se encantavam com ele, sendo bem trabalhado pelo protagonista, mas que poderiam ter focado mais no julgamento em si, com nuances apenas para fora para mostrar alguns acontecimentos, que agradaria bem mais, ou já ter ido direto para os crimes realmente, o que acabou sendo feito na série da Netflix. Ou seja, um filme que vai causar muitos pensamentos, mas que poderia ser ainda melhor.

O longa nos entrega a cinebiografia de Ted Bundy, serial killer que matou, pelo menos, 30 mulheres em sete estados norte-americanos durante a década de 1970. Bundy se tornou famoso em todo o país, em parte por causa da fama de sedutor, que levou a conquistar várias fãs, e em parte por ter efetuado sua própria defesa nos tribunais. A trajetória do psicopata é contada pelo ponto das mulheres que amou: Liz Kendall, com quem se casou, e Carole Ann Boone, amante que o apoiou durante o longo julgamento nos tribunais.

O diretor Joe Berlinger é muito mais conhecido pelos seus diversos documentários que dirigiu do que pelo seu único longa de ficção ("A Bruxa de Blair 2 - O Livro das Sombras"), e aqui ele usou também muitas imagens de arquivos, brincou com o estilo, e praticamente traduziu para a tela a história do livro escrito por Elizabeth Kendall, aonde ela consegue desabafar tudo o que sentiu pelo criminoso, suas angústias, e claro que usando de muito material do julgamento real de Ted (que foi o primeiro televisionado completamente!), o diretor conseguiu eximir sentimentos, vivenciar as situações, e claro passar para o protagonista fazer trejeitos perfeitos ao ponto de criarem sensações realmente na plateia. Ou seja, a história em si merecia ser melhor contada ou desenvolvida de outra forma para que tivéssemos um envolvimento maior, e que junto de uma montagem mais sutil criasse toda a situação, mas como juntaram dois vértices, que é a história dos sentimentos da protagonista, com o julgamento do criminoso, acabaram não indo tanto no fluxo dos acontecimentos, e isso acaba dando margem para o filme fluir meio que quebrado. Não digo que isso tenha sido um enorme problema para a produção, pois o longa ainda acaba funcionando bem, porém poderiam ter ousado mais com uma escolha mais focada, que certamente surpreenderia ainda mais.

Sobre as atuações, tenho de ser sincero e falar que tinha certeza absoluta que Zac Efron só tinha sido escolhido por ser um rostinho bonito, e conseguir trabalhar o ar sedutor do personagem, mas o que ele fez com a personalidade de Ted Bundy foi algo que foi muito além do esperado, trabalhando olhares, gestos, e sintonias tão bem colocadas, que ao final quando passam as cenas reais do julgamento, ficamos impressionados com a semelhança motora, ou seja, ele conseguiu estudar muito, e passar sinceridade no estilo interpretativo de uma forma tão bem feita, que se antes duvidávamos da capacidade do ator, agora podemos esperar muito dele em filmes mais trabalhados, e não apenas ser um galã adolescente como era visto em Hollywood. Lily Collins foi bem moldada também para fazer sua Liz uma mulher completamente ingênua, mas que foi sincera no que fez, e cheia de cenas mornas, mas que tinham de ser colocadas pelo filme ser em cima da visão da personagem, o resultado impressiona mais pelos atos desesperados ao final do que pelo miolo em si. Kaya Scodelario trabalhou sua Carole Ann de uma maneira bem simples, mas que encaixou bem no estilo do filme, de modo que acabamos não nos conectando tanto com sua atuação e vemos até algo meio que fora de eixo, mas como sabemos que o filme é em cima do livro da outra mulher de Ted, provavelmente tenha sido proposital essa jogada do personagem dela. Quanto aos demais, temos muitos policiais, muitas outras mulheres, mas o destaque fica somente para o show que John Malkovich dá para seu juiz Edward Cowart, encontrando personalidade, carisma, e principalmente bons elos para que o julgamento ficasse interessante, e também vemos que abusou do material de referência para ter até a mesma entonação do personagem real.

Visualmente o longa foi incrível na composição cênica dos anos 70, na montagem de um tribunal bem cheio de detalhes, e claro das diversas prisões por onde o personagem passou, além claro da casa de Liz cheia de elementos para retratar a depressão/desespero da personagem em relação a tudo o que estava vivendo, ou seja, a equipe artística brincou bastante com poucos elementos, sabendo deixar para o diretor ousar com um ponto aqui, outro ali, e não necessitando ir a fundo com imagens das mortes (apesar que acho que no julgamento funcionaria mostrar um pouco mais de cenas fortes, mas mudaria um pouco o estilo do filme), e sendo assim o resultado completo acaba bem cheio de detalhes.

Enfim, é um longa que passa bem longe de ser perfeito, mas que consegue trabalhar bem os vários vértices que se propõe, de mostrar o ar sedutor do protagonista, o seu carisma para com todos, e suas desventuras no seu julgamento, e claro, ainda dar oportunidade para conhecermos um pouco mais das duas mulheres que amou, com muito simbolismo, mentiras, e envolvimentos fortes, que certamente quem não conhecer bem a história, acabará até caindo no conto invertido que a trama quase consegue convencer no final, ou seja, um longa que quem gosta do estilo não sairá decepcionado da sessão, mas que não é certamente um filme para todos, e sendo assim, recomendo ele apenas para quem gosta de julgamentos e longas envolvendo personagens conhecidos, pois o restante é capaz de achar bem cansativo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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