Atentado ao Hotel Taj Mahal (Hotel Mumbai)

7/12/2019 01:16:00 AM |

Desesperador, agoniante, sufocante... essas podem ser facilmente as sensações que sentimos durante a conferida de "Atentado ao Hotel Taj Mahal", pois embasado nos depoimentos que as pessoas que vivenciaram o ato (e sobreviveram, claro!) contaram, escutas dos celulares dos terroristas e incrementando ainda algumas situações para que a trama ficasse ainda mais pesada, o longa acabou ficando tão tenso e real, que praticamente nos vemos no meio dos turistas e funcionários desesperados em não morrer, ficamos tristes a cada morte impactante, e ao final já estamos emocionados com tudo de tal forma que se a história do longa se passa mais de 12 horas, sentimos quase que ficamos todo esse tempo na sala sentindo cada ato, ou seja, um filme perfeito com muito estilo, e que agrada principalmente por não ter exageros patrióticos, nem coisas forçadas demais, apenas o engajamento religioso dos terroristas bem motivados por líderes que até hoje se encontram livres, e muita sutileza nos detalhes que a equipe quis passar para aumentar ainda mais o impacto da trama. Ou seja, é daqueles filmes que merecem todos os aplausos possíveis pelo feitio, mas que alguns ainda acham coisas para reclamar.

Mumbai, Índia, 2008. Um grupo de terroristas chega à cidade de barco, disposto a promover uma série de ataques em locais icônicos da cidade. Um deles é o luxuoso hotel Taj Mahal, bastante conhecido pela quantidade de estrangeiros e artistas que nele se hospeda. Quando os ataques começam, o humilde funcionário Arjun tenta ajudar todos a se protegerem, enquanto David e Zahra buscam algum meio de retornar ao quarto em que estão hospedados, já que nele está seu bebê e Sally, sua babá.

Quem conferir o filme certamente irá apostar que o diretor Anthony Maras é daqueles que tem experiência de sobra em filmes de tensão, que já fez filmes de grande impacto e tudo mais para poder conduzir um elenco tão grande, cenas amplas em ângulos difíceis e muito mais, mas não, essa é sua estreia na cadeira de um longa metragem, e se conseguiu fazer tão bem esse, que aliás ajudou a escrever o roteiro junto de John Collee, com certeza iremos ficar esperando muito mais de suas próximas produções, pois ele encontrou dinâmicas tão precisas, trabalhou suas cenas com muita desenvoltura, moldou os ambientes para que mesmo sendo gigantescos (outros minúsculos) ficassem claustrofóbicos com a tensão ao redor, de modo que parecia ter vivido cada um dos atos na própria pele, ou seja, certamente ele estudou muito o material que lhe foi entregue por documentaristas que cobriram o pós-atentado, ouviu muitas vezes cada um dos áudios dos terroristas, e sentiu no olhar de cada funcionário real que vivenciou o ato para que incorporasse tudo e criasse com minúcias cada momento da trama, encontrando situações tão desesperadoras que certamente quem for conferir irá se impressionar (ainda mais os pais, pelo fator bebê - que a qualquer momento poderia desandar tudo!). Ou seja, uma direção precisa, cheia de ótimos atos, que talvez tenha apenas um grande erro, de que poderia ter dirigido melhor os terroristas, pois mesmo que fossem apenas jovens malucos, esses pareceram desorientados demais de seus atos, e que certamente cada um ali era mais doido que o outro, e cheio de incumbências mais fortes, o que não aparentou tanto nas atitudes dos atores, e poderia ser corrigida com uma direção mais imponente, mas de resto, perfeição total.

Sobre as atuações, já falei um pouco dos terroristas, e diria que todos foram bem escolhidos pelo estilo e personalidade de cada um, mas poderiam ser mais imponentes e chamarem a atenção mais para cada um, tendo leves destaques para Amandeep Singh pelas cenas mais emotivas recairem sobre seu Imran, mas nada muito além. Dev Patel anda num crescente tão alto que em breve o veremos ganhando altas premiações e não sendo apenas indicado como foi em "Lion", pois novamente entregou tanta personalidade para seu Arjun, trabalhando olhares, demonstrando preocupações, e principalmente mantendo tradições, o que foi incrível de ver pelos seus atos, ou seja, perfeito. Nazanin Boniadi colocou muita emoção nas suas cenas como Zahra, mostrando claro toda a preocupação para com seu filho, o desespero com o marido, e claro também mostrando como ricos tratam suas babás, pois a cena final merecia algo a mais, mas isso não é problema da atriz e sim do mundo em si que foi colocado no roteiro, pois a atriz fez muito bem seus atos, e isso é o que vale ver. Esperava ver um pouco mais de atitude do personagem de Armie Hammer, mas seu David aqui era um arquiteto/engenheiro, então não tinha muito o que entregar nas cenas de ação, porém conhecendo seu estilo, podiam ter colocado para ele algumas façanhas mais imponentes, que certamente agradaria ver, mas sairia do conceito real da trama, ou seja, ele fez o básico bem feito. Tilda Cobham-Hervey deu um tom bem expressivo para sua Sally, desesperada, e principalmente com uma bomba nas mãos, pois no meio de uma guerra aonde os assassinos estão atrás de todos, ela com um bebê pronto para chorar a qualquer momento é algo que só uma babá muito boa manteve a calma e a precisão para não sair correndo. Jason Isaacs fez o russo Vasili bem colocado, com uma densidade de personalidade bem contundente, e que consegue chamar a atenção, de modo que inicialmente ficamos meio nervosos com seus atos, mas mais para o final ele se mostra bem encontrado, mas quando descobrimos um pouco mais dele, vimos que o personagem poderia ter ido além também no conceito de cenas de ação, mas que iria contra a realidade dos acontecimentos. Dentre os demais, vale destacar apenas o chef interpretado por Anupam Kher, pela serenidade e ótima personificação, e todos os demais atores que fizeram os funcionários por mostrar que honra tiveram esses seres humanos em tentar salvar a vida dos hospedes ao invés de abandonar tudo e sair correndo (confesso que eu iria fugir do hotel!).

O conceito artístico da obra pode ser colocado realmente como uma obra de arte, pois filmaram algumas cenas sim no Hotel Taj Mahal, mas a maior parte foi gravada numa reprodução imensa nos estúdios na Austrália, ou seja, a equipe de arte teve um trabalho minucioso para recriar ambientes, explodir coisas, fazer diversas pessoas ficar passando correndo e tudo mais, de modo que o filme se tornou uma gigantesca produção, lotada de detalhes cênicos, e que em questões de ambientes ficou incrível de ver tamanhas proporções. Sendo assim, o resultado visual impressiona por técnicas, por estilos, e principalmente pela fotografia que o diretor escolheu para que as sombras ficassem mais duras, dando um ar mais cru nos ângulos e resultando em um filme mais tenso ainda.

Além de ser visualmente tenso, foram desenvolvidas trilhas sonoras tão presenciais que acabamos nos envolvendo demais por cada ato que o compositor Volker Bertelmann acabou criando, sem músicas, mas com uma orquestra trabalhando num tom tão acima que impressiona demais. E quem quiser ouvir, pode conferir nesse link.

Enfim, um filme de 125 minutos que até poderia ser um pouco menor e mais dinâmico para que o público não enfartasse tanto, mas que acaba funcionando bem na duração para dar a densidade ao público de ficar todo o tempo que os turistas e funcionários ficaram presos dentro do Hotel, ou seja, o diretor optou por menos cortes para que a trama ficasse mais próxima do realismo, e isso foi até que um bom acerto, que pode até cansar alguns que não entrarem no clima, mas quem entrar, certamente sairá da sessão quase que sem fôlego, pois o longa é bem tenso e incrível de ver, de modo que recomendo com muita certeza. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a outra estreia dessa semana bem curta, então abraços e até logo mais.

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...