Netflix - Alerta Vermelho (Red Notice)

11/13/2021 12:50:00 AM |

Pelo tanto que falaram mal durante a semana do longa da Netflix, "Alerta Vermelho", confesso que estava até com medo do que veria na tela, pois sendo o filme mais caro produzido até agora pela companhia  e pelo trio de protagonistas achava difícil, e praticamente impossível, que tivessem feito uma bomba tão grande, mas não é apenas um filme pastelão de roubo daqueles que víamos nos anos 90 que tem boas sacadas, piadas indo até além do possível, e que numa brincadeira gostosa e irreverente acaba sendo bem trabalhado do começo ao fim. Claro que é bem exagerado em tudo, tem cenas grandiosíssimas, tem sacadas com elementos e até piadas com diversos filmes conhecidos do gênero, abusando um pouco do espectador para conectar todas as peças, mas quem entrar no clima irá rir bastante e claro ser agraciado com bons momentos do trio. Diria que não é uma obra memorável, mas que certamente iremos esperar pela continuação, e até talvez a virada de uma franquia (apesar do grandioso custo), pois tem estilo e tem trama para muitos roubos ousados com picaretagens vindo de todos os lados, e claro muitas surpresas ainda podem rolar.

A sinopse nos conta que num mundo de crimes internacionais, quando a Interpol emite o alerta vermelho, o melhor investigador do FBI, John Hartley entra em cena para localizar e capturar um dos criminosos mais procurados do mundo, "O Bispo", a ladra mais bem sucedida em roubos de obras de arte do mundo inteiro e a mais procurada também. Para isso, Hartley precisará se unir com o pior dos piores, Nolan Booth, para se colocar em um ousado plano de assalto para capturar O Bispo. Esta grande aventura vai levar o trio ao redor do mundo, desde selvas até pistas de dança e uma prisão isolada, mas para isso terão que aguentar o pior de tudo constantemente um na companhia do outro. Mas quando se junta um investigador e dois ladrões tudo pode acontecer.

Quem já conferiu os filmes do diretor e roteirista Rawson Marshal Thurber ("Arranha-Céu: Coragem Sem Limites", "Um Espião e Meio", "Família do Bagulho", "Com a Bola Toda") se foi conferir o seu novo longa esperando algo muito diferente de algo abarrotado de piadas de duplo sentido, sacadas bem trabalhadas, porém exageradas, e ação sem consequências, certamente foi ver o filme errado, pois esse é sua marca clássica, e se antes só tinha feito filmes com orçamentos bem limitados, dando então todo o dinheiro possível e imaginário como é o caso aqui, o resultado foi tudo o que já fez sendo triplicado aos montes, e assim sendo o resultado é grandioso também, que mesmo sendo uma bagunça completa, é uma bagunça completamente organizada, cheio de estilo, colocando no meio ladrões de arte malucos, prisões remotas, esconderijo de nazistas na Argentina, e muito mais, além claro de três dos maiores atores da atualidade que sabem fazer bem tanto comédia quanto ação. Ou seja, o diretor fez o que sempre trabalhou, e jogou o jogo que a companhia pediu: algo bombástico com uma pegada caricata, mas sem ficar bobo demais, e esse é o resultado visto na tela, mostrando que ele melhorou seu estilo e trabalhou bem com o que lhe foi dado.

Quanto das atuações, com o trio escolhido certamente era bem previsto que o filme seria bem divertido, e o destaque sem dúvida fica para a irreverência completa de Ryan Reynolds com as sacadas de seu Nolan, sempre trabalhando a conexão com Johnson, brincando com cada ato, e desenvolvendo seu personagem sem que ele ficasse exageradamente bobo, ao ponto que vamos acompanhando seus planos, vamos torcendo pelas suas loucuras, e principalmente vemos seu estilo de comicidade que já vimos em tantos outros longas funcionar bem no filme, lembrando até um pouco seu Deadpool pelo tanto que fala/tagarela, e isso caiu bem no papel. Gal Gadot trabalhou bem seu Bispo, ousando claro em muitas lutas e desenvolturas, mostrando que seu preparo para Mulher-Maravilha ainda vai ser muito usado em outros filmes, e sendo bem criativa nas dinâmicas acabou caindo bem no que o papel pedia e agradou com as surpresas de suas conexões em cada um dos momentos. Dwayne Johnson já trabalhou duas vezes com o diretor e parecia estar muito solto com seu Hartley, se jogando completamente nas cenas mais fortes, mas também trabalhando as sutilezas das piadas bem sacadas e tendo as dinâmicas encaixadas com personalidade, não sendo nem um brucutu nem alguém jogado demais, o que deu um bom tom. Agora a policial da Interpol vivida por Ritu Arya já ficou estranha com o nome Das, e apenas atirando e fazendo caras e bocas em suas cenas não foi muito além, ao ponto que talvez alguém mais forte no papel chamasse mais atenção, e isso deu uma leve caída nos atos com ela. Quanto dos demais, vale apenas o leve destaque para Chris Diamantopoulos com seu Sotto Voce que até teve algumas cenas chamativas, mas não puxou nada para si sendo apenas um doido atacando tudo, e dessa forma o filme ficou só com o trio principal mesmo.

Visualmente o longa é uma produção gigantesca passando por diversos países, brincando com grandes obras de arte, museus, bunkers, selva, praias, uma prisão russa gigantesca com muitos figurantes, explosões e toda imponência clássica para ser representativa, uma corrida de carros alemães da época do nazismo em uma mina que mais parece algo preparado para corridas pelo tamanho, cachoeiras, festas de traficantes com um rigor de classe gigantesco, uma tourada, e tudo com muitas armas, muitas desenvolturas, vários detalhes cênicos marcantes, e claro figurinos imponentes, tecnologias e tudo mais, mostrando que a equipe de arte se entregou completamente e acertou demais.

Enfim, é um filme que tem os defeitos clássicos de longas de ação, como alguns furos de situações no roteiro, vários exageros tradicionais que o diretor gosta de ousar nesse estilo, mas que funciona bem, diverte bastante, e não sei na versão dublada, mas na legendada as piadas estão geniais, bem encaixadas, sendo sacadas com filmes já conhecidos do estilo e que quem entrar no clima vai sair bem satisfeito da sessão em casa (ou nos cinemas para quem for nos lugares selecionados). Assim sendo recomendo a trama para todos, e fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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Querido Evan Hansen (Dear Evan Hansen)

11/12/2021 01:41:00 AM |

Falar de depressão, ansiedade e mentiras pode ser algo bem difícil e trabalhoso, e criar um longa em cima disso mais ainda pois acaba envolvendo trejeitos e muitas situações dentro das devidas dinâmicas, então trabalhar um musical inteiro em cima dos temas é algo quase impossível de se imaginar, mas fizeram e a obra que foi exibida na Broadway e acabou ganhando tanto um Tony Awards quanto um Grammy pelas canções, e agora eis que fizeram a versão adaptada para o cinema de "Querido Evan Hansen", que mais do que uma bela história muito forte e cheia de floreios interessantes consegue passar a mensagem claro cantando canções incríveis e muito bem trabalhadas pelo protagonista (que também foi o protagonista nas primeiras exibições da Broadway), e que sem dúvida arrepia demais no ato tema, pois ali você vai pensar em alguém que conhece, ou até mesmo você que já teve algum ato de depressão ou ansiedade, e que juntando todas as mentiras do rapaz você fica pensando como a trama vai ser fechada, e conseguem novamente não ir para o lado bonitinho, mas ainda assim funcionar. Ou seja, recomendo demais o filme, já ouvi a música tema diversas vezes e se não fosse uma semana com tantos filmes acho que reveria o longa.

A história gira ao redor de Evan Hansen, jovem ansioso e com dificuldades de se conectar com os outros, que acaba envolvido numa mentira sobre um colega de classe que cometeu suicídio, se aproximando assim da família do falecido.

Usando o roteiro do próprio musical de Steven Levenson, o diretor Stephen Chbosky (que já fez muito marmanjo chorar com "As Vantagens de Ser Invisível" e "Extraordinário") trabalhou bem cada ato tanto pela essência a ser passada como para funcionar o ato musical dentro do envolvimento que ela precisava, que claro muitos podem até reclamar de não ir tão a fundo nas temáticas, mas que facilmente cada um conseguirá enxergar alguém que conhece que tem ou teve depressão/ansiedade e/ou já entrou numa mentira tão grande que acabou sendo até difícil demais sair dela de uma maneira não tão problemática, e o bacana de tudo é que o filme tem toda uma fluência bem dirigida que mesmo sendo a cópia perfeita da peça, não se parece com uma peça desenvolvida, tendo a aparência clara de um longa musical bem trabalhado aonde a música está presente nos personagens principais enquanto tudo ao redor rola, não tendo mil figurantes dançando junto ou uma amplitude exagerada das canções, mas sim uma história funcional, cinematográfica, e que claro tem boas músicas. Ou seja, é sim um filme dramático com uma boa trama, que muitos vão reclamar das canções passarem a mensagem, mas que tem muita técnica bem empregada, e que teve o principal acerto em pegar quem começou a peça, pois acredito que outro ator não passaria tanta expressividade quanto a que o diretor extraiu de Ben Platt.

E já que comecei a falar das atuações, vamos falar claro de Ben Platt que entregou tudo e mais um pouco para seu Evan, afinal entre 2014 e 2017 fez diversas apresentações no papel, e aqui conseguiu passar trejeitos, voltar a ser um jovem adolescente e dominar cada momento para ser seu, fazendo interações bem marcantes e claro cantando com muita imponência, ao ponto que temos uma interpretação em cada canção, não sendo apenas algo jogado e isso ficou muito bom de ver. Amy Adams também está perfeita com sua Cynthia, mostrando claro aquelas mães que ao entrar no luto qualquer coisa que ouvir vai ser o que deseja, que nem percebe o que está falando, e passa sinceridade nos seus atos entrando completamente na personagem, ao ponto que suas cenas parecem artificiais por não imaginarmos alguém fazendo isso, mas sua desenvoltura acaba indo tão além que funciona demais. Da mesma forma temos uma Julianne Moore aparecendo pouco com sua Heidi, mas que traz a mãe que trabalha demais para conseguir algo para o filho já que é sozinha, e seus atos expressivos dizem tudo no olhar, ao ponto que criamos um carisma além com o que faz em cena, sendo perfeita e bem dosada em tudo. Quanto dos demais jovens, é claro que Kaitlyn Dever foi bem expressiva com sua Zoe, mas ficou sempre com um tom abaixo da explosão que poderia ir, fazendo uma irmã que não entra em luto fácil, mas que entra no clima da mentira fácil demais, o que não é tão simples de ver, enquanto Amandla Stenberg fez uma boa entonação para sua Alana, passando bem o arco dramático das pessoas que possuem depressão e ansiedade, porém não transparecem isso para os demais, sendo sutil de trejeitos, mas indo bem demais nas dinâmicas, já Nik Dodani acabou um pouco forçado demais como o amigo Jared, entregando trejeitos exagerados e quase sumindo da essência que precisaria no filme. Para finalizar ainda tivemos Colton Ryan entregando um Connor inicialmente de muito impacto, pelo ar psicótico, mas nas músicas imaginadas e no vídeo do final conseguiu dar um tom bem interessante e emotivo, enquanto o pai do garoto interpretado por Danny Pino ficou exageradamente subjetivo, sem muitos trejeitos nem grandes envolvimentos.

Quanto do visual da trama, o longa trabalhou praticamente quatro vértices bem semelhante ao ar teatral, não explorando tanto os ambientes, tendo a base na escola com destaque claro para a apresentação de homenagem num grande teatro com uma cena bem emotiva aonde sai dali para diversos virais de internet, num plano bem interessante de ver, a casa simples do garoto com seu quarto e uma cozinha aonde nada vai muito além, a grandiosa mansão dos Murphy, aonde temos todo o ar da riqueza, com comidas frescas e todo o ar pomposo deles, e o parque aonde o jovem teve seus atos reflexivos, mas tudo bem simples de elementos, sem muitos gastos e sobressaltos da equipe de arte, ao ponto que a essência maior ficou nas atuações e canções, além claro de focos de luz bem imponentes, mostrando uma fotografia ampla e emotiva.

Por ser um musical é óbvio que a trilha sonora está sensacional, e vale muito a conferida tanto no filme, quanto ouvir depois algumas das canções para se inspirar, e deixo aqui o link das canções, e também uma belíssima apresentação de Ben Platt no America's Got Talent que ficou bem bacana. Aliás vi o longa na versão original, mas quando fui procurar o trailer vi que além de dublar o protagonista, Duio Botta também dublou as canções, e pareceu ter ficado interessante, então quem conferir nessa versão depois comente por aqui.

Enfim, fui conferir o longa sem esperar muito dele, e acabei me emocionando em vários atos, ao ponto que é daqueles filmes que você acaba entrando no clima e o resultado surpreende até mais do que achava. E sendo assim recomendo o filme para todos e espero que a mensagem bonita da trama chegue até muitos amigos que precisam escutar isso. Bem eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais meus amigos.


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Netflix - Identidade (Passing)

11/11/2021 12:16:00 AM |

Uma coisa que conversei algumas vezes com alguns amigos é o racismo dentro de um próprio grupo, e se isso hoje é algo que choque tanto, um século atrás então certamente deveria ser uma situação bem intensa de ver, e claro que muitas mulheres negras de pele clara na época pintavam seus cabelos, se maquiavam bem e fingiam ser brancas para namorarem brancos, viver como brancos e tudo mais, mas claro que algumas ainda gostavam das festas dos negros, da vida social e tudo mais que eram mais alegres. E com essa base de discussão a atriz Rebecca Hall que tanto conhecemos atuando resolveu mudar de lado e adaptar um livro e ainda dirigir pela primeira vez, estreando muito bem com a trama da Netflix, "Identidade", que brinca com as inseguranças da época, todo o envolvimento de "cores", e claro também as inseguranças de mulheres em relação a beleza e tudo mais, num floreio interessante e que lembra bem as tramas clássicas, inclusive ao optar em filmar em preto e branco e na proporção 1:33:1 (o famoso quadrado), o resultado acaba sendo ainda mais clássico, e assim quem gosta de um bom drama vai acabar entrando no clima e se surpreendendo com a finalização.

O longa conta a história de duas mulheres negras, Irene Redfield e Clare Kendry, que podem "passar" por brancas, mas optam por viver em lados opostos da linha de cores durante o auge da Renascença do Harlem no final dos anos 1920 em Nova York. Depois de um encontro casual que reúne as ex-amigas de infância em uma tarde de verão, Irene relutantemente permite que Clare entre em sua casa, onde ela se insinua para o marido de Irene e sua família, e logo seu círculo social maior também. À medida que suas vidas se tornam mais profundamente entrelaçadas, Irene descobre que sua existência outrora estável foi derrubada por Clare, e o longa torna-se um exame fascinante de obsessão, repressão e as mentiras que as pessoas contam a si mesmas e aos outros para proteger suas realidades cuidadosamente construídas.

Confesso que não esperava uma boa primeira direção de Rebecca Hall, pois sempre foi uma atriz com tantos altos e baixos que não dava para imaginar que se sairia tão bem na direção de um longa, mas aqui além de dirigir também adaptou o roteiro em cima do livro de Nella Larsen e foi tão precisa no desenvolvimento, conseguindo criar as diversas situações, passando classe e estilo para cada momento, e principalmente sabendo como orientar/dirigir suas atrizes ao ponto de conseguirmos extrair seus sentimentos fronte a tudo o que está rolando em cena, e assim o resultado vai muito além de uma trama com um tema marcante, mas sim uma dramatização de conflitos pessoais, de estabilidades, e isso tudo ainda pontuando o ar de racismo da época, ou seja, um filme amplo, muito bem dirigido e que funciona, sendo a única coisa que pontuaria negativamente é a escolha do preto e branco e formatação quadrada, pois sabemos que não foi filmado com rolos fotográficos e essa estética é apenas um enfeite para dar o ar de época, mas uma granulação traria algo muito mais bonito do que apenas jogar na tela em preto e branco quadrado.

Sobre as atuações, Tessa Thompson já vem mostrando faz um bom tempo que tem um estilo dramático bem marcado e sabe dominar suas personagens com muito anseio para chamar atenção, e aqui sua Irene tem estilo, tem charme, tem segurança nos trejeitos e consegue passar tanto envolvimento que chega a ofuscar quase tudo e todos ao seu redor, marcando presença demais e agradando com classe, pois deu todas as nuances e medos que a personagem precisava sem forçar, o que é um grande acerto. Da mesma forma Ruth Negga trabalhou as desenvolturas de sua Clare com uma imposição tão forte, tão cheia de si, sendo daquelas que você acaba ao mesmo tempo que sente pena sente também um ar revoltado pelo que faz, e assim sua personagem tem bons trejeitos e se encaixa muito bem em cena, não ficando jogada, e não sendo secundária em nenhum ato, o que é muito bacana de ver quando as duas estão em cena. André Holland soube ser bem direto e aparecer na medida certa com as nuances que seu Brian precisava, ao ponto que o personagem tem um elo mais importante na relação das protagonistas do que na desenvoltura de seus diálogos, e assim sendo fez algumas caras e bocas, mas foi mais marcante em estar presente nas cenas. Ainda tivemos Bill Camp fazendo um escritor branco e rico que gosta de estar no meio dos negros para escrever seus livros e ver as nuances sociais, que o ator foi bem direto nos diálogos chamando atenção e Alexander Skarsgård fazendo o marido de Clare com um racismo de nível máximo forte e direto nas palavras, e claro nas atitudes também da cena final, mas ambos apenas tiveram algumas grandes cenas, nem sendo tão chamativos assim.

Visualmente a trama teve uma boa pegada representativa dos anos 1920, mas sem ir muito além na cenografia, trabalhando uma casa de vários andares clássica, todo o figurino marcante da época com chapéus e rendas nas roupas, ternos para os bailes, aliás algumas festas bem agitadas com muito trompete rolando de fundo, claro com a banda detonando, apenas um ato dentro de um carro clássico, mas foram bem espertos em usar o preto e branco para não ter realces de detalhes falhos de época, pois jogaram uma boa luz para dar contraste na fotografia, e assim o ambiente mesmo não foi muito explorado, porém ainda assim o resultado geral foi bem bacana de ver.

Enfim, é um filme bem interessante tanto de proposta quanto de execução, que confesso ter sido surpreendido com o resultado final, porém facilmente colocaria ele colorido com uma granulação de imagem já que desejavam dar um ar de época nas filmagens, que o resultado chamaria ainda mais atenção sem precisar ser preto e branco, mas não atrapalhou em nada, e assim vale a recomendação para quem gosta de dramas mais teatralizados. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - A Sombra de Stalin (Mr. Jones)

11/10/2021 01:14:00 AM |

Talvez daria para discutir o longa "A Sombra de Stalin" com um âmbito politizado maior, mas vou preferir focar no conceito de filme apenas para não gerar tantos conflitos, pois ainda tem aqueles que defendem o modo que o governante idealizava, outros que não podem nem pensar na ideia, e até aqueles que são explosivos em relação ao tema, então vamos ao que interessa que é como o filme foi feito, pois se baseando em relatos de companheiros do protagonista, em livros que foram escritos e claro nas matérias dos diversos jornais da época a trama biográfica da aventura de quase morte que Gareth Jones encarou ao ir a fundo na Ucrânia e na União Soviética para ver as pessoas morrendo de frio e fome enquanto os grandes viviam na capital comendo, bebendo e festejando para parecer um lugar bom, acabou ficando algo fortíssimo de ver e com nuances tão bem pautadas que acaba impressionando demais, porém o resultado ficou exageradamente lento ao ponto da proposta não explodir como poderia, e isso pesou um pouco demais em tudo, mas foi bem formatado e explícito ao menos para o que desejavam mostrar. Ou seja, é daqueles filmes históricos que funcionam até que bem em uma aula, em uma palestra seguida de discussão, mas para um entretenimento cinematográfico mais cansa do que agrada realmente, não sendo ruim de ver, mas está bem longe de algo que surpreenda como a proposta passava.

Baseado em eventos reais, o thriller dramático narra a história de um jornalista investigativo britânico enquanto ele viaja pelas profundezas da União Soviética para descobrir uma conspiração internacional. Sua jornada de vida ou morte inspira o livro "A Revolução dos Bichos" de George Orwell que vai sendo retratado em segundo plano.

A diretora Agniezka Holland quis ser muito simbólica nas dinâmicas e acabou assim criando um filme preso demais nos diálogos, ao ponto que o filme é bem detalhado do que o protagonista viu no interior da URSS, mostrando o frio, a fome e claro como as pessoas estavam "sobrevivendo" comendo madeira e parentes, e isso acaba sendo até bem duro de ver se comparado com as festanças que o diretor de imprensa do país dava na sua casa para outros enviados de países, ou seja, vemos uma direção exageradamente segura de estilo, que ao misturar com trechos do livro de Orwell acaba ficando meio que bagunçado demais, pois acaba não indo a fundo nem em uma coisa, nem em outra, criando um filme com muito sentimento sim, mas mais representativo do que de entrega, parecendo que os personagens são apenas meros coadjuvantes de algo maior. Sendo assim, vemos um filme bem imponente sim, vemos um trabalho com boas nuances, mas acabamos o filme pensando o que realmente desejavam nos mostrar, pois são quase duas horas de intensas situações, mas com um desfecho nem explicitando que o escritor quis colocar a aventura do protagonista no seu livro, nem mostrando uma representativa força do que foi o trabalho de Jones, além de que outros personagens acabaram ficando apenas jogados em cena, e isso não é algo que funcione muito bem.

Sobre as atuações, é fato que o filme ficou praticamente todo focado na desenvoltura de James Norton com seu Gareth Jones pretensioso demais e intrometido demais, que de cara pareceu alguém aventureiro e despojado de encarar seu jornalismo investigativo, mas que mais correu e se desesperou com tudo o que estava fazendo do que como alguém que atacasse mais diretamente tudo, faltando um pouco mais de trejeitos marcantes para que como o protagonista do longa chamasse toda a atenção para si, e assim sendo não impactou tanto. Peter Sarsgaard entregou bem seu Duranty, e se tivesse mais tempo de tela teria até apagado um pouco o que o protagonista fez, sendo um personagem esquisito, porém bem direto no que o papel precisava. Quanto os demais nenhum teve uma grande participação efetiva, ao ponto que tanto Vanessa Kirby com uma Ada assustada e deixada de lado quanto Joseph Mawle com um Orwell secundário e perdido no meio de todo o conflito, tentaram aparecer e não foram além, o que deu um tom mais confuso para a trama do que funcional.

Visualmente o longa foi muito bem trabalhado, pois se queriam mostrar detalhes conseguiram, ao ponto que vemos um país destroçado maquiado pela mídia, aonde as pessoas estavam morrendo nas cidades do interior e na capital a polícia dominava cada canto para ninguém ver ou falar nada que não quisessem que fosse mostrado/falado, e vemos desde os mortos espalhados, os figurantes do trem desesperados pela casca de uma mexerica, a troca de um casaco de luxo por um pão, roubos e brigas de comida, trabalhos praticamente escravos, e o ponto alto da comida da família de crianças ser quase que algo que botamos o estômago para fora, enquanto do outro lado temos muita comida nas festas, muito álcool, mulheres, drogas, e todo o luxo dos hotéis, toda a barganha de dinheiro, e tudo sendo bem representativo, ao ponto de fazer a equipe de arte sofrer e acertar a mão.

Enfim, é o que já disse que nos foi entregue um filme que serve bem para discussões e aulas por ser bem representativo, por ser uma biografia de alguém que existiu juntamente com outros nomes famosos, mas que falha consideravelmente como uma obra que alguém dê o play aleatoriamente e termine de assistir, pois é lento, tem muita informação de síntese que só quem já estudou sobre o tema vai pegar, e que principalmente falando como cinema, tem personagens protagonistas sem muito chamariz, e assim o resultado não flui como deveria, mas certamente um bom professor ou palestrante de História vai usar ele com perfeição, pois no conceito de produção o visual é muito representativo da época. E assim fica a dica, e eu fico por aqui, então abraços e até logo mais.


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AppleTV+ - Finch

11/08/2021 12:38:00 AM |

São raros os casos que isso acontece, mas quando li a sinopse do longa da AppleTV+ "Finch" já anotei meu desejo de ver o filme independente de onde aparecesse, mas claro que desejava ver no cinema, afinal os filmes que Tom Hanks escolhe para se entregar sempre costumam trazer emoções que valem ser vistas nas melhores telas possíveis, mas eis que o filme foi uma encomenda da AppleTV, então só em alguns cinemas escolhidos que o filme está sendo lançado (leia-se EUA para premiações, esqueça Brasil!), mas isso não impediu de dar o play, e torço que todos consigam ver, pois é daquelas tramas tão bem desenvolvidas, uma história de passagem de vivências, de tentar ensinar um robô a ser humano, de não querer deixar seu melhor amigo de anos sozinho após sua partida, e claro que com toda essa intensidade dramática a melhor escolha era Tom Hanks, pois ele nos entrega algo que já o vimos fazer tantas vezes com perfeição que chega a ser cômodo, e o acerto vem em cheio quando chega o final da trama. Diria que é daquelas tramas tão comoventes que a síntese por si só já fala bem alto, mas tudo é tão bem colocado nas cenas que facilmente apostaria na Apple colocando o longa em todas as premiações possíveis, e com chances, pois é uma obra belíssima e deliciosa de ver.

A sinopse nos conta que em um mundo pós-apocalíptico, um robô construído para proteger o cachorro do seu criado, que está à beira da morte, aprende sobre a vida, amor e amizade, aprendendo o que significa ser humano.

Diria que facilmente o diretor Miguel Sapochnik soube escolher uma vivência para passar em seu filme, pois o longa trabalha bem mais essa síntese de ensinar a ser humano para uma máquina, afinal o conhecimento de tudo ela já tem (ao menos 72% de todos os livros escaneados para sua memória - para não virar nenhum Einstein), mas a vivência, os sentimentos e toda a desenvoltura só alguém passando e a máquina experimentando, e isso funcionou quase como uma lição rápida de pai para filho no longa. Ou seja, vemos um ar sentimental bem marcado, vemos erros e acertos, e principalmente conseguimos ver um diretor que praticamente só mexeu com séries ir além também experimentando algo novo, e conseguindo criar quase que um road-movie ficcional no meio de uma cenografia seca e direta, mas que é maravilhosa quando paramos para pensar na existência completa da trama, e assim sendo o filme flui demais.

Quanto das atuações, já vimos o que Tom Hanks sabe fazer sozinho em "Náufrago", mas aqui junto somente do robô e de um cachorro soube fazer com que seu Finch fosse muito didático nos ensinamentos para o robô, e quase que numa interação pai/filho ser sucinto nas broncas, sentir remorso de ter sido duro e tentar amansar depois, trabalhou cada conexão com uma desenvoltura única, e principalmente passou sua doença de uma maneira sutil, porém impactante para que o filme tivesse esse sentimento de perda, e com isso vemos o ator entregando novamente um papel icônico muito bem desenvolvido aonde pareceu estar se divertindo em cena, e que foi incrível de ver. Não sei se Caleb Landry Jones fez captura de movimentos ou deu apenas voz para o robô Jeff, mas seu tom de voz é tão bem encaixado, suas dinâmicas são sempre de descoberta e isso deu um tom tão bem trabalhado que parece realmente que estamos vendo um jovem evoluindo, e isso só se dá pelo bom trabalho do ator. Outro que foi muito bem treinado e certamente passou um bom tempo para ter o carisma pelos atores foi o cãozinho Seamus, que inclusive lhe colocaram nos créditos, afinal seu Goodyear é incrível, passa os olhares perfeitos para os protagonistas, e é muito intenso em todas as cenas, sendo perfeito para o papel.

Visualmente o longa é ao mesmo tempo assustador pelo ambiente distópico e pós-apocalíptico, tendo somente muita areia para todo lado, construções abandonadas, o risco de entrar em algum lugar e encontrar comida ou alguém disposto a te matar pelo que tem, fora que vemos que o protagonista é uma pessoa meio que anti-social pelas conversas, então não quis ir para lugares lotados brigar pela vida optando por ficar em seu laboratório cheio de detalhes e que virou praticamente uma casa, vemos as tempestades monstruosas junto com tornados, todo o clima árido e ao mesmo tempo bonito pelo passar da aurora boreal, temos um trailer imensamente preparado para grandiosas viagens muito bem montadas, mas a cena da ponte é de cortar o coração, a do hospital com o robozinho menor, e claro o momento da "praia" aonde vemos a conversa final, além claro do fechamento com o robô e o cachorro, ou seja, é um filme cheio de detalhes, cheio de histórias, com tudo sendo muito simbólico desde a passagem de informação para a memória do robô com as escolhas de livros e o processo de escaneamento até toda a desenvoltura final com as peças robóticas preparadas para os devidos feitios, ou seja, um trabalho de produção e da equipe de arte minucioso.

Enfim, é daqueles filmes sentimentais que tudo é ao mesmo tempo duro de se refletir, mas belo de sentir, e que cada momento passado floreia um pouco mais em nossa mente e assim o clima fica gostoso demais mesmo nos atos mais tensos, ao ponto que diria que até tem alguns defeitos e exageros, mas passam tão despercebidos que o resultado acaba indo além do imaginado e vale demais a recomendação para todos. Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Jogo Perigoso (Most Dangerous Game)

11/07/2021 06:48:00 PM |

Nos últimos tempos ficou claro que o pessoal gosta de filmes e séries envolvendo jogos perigosos, caçadas humanas e claro que tem os voyeurs desse estilo, então nada mais bacana do que criar algo que mate essa sede do público com uma boa caçada dentro da cidade, com regras bem definidas e tudo bem colocado em voga, e essa acabou sendo a ideia base do longa que entrou em cartaz na Amazon Prime Video, "Jogo Perigoso", que originalmente na plataforma Quibi foi vendido como uma série de 15 episódios bem curtinhos, mas que na Amazon optaram por fazer um filme só de 128 minutos que tem muito mais funcionalidade, e assim sendo temos um bom começo, meio e fim instigantes, com muita ação e desenvoltura, que acaba empolgando quem gosta do estilo, só faltando um pouco mais de sadismo nos caçadores e no organizador do jogo para que o filme ficasse ainda mais intenso, mas que no resultado final acaba agradando bastante.

A sinopse nos conta que desesperado para cuidar de sua esposa grávida antes que uma doença terminal possa tirar sua vida, Dodge Maynard aceita uma oferta para participar de um jogo mortal onde ele logo descobre que não é o caçador - mas a presa.

Diria que o diretor Phil Abraham, que tem um currículo invejável de séries, soube trabalhar uma dinâmica bem coesa aqui, pois a trama funciona tão lisa que em momento algum do filme você desconfia que foi feito como algo seriado, aliás pelo catálogo dos episódios no IMDB deve ter sido algo bem desagradável ver pedacinhos de 8-10 minutos de algo maior, que acho que nem numa emissora aberta funcionaria algo tão desmembrado assim, já em um pensamento macro como em um filme o resultado fluiu bem, não tem tanta enrolação, e é até divertido ver as atitudes dos caçadores quando estão ao lado da presa, no caso o protagonista, pois cada um sendo mais bizarro que o outro, os atos acabam sendo icônicos e bem interessantes. Ou seja, diria que o roteiro foi escrito originalmente como um filme, com uma proposta bem determinada, filmado como um filme, porém na hora de vender para essa plataforma diferente (não conheço nada dela para falar mais) resolveram picar em episódios e entregar, mas como vi como filme, o resultado me agradou e digo que funcionou.

Como comecei a falar dos personagens, diria que a escolha de Liam Hemsworth como Dodge foi bem precisa, pois o jovem ator tem um bom tino e estilo atlético para representar um corredor, e que sabe transpor para seus semblantes as dinâmicas de desespero e luta pela vida dentro do que a trama necessitava, e assim sendo seus atos foram funcionais, ele brigou bem e conseguiu dinamizar cada ato dentro do esperado por uma presa veloz em uma caçada. Christoph Waltz foi bem imponente com seu Miles, sendo incisivo nas regras, torcendo para que seu jogo ficasse mais sórdido a cada momento, e principalmente sabendo dosar a intensidade de seus trejeitos, algo que sabemos que sempre faz bem, e assim marcando bem o trabalho para quem sabe conseguir uma continuação, já que deram essa brecha no final. Quanto dos caçadores, foi muito engraçado ver cada um bem diferente do outro, desde o engomadinho Chris Webster cheio de imposições e intenções com seu Nixon, passando pelo grosseiro Reagan bem vivido por Billy Burke, chegando no africano psicólogo divertidíssimo Carter que Jimmy Akingbola fez com nuances claras e cheias de referências de personalidade, e até mesmo a lutadora Kennedy vivida por Natasha Liu Bordizzo acabou entregando bons atos, mas Patrick Garrow acabou ficando exageradamente secundário com seu LBJ, não chamando nem tanta atenção nos momentos de imposição que precisava aparecer. Quanto aos demais, tivemos ainda bons momentos com Aaron Poole com seu Connell funcionando quase como um limpador das cenas dos crimes e rastreador se tudo está rolando nos conformes, e fez bem seus atos, enquanto a esposa e o amigo vividos por Sarah Gadon e Zach Cherry acabaram não fluindo tanto fazendo apenas algumas caras e bocas durante toda a exibição de preocupação.

Visualmente o longa tem uma boa interação, com o protagonista entrando em shoppings, barcos turísticos, igrejas, estádio de jogos, carros e muitos prédios da cidade de Detroit, sendo um filme quase que com mais cenas ao ar livre que tudo, ampliando assim o leque de ação, e que sem poder usar armas de fogo na caçada, a intensidade das lutas corporais acaba sendo ainda mais doida de ver, valendo bem cada local escolhido pela produção para tudo, e nas cenas finais em uma fábrica poderiam ter ido até mais além com tudo.

Enfim, fiquei com muito medo de ver o filme por saber que ele era antes uma série, e pensei que acabaria sendo enrolado e muito picotado, mas como já disse, acredito que seja bem o inverso ao estilo do que a Globo Filmes faz quando vai passar seus longas na telinha da TV, e assim sendo podem dar o play tranquilo que é garantia de filmão. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - O Caso Collini (Der Fall Collini) (The Collini Case)

11/07/2021 01:25:00 AM |

Costumo dizer que filmes de julgamento são os mais interessantes de conferir para vermos desenvolturas de defesa e de acusação, e em muitos casos se surpreender com as reviravoltas que um caso aparentemente sem muita atitude podem se desenhar, ao ponto que existem algumas exceções que não vão muito para lugar algum, mas em sua maioria é um estilo que consegue finalizar muito bem suas obras. E entrou em cartaz na Netflix, o longa "O Caso Collini", que rodou os cinemas nacionais no ano passado com pouquíssimas cópias e certamente muitos nem viram, então fica a dica agora que está na plataforma de streaming pois é daqueles que vamos indo com tudo de uma forma simples e direta, que parecia não dar em nada e o réu já seria condenado sem dizer uma palavra em sua defesa, até o jovem advogado resolver mudar toda a história com o passado ocorrido, e não bastando isso, ao levar uma tremenda invertida da acusação, voltar com algo ainda mais imponente para ainda termos uma quarta invertida. Ou seja, é daqueles longas que seguem bem a linha que só dá para saber quando termina, e com uma direção bem envolvente faz com que ficássemos vidrados em cada ato, sendo algo até um pouco lento, mas que no final fecha com chave de ouro.

A sinopse nos conta que o jovem advogado Caspar Leinen é contratado para fazer a defesa de um caso incomum: Fabrizio Collini, um trabalhador sem precedentes criminais desde 1970 que, supostamente, assassinou o rico industrial Hans Meyer em uma suíte de hotel em Berlim. Enfrentando um rival que nunca perde casos, Caspar se envolve em um dos maiores escândalos judiciais da história alemã e oculta uma verdade que pode mudar tudo.

O diretor Marco Kreuzpaintner conseguiu criar em seu filme algo vital em um filme de julgamento que é ter o máximo de reviravoltas possíveis e com cada uma impactar diferentes lados da história, e ainda com uma trama adaptada de maneira surpreendente trabalhou claro algo que ainda choca muito todas as casas alemãs que é o fantasma da época do nazismo, e aqui a jogada foi bem interessante para mostrar leis criadas por eles para tentar amenizar as famílias que participaram disso, ou seja, não bastasse toda a intensidade de um julgamento vieram com cenas chocantes de uma época dura demais, e com isso o acerto foi ainda mais amplo. Sendo assim a trama conseguiu ser chamativa por vários fatores, mas sem precisar apelar para nada foi simbólico tanto para mostrar que você deve defender a sua causa, mesmo que conheça alguém do outro lado, e assim o diretor conseguiu ser ousado, pois logo na primeira cena que descobrimos que o jovem advogado tem conexões com as outras partes e depois vemos que a conexão era ainda maior, o que se imagina é uma inversão de valores, mas tudo vai tão além que o final impacta bastante.

Sobre as atuações, Elyas M'Barek caiu muito bem na personalidade que Caspar Leinen necessitava, sendo daqueles jovens advogados que acabaram de sair de seus cursos e estão com o sangue nos olhos para pegar casos difíceis e resolver da melhor forma, ainda mais quando o adversário é um de seus professores, e o ator conseguiu dominar os olhares, trabalhar bem suas emoções em cada ato diferente, e com isso segurou a responsabilidade completa que necessitava. Franco Nero já fez tantos filmes que consegue entregar qualquer personagem que o diretor quiser, e aqui seu Fabrizio Collini economiza demais nas palavras, mas nos trejeitos se entrega completamente e a cada desenvoltura que seu advogado coloca em defesa ele mais se abre até ir a fundo com toda a história, e claro mostrar o que desejava sentir realmente. Heiner Lauterbach trabalhou seu Mattinger com muita determinação, como se fosse o mais certo de todos, entregando ares clássicos que muitos professores de direito costumam fazer fronte a seus alunos, e assim acaba acertando bem em todos os atos. Manfred Zapatka trabalhou bem seu Hans nas cenas de lembrança do garotinho, e foi impactante ver a cena de sua morte depois, indo bem fundo no ato. Quanto das mulheres da trama Alexandra Maria Lara deu para sua Johanna atitudes marcantes por ter um caso com quem está defendendo o assassino de seu avô, e trabalhou bem os olhares e dinâmicas para deixar as dúvidas bem colocadas, mas não foi muito além, já Pia Stutzenstein colocou um pouco de graça na vida do advogado, e embora parecesse uma personagem aleatória acabou virando uma boa secretária com sua Nina. Ainda tivemos outros bons atores em atos secundários, como Jannis Niewöhner fazendo Hans na época da guerra, sendo bem imponente, Sandro di Stefano dando bons atos com seu Claudio Luchesi, entre outros que apareceram menos no filme.

Visualmente a trama entrega bons atos num tribunal bem montado, aliás bem semelhante a outros filmes alemães que tiveram julgamentos, tivemos a mansão da família aonde o advogado viveu quando mais jovem, temos agora sua casa/escritório bem bagunçado, e claro as cenas da guerra na Itália, além de alguns momentos em análise no necrotério que foram meio desnecessárias, um funeral bem imponente com um jantar de gala logo após, e claro todo o processo investigativo, mostrando que a equipe de arte trabalhou bem nos detalhes para que as provas mesmo sendo mais dialogadas funcionassem bem.

Enfim, é um filme intenso bem trabalhado, que surpreende pelas reviravoltas entregues no caso, que talvez pudesse ser até um pouco menor cortando uns dois ou três atos desnecessários, mas que no contexto geral acaba fluindo bem e agrada bastante, valendo bem a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Vingança & Castigo (The Harder They Fall)

11/06/2021 05:50:00 PM |

Um estilo que muitos gostam e que andou muito tempo sumido das telas, mas que vem voltando cada vez mais forte é o western ou faroeste como alguns chamam, e se algumas pessoas falam que alguns estilos tem cartilhas e regras bem claras para funcionar, esse então é quase que esmiuçado tudo o que tem de rolar para se encaixar, mas como todo diretor que encara o gênero sabe bem o que tem de colocar, raramente vemos algo destoar, e assim sendo é o motivo que quase ninguém se decepciona com um western clássico. Dito isso, quem for conferir o lançamento da semana da Netflix, "Vingança & Castigo", vai entrar bem no clima de roubos de trens, roubo de ladrões de trens, assaltos a bancos, rixas familiares, e claro os famosos duelos e tiroteios aonde pessoas caem do teto, explosivos detonam tudo pelos ares, sallons com bêbados e cantorias, e tudo mais do estilo (só ficou faltando o clássico feno rolando - que já vou tirar um ponto por esse motivo rss), apenas mudando um pouco o grupo de pessoas, pois se nos clássicos que víamos a maioria era de homens brancos encardidos pelo deserto e índios, aqui o diretor fez questão de um elenco quase que inteiro negro, o que funcionou bem como se fosse de uma outra área dos EUA, e isso agrada também, pois tem como formatação suas devidas rixas e acertos. Só diria que como de praxe em muitos filmes do gênero, a motivação de tudo é bem formatada no miolo e saem direto para resolver tudo, e aqui o mote foi meio que largado no começo e semi-fechado no final, dando a deixa de que podem fazer uma continuação muito em breve, e assim sendo o filme ficou meio que simples demais, o que não é ruim, pois entrega o que propôs e tudo bem.

A sinopse nos conta que quando o fora da lei Nat Love descobre que seu maior inimigo, Rufus Buck, será libertado da prisão, ele reúne seu bando em uma busca incessante por vingança. Aqueles que cavalgam com ele incluem o seu antigo amor Stagecoach Mary, seus homens de temperamento forte Bill Pickett e Jack Beckworth. Enquanto Rufus conta com a ajuda da "Traiçoeira" Trudy Smith e Cherokee Bill. É de se tomar cuidado, pois esse não é um grupo que costuma a perder qualquer luta.

O diretor Jeymes Samuel trabalhou bem o roteiro que lhe foi entregue, não criando tanto, mas também não deixando que seu filme ficasse sem as devidas nuances que o estilo precisava ter, e assim conforme vamos entrando no clima que ele propõe, tudo se desenvolve bem, tudo é marcado com uma clareza de movimentos, e embora o ritmo seja um pouco abaixo do comum toda a imponência das cenas foram sendo entregues com minuciosos movimentos e intenções. Ou seja, é um filme de um estilo bem clássico, aonde ele quis ousar apenas na mudança de personagens, mas sem ir muito além disso, criando possibilidades e funcionalidades bem diretas, ao ponto que as situações vão se desenvolvendo bem e o resultado até agrada, embora pudesse ter ousado em mais impacto, mais cenas de roubos e todo o miolo que aparentemente não foi colocado, de como o garotinho cresceu e tudo mais já que sabiam que iriam deixar algo para um segundo filme, fariam aqui a juventude e a montagem do grupo, e num segundo ato tudo rolando até mais além, mas isso é uma opinião técnica, já que quem gosta do estilo vai curtir bem tudo o que verá aqui, e sendo basicamente o primeiro grande filme do diretor, a resolução completa mostra que tem estilo ao menos.

Sobre as atuações, a base até é bem feita por Jonathan Majors e Idris Elba com seus Nat e Rufus, cada um com sua personalidade forte, seus anseios bem marcados, e claro com expressividades bem pontuadas, mas ambos ficaram apenas no ar básico de mocinho e bandido, sem grandiosas explosões, deixando que o filme praticamente todo fosse dominado pelos coadjuvantes. E falando neles, o destaque é claro para as duas mulheres da trama, com Zazie Beetz entregando uma Mary bem cheia de nuances, sendo uma mulher forte que não quer depender de Nat, e que já está dominando o mundo dos sallons, em que a atriz fez olhares e intenções bem marcadas, e do outro lado tendo claro a incrível Regina King com sua Trudy imponente, cheia de olhares e trejeitos marcantes, conseguindo entrar num visual de impacto bem colocado e que na hora de partir pra pancadaria foi dinâmica, mas não sem antes fazer todo um show de diálogo. Ainda tivemos Danielle Deadwyler fazendo bem demais seu Cuffee, que deu a cara como um rapazote cheio de marra, mas que foi mais engraçado ainda se fazendo de garotinha no roubo, que parecia estar até no corpo errado. LaKeith Stanfield e RJ Cyler também tiveram bons embates e puxaram mais para o lado cômico com seus Cherokee Bill e Jim Beckworth trabalhando quem era o mais rápido no gatilho e fazendo boas piadas nos seus diálogos com tudo o que tinham para mostrar. E por fim ainda tivemos Delroy Lindo entregando um bom homem da lei com seu Bass Reeves que tem o tino clássico que o ator mais experiente soube entregar e fez com que suas cenas tivessem bons encaixes.

Visualmente claro tivemos tudo que um bom filme do gênero têm, todas as casas moldadas num mesmo estilo rústico, os famosos sallons com música e bebedeira (um tendo até uma dança meio fora de eixo), muitas armas, cavalos, trens, bancos e claro figurinos clássicos sem grandes nuances que desse para mudar algo, e assim tivemos também os famosos dentes de ouro, cicatrizes faciais e toda uma densidade visual por parte dos personagens marcantes que até poderiam ter ido além.

Um ponto bem bacana do longa ficou a cargo da trilha sonora também inteira de black music que deu tanto um ritmo gostoso para o filme e fez com que a trama não saísse muito além da base, e diria que se o diretor quisesse poderia até ter implementado algo mais impactante com o desenho de som, já que as músicas trabalharam isso, ou seja, fica a dica para curtir a trilha aqui no link até mais do que o filme em si.

Enfim, é um bom filme, longe de ser perfeito, mas que entrega mais do mesmo, mudando basicamente o estilo dos personagens e claro segurando a onda para talvez uma continuação, ao ponto que poderiam ter ido muito além com o que tinham em mãos, com o elenco que tinham para usar, e assim sendo muitos verão, mas a maioria não irá empolgar com o resultado final, sendo mais recomendado para quem gosta de westerns, e nada além disso. Assim sendo eu fico por aqui agora, mas vou para mais uma sessão daqui a pouco, então abraços e até logo mais.
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Netflix - Yara

11/06/2021 01:03:00 AM |

Gosto bastante de filmes investigativos baseados em fatos reais, principalmente quando não conheço a história para ser surpreendido pelo clima durante a exibição da trama na tela, e quando algo desse estilo é bem entregue geralmente o resultado costuma ir até mais além do que a própria história real impactou na época, porém um detalhe costuma decepcionar, quando o caso não é devidamente solucionado ou parece jogado, como é o caso de "Yara", que chocou a Itália e o mundo em 2010/2011, pois o filme inteiro cria uma boa camada, vemos toda a investigação e os gastos que a procuradora/investigadora onerou para coletar DNAs e grampear telefones, mas poderia ter ido além com algo um pouco fictício para criar a confissão do culpado para impactar mais, já que até hoje o verdadeiro, mesmo com todas as provas, se declara inocente, e assim a trama se fecha de forma aberta demais, que por não ser um documentário com um fechamento diferente chamaria ainda mais a atenção, mesmo não sendo ruim a forma que acabaram.

O longa conta a história do assassinato de Yara Gambirasio, de 13 anos, que perturbou a cidade de Brembate di Sopra. Para levar o culpado à justiça, a promotora Letizia Ruggeri tem apenas uma pequena pista: vestígios de DNA que são inúteis sem um banco de dados para compará-los.

Diria que o diretor Marco Tullio Giordana foi bem colocado à frente do projeto, pois sabe dominar bem a dramaticidade da questão, conseguiu dar as devidas nuances para que a protagonista entregasse suas dinâmicas investigativas, e principalmente conseguiu desenvolver os atos do roteiro de uma maneira bem embasada em cima da história real que foi bem adaptada no roteiro, porém faltou o que chamo de transporte para a ficção, que muitas vezes diretores que pegam histórias reais se prendem tanto ao estilo documental que não vão muito além, e aqui o filme tinha essa abertura para criar um desenrolar mais intenso no fechamento, e não que isso impactasse no resultado final, mas talvez tenham ficado com medo de algum tipo de processo do culpado que ainda busca sua soltura já que as provas foram contundentes se baseando nas pesquisas genéticas, mas até hoje não confessou nada e isso certamente pesou um pouco, mas ao menos aliviou a família com alguma justiça sendo feita. Ou seja, é uma trama bem montada, bem desenvolvida e que teve as dinâmicas bem colocadas, mas que poderia ter ido além.

Sobre as atuações vale dar o destaque total para Isabella Ragonese com sua promotora Letizia imponente e determinada a conseguir resolver o caso até o último segundo, se impondo aos políticos, imprensa e tudo mais que dizia que ela só estava gastando dinheiro e deveria sair da investigação, e claro que a atriz fez boas nuances e chamou bem a atenção. Tivemos também Sandra Toffolatti fazendo trejeitos bem impactantes como a mãe da garota, agradando pelas mais pelas expressões em si do que pelos atos que foi colocado. E claro os momentos de Chiara Bono fazendo Yara com toda sua vitalidade e intenções marcantes, conseguiu chamar a atenção para os sonhos e intenções da personagem, sendo bem colocada sem grandes explosões, mas indo bem aonde o filme pedia. Quanto aos demais, cada um apareceu e foi bem no que tentou fazer, sem grandes impactos, e até sendo um pouco forçado demais os trejeitos dos policiais parecendo engessados demais, mas nada que tivesse atrapalhado o andar da trama.

Visualmente o longa foi simples demais, tendo uma sala de delegacia parecendo quase apenas um escritório, vários momentos de pessoas coletando DNA mas com poucos figurantes que não chegou a parecer grandes motivações, alguns atos interessantes em laboratórios, muitos momentos em construções pelo material encontrado no corpo, e claro o momento de achar o corpo que foi meio engraçado demais pelo lance do aviãozinho caindo exatamente no local, e ainda tendo bons momentos iniciais da garota com seus sonhos escrevendo seu diário, dançando e sendo feliz, que é aonde o longa tenta comover. Tudo isso bem encaixado até, mas que poderia ter ido além para ser mais representativo.

Enfim, é um filme interessante pela proposta, mostrou um crime que não lembrava de ter visto, e que acabou sendo bem chamativo, mas que volto a bater na tecla, o lado documental predominou um pouco e não fizeram fluir tanto o ar ficcional, tanto que as danças da filha da protagonista, seus momentos de luta na academia e outros atos mais abertos foram colocados mais como algo jogado do que como algo chamativo realmente, e assim sendo pecaram demais na finalização, pois o julgamento e quem sabe um depoimento mais forte do culpado impactaria muito mais para o resultado final do filme. Bem é isso pessoal, passa longe de ser algo ruim, mas também poderia ser melhor recomendado, e eu fico por aqui, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Eternos (Eternals)

11/04/2021 02:09:00 AM |

Sabe quando você escuta a famosa expressão "Isso é apenas a ponta do iceberg, e que você não viu nada ainda!? Pois bem, essa pode ser a maior definição do novo longa da Marvel, "Eternos", pois é um filmão de 157 minutos com tanta história, com tanta introdução, com tantos personagens importantes, e não bastasse tudo isso ainda é colocado mais dois personagens novos completamente desconhecidos do Universo Marvel (até agora) nas duas cenas pós-créditos. E o melhor de tudo, contando com tanta ação e boas desenvolturas que saímos até tontos de tanta informação que nos foi passada, sendo daqueles filmes que dá para reclamar demais de tudo, mas que também dá para sair apaixonado com tudo, e confesso que mesmo estando até agora me perguntando quem é quem, ou o que são algumas coisas, ri bastante do começo ao fim, e me enquadro no segundo grupo que acaba adorando o filme todo, que fica muito bravo com a descoberta da reviravolta de um dos personagens, e que certamente está desesperado para ver a continuação do grupo inserido nos demais filmes, pois como bem sabemos a Marvel já tem planos para muitos anos, e como comecei o texto, aqui foi apenas a pontinha da pontinha de um iceberg imenso que irá se deslanchar mais para a frente. Sendo assim, vá conferir sem nenhum preconceito, espere várias quebras de paradigmas (alguns vão falar de lacradores!), e curta cada momento, pois é um filme para vivenciar tudo e conhecer um pouco de tudo o que veremos mais para frente, pois é inegavelmente um filme para amar ou odiar completamente, e confesso que estava com muito medo do que veria, pois se em alguns dos filmes dos heróis eu desconhecia um ou outro detalhe, nessa nova fase da Marvel tudo está sendo mais do que novo, e o resultado é ainda tão grandioso quanto o que já vivenciamos anteriormente.

A sinopse nos conta que sendo originários dos primeiros seres a terem habitado a Terra, Os Eternos fazem parte de uma raça modificada geneticamente pelos deuses espaciais conhecidos como Celestiais. Dotados de características como imortalidade e manipulação de energia cósmica, eles são frutos de experiências fracassadas de seus próprios criadores, que também foram responsáveis por gerar os Deviantes, seus principais inimigos.

Muito está sendo reclamado devido a diretora Chloé Zhao ter mudado muitos poderes, características, etnias e até orientações sexuais de alguns personagens para lacrar como muitos dizem por aí, mas tudo foi aceito e provavelmente sugerido pelos chefões de cima da companhia, e não digo que isso interfira em nada, afinal a história fluiu bem, teve seus momentos grandiosos bem construídos, felizmente não é nem um pouco arrastada (esse era meu maior medo visto o longa no qual a diretora ganhou o Oscar ser um sono imenso!) e se tivesse que reclamar de algo seria de que poderiam ter desenvolvido um pouco mais cada um dos personagens ao invés de mostrar as interações deles nos povos do passado, pois é legal ver suas lutas por lá, mas talvez conhecer um pouco mais de cada um individualmente impactaria mais, mas em determinado momento ficamos sabendo o real motivo disso contado no ato em que Sersi conversa com Arishem e fica sabendo o que realmente eles são. Ou seja, vemos algo primoroso por parte da diretora que soube criar um filme muito mais artístico no mundo da Marvel, coisa que nenhum outro longa da companhia tinha aparecido ainda, e que ainda assim teve todo o espaço para muitas lutas, muita destruição e para uma desenvoltura completa em cima de tudo, e sendo assim é daqueles que vamos refletir, ver mais algumas vezes, e no final estaremos prontos para tudo o que será entregue nos próximos anos, pois o grupo voltará.

Sobre as atuações, temos muitos personagens e com isso a distribuição de tempo de tela ficou bem rarefeita, com alguns aparecendo mais, outros tendo um carisma cênico maior, e alguns sendo até que bem jogados em cena, e assim sendo o destaque recai bem para os papeis de Gemma Chan com sua Sersi, aonde a atriz mostrou desenvoltura cênica para diversas emoções, criou todo um envolvimento ao seu redor, e claro teve os atos mais importantes também na trama, sendo assim dando show. Richard Madden entrou com seu Ikaris como o que tem poderes mais fortes no grupo, sendo quase uma cópia do Superman (sendo até confundido pelo filho de outro do grupo como o personagem da DC) e fez algo que já é de seu estilo de atuação de personagens bem galãs e ao mesmo tempo canastrões demais, ao ponto que confesso que xinguei ele algumas vezes durante a exibição, e mereceu meus xingamentos. Kumail Nanjiani nem pareceu mais aquele indiano mirrado que vimos em outros filmes e séries nos últimos anos, vindo com um Kingo completamente icônico e muito divertido junto de seu parceiro Karun vivido por Harish Patel, fazendo cenas tão engraçadas que acabam dando o alivio cômico para a trama e agradando demais com tudo. Lauren Ridloff tem ganhado muita imposição com diversos bons personagens surdos, mas aqui chegou no ápice máximo de uma heroína surda e muda, se comunicando por sinais com os demais, mas lutando bravamente com sua velocidade, sendo a que entrega mais ação na trama, e agrada também demais. Brian Tyree Henry é o responsável pela polêmica de ser um casal homossexual na trama, mas isso foi colocado com uma emoção interessante tanto para demonstrar o lado humano da adoção, afinal eles não são humanos para terem filhos, e assim ter o envolvimento para querer derrotar o vilão do filme, mas mais do que isso, seus atos são importantes pois mostra que o desenvolvimento da humanidade através de tecnologias e armas foram suas responsabilidades, e assim seu personagem Phastos acaba sendo bem bacana de ver. Barry Keoghan é um ator com trejeitos estranhos, e aqui seu Druig sendo um controlador de mentes ainda foi colocado como alguém muito intrigante que valeria ter explorado um pouco mais, afinal acaba sendo quase um Deus na Amazônia (não brasileira pelos nativos lá dentro), mas fez bons atos e foi bem interessante. Lia McHugh trabalhou sua Duende de uma maneira intensa e bonita de ver, pois consegue mudar as realidades dos ambientes e a atriz trouxe um ar de expectativa marcante para grandes cenas, e isso acaba sendo legal de ver. Ma Dong-seok fez atos de muita força com seu Gilgamesh, meio que lembrando um pouco o Hulk, mas aqui faz o inverso, já que ele precisa cuidar da maluca (doente) do grupo, e assim seus atos acabam sendo até mais interessantes do que pareciam no início. E falando na maluca, eis que chegou a hora de falar de Angelina Jolie e sua Thena, a deusa grega da guerra, que até tem alguns momentos bem intensos de luta, trabalhou olhares e desenvolturas clássicas, mas não diria que seja um papel que ela tenha se soltado como gostaria, fazendo bons atos, mas não explodindo. E claro não poderia esquecer de Salma Hayek com sua importantíssima líder do grupo Ajak, que por incrível que pareça foi bem pouco usada, e olha que a atriz é daquelas que sabem dominar um ambiente, mas ficou mais para os atos de conexão e menos para os de luta, e talvez isso pese do pessoal esquecer dela bem rápido. Ainda teria de falar mais de Kit Harington seu seu Dane, que é quem vai ajudar a todos fazendo claro as perguntas que todo mundo gostaria de fazer para saber quem é celestiais, quem é eternos, o que cada um faz, se a protagonista é uma feiticeira, e por aí vai, além de ter cenas importantíssimas no final, e assim mudar um pouco toda a ideia em cima dele, aliás sendo o personagem da última cena pós-crédito, que tem uma voz que alguns estão falando ser de um personagem já conhecido, e ele será um membro famoso dos quadrinhos que ainda não vimos nas telonas. E já que falei em pós-crédito, como são duas, na primeira tivemos a introdução do personagem de Harry Styles, com algo bem rápido, sendo muito importante para os próximos filmes, e assim nem tendo muito tempo de aparecer, mas vai fazer as garotas entrarem mais ainda pro mundo da Marvel. E pronto chega de falar das atuações, mas apenas um aporte na voz forte de David Kaye como o celestial Arishem.

Quanto do visual, novamente a diretora entregou algo que já tinha feito em Nomadland e com muitas cenas em locais abertos (e reais - sim, os atores filmaram na beirada de um vulcão, em praias, campos, florestas e afins - belíssimos por sinal) conseguiu ampliar tudo o que fosse possível para extrair em tons e cores, que claro para as cenas de luta jogou muita computação gráfica para os raios que cada um solta, para as desenvolturas com mãos e olhos, velocidades, mas juntando tudo isso à figurinos marcantes, muitos elementos cênicos importantes para cada um dos atos, e claro criando bichões bem feios para os disformes Deviantes, gigantescos para os celestiais, e ainda criando muitas cenas de batalha épicas do passado seja na Mesopotâmia, nos Jardins da Babilônia, em Hiroshima, e outros atos históricos famosos, ao ponto que certamente a equipe de arte gastou muito dinheiro e conseguiu ser representativo e bem significativo para ampliar tudo. Não fui conferir hoje o filme em 3D, mas é notável a quantidade de cenas com os efeitos, então irei rever provavelmente no final de semana com a tecnologia e volto aqui para comentar sobre isso (ampliando ainda mais o texto), pois acredito que vai valer a pena.

Enfim, é um filmaço de primeiríssima linha, que volto a frisar que quem for conferir irá amar ou odiar tudo, e por esse motivo a maioria das críticas está fazendo uma confusão imensa na mente das pessoas, então diria que vá conferir pelo entretenimento e não ligue tanto se estão falando muito bem ou muito mal do filme, pois é algo grandioso como tudo que a Marvel faz, e que tem motivos de odiarem, pois é muito diferente de tudo o que já foi entregue pela companhia, mas dá para entrar no clima, dá para rir muito do que acontece, e principalmente serão usados mais vezes os personagens, então veja e pronto. Não digo que darei a nota máxima para o filme por talvez faltar mais desenvolvimentos dos personagens como já disse que necessitaria, mas tirando esse detalhe é um tremendo filmaço que recomendo demais. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, e desculpem o tamanho desse, então abraços e até logo mais.


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A Mensageira (The Courier)

11/02/2021 08:58:00 PM |

Diria que quando vi o pôster do filme "A Mensageira" fiquei pensando em ser uma adaptação internacional do longa nacional "A Garota da Moto" que vi esses dias atrás, mas felizmente não passa nem perto da ideia, e aqui a motoqueira é apenas alguém que se meteu no lugar errado ao levar uma encomenda, e como é uma ex-soldado resolveu que era bacana proteger a pessoa lá na base da porrada. Ou seja, é daquelas tramas que quem gosta de socos para todos os lados vai curtir a ideia, mas do contrário acaba sendo algo tão absurdo de ver que chega a ser bizarro a maioria dos momentos, pois até tem seus impactos, suas cenas de ação/correria, muitos tiros, mas a pessoa fica parecendo ser super-herói com o tanto que apanha, que leva de tiro e não morre, e sendo assim até desanima um pouco. Não digo que seja um filme completamente ruim, mas a essência completa não atinge nenhum grande ápice, e assim sendo só mesmo os fãs do estilo para entrar completamente no clima.

Tendo como plano de fundo um misterioso cenário de Londres, uma valente office girl tem sua entrega interrompida quando ela descobre que um dos pacotes que está transportando é uma bomba. A bomba de gás que ela carrega está preparada para matar Nick Murch, a única testemunha capaz de depor em Washington DC contra o cruel senhor do crime Ezekiel Mannings. Enquanto a Polícia Britânica e o FBI se unem em uma força tarefa para deter a máfia e prender os criminosos envolvidos, a mensageira misteriosamente bem treinada e equipada se junta ao improvável parceiro Nick para escapar dos capangas fortemente armados de Mannings e garantir que a justiça seja feita, garantindo que ele consiga concluir o caso e colocar os bandidos atrás das grades.

Diria que o diretor e roteirista Zackary Adler até fez um bom filme de ação, afinal já estamos até bem acostumados a aceitar tantas coisas absurdas nesse estilo, porém faltou um pouco mais de senso em alguns momentos, e talvez até uma imposição maior dentro da personalidade dos vilões, pois ficaram parecendo pessoas muito mal preparadas para toda a desenvoltura ao ponto de não entregarem uma fluidez melhor no filme, sendo que tudo praticamente precisou ser mostrado na abertura para sabermos mais do grande mafioso e com isso o personagem de Gary Oldman acabou virando quase um grande enfeite cênico depois, o que não deu as nuances necessárias para que o filme fluísse. Ou seja, dizer que é um filme ruim de lutas é exagerar, pois nesse quesito temos uma pancadaria da boa, mas colocar ele como um filme de proteção policial, de máfias e de desenvolturas a mais aí é só para quem realmente quiser ser encanado.

Já que já falei do enfeite que foi colocar Gary Oldman apenas para vender o filme, Olga Kurylenko já foi melhor empregada (ou talvez sua dublê) em cenas recheadas de ação, lutando muito, pulando de um lugar para o outro, atirando, levando tiro, e fazendo caras e bocas bem marcantes com sua Mensageira, ao ponto que seus atos ficaram bem trabalhados e o resultado geral é algo que até empolga de certa forma, mas não dá para acreditar em metade de suas cenas. Amit Shah trabalhou até que bem com seu Nick, fazendo olhares desesperados para tudo, sendo bem trabalhado na essência, mas sem fluir muito também. E por último William Moseley acabou entregando até que um Bryant bem orquestrador dos atos, desesperado para cumprir sua missão, mas fazendo mais cagadas do que acertos, afinal o filme pedia isso, ao ponto que ao invés de meter uma bala não, prefere preparar a cena para um atropelamento, ou seja, o ator fez caras e bocas, mas nada chamativo demais. Quanto aos capangas, cada um da sua maneira lutou bem, valendo claro os atos finais de Greg Orvis como um sniper que depois parte para a pancadaria face a face, e sua morte é uma das mais violentas, sendo algo bem feito pela protagonista numa loucura total.

Visualmente o longa praticamente todo se passa ou na casa do chefão que serve de prisão domiciliar em algo tão requintado que nem dá para considerar uma prisão, apenas tendo um agente na porta, mas ouvindo músicas clássicas e tomando champanhe, enquanto no outro país dentro de um estacionamento está rolando toda a pancadaria nos vários andares, com muitos tiros, facadas, drones e tudo mais que possa ser usado como arma seja pelos capangas ou pela protagonista, numa interação bem recheada de sangues e cenas bem violentas, daquelas de rachar a cabeça (literalmente), mostrando que a equipe de efeitos visuais trabalhou bem junto da equipe de maquiagem, ampliando o nicho de um pequeno espaço que foi usado pela produção.
 
Enfim, é um filme que tem uma proposta simples demais, e que usaram e abusaram de excessos cênicos para que tudo fosse mais explosivo e recheado de ação, mas que não chega a atingir nenhum grande momento sem ser pelas cenas de exposição violentas de cabeças rachando, pescoços sendo cortados, entre outros detalhes, e assim sendo só quem realmente curtir o estilo vai gostar do longa, ao ponto que não consigo recomendar muito ele não. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Marighella

11/02/2021 01:41:00 AM |

Tinha apenas a certeza de que veria um filme bem imponente sobre a época da ditadura com "Marighella", porém a intensidade das cenas de tortura, do envolvimento dos personagens e até mesmo de ver como eram as ações truculentas da polícia (que não mudou muita coisa nesses quase 60 anos) acabam mostrando um filme intenso de ideias, bem elaborado de uma forma representativa, e que consegue servir não só como entretenimento, mas sim como algo que futuramente possa ser usado em aulas sobre a época, pois a estreia de Wagner Moura na direção foi algo tão preciso de essência, tão marcante de realismo e contando com tantas boas desenvolturas que o resultado acaba indo até além do que apenas pensaram em fazer, sendo daqueles filmes que você vê com uma agonia monstruosa, que sai pensando em tudo o que viu, e que não entrando em detalhes politizados, conseguiu expor bem tudo o que os grupos faziam na época em ambos os lados. Claro que muitos nem irão conferir a trama (aqueles que falam que não existiu ditadura no Brasil, não teve censura e tudo mais), mas o filme não foi feito para eles, então o público-alvo que são aqueles que sabem como foi por diversos meios, que se envolvem com tudo conseguirão ver até mais do que apenas um filme, mas sim algo explosivo e colocando até uma faísca a mais nas suas discussões, pois o que é mostrado é a ideia, e também aonde erraram cada um dos personagens, sendo bem reflexivo nesse sentido também.

O longa conta a história dos últimos anos de Carlos Marighella, guerrilheiro que liderou um dos maiores movimentos de resistência contra a ditadura militar no Brasil, na década de 1960. Comandando um grupo de jovens guerrilheiros, Marighella tenta divulgar sua luta contra a ditadura para o povo brasileiro, mas a censura descredita a revolução. Seu principal opositor é Lucio, policial que o rotula de inimigo público nº 1. Quando o cerco se fecha, o próprio Marighella é emboscado e morto – mas seus ideais sobrevivem nas ações dos jovens guerrilheiros, que persistem na revolução.

Diria que em sua primeira empreitada como diretor, Wagner Moura foi muito bem tanto na escolha de que tema pegar para discutir, quanto na execução dramática trabalhada, pois o filme tem uma pegada bem no estilo que ele costuma trabalhar, sendo centrado, direto e bem impactante na formatação, porém diria que foi um pouco afobado demais, tanto que temos diversas câmeras correndo chacoalhando, diversas situações marcadas por muitos personagens reunidos sem que saibamos quem é quem (talvez quem for mais estudioso sobre o tema até possa saber, mas mais da metade em cena tirando os protagonistas nem o nome é dito), e assim o resultado funciona bem como algo histórico, que tem um certo estilo bem trabalhado, e que resulta numa sessão tensa e forte de ver por todo o ambiente e a forma expressa nela, mas que certamente poderia ser ainda melhor montado para impactar e funcionar ainda mais. Ou seja, vemos um trabalho único e bem colocado, aonde o tema foi bem desenvolvido, cheio de nuances claras e fortes para que não ficasse cansativo e ainda fosse representativo de classe, e assim tudo envolve demais, principalmente claro o público-alvo, mostrando que o diretor certamente vai se dar muito bem nessa função também, já que como ator sempre o vimos como um dos melhores nacionais.

Sobre as atuações, muito foi discutido antes do lançamento se Carlos Marighella era negro para a escolha de Seu Jorge, mas independente de como foi o personagem real, o ator entregou algo tão forte, tão cheio de olhares e nuances que acabamos nos apaixonando pelo estilo que ele empregou para o papel, fazendo com que suas cenas fossem marcantes e tão bem expressivas que acabaremos lembrando quem foi o personagem sob essa ótica, e isso mostra o quão bom ator ele por conseguir marcar demais. Outro que foi muito bem, agora do outro lado foi Bruno Gagliasso com seu Lúcio imponente em nível máximo, mostrando não só a truculência da polícia da época, mas também os desejos desse grupo, e que trabalhando olhares, imposições fortes nos diálogos e muita explosão cênica corporal acabou indo até além demais, sendo daqueles vilões de filmes que o público certamente irá odiar, mas que o acerto acaba sendo preciso demais com isso. Luiz Carlos Vasconcelos entregou para seu Almir/Branco toda a sintonia de palavras bem ditas e colocadas, fazendo atos de imposição mais diretos, mas ainda assim bem colocados em cada cena. Ainda tivemos grandes momentos marcantes com as atuações de Jorge Paz com seu Jorge, um pai de família que tem um fechamento fortíssimo entre outras boas cenas no miolo, Humberto Carrão muito bem caracterizado com seu Humberto completamente maluco e forte em todas suas cenas, Herson Capri entregando o dono do jornal Jorge Salles com momentos simples porém bem efetivos para a trama e Henrique Vieira trabalhando boas nuances emotivas com seu Frei Henrique determinado e claro tentando a paz na conexão de tudo. Quanto das mulheres, tivemos Adriana Esteves fazendo uma Clara preocupada com o marido, trabalhando um envolvimento bem marcante e dando boa síntese para a personagem, mas o destaque mesmo ficou para a explosão e determinação de Bella Camero com sua Bela, que se quiserem seguir a linha até dá para criar uma continuação do filme com sua cena final marcante, mas todo o miolo foi bem representativo. 

Visualmente o longa foi uma construção de época incrível, com muitos carros da época, figurinos, todos os detalhes das casas da época, vários momentos mostrando os locais de encontro do grupo como uma igreja, galpões, estacionamentos, tudo muito representativo, além claro de muitas armas que contaram com vários tiroteios em ruas, prédios e tudo mais, mas sem dúvida os momentos de tortura nas cenas finais mostrando os choques e o famoso pau de arara, além claro de muitos espancamentos resultaram em algo extremamente forte que chega a dar até algo no estômago, ou seja, a equipe de arte trabalhou minuciosamente bem para agradar e entregar algo perfeito nas telas.

Enfim, é um filme para ver, para sentir e refletir, e que entrega muita personalidade tanto na direção quanto nas atuações, sendo daquelas obras que todos deveriam ver, mas que muitos vão preferir ignorar, e assim sendo indico ele com toda certeza do mundo, pois mesmo tendo alguns leves defeitos de execução, o resultado completo é impressionante e faz valer cada minuto de tela. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais. 


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Netflix - Exército de Ladrões: Invasão da Europa (Army of Thieves)

11/01/2021 12:52:00 AM |

Confesso que quando Zack Snyder falou que seu filme "Army of the Dead: Invasão em Los Angeles" teria derivados fiquei meio apreensivo do que poderia acontecer em termos de exageros e coisas jogadas, mas hoje ao conferir o lançamento do prequel "Exército de Ladrões: Invasão da Europa" posso dizer que foram muito bem na ideia de mostrar a vida, ou melhor, como foram os dias de Dieter antes de entrar para a equipe maluca que foi para cima dos zumbis no longa de Snyder. E quando digo muito bem, posso afirmar com muita vontade que conseguiram criar momentos divertidos bem conectados, trabalharam bem toda a síntese do personagem, e conseguiram criar dinâmicas tão boas para entregar um filme de ação, de roubo e ainda conectar a trama com toda a franquia que ainda veremos, sendo daqueles longas que acabam entregando até mais do que o comum, contando um pouco da história das óperas de Wagner e ainda emblemando tudo num passar de tempo tão rápido e gostoso que nem cansamos com nada do que é entregue.

O longa nos conta que a vida do bancário Ludwig Dieter passa por uma reviravolta quando Gwendoline, uma mulher misteriosa, o recruta para se juntar aos criminosos mais procurados do mundo e roubar uma série de cofres superprotegidos na Europa.

Diria que a direção de Matthias Schweighöfer foi bem pensada principalmente para dar o devido destaque para seu personagem Sebastian, antes de ser conhecido como Dieter, pois era algo que muitos pediram quando o filme de Snyder foi lançado, já que praticamente acabou meio que jogado lá na confusão com os zumbis, e quem me conhece sabe que costumo reclamar muito de diretores que acabam sendo protagonistas de suas próprias tramas, mas aqui ele foi coerente na movimentação e soube dominar bem as cenas, algo que é bem raro de acontecer, trabalhando claro as desenvolturas com um tempo a menos para não soar falso demais, mas de certa forma acertou ao trabalhar um estilo mais próximo dos filmes de ação europeus, contando com uma pegada simples de explosões e atitudes, mas contando com uma história bem desenvolvida. E assim sendo o resultado acabou sendo daquelas tramas que acabamos curtindo tudo, criando expectativas com alguns personagens, e agora até torcendo para que o protagonista daqui não tenha morrido no filme original, afinal terminou preso dentro do cofre como seu amado Wagner aqui, e assim pode não ter sido atingido pela explosão completa, o que veremos muito em breve, afinal a continuação do original já está sendo filmada.

Agora falando da atuação de Matthias Schwighöffer diria que o jovem tem muito estilo, e se no filme de maio ele conseguiu ser o ar cômico com seu Dieter, aqui conseguimos ver de onde veio toda essa comicidade, e claro conhecendo um pouco mais da paixão do protagonista por cofres e claro tudo o que  o fez ir encarar os zumbis para abrir o grande cofre que tanto desejava, e com trejeitos bem marcados, trabalhando bem seus atos com ares até meio que repetitivos e isolados, ele acabou conseguindo trazer novamente carisma para o papel e ser como disse acima tão marcante que iremos torcer para seu papel voltar em outro filme. Nathalie Emmanuel trabalhou sua Gwendoline de uma maneira até séria demais, ao ponto que a personagem como uma ladra famosa deveria ser mais virtuosa e cheia de facetas, mas até que desempenhou bem seus atos, segurando a intensidade que lhe foi colocada e agradando com uma boa intensidade. Agora uma grata surpresa foi a costarriquenha Ruby O. Fee que entregou a hacker Korina cheia de personalidade, falando boas frases em português e brincando bem com o ar cômico acabou trabalhando uma essência meio que do mesmo estilo do protagonista, o que é até bacana e raro de ver acontecer, assim tendo dois personagens com traquejos o resultado puxou mais para a comédia do que para a ação. Fiquei no meio do caminho se quiseram realmente fazer do personagem Brad Cage de Stuart Martin uma caricatura dos vários heróis/vilões do cinema ou se o ator que acabou exagerando em traquejos do estilo, pois vemos tudo seu rolar bem e soar meio que forçado demais, mas aparentemente o papel pedia isso, e assim foi bem no que fez. Quanto aos demais, o outro personagem da equipe é meio que um enfeite, pois não temos nem grandes momentos para seu Rolph, muito menos desenvolturas marcantes para Guz Khan se destacar, o policial Delacroix vivido por Jonathan Cohen até tenta ter um algo a mais, mas não vai muito além, precisando que Noémie Nakai com sua Beatrix quebrasse todas suas lições com olhares desacreditados, e assim a dupla foi mais pastelona do que algo chamativo realmente, então vale dos coadjuvantes dar apenas um destaque para Christian Steyer por toda a representatividade que fez de seu Hans Wagner trabalhando um ar sereno, porém emotivo e funcional para seus atos simbólicos, e nada mais.

Visualmente o longa tem bons arcos, trabalhando desde o ar simples e até medíocre da vida do personagem entre sua casa solitária até sua ida para um banco calmo demais, passando no meio do caminho para um café igual todos os dias, depois tivemos um esconderijo bem montado numa casa abarrotada de gatos (apenas num primeiro momento, já que na festa aparentemente todos os gatos evaporaram!), passando por todos os bancos bem montados que vão assaltar e claro cada cofre com suas devidas histórias sendo contadas pelo protagonista, e nesse meio tempo toda a desenvoltura policial, a sacada da mudança de cofres de lugares, e toda a arte gráfica de vermos os elos dos cofres se conectando para abrir, o que deu um certo charme para todas as cenas, e funcionou bem com detalhes bem colocados em cena.

Enfim, é um filme bem bacana e gostoso de ver, que ri demais em diversas sacadas, que ainda conta claro com algumas óperas de Wagner na trilha sonora junto de toda uma composição de Hans Zimmer (pra variar né, já que esse ano tudo é dele!), e sendo assim mais do que recomendo o filme para todos, pois mesmo tendo vários defeitinhos espalhados, alguns furos de roteiro e tudo o casual de um longa de ação, o resultado final acaba valendo a pena. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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