Um estilo que muitos gostam e que andou muito tempo sumido das telas, mas que vem voltando cada vez mais forte é o western ou faroeste como alguns chamam, e se algumas pessoas falam que alguns estilos tem cartilhas e regras bem claras para funcionar, esse então é quase que esmiuçado tudo o que tem de rolar para se encaixar, mas como todo diretor que encara o gênero sabe bem o que tem de colocar, raramente vemos algo destoar, e assim sendo é o motivo que quase ninguém se decepciona com um western clássico. Dito isso, quem for conferir o lançamento da semana da Netflix, "Vingança & Castigo", vai entrar bem no clima de roubos de trens, roubo de ladrões de trens, assaltos a bancos, rixas familiares, e claro os famosos duelos e tiroteios aonde pessoas caem do teto, explosivos detonam tudo pelos ares, sallons com bêbados e cantorias, e tudo mais do estilo (só ficou faltando o clássico feno rolando - que já vou tirar um ponto por esse motivo rss), apenas mudando um pouco o grupo de pessoas, pois se nos clássicos que víamos a maioria era de homens brancos encardidos pelo deserto e índios, aqui o diretor fez questão de um elenco quase que inteiro negro, o que funcionou bem como se fosse de uma outra área dos EUA, e isso agrada também, pois tem como formatação suas devidas rixas e acertos. Só diria que como de praxe em muitos filmes do gênero, a motivação de tudo é bem formatada no miolo e saem direto para resolver tudo, e aqui o mote foi meio que largado no começo e semi-fechado no final, dando a deixa de que podem fazer uma continuação muito em breve, e assim sendo o filme ficou meio que simples demais, o que não é ruim, pois entrega o que propôs e tudo bem.
A sinopse nos conta que quando o fora da lei Nat Love descobre que seu maior inimigo, Rufus Buck, será libertado da prisão, ele reúne seu bando em uma busca incessante por vingança. Aqueles que cavalgam com ele incluem o seu antigo amor Stagecoach Mary, seus homens de temperamento forte Bill Pickett e Jack Beckworth. Enquanto Rufus conta com a ajuda da "Traiçoeira" Trudy Smith e Cherokee Bill. É de se tomar cuidado, pois esse não é um grupo que costuma a perder qualquer luta.
O diretor Jeymes Samuel trabalhou bem o roteiro que lhe foi entregue, não criando tanto, mas também não deixando que seu filme ficasse sem as devidas nuances que o estilo precisava ter, e assim conforme vamos entrando no clima que ele propõe, tudo se desenvolve bem, tudo é marcado com uma clareza de movimentos, e embora o ritmo seja um pouco abaixo do comum toda a imponência das cenas foram sendo entregues com minuciosos movimentos e intenções. Ou seja, é um filme de um estilo bem clássico, aonde ele quis ousar apenas na mudança de personagens, mas sem ir muito além disso, criando possibilidades e funcionalidades bem diretas, ao ponto que as situações vão se desenvolvendo bem e o resultado até agrada, embora pudesse ter ousado em mais impacto, mais cenas de roubos e todo o miolo que aparentemente não foi colocado, de como o garotinho cresceu e tudo mais já que sabiam que iriam deixar algo para um segundo filme, fariam aqui a juventude e a montagem do grupo, e num segundo ato tudo rolando até mais além, mas isso é uma opinião técnica, já que quem gosta do estilo vai curtir bem tudo o que verá aqui, e sendo basicamente o primeiro grande filme do diretor, a resolução completa mostra que tem estilo ao menos.
Sobre as atuações, a base até é bem feita por Jonathan Majors e Idris Elba com seus Nat e Rufus, cada um com sua personalidade forte, seus anseios bem marcados, e claro com expressividades bem pontuadas, mas ambos ficaram apenas no ar básico de mocinho e bandido, sem grandiosas explosões, deixando que o filme praticamente todo fosse dominado pelos coadjuvantes. E falando neles, o destaque é claro para as duas mulheres da trama, com Zazie Beetz entregando uma Mary bem cheia de nuances, sendo uma mulher forte que não quer depender de Nat, e que já está dominando o mundo dos sallons, em que a atriz fez olhares e intenções bem marcadas, e do outro lado tendo claro a incrível Regina King com sua Trudy imponente, cheia de olhares e trejeitos marcantes, conseguindo entrar num visual de impacto bem colocado e que na hora de partir pra pancadaria foi dinâmica, mas não sem antes fazer todo um show de diálogo. Ainda tivemos Danielle Deadwyler fazendo bem demais seu Cuffee, que deu a cara como um rapazote cheio de marra, mas que foi mais engraçado ainda se fazendo de garotinha no roubo, que parecia estar até no corpo errado. LaKeith Stanfield e RJ Cyler também tiveram bons embates e puxaram mais para o lado cômico com seus Cherokee Bill e Jim Beckworth trabalhando quem era o mais rápido no gatilho e fazendo boas piadas nos seus diálogos com tudo o que tinham para mostrar. E por fim ainda tivemos Delroy Lindo entregando um bom homem da lei com seu Bass Reeves que tem o tino clássico que o ator mais experiente soube entregar e fez com que suas cenas tivessem bons encaixes.
Visualmente claro tivemos tudo que um bom filme do gênero têm, todas as casas moldadas num mesmo estilo rústico, os famosos sallons com música e bebedeira (um tendo até uma dança meio fora de eixo), muitas armas, cavalos, trens, bancos e claro figurinos clássicos sem grandes nuances que desse para mudar algo, e assim tivemos também os famosos dentes de ouro, cicatrizes faciais e toda uma densidade visual por parte dos personagens marcantes que até poderiam ter ido além.
Um ponto bem bacana do longa ficou a cargo da trilha sonora também inteira de black music que deu tanto um ritmo gostoso para o filme e fez com que a trama não saísse muito além da base, e diria que se o diretor quisesse poderia até ter implementado algo mais impactante com o desenho de som, já que as músicas trabalharam isso, ou seja, fica a dica para curtir a trilha aqui no link até mais do que o filme em si.
Enfim, é um bom filme, longe de ser perfeito, mas que entrega mais do mesmo, mudando basicamente o estilo dos personagens e claro segurando a onda para talvez uma continuação, ao ponto que poderiam ter ido muito além com o que tinham em mãos, com o elenco que tinham para usar, e assim sendo muitos verão, mas a maioria não irá empolgar com o resultado final, sendo mais recomendado para quem gosta de westerns, e nada além disso. Assim sendo eu fico por aqui agora, mas vou para mais uma sessão daqui a pouco, então abraços e até logo mais.
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