AppleTV+ - Finch

11/08/2021 12:38:00 AM |

São raros os casos que isso acontece, mas quando li a sinopse do longa da AppleTV+ "Finch" já anotei meu desejo de ver o filme independente de onde aparecesse, mas claro que desejava ver no cinema, afinal os filmes que Tom Hanks escolhe para se entregar sempre costumam trazer emoções que valem ser vistas nas melhores telas possíveis, mas eis que o filme foi uma encomenda da AppleTV, então só em alguns cinemas escolhidos que o filme está sendo lançado (leia-se EUA para premiações, esqueça Brasil!), mas isso não impediu de dar o play, e torço que todos consigam ver, pois é daquelas tramas tão bem desenvolvidas, uma história de passagem de vivências, de tentar ensinar um robô a ser humano, de não querer deixar seu melhor amigo de anos sozinho após sua partida, e claro que com toda essa intensidade dramática a melhor escolha era Tom Hanks, pois ele nos entrega algo que já o vimos fazer tantas vezes com perfeição que chega a ser cômodo, e o acerto vem em cheio quando chega o final da trama. Diria que é daquelas tramas tão comoventes que a síntese por si só já fala bem alto, mas tudo é tão bem colocado nas cenas que facilmente apostaria na Apple colocando o longa em todas as premiações possíveis, e com chances, pois é uma obra belíssima e deliciosa de ver.

A sinopse nos conta que em um mundo pós-apocalíptico, um robô construído para proteger o cachorro do seu criado, que está à beira da morte, aprende sobre a vida, amor e amizade, aprendendo o que significa ser humano.

Diria que facilmente o diretor Miguel Sapochnik soube escolher uma vivência para passar em seu filme, pois o longa trabalha bem mais essa síntese de ensinar a ser humano para uma máquina, afinal o conhecimento de tudo ela já tem (ao menos 72% de todos os livros escaneados para sua memória - para não virar nenhum Einstein), mas a vivência, os sentimentos e toda a desenvoltura só alguém passando e a máquina experimentando, e isso funcionou quase como uma lição rápida de pai para filho no longa. Ou seja, vemos um ar sentimental bem marcado, vemos erros e acertos, e principalmente conseguimos ver um diretor que praticamente só mexeu com séries ir além também experimentando algo novo, e conseguindo criar quase que um road-movie ficcional no meio de uma cenografia seca e direta, mas que é maravilhosa quando paramos para pensar na existência completa da trama, e assim sendo o filme flui demais.

Quanto das atuações, já vimos o que Tom Hanks sabe fazer sozinho em "Náufrago", mas aqui junto somente do robô e de um cachorro soube fazer com que seu Finch fosse muito didático nos ensinamentos para o robô, e quase que numa interação pai/filho ser sucinto nas broncas, sentir remorso de ter sido duro e tentar amansar depois, trabalhou cada conexão com uma desenvoltura única, e principalmente passou sua doença de uma maneira sutil, porém impactante para que o filme tivesse esse sentimento de perda, e com isso vemos o ator entregando novamente um papel icônico muito bem desenvolvido aonde pareceu estar se divertindo em cena, e que foi incrível de ver. Não sei se Caleb Landry Jones fez captura de movimentos ou deu apenas voz para o robô Jeff, mas seu tom de voz é tão bem encaixado, suas dinâmicas são sempre de descoberta e isso deu um tom tão bem trabalhado que parece realmente que estamos vendo um jovem evoluindo, e isso só se dá pelo bom trabalho do ator. Outro que foi muito bem treinado e certamente passou um bom tempo para ter o carisma pelos atores foi o cãozinho Seamus, que inclusive lhe colocaram nos créditos, afinal seu Goodyear é incrível, passa os olhares perfeitos para os protagonistas, e é muito intenso em todas as cenas, sendo perfeito para o papel.

Visualmente o longa é ao mesmo tempo assustador pelo ambiente distópico e pós-apocalíptico, tendo somente muita areia para todo lado, construções abandonadas, o risco de entrar em algum lugar e encontrar comida ou alguém disposto a te matar pelo que tem, fora que vemos que o protagonista é uma pessoa meio que anti-social pelas conversas, então não quis ir para lugares lotados brigar pela vida optando por ficar em seu laboratório cheio de detalhes e que virou praticamente uma casa, vemos as tempestades monstruosas junto com tornados, todo o clima árido e ao mesmo tempo bonito pelo passar da aurora boreal, temos um trailer imensamente preparado para grandiosas viagens muito bem montadas, mas a cena da ponte é de cortar o coração, a do hospital com o robozinho menor, e claro o momento da "praia" aonde vemos a conversa final, além claro do fechamento com o robô e o cachorro, ou seja, é um filme cheio de detalhes, cheio de histórias, com tudo sendo muito simbólico desde a passagem de informação para a memória do robô com as escolhas de livros e o processo de escaneamento até toda a desenvoltura final com as peças robóticas preparadas para os devidos feitios, ou seja, um trabalho de produção e da equipe de arte minucioso.

Enfim, é daqueles filmes sentimentais que tudo é ao mesmo tempo duro de se refletir, mas belo de sentir, e que cada momento passado floreia um pouco mais em nossa mente e assim o clima fica gostoso demais mesmo nos atos mais tensos, ao ponto que diria que até tem alguns defeitos e exageros, mas passam tão despercebidos que o resultado acaba indo além do imaginado e vale demais a recomendação para todos. Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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