Netflix - Yara

11/06/2021 01:03:00 AM |

Gosto bastante de filmes investigativos baseados em fatos reais, principalmente quando não conheço a história para ser surpreendido pelo clima durante a exibição da trama na tela, e quando algo desse estilo é bem entregue geralmente o resultado costuma ir até mais além do que a própria história real impactou na época, porém um detalhe costuma decepcionar, quando o caso não é devidamente solucionado ou parece jogado, como é o caso de "Yara", que chocou a Itália e o mundo em 2010/2011, pois o filme inteiro cria uma boa camada, vemos toda a investigação e os gastos que a procuradora/investigadora onerou para coletar DNAs e grampear telefones, mas poderia ter ido além com algo um pouco fictício para criar a confissão do culpado para impactar mais, já que até hoje o verdadeiro, mesmo com todas as provas, se declara inocente, e assim a trama se fecha de forma aberta demais, que por não ser um documentário com um fechamento diferente chamaria ainda mais a atenção, mesmo não sendo ruim a forma que acabaram.

O longa conta a história do assassinato de Yara Gambirasio, de 13 anos, que perturbou a cidade de Brembate di Sopra. Para levar o culpado à justiça, a promotora Letizia Ruggeri tem apenas uma pequena pista: vestígios de DNA que são inúteis sem um banco de dados para compará-los.

Diria que o diretor Marco Tullio Giordana foi bem colocado à frente do projeto, pois sabe dominar bem a dramaticidade da questão, conseguiu dar as devidas nuances para que a protagonista entregasse suas dinâmicas investigativas, e principalmente conseguiu desenvolver os atos do roteiro de uma maneira bem embasada em cima da história real que foi bem adaptada no roteiro, porém faltou o que chamo de transporte para a ficção, que muitas vezes diretores que pegam histórias reais se prendem tanto ao estilo documental que não vão muito além, e aqui o filme tinha essa abertura para criar um desenrolar mais intenso no fechamento, e não que isso impactasse no resultado final, mas talvez tenham ficado com medo de algum tipo de processo do culpado que ainda busca sua soltura já que as provas foram contundentes se baseando nas pesquisas genéticas, mas até hoje não confessou nada e isso certamente pesou um pouco, mas ao menos aliviou a família com alguma justiça sendo feita. Ou seja, é uma trama bem montada, bem desenvolvida e que teve as dinâmicas bem colocadas, mas que poderia ter ido além.

Sobre as atuações vale dar o destaque total para Isabella Ragonese com sua promotora Letizia imponente e determinada a conseguir resolver o caso até o último segundo, se impondo aos políticos, imprensa e tudo mais que dizia que ela só estava gastando dinheiro e deveria sair da investigação, e claro que a atriz fez boas nuances e chamou bem a atenção. Tivemos também Sandra Toffolatti fazendo trejeitos bem impactantes como a mãe da garota, agradando pelas mais pelas expressões em si do que pelos atos que foi colocado. E claro os momentos de Chiara Bono fazendo Yara com toda sua vitalidade e intenções marcantes, conseguiu chamar a atenção para os sonhos e intenções da personagem, sendo bem colocada sem grandes explosões, mas indo bem aonde o filme pedia. Quanto aos demais, cada um apareceu e foi bem no que tentou fazer, sem grandes impactos, e até sendo um pouco forçado demais os trejeitos dos policiais parecendo engessados demais, mas nada que tivesse atrapalhado o andar da trama.

Visualmente o longa foi simples demais, tendo uma sala de delegacia parecendo quase apenas um escritório, vários momentos de pessoas coletando DNA mas com poucos figurantes que não chegou a parecer grandes motivações, alguns atos interessantes em laboratórios, muitos momentos em construções pelo material encontrado no corpo, e claro o momento de achar o corpo que foi meio engraçado demais pelo lance do aviãozinho caindo exatamente no local, e ainda tendo bons momentos iniciais da garota com seus sonhos escrevendo seu diário, dançando e sendo feliz, que é aonde o longa tenta comover. Tudo isso bem encaixado até, mas que poderia ter ido além para ser mais representativo.

Enfim, é um filme interessante pela proposta, mostrou um crime que não lembrava de ter visto, e que acabou sendo bem chamativo, mas que volto a bater na tecla, o lado documental predominou um pouco e não fizeram fluir tanto o ar ficcional, tanto que as danças da filha da protagonista, seus momentos de luta na academia e outros atos mais abertos foram colocados mais como algo jogado do que como algo chamativo realmente, e assim sendo pecaram demais na finalização, pois o julgamento e quem sabe um depoimento mais forte do culpado impactaria muito mais para o resultado final do filme. Bem é isso pessoal, passa longe de ser algo ruim, mas também poderia ser melhor recomendado, e eu fico por aqui, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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